Visita integrada no Centro de Arqueologia de Almada, ao núcleo histórico da Trafaria.
Da história da Trafaria em 1565, ordenou o Cardeal D. Henrique a edificação no local de um lazareto do impedimento uma casa para acolher pessoas e mercadorias antes de entrarem em Lisboa, para fazerem a quarentena, no despite de doenças, em 1695, o lazareto ficou associado à doença da lepra.Bastava mudar de fato para deixar de ser impedido e ir a Lisboa, o que quer dizer sempre em gente iluminada houve forma de dar volta a esquemas proibitivas.
Já em pleno século XVIII e tendo a Trafaria constituído local de refúgio de muitos refratários às fileiras militares, o Marquês de Pombal mandou incendiar o “abarracamento” com o propósito de capturar todos aqueles que conseguissem capturar a fim de aumentar o contingente, episódio que ficou tristemente célebre pelo morticínio .
Onde foi o Lazareto da Trafaria
No final do século XIX foi no lazareto construído um quartel que ainda existe e a capela de Nossa Senhora da Saúde foi transferida de local para onde se encontra hoje, virada para sul com o mesmo orago.
A primeira capela de Nossa Senhora da Saúde
Teria sido onde se encontra ao monte de areia com frontaria virada para poente.
Foto do Museu da Marinha antes de 1900
Identifica a capela de Nossa Senhora da Saúde com fachada para poente como se documenta na foto na esquerda e na frente o cais de madeira das galeotas reais.
Vista dos moinhos da Trafaria
Eram cinco- curiosamente, um com cúpula a lembrar testemunho árabe, na minha opinião.
Quadro da Leiloeira Cabral e Moncada retirado de Almada Virtual Museum
Casas com telhas e outras cobertas de colmo, em destaque a alta chaminé para não causar incêndio e ainda um possível moinho, já sem velas,,,
Lamentavelmente nenhum exemplar da actividade moageira de vento resistiu ao progresso como ainda existem na região do Barreiro.Vieram os silos de cereais, mas não é a mesma coisa!
Chalet requalificado, foi retirado o nome - Vivenda Hortense
Mandado fazer por um emigrante que enriqueceu no Brasil, sem se saber quem foi e a sua origem para aqui se ter instalado, sendo o r/c o seu comércio, que se desconhece, por último foi a farmácia. O chalet foi alindado com o painel azulejar com a bandeira do Brasil posta de lado. Mais tarde foi pertença de Alfredo Silva, grande empresário do Barreiro que aqui vinha a banhos.Finalmente requalificada em hostal.
O que foi a vivenda Hortense
O chalet caracteristico dos torna viagem, homens emigrantes de Portugal nos finais do século XIX, que enriqueceram com o ouro verde do Brasil, voltarem a Portugal, alguns apostaram ficar em Lisboa e nos arrabaldes ribeirinhos, outros escolheram o Porto, e ainda os que foram para as suas terras de origem instalando-se nas vilas do concelho, fazendo casas de sobrado e no r/c geriam um negócio - mercearias, Casa de Fotografia, Casa de Fazendas entre outras actividades , nas cidades dedicaram-se à importação de produtos do Brazil com exportação de outros de Portugal, como do Vinho do Porto. Ainda existem testemunhos deste casario diferente, gracioso pela arquitectura a lembrar o estilo árabe , noutros neocássico, distingui em Torre de Moncorvo uma casa de bonecas, em Ansião uma casa austera a lembrar os solares da centúria de 700 com janelas de avental, construída em 1913 e outra na mesma altura graciosa com bela marquise de janelas corridas e madeiras na cimalha ao telhado em pura demonstração aos demais da sua posição, de novo rico.
O que foi a vivenda Hortense
O chalet caracteristico dos torna viagem, homens emigrantes de Portugal nos finais do século XIX, que enriqueceram com o ouro verde do Brasil, voltarem a Portugal, alguns apostaram ficar em Lisboa e nos arrabaldes ribeirinhos, outros escolheram o Porto, e ainda os que foram para as suas terras de origem instalando-se nas vilas do concelho, fazendo casas de sobrado e no r/c geriam um negócio - mercearias, Casa de Fotografia, Casa de Fazendas entre outras actividades , nas cidades dedicaram-se à importação de produtos do Brazil com exportação de outros de Portugal, como do Vinho do Porto. Ainda existem testemunhos deste casario diferente, gracioso pela arquitectura a lembrar o estilo árabe , noutros neocássico, distingui em Torre de Moncorvo uma casa de bonecas, em Ansião uma casa austera a lembrar os solares da centúria de 700 com janelas de avental, construída em 1913 e outra na mesma altura graciosa com bela marquise de janelas corridas e madeiras na cimalha ao telhado em pura demonstração aos demais da sua posição, de novo rico.
Na frontaria a calçada com uma estrela de seis pontas alusiva à descendência do proprietário com origem judaica
A poente havia uma marquise típica como se conhecem em Espanha, minúscula, desapareceu
Seria a cocheira do chalet, hoje é outro lote por requalificar
Vista sobre a baía na Trafaria
As palmeiras não vingaram na beleza da baía por falta de atenção e de manutenção, o mesmo não se pode falar da quinta da Bacalhoa, cujo transplante de altas palmeiras secaram sendo removidas este ano e substituídas por novas, constatei ontem que estão bonitas, de boa saúde, verdes, a desafiar o horizonte- uma questão de dinheiro e de atenção, marca a diferença, porque a Trafaria merecia ser uma deusa a desafiar o Tejo e Lisboa reivindicando o passado rico, desvirtuado,ainda assim a florescer devagar!
Os silos de cereaisBarcos em laranja
Jazem sem vida a apodrecer testemunhos do património histórico do que foi a actividade pioneira na Trafaria da apanha de Bivalves , sem se saber a razão do uso desta cor. Os pescadores teriam aqui aportado vindos de Ílhavo e Olhão, falei com uma senhora de apelido Oliveira, o do seu pai, a mãe era do Minho, de beleza a ribalizar as mulheres ucranianas, dedicam-se à apanha de bivalves neste barcos aos quais era adaptada uma gadanha com um sarilho preso às chatas das embarcações.Hoje ainda resistem resquícios da gadanha usada puxada por pescadores lúdicos.
Painel azulejar a Nossa Senhora do Cabo na rota do Círio para o Cabo Espichel
Encontra-se numa casa na frente ribeirinha
Casario em requalificação a elevar a tradição, belas ombreiras em pedra
Casa forrada a azulejo com estatuetas e vasos em faiança na platibanda
Chalet ao género da Alsácia de onde eram os donos franceses que tiveram a fábrica de Dinamite na Trafaria
A toponímia bem dignificada
Em contemplar este homem que foi obreiro do plantio de pinheiro Alepo para prender as dunas de areias moventes da Caparica, e secagem do vale da Trafaria e pântano do Juncal da Costa., onde haviam muitos mosquitos.
Telheiros em vidro graciosos
Onde o velho e o moderno se enquadram em estética
Florêncio
Sem se saber a razão deste nome na família- seria alcunha? De onde teriam aportado? O que falta saber desta individualidade que se destacou na vida social e muito fez pela Trafaria em merecer honras na toponímia. Elevada a vila em 1985.Em 2013 juntou-se com o Monte de Caparica na União das Freguesias Caparica e Trafaria.
Colónia Balnear da Trafaria
Em 1901 foi inauguada pela Rainha D. Amélia, na Trafaria, a primeira colónia balnear em Portugal, tendo a partir de então se tornado o local de férias de muitas crianças pobres de Lisboa para aquela estância, conforme aliás relata a imprensa da época. Apesar de ser um dia, era colónia, pela vinda de muitas crianças no verão. O conceito mais tarde foi valorizado pelo Dr Bissaya Barreto, na Gala, Figueira da Foz, onde estive várias épocas, pelos correios.
Casa em requalificação
Trafaria foi local de banhos, uma praia de Lisboa.
O seu portão em ferro forjado com a estrela de David, atesta que o seu proprietário fundador tinha ascendência judaica.
Atesta a afluência a banhos de gente rica que precisava de diversão
Data da fundação na grade da porta - 1906
Casa requalificada com platinada em colunas
Chalet em madeira, requalificado
Aqui onde funcionou o 1º quartel dos bombeiros que tinham um carro manual, exposto no actual quartel.
Outra casa requalificada
Todas as casas que mostro nesta crónica foram requalificadas depois da minha crónica de 2015
Vista para nascente para a que foi a capela de NSConceição
Quinta da Ladeira ou Quinta da Bica
Segundo o Engº Rui Manuel Mesquita Mendes teve uma ermida que Pedro Rua Magriço teria instituído em 1545, com ligação a Murfacém.
O seu filho, Gaspar da Rua Magriço, por não ter descendência, terá deixado a Diogo Ribeiro Cirne, deputado da Mesa da Consciência e das Ordens(Felgueiras Gaio) ou a Lourenço Peixoto Cirne, seu sobrinho, cujo irmão Domingos Ribeiro Cirne terá vinculado às suas casas na Costa do Castelo, em Lisboa, fazendo surgir o chamado Morgadio da Caparica e da Costa do Castelo.
Tanto quanto se sabe, pertencia ao Solar dos Magriços, hoje ruínas aterradas. A capela pertencia também aos Magriços, um deles D. Álvaro Gonçalves Coutinho, amigo de Luis de Camoes, que o celebrizou como um dos 12 cavaleiros que se deslocaram a Inglaterra para defender a honra feminina.
Hoje, a Capela encontra-se em ruínas, após desabar o tecto
Faz muito sentido a história acima descrita , cujos proprietários também com bens na Costa do Castelo. Curiosamente depois da Fonte Santa, ao alto para Costas do Cão, existe o topónimo- Castelo Picão , quando fui conhecer o local de vistas deslumbrantes para Lisboa, fiquei a pensar na razão deste nome igual ao da Fábrica de faiança da centúria de 700 em Lisboa, do Castelo Pição, quem sabe se foi dos mesmos donos? Que dali a avistavam?
Faz muito sentido a história acima descrita , cujos proprietários também com bens na Costa do Castelo. Curiosamente depois da Fonte Santa, ao alto para Costas do Cão, existe o topónimo- Castelo Picão , quando fui conhecer o local de vistas deslumbrantes para Lisboa, fiquei a pensar na razão deste nome igual ao da Fábrica de faiança da centúria de 700 em Lisboa, do Castelo Pição, quem sabe se foi dos mesmos donos? Que dali a avistavam?
Porta da Capela
O talhe escultórico de 3 vincos ao meio no lintel da porta foi uso na centúria de 700/800.
Janela com restos da grade no r/c
Óculo de iluminação, tentei decifrar a escultura do lintel da porta - uma flor aberta
Não era só capela, no andar superior habitavam os Padres Paulinos. As janelas ainda conservam as grades. No pátio existia e ainda existe um poço enorme que a população utilizava para se abastecer de água, mas as mulheres faziam muito barulho nas conversas de umas com as outras, os Padres Paulinos pediram ao seu superior umas outras instalações pois tal algazarra perturbava as suas orações. E assim, foi construído o Convento dos Capuchos para onde se mudaram.
A ligação do sobrado da capela onde viviam os padres à casa da quinta
Porta na ligação da Capela à quintaTanque de pedra
No meio da vegetação descobri um tanque de pedra e deslindei o poço de imediato - dizia-me uma professora de história- como sabe que é um poço? Pese estar fechado na cobertura mantém as duas colunas laterais ainda com um ferro e rodízio para puxar a água e dantes teria um engenho em ferro que se chama nora, como era uso nos finais do século XIX...Havia de me confidenciar apesar de ter sido professora de historia no ensino básico nunca enveredou pela minha linha de observação e correlação facilitada para explicar a história, no mesmo fascínio quando passei pela fachada da casa e olhando ao tamanho do lintel da porta e da janela, aventei ter sido a casa mãe da quinta, enfim, senti gostou sobretudo da paixão como abordo a história.
Do lado nascente a parede da Capela feita por pedra da encosta fossilizada, como se encontra em demais construção antiga em Almada. O uso da matéria prima que tinham disponivel.Vista da encosta da quinta sobre a ruína da Capela
Esta Capela não teve boa sorte, começou por sofrer um incêndio em 1835 e as suas Imagens mais tarde passaram para a Igreja de S. Pedro,a igreja matriz da Trafaria.
Em finais de 1800 estava na posse da família Zagallo e Mello, que vendeu a Mariana Ribeiro Danino, casada com um engenheiro Inglês que tinha vindo de Gibraltar para trabalhar nas Minas de S. Domingos, próximo de Mértola. Desconheço a quem hoje pertence.
Deixámos o local pelo cheiro nauseabundo que vinha do ribeiro supostamente com ligações de esgotos clandestinos...
A casa da quinta pelo reconhecimento das ombreiras largas da janela e da porta, esta hoje se encontra pela metade.
A minha dedução da casa da quinta, justificada na foto retirada de http://historiadealmada.blogspot.pt com uma pintura do Luciano Freire.
Pintor do século XIX frequentava no verão na Trafaria onde tinha uma casa. Foi discípulo de Miguel Ângelo Lupi e Silva Porto.
Pintor do século XIX frequentava no verão na Trafaria onde tinha uma casa. Foi discípulo de Miguel Ângelo Lupi e Silva Porto.
Em festas religiosas, a procissão ainda sai do local onde se situa a Capela e antes fazia parte do Círio à Senhora do Cabo. Posteriormente passou a armazém, vacaria, voltando novamente a armazém onde se foram adoçando casebres para habitação e em redor da Capela hortas, tudo seco, lixo, com a encosta da ladeira coberta de feno sequíssimo...
Um historiador certificado ou apaixonado pela Trafaria de seu nome Carlos disse que tinha sido um padre que a teria mandado fazer a capela na centúria de 700, passou a abrir ao público depois do lazareto acolher presos e para não fugirem procederam à sua vedação, impedindo assim o livre transito das pessoas de entrar para o culto.
Ainda ostenta a poente e a norte o símbolo do zepelim, que mais parece um tropedo...
O adeus à Trafaria depois de ir comprar ao talho rojões e ao mercado fruta e coentros