quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

A Igreja da Mesericórdia de Ansião

 Resumo publicado no Jornal Serras de Ansião de Dezembro de 2024

 A notável falta de literatura ao passado de Ansião e desta igreja; tão pouco; habilidade para achar - marca o Pelouro da Cultura do Portal do Município, o Ponto turístico 12

Vejamos os pontos: "A Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Ansião situa-se no coração da vila - Verdade. Já a demais  informação apresenta erros e equívocos dissecados mais à frente.

Iniciei a investigação em 2015. 

De bibliografia inédita a contributo do aumento da consciência pública, do que deve ser a valoração do nosso património religioso, inventariado pelo Igespar em 2010, com o nº PT021003020012 nos tópicos; “conhecer para valorizar”; “informar para proteger”, sem avaliação à sua história, e valor arquitetónico do pórtico, nem  do seu interior. Imóvel de Valor Concelhio, deve ser de Interesse Público, com placard identificativo, jus a poente, o portal de arco quebrado, da ermida de NSConceição, com marcas de canteiro. Em crer, o testemunho medieval mais antigo de Ansião, onde se admenistraram os sacramentos nos infermos do Epital.  Houve outro portal maior, no vulgo mosteiro, da capela de S. Lourenço, que ainda conheci. Por identificar a sua origem se é romano-gótico? Ambos os locais foram classificados em 2010, como habitat romanos. Na idade média os dois portais foram reutilizados em espaços cristãos. No  sitío da Casa de Despacho, Hospital e Albergaria da Misericórdia de Ansião, haviam duas cisternas de água que chegaram até ao séc. XXI, sendo uma foi entupida no atual parque de estacionamento público, a outra, encontra-se no quintal da cozinha da albergaria da Misericórdia, ainda recordo a chaminé, muito desproporcional.

Portal de arco quebrado no tardoz da igreja da Misericórdia com os meus netos amis velhos

                                       

Gravura alusiva às marcas de canteiro do meu amigo Vitor

Convenhamos, o portão da câmara não devia estar  preso à parede da ermida, devai correr pelo lado lateral norte...

                 

Adro da ermida de Conceição com calçada centrado por estrela  de 8 pontas, alusão à do brasão do Marques de Pombal e à de David  de 6 pontas

Marcas de canteiro no arco

              

Temos a notícia em 1721,  do juiz Manuel Rodrigues, sobre o Dr. António dos Santos Coutinho fez a igreja da Misericórdia, e na Corografia Portuguesa do P. António Carvalho da Costa "A Ermida da Misericórdia foi mandada construir pelo Cónego Mestre António dos Santos Coutinho.

Não é bem a mesma coisa. A Misericórdia era servida pela ermida de NSConceição, que sendo pequena para o afluxo de doentes do hospital , o Mestre vindo de Lamego, onde já acabara a sua missão de pároco magistral se incumbiu de fazer obras para a Mesericórdia; albergaria e uma capela maior no tardoz da ermida com frontaria para nascente, cuja volumetria e monumentalidade se passou a chamar igreja, e assim deve ser chamada.

Fotos de Ansião antigas onde aparece a Igreja da Mesericórdia

Talvez  anos 20 do séc XX? A Placa é de 1903 com árvores já de alguma envergadura

A igreja ainda tinha o sino

Há poucos anos a igreja foi caiada e limpa a pedra do seu magnifico portal encimado por Cruz ornado de pináculos com nicho sem Imagem, sem se saber se antes a ostentou, e ao centro pedra esculpida a imitar crochet.
Intriga não ter o brasão das Misericórdias, a de Arganil ostenta, mas é mais recente.

                                       Óculo em cantaria a nascente de iluminação 

                                       

Portal  

Em 29 de janeiro de 2017, Ricardo Filipe P. Duarte Silva, no seu Blog Monumentos e Sítios, aborda a Igreja da Misericórdia de Ansião

"Apresenta planta retangular composta por nave e capela-mor.
A fachada é rasgada por belo pórtico emoldurado por colunas clássicas e rematadas por pináculos sobre a arquitrave, com frontão preenchido por lavores envolutados, que enquadram um nicho, desprovido de imagem, e encimado por cruz. É ladeado por dois janelões retos com cornija e encimado por óculo. Termina em empena triangular truncada no vértice, onde sobressai sineira reta."


Com legenda falante "Maria foi concebida sem pecado original "

A devoção à Imaculada Conceição, foi incrementada na região por ser a padroeira da Universidade de Coimbra.

Remate em rodapé das colunas com florões e decoração geometrica

Arte de Lavrante de Ansião

Terra de pedra e canteiros, arte praticamente em decadência. 
No passado com canteiros no Mosteiro da Batalha e quiçá no dos Jerónimos . 
Exalta o portal esculturas de cariz à  simbologia judaica à laia se visualiza o Menorá em rodapé. 
Acordar mentalidades
Mais do que na hora de nascer uma Escola de Cantaria profissionalizante em Ansião, que dignifique  o concelho e o País, com obras de restauro e novas. 

Esculturas no interior; o púlpito 

Ranhuras a imitar a cana usada na ponta dos dedos na ceifa e corações, a ligação aos afetos

       

    Pianhas de suporte esculpidas com acantos e de lado espiral dita caracol   

                  A escadaria do púlpito com orifícios onde encaixava o varandim de madeira

                
Pormenor gracioso no rebordo da pedra

Porta a sul escultura judaica; chave e folhas unidas como se fossem de palmeira

Informação no portal do Município 

"A capela terá mesmo começado por ser a capela privada da família do 3.º Conde da Ericeira, na segunda metade do século XVII."  Falso, o que houve foi aproveitamento da faustosa igreja pelo Senhor de Ansião, ao adoçar atabalhoadamente em vaidade, uma casa pequena de r/c e sobrado com duas portas e 4 janelas a varandas corridas com varandim de ferro; nem solar, nem palácio, com entrada principal ao centro com escadaria de 4 degraus à semelhança da igreja!  

E se era rico!  

Postal  com a casa onde foi inataurada a Comarca de Ansião

Continua o portal do municipio ; E "Em 1702, terá sofrido uma intervenção profunda, por iniciativa do Padre Jesuíta Dr. António dos Santos, como atesta uma placa no seu interior. Falso. O Mestre entre 1700/01, fez uma capela maior . 

Guarda o interior da igreja da Misericórdia uma estela de pedra com a data de 1702

                              

No arquivo da Universidade, o pedido da Misericórdia à Diocese de Coimbra em 21.11.1701

" por estar a igreja acabada de construir, poder celebrar missa aos Domingos e dias santos.  

A estela de pedra encontra-se fixada na parede norte depois do guarda vento, com as intenções:

Missas a dizer aos domingos e dias santos nesta capela, pela alma dos fundadores e irmãos da Misericórdia de Ansião e também do Cónego António dos Santos Coutinho, assim como pelos seus pais e benfeitores da referida Santa Casa. 

A mensagem expressa quase uma certeza que os seus pais foram  fundadores e benfeitores da Misericórdia de Ansião, por isso voltou a Ansião, facto muito raro. Quase ninguém voltou de tantos saídos de Ansião, a estudos, ou para ingresso em Ordens Religiosas.O Mestre deixou a Igreja sem rendas, dada a rentabilização da Albergaria.

E, Durante séculos ali se celebrava missa todas as manhãs de domingo ou dia santo, porquanto à sua porta passava a estrada real que levava muitos viajantes do norte ao sul do País. Equivoco.A estrada real teve corredor pelo Vale Mosteiro atestada na Freixianda, jaz esquecida em Ansião. Com a mudança do burgo do Vale Mosteiro, para o atual depois de 1593, foi reativado outro troço romano, ao fundo das Lameiras, paralelo com o Nabão, vindo a privilegiar em 1648, a construção da Ponte da Cal. Por onde  começaram a passar muitos viajantes de todas as estirpes; nacionais e estrangeiros; nobres, clero, povo, almocreves, mercadores, peregrinos, pobres, salteadores, no Caminho de Santiago para Alvaiázere. 

Uma visita ao seu interior enriquece o visitante com a contemplação das “Armas de Portugal” no teto; de esculturas das quais se destacam a da padroeira (Nossa Senhora da Conceição) e a de Nossa Senhora do Pranto; e de uma sepultura brasonada."  Equivoco; a padroeira nunca foi NSConceição. A padroeira inicial da nova capela foi NSGraça. Só nos finais do séc XIX, é que o Visconde da Guarda decide a sua ampliação com mudança do orago para NSPiedade que o povo eternizou NSPranto. 

Notável, o texto não aborda de quem é a sepultura brasonada. 

No Livro das Memórias Paroquiais Setecentistas de Mário Rui Simões Rodrigues e Saul António Gomes "O Mestre jesuíta Dr. António dos Santos Coutinho, de Ansião  veio da Sé de Lamego para ampliar a ermida de Nossa Senhora da Conceição de Ansião para a tornar maior e passar a ser a Capela da Misericórdia." Equívoco, já acima abordado. A ermida  em 1701,  ficou  ligada por porta a norte com o altar-mor da nova capela,  que foi fechada  na ampliação nos finais do séc. XIX.

União a sul do telhado e em rodapé da ermida de NSConceição com a igreja da Misericórdia

               

Em pormenor a união do telhados 

A porta fechada que fez a ligação da ermida com o altar mor da nova capela

Janelas no altar mor de belas cantarias interiores com gradeamento

           

Nas Memórias Paroquiais de 1721

A notícia do juiz Manuel Rodrigues

«o Doutor António dos Santos Coutinho conigo que foi de Lamego fez uma igreja de Misericórdia que não tinha rendas à qual se anexou uma albergaria de NSConceição, auera 25 annos que instituiu um Morgadio, parte dele está na vila, o seu administrador Manoel dos Santos da Guarda, e mandou erigir uma Capela entre Santiago e o termo do Rabaçal “ – aborda a capela que instituíu na Junqueira, no fim do seu morgadio, sem menção à de Além da Ponte, no inicio do mesmo, de orago à Rainha Santa Isabel.

A nova capela da Misericórdia pronta em 1701, sofreu um forte vendaval em 1706. Temos a notícia no 1.º volume da Corografia Portuguesa;  "já estava arruinada por via de um temporal com derrocada tendo sido a Imagem recolhida na Matriz."  vendaval que se abateu em Ansião, tenha também destruído a capela de Além da Ponte, na mesma direção da igreja da Misericórdia, e seja por isso que o juiz não a referiu. 

Após a conclusão das obras que o Mestre instituiu em Ansião; Albergaria, Igreja da Misericórdia e um Morgadio com duas capelas,  deixou Ansião indo refugiar-se no Santuário jesuíta de Nossa Senhora da Lapa, Quintela da Lapa, em Sernancelhe. Passou a ouvir os peregrinos em confissão e movido pelo zelo caritativo e com um forte espirito de serviço para com os pobres e necessitados, foi assistir soldados vítimas de doenças infeto-contagiosas, que acabou por contrair, vindo a falecer a 25 de dezembro de 1704”. A  sua morte precoce quebrou o contrato com o administrador do Morgadio e da Capela da Junqueira. Após a República ficou  pública com mudança da fachada para sul, para se alargar a estrada. Já a capela de Além da Ponte, não mereceu aposta de requalificação pelo seu irmão(s) , dada a  descendência do Mestre em Ansião, em chão do seu morgadio de Além da Ponte.  

Padre Coutinho refere no seu livro de 1986

(...) segundo uma tradição familiarmente conservada, o seu ascendente viveu na casa senhorial defronte da igreja matriz e a ele também se deve a edificação da ermida da Rainha Santa Isabel, em Além da Ponte. A  casa senhorial defronte da matriz, hoje pastelaria Diogo, ao gosto do novo-rico regressado do Brasil Manuel Santos Franco, é do princípio do séc. XX. O que não invalida que não fosse o sítio de morada da família Coutinho. Correlacionei pedidos de passaportes de dois irmãos de apelido Coutinho de Ansião, para o Brasil, antes de 1913. Ano da chegada do novo rico do Brasil, pai do Sr. Franco, que comprou o lote aos manos Coutinho onde construiu a casa de aspeto senhorial. 

O dinheiro foi suporte à  emigração definitiva de Augusto Maria Coutinho com a mulher e filhos para o Brasil, onde já estava outro irmão. 

Pia de água benta

Não localizei registos de casamento nem de nascimento no apelido Coutinho antes e no inicio da centuria de 600

De onde terá aportado o apelido Coutinho? Do Senhorio de Abiul dos Silva/Coutinho, vivo em Almoster, com um ramo vindo para Ansião? Ou da Casa de Pereira, em Montemor o Velho, da família do bispo Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho, cuja quinta da Sarzedela, fez parte do morgadio instituído pelo Mestre a fecho na Junqueira? 
O mesmo sobre o apelido Santos. 
No tardoz da Casa de Despacho da Misericórdia onde foram as cavalariças da Albergaria, numas casas nasceu o pai de Políbio Gomes dos Santos - sem saber se são família. Presume os pais ali trabalhavam, seriam  Irmãos da Misericórdia de Ansião, como os pais do Mestre. O pai do Políbio foi ao Brasil, voltou e comprou o lote que entesta na Av. Duarte Faveiro, onde fez uma moradia. A filha deixou-a à Misericórdia. A sua venda retrata o desconhecimento cultural da Instituição, já que era o último reduto onde nascera .
Dr. António dos Santos Coutinho terá nascido por volta de 1648, aquando da fundação do hospital da Misericórdia, já que entrou no noviciado a 06.05.1662

O Mestre Benfeitor da Misericórdia

" (...)pela escritura da esmola de cem mil reis, a render cinco perpetuamente, quem se tem obrigado a dar todos os ornatos da igreja da Misericórdia com todos os paramentos necessários para se celebrar o santo sacrifício da Missa com a devida decência como sam, pedra de ara, caliz, patena de prata dourada, colher de prata, duas galhetas, e prato de prata, duas, e prato de estanho, duas, e prato de vidro, hum frontal de damasco branco, e incarnado em bom uzo, duas cazulas, com estolas, e manípulos, huma de damasco branco com os bentinhos incarnados em bom uzo, e a outra do mesmo damasco branco nova feita aromana, duas banquetas huma de estanho fino, e a outra de pão dourada ambas novas, e feitas a romana, três alvas, sinco amitos, quatro cordões, seis mezas de corporais, outo sanguinhos, sinco toalhas, tudo em bom uzo, seis manustergios, pia de Agoa Benta, púlpito, e sino. "

Já vimos que um temporal em 1706, a deixou  inativa ao culto

Acresce a nota de 1747, do padre Luís Cardoso "defronte da igreja matriz se vê uma ermida demolida, a que chamam a Misericórdia, havia uma Imagem de NS da Graça, e um capelão com obrigação de dizer missa todos os domingos, e dias Santos pela manhã cedo aos passageiros. Mudou-se a Imagem da Senhora para a igreja matriz, onde o capelão diz as missas. 


E, em 1769, na "Relação das Igrejas, Confrarias e Capelas da Freguesia de Ansião" do padre José Fernandes da Serra; já a apresenta com tudo o necessário para servir o culto" .

Em  outubro de 1810, a passagem dos desertores franceses do Buçaco por Ansião,  deixou um rasto de destruição, roubo e fogueiras em capelas. 

A igreja foi aquartelamento com os cavalos onde deixaram duas  grandes marcas de fogueiras; no corpo da capela e no altar-mor. 

Marcas das fogueiras no lajedo do corpo da igreja 

Arredei a carpete no altar mor para descobrir a marca
                                               
Verosímil onde foi queimada a imagem de pau de NSConceição, o varandim do púlpito de madeira , o balaústre do altar da capela mor e bancos, como roubaram os instrumentos litúrgicos de prata e a Cruz processional da procissão .
              
Orifícios de suporte do varandim do púlpito e o atual varandim de ferro e antes balaústre de madeira que na ampliação apenas foi reposto a grade a dividir o altar mor

Alfredo César Lopes Vieira
"Nascido em 1873 e falecido em 1936, fez grandes obras nesta capela e para ela adquiriu um retábulo em madeira e as Imagens de Nossa Senhora do Pranto, S. Francisco Xavier e da Rainha Santa Isabel. 

O Visconde da Guarda nos finais do séc. XIX, era o administrador do concelho de Ansião, sendo confrontado com a revolta do povo, conflitos gerados pelo assalto aos bens da Misericórdia e dos que ofereceu a correligionários, seus amigos, clima que teve de acalmar . Na brilhante ideia de ampliar a atual Igreja, por anulação da ermida de NSConceição, o último reduto de bens deixado na vila à Misericórdia e mudou-lhe o orago.  O povo beatizado e analfabeto acalmou...

Retábulo do altar mor
Mudou o orago de NSGraça para NSdaPiedade, eternizada NSdo Pranto.

Nichos laterais; à esquerda a Rainha Santa Isabel e à direita  S.Francisco Xavier.
                              
O culto a Nossa Senhora da Piedade  eternizada NS do Pranto

Nos excertos do Livro Património Religioso do Concelho de Ansião de António Jesus Simões. Joana Patrícia Dias e Manuel Augusto Dias 
(...)" Em março de 1896, a notícia no Jornal - O Concelho de Ancião "está acabada a imagem da Senhora do Pranto , que um distincto esculptor do Porto foi encarregado de fazer, por uma Comissão composta dos Srs. Dr Botelho de Queiroz , Padre José Portella e outros Cavalheiros. A imagem que deve chegar no fim do mez vae privisoriamente sêr installada na egreja matriz d'esta villa, para o que andam a preparar convenientemente um altar", e que, prontamente mandou emitir o respectivo documento onde certifica ter concedido cem dias de indulgências "a todos os fiéis que attenta e devotamente orarem diante da mesma" A Imagem de Nossa Senhora do Pranto da Igreja da Misericórdia de Ansião ficou concluída em fevereiro ou março de 1896, na cidade do Porto e terá custado a importância de quatro mil e quinhentos réis. "

O mesmo jornal -  O Concelho de Ancião, nº 21, de 3.6.1896, pp.2 e 3
" Há pouco adquirida para ser a futura protectora do hospital que se projecta levar a effeito, é uma Imagem digna de admiração. Que esplenderosa esculptura e que bella encadernação! O Christo é magnífico, cheio de verdade anatomica, cor cadavérica, posição; ella, a Virgem, com a sua expressão angustiosa, o seu olhar húmido de lágrimas e sofrimento, é bella. É esta Imagem uma verdadeira obra de arte, digna d'uma esplendorosa cathedral e não d'uma modesta egreja ou hospital de provincia e esta nossa apreciação é corroborada pelas referencias feitas por diversos orgãos da imprensa do Porto, onde esteve exposta " (...)  "E ainda com a ajuda do padre ao tempo na Matriz José Rodrigues Portela, sepultado ao meio do corredor principal do cemitério, e com outro membro da Comissão José Nunes de Ascensão, os três solicitaram uma certidão de indulgencias concedidas a quem venerasse a dita Senhora, ao Cardeal D. Américo, Bispo do Porto, que a benzeu por ali ter sido esculpida.Esta certidão de indulgências manuscrita esteve até há poucos anos afixada na Igreja da Misericórdia , para conhecimento público (...) Aos que esta Provisão virem Saude e Paz em Jesus Christo Nosso Senhor e Redemptor. Fazemos saber que por parte do Reverendo Presbytero José Rodrigues Portella, Parocho da freguezia de Ancião, Bispado de Coimbra e bem assi do Bacharel Domingos Botelho de Queiroz e José Nunes Ascensão, Nos foi dito que, havendo sido por nós benzida e indulgenciada uma Imagem de Nossa Senhora do Pranto destinada à veneração e culto público na Mesericórdia da referida freguezia d'Ancião, desejavam o competente diploma em que se certificasse não só a benção como a indulgência concedida a todos os que orem e rezem diante da dita Imagem:Attendendo Nós à sua petição e despacho do Exmo Rmo, Bispo Conde, Mandamos expedir o presente pelo theor da qual certificamos que a mencionada Imagem de Nossa Senhora do Pranto foi por nós benzida e indulgenciada com as indulgências Apostolicas e mais cem dias a todos os fiéis que attenta e devotamente orarem diante da mesma. Escrivão da câmara Eclesiástica que a subscrevi padre Julio Albino Ferreira, dado no Porto este novo Signal e Seloo d' Armas aos 4 de abril de 1896 ."

A fé em Nossa Senhora do Pranto aumentou significativamente em Ansião
A minha avó paterna ganhou o seu nome Piedade, em devoção a esta nova Imagem, que foi também  orago da capela da quinta dos Sequeiras na Ribeira do Açor .
A Misericórdia tinha Irmandade, ainda se guardam as opas. Ouvi falar do interesse de voltar a dar vida à Irmandade...
Foi a maior romaria de Ansião, a cada ano por altura do primeiro fim de semana de junho, atualmente caída em desuso. Segundo a D. Laurinda do Cimo da Rua com mais de 90 anos, mãe da minha amiga Irene Freire, a procissão fazia-se até ao Cimo da Rua e dava a volta ao Cruzeiro, já sem a Cruz onde no orifício era posta a Bandeira da Misericórdia seguindo a procissão para Além da Ponte com regresso à Misericórdia.

Altares colaterais
Ladeiam o arco triunfal, foram rasgados em arco de pedra graciosa, à laia eram os pobres da matriz. 
As Imagens assentam em pianhas; a esquerda dedicado à memória do orago da ermida anulada,  NSConceição e o outro S. José e o Menino Jesus.
             
O Visconde da Guarda não tinha de ter anulado a ermida. Os dois locais de culto podiam coexistir. 
Sem filhos, não contemplou a sua terra Santiago  da Guarda, a salvo arrependimento fugaz à hora da morte, com a pretensa do ganho do céu,  ao distribuir parcas moedas à criadagem…
Em  Ansião, o Visconde encenou um circo com engenho e arte à laia romana; festa, pão, vinho e banho santo, mudando em 1896, o orago NSGraça para NSPiedade, eternizada NSPranto - atribuída ao escultor do Porto, Teixeira Lopes. 
Espevitou o povo ao arraial, golpe de mãos dadas com Abel Falcão, vindo de Moçâmedes, África , o novo dono da quinta de Além da Ponte, comprada a conterrâneos de apelido Alarcão, do Espinhal. Abafou o preconceito às crianças mestiças, suas afilhadas, patrocinando a atual capelinha na margem norte do Nabão, à memória da ruída à Rainha Santa Isabel. Doou as imagens: S. Pedro, do oratório do seu solar e o S. João Batista da capela instituida por  Joana Bautista do Moinho d'Além da Ponte, termo desta villa feita aos 13 de setembro de 1696 annos; he possuidor e adminsitrador della Manoel Mathus do mesmo termo; manda dizer quatro missas cad'hum anno."  Em crer, a imagem da Rainha Santa Isabel foi aquisição com outra maior no altar-mor da igreja da Misericórdia. 
Encenação a remate rogo epíteto ao Mestre jesuíta, seu devoto fervoroso, pioneiro ao seu culto no concelho, e se deduz «no livro de compromissos da Misericórdia de Ansião ficou atestada a obrigação de uma procissão à Capelinha de Além da Ponte».

O teto da igreja da Mesericórdia

Em abóbada de berço, estucado com a pintura de um fresco com as Armas Reais de Portugal entre ramos de palmeira, descrito em 1955, por Gustavo Sequeira, no inventário artístico de Portugal. 

Ostenta ao centro do retábulo um gracioso resplendor com quatro cabeças de anjo 

Tapeçaria da CUF

Debaixo do altar encontra-se uma carpete com o brasão de Portugal, obra produzida na CUF de Ansião. 

Transcrevo a mensagem de  Aurora Silveiro de Ansião, que trabalhou na CUF 
"Ao ler e ver o seu BLOG vi uma carpete com o Brasão na Igreja da Misericórdia de Ansião essa carpete foi feita para oferecer ao Duque de Bragança e sua esposa quando casaram e fizeram mais algumas que ofereceram a quem entenderam, parabéns pelo que escreve".

                            

Sepultura brasonada

Jaz na frente do altar de S. José com o Menino, a sepultura do seu capelão João Crisógono Figueiredo Perdigão Vilas-Boas Amaral. Nascido a 22.11.1797, na vila de Celavisa, em Arganil, faleceu em Ansião, a 23.12.1855 . Com letreiro partido, julgo legível; os condes de Vila Nova (Portimão) e Sabugal? Seus descendentes?

Armas no brasão da sepultura

I /Amaral, II /Figueiredo; III /Perdigão IV/ Villas-Boas, com diferença do seu pai o fidalgo Joaquim de Figueiredo Barreto Perdigão de Vilas- Boas, foi Almoxarife de Penela, com elmo e o timbre dos Amarais e um leão a segurar um bastão. O canteiro não foi feliz, algumas peças tem erros e definição rústica, na opinião de Rui Correia, a Arte da Heráldica de Portugal. 

                                

                                            

Epíteto do letreiro eco ao célebre ditado dos nossos antepassados

"Os Primos dos nossos Primos, nossos primos são"

Assenta a deslocalização de Góis e Arganil, para Ansião de muitos como do seu irmão; José Joaquim de Figueiredo Perdigão Amaral de Vilas-Boas nascido em 1799, casou a 30.04.1829, na Igreja da Lagarteira, com Cândida Maria Xavier Pacheco. 

Apelidos afetos ao VI Conde de Vila Nova de Portimão: Dom João de Lencastre e Távora Sá Menezes Almeida Castelo Branco Vasconcelos Silveira Valente Coutinho Barreto Lemos e Goes

Resistem em Ansião os apelidos; Sá; Silveira; Valente e Coutinho.  

Coligi Belchior António Caetano dos Santos Coutinho e sua mulher Maria Josefa do Pranto e Serra, da sua Quinta de S. Lourenço, com morada em 1800, na chamada quinta do Dr. Faria, solar em ruína, resiste o cedro do Líbano, onde a nascente por volta de 1648, foi implantada a Casa de Despacho e o hospital da Misericórdia .  

E Joaquina Inácia, de Ansião teve uma filha chamada Ana Perpétua Furtado da Silveira,  que casou em 1813, com João de Figueiredo Sanches Barreto Perdigão, descendente do Capitão-mor de Góis, um tal Alexandre Barreto de Figueiredo Perdigão, aí nascido por volta de 1598. 

Já sobre o meu apelido paterno Valente,  evocar a quadra de Diogo Gonçalves Forte:

 deixou a sua semente

E com o nome de Valente

Por sua honrada morte

Na de Ourique a gente

Entre demais apelidos perdidos: Menezes da quinta das Lagoas; Almeida; Barreto e Lemos . 

Recordo a Igreja da Misericórdia 

De abrir somente no Dia de Ramos para a sua bênção, e a imagem do Senhor dos Passos com a Cruz vestido de roxo na procissão. A saudosa prima do meu pai “Amélia Ruivo” gostava de espreitar “O Santinho” por detrás da cortina guarda-vento, depois da escola, a caminho da taberna dos pais na vila.

Há anos, em boa hora, foi restituído à igreja da Misericórdia o serviço inerente ao ritual do velório

Faltou cunho cultural do provedor ao habilitar sanitários na parte sobrante da ermida de NSConceição, dando sumiço ao Senhor dos Passos… A comunidade da vila ganhou uma casa mortuária em ambiente religioso de grande significado histórico, sem outro que se iguale, no coração da vila; oferece conforto intimista e apaziguador a familiares e amigos dos defuntos, como facilita a tomada de refeições e estacionamento. É hora da matriz alterar conceitos e articular as missas de corpo presente nesta igreja, abolindo a desnecessária ida à matriz. 

Assisti na Loja do Cidadão à tramitação para aquisição de terrenos a nascente do cemitério pela Junta de Freguesia. Não aplaudo a sua utilização em declive inferior que é confrangedor a sepultamentos pela visibilidade, cuja melhor viabilidade será jardim e parque de estacionamento, com quiosque floral. Tão pouco casa mortuária em local ermo, sendo Ansião privilegiada com a igreja da Misericórdia – mas, que grande falta de orgulho, e de sentimento ao património, quando poucas terras as fundaram. 

No direito de cidadania apelo há consciência em valorizar no presente a sua história, jamais ousadia de mudar a sua finalidade alicerçada há 323 anos! 

Clama articulação da Autarquia e Junta de Freguesia o préstimo financeiro de ajudar a Casa da Misericórdia, a dignificar o seu património edificado, melhorando a qualidade da utilização da sua igreja, com restauro do retábulo do altar-mor em talha polícroma, dourada e pintada do entalhador José Mendes da Silva, e adaptar climatização

Gritante a falta de regras na toponímia de Ansião no chão que foi da Misericórdia

A Rua dos Mosteiros, no Vale Mosteiro o sítio  do primeiro burgo de Ansião, alusiva aos Açores…

Onde há anos a limpeza das margens do ribeiro no Vale Mosteiro de Baixo,  pôs a nu muros de pedras de arestas, quiçá reutilização da primitiva igreja, já que são toscas a jusante e a montante. 

Assertivo é encanar o ribeiro para norte, e com as pedras exaltar o passado dCerrado Senhora da Lapa que foi fazenda da minha bisavó paterna Maria José da Conceição (Godinho), herança de 3 filhas, a parcela do meio, da igreja, foi herança da minha avó Piedade da Cruz, reza a escritura; Ribeiro da Igreja. Sem descuidar a presença de um arqueólogo no levantamento de oliveiras, já que no passado as raízes traziam espólio romano e medieval. E, assaz prospeção ao túnel a poente que ligou o vulgo mosteiro, pelo Intermaché, e dizia Artur Paz, que o seu poço com escada lhe dava acesso

A Junta de freguesia deve pôr termo à atribuição de alvarás a gente viva, e de vez apostar na digitalização do seu arquivo para elencar a genealogia de Ansião. 

A capela do cemitério pode acolher espaço museológico de arte fúnebre sem descendentes em Ansião. E, um ossário a sul na língua de chão sem utilidade. O futuro é a cremação!

Jaz esquecido, sem cognome de Ilustre, o primeiro grande benfeitor da Misericórdia 

O Mestre Dr. António dos Santos Coutinho, pioneiro a perpetuar a memória da passagem da Rainha Santa Isabel por Ansião, volvidos 360 anos da sua morte. Nem homenagem, nem agradecimento na toponímia. Honras exaltadas ao Conselheiro António José da Silva, «Homem natural de Ansião, padre, faleceu em 1905. «No testamento deixa ao Hospital da sua terra - Ancião - além de uma casa que vale mais de três contos de réis, mais 500$000 réis.» Portanto um benfeitor mas, do hospital da Misericórdia, quem instaurou em 1875, os limites atuais do concelho e a Comarca,  retirando o poder da Cabeça do Bairro, em condições deficitárias,  para o instalar na  casa que fora do senhorio de Ansião, que tinha sido entregue em 1673, a Dom Luís de Menezes.

Em 1937, a frontaria dos Paços do Concelho vivia de paredes meias com barracas de aluguer- não sabemos quem recebia as rendas. Onde  vivia Ti Júlia Peleira, e o genro Manuel Mortinho, as irmãs Lucrécias,  e a mãe de Armando Freire, com negócio num tasco.

Nunca se apurou a razão do incêndio  que destruiu o sótão dos Paços do Concelho onde estava mal acautelado o cartório da herdade de Ansião; tombos, livros de tabelião e demais documentação. Os residentes das barracas foram realojados, e os Paços do Concelho foram ampliados para norte, a ganho do aspeto que hoje apresenta. O mestre de obras era tio do meu pai, António Rodrigues Valente do Escampado de S. Miguel .

Pese tanto atropelo à Igreja da Misericórdia, exalta o espólio; dois lampadários de latão, estandarte, candelabros, urna de eleição, Missal e a Bandeira com a Mãe Misericórdia de corpo inteiro, pés assentes no Mundo, adorada por devotos e crianças de mãos erguidas, coroada em  raiado esplendor em manto preso por  anjos. Desconheço se teve brasão.

Na atualidade

                                 


Aguarela assinada de 2019 da Igreja da Misericórdia de Ansião

                     
Travessa da Misericórdia
Para haver na toponímia Travessa tinha de haver Rua e não há...designação antiga antes de nascer a Av. Dr. Vítor Faveiro, a travessia da vila para o Vale Mosteiro fazia-se pela  travessa da Misericórdia.

FONTES 
Portal do Municipio de Ansião
Livro de Noticias e Memórias Paroquiais Setecentistas de Mário Rui Simões Rodrigues e Saul António Gomes
Igespar https://www.patrimoniocultural.gov.pt
Livro Ilustres Ansianenses do Dr. Manuel Dias  - Conselheiro António José da Silva  e Dr. Domingos Botelho de Queiroz
Livro Património Religioso do Concelho de Ansião de António Jesus Simões. Joana Patrícia Dias e Manuel Augusto Dias 
https://monumentosesitios.blogspot.com/2017/01/capela-da-misericordia-de-ansiao.html
http://www.scmansiao.pt/

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Barqueiro na EN110 para Chão de Couce

Rota de viagem de carro, em tantas em quase meio século. Registo de património que desde sempre me chamou atenção.
Casa de sobrado no Barqueiro com varanda de janelas a poente, típica de gente abastada judaica.

Várzea dos Amarelos, desconheço a razão do topónimo Amarelos, seria do milheiral na várzea?

Cruzamento de Maças de D. Maria com a Ribeira Velha e Pardinheira

Carvalhal, a chaminé maior que a casa onde  funcionou uma escola da família Silveira

Pelo tardoz corre a estrada,  na toponímia Estrada Real , que foi o corredor da via militar romana que para sul calcava a EN110 e depois na estalagem das Vendas de Maria seguia pela Nexebra.

Venda Nova , limite do concelho de Ansião, teria nascido no fins da estalagem das Vendas de Maria

Portelanos ao Bairro 

Nestes campos outrora de carvalhal onde se vivia o dia da Espiga com os clãs judaicos, fariseus, galileus, hebraicos e,... 

 Ramal do Bairro para Chão de Couce

Renovação do adro da igreja de Chão de Couce

Fontanário com letreiro "água não controlada"...

Arquitetura castiça predomina em Chão de Couce

Antiga clinica das Cinco Vilas perdeu-se , agora são apartamentos...

Perdeu-se a estação dos CTT, onde vivi alguns dias na companhia da minha mãe ali deslocada a serviço...

Sitio da Casa da Camara de Chão de Couce, o poder autarquico não lhe acudiu e perdeu-se...

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Icônico platô na Costa da Lagoa do Castelo ao Senhor do Bonfim, Ansião

 Resumo publicado no Jornal Serras de Ansião em Novembro de 2024

Vista antiga da Ponte da Cal sobre o costado do Senhor do Bonfim 

A Quinta da Boa Vista foi plantada na Costa, a norte dos Escampados, e a Lagoa do Castelo, no beijo das ruínas do paço da Quinta da Boa Vista, de que resta a capela do Senhor do Bonfim. Presumo implantação na centúria de 500, dada a falta de menção nas Memórias Paroquiais de 09.01.1314 (...) Em 9 de janeiro de 1314 aparece uma  primeira referência documental, de um aforamento numa doação feita pelo Mosteiro de Santa Cruz de herdamentos que possuía entre outros lugares, no Escampado, e Lousal, no termo de Ansião. A tia Júlia do Escampado de S. Miguel,  dizia às suas netas Julia e Stela, que a Lagoa do Castelo, confinava com restos de muros na sua fazenda. Fomenta castelejo de atalaia, cujas pedras foram reutilizadas no paço. Desse passado fausto resta o topónimo na grafia Boavista, na extrema de Façalamim – atual Santana. 

Ruina do paço                     

Excerto da prospecção arqueológica de 2010  http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/ (...) Com uma altitude máxima de 271m, este outeiro, encontra-se sobranceiro à vila de Ansião o que lhe confere uma dominância sobre a baixa aluvionar de Ansião. Mais acima no Escampado de S Miguel terá albergado um povoado, enquadrável na Idade do Ferro. Na cumeada parece observar-se muralhas implantadas sobre contínuos afloramentos de rocha natural. Apesar dos elementos descritos na bibliografia, em visita ao local, e após intensa prospeção numa área com cerca de 163.680m², não foi possível detetar quaisquer vestígios arqueológicos. A este facto, não será alheia a abundante vegetação arbustiva (Quercus coccifera-carrasco) que se encontra praticamente em toda a área do monte. Contudo, foi possível observar junto à linha de cumeada, na vertente virada para a baixa de Ansião, algumas zonas que no passado foram objeto de extração de pedra. Este facto deixou marcas regulares no substrato rochoso, todavia, sem qualquer interesse do ponto de vista arqueológico, e que poderão estar na origem de algumas interpretações, que foram feitas acerca da localização de alinhamentos pétreos sobre o afloramento rochoso.

Distingui a norte do Escampado de S.Miguel no caminho para o Senhor do Bonfim imensidão de muros grossos de pedra que a foto documenta. Quiça o povoado na menção acima na prospeção arqueológica.

Escampado de S. Miguel a norte

Lagoa do Castelo
Encontrei a Helena Lopes do Escampado de S.Miguel, que me disse  que há tempos uma máquina encurtou a Lagoa do Castelo, para alargar o caminho e manter água para as perdizes...

As lagoas cársicas deviam merecer atenção da Autarquia  e das Juntas de Freguesia 
Dever é de as  manter preservadas e limpas de vegetação infestante  por serem testemunhos indeléveis a marcar a paisagem idílica a brutais contrastes; ora insípida, agreste, desértica, vesida de pedra escalabrada branca e terra rossa, por todo o lado debruada à toa de erva de Santa Maria e outros tomilhos; jacintos, orquídeas, lirios, orquídeas, cucas, arruda, alecrim, esteva, rosmaninho e carrascos que cobrem costados e vales de vegetação crespa Mediterrânica, a salpico de frondoso carvalhal, pinheiral manso e bravio, mancha de medronheiro, loureiros e ameixeiros bravios,  em que eucaliptos a espécie invasora alastra sem pedir licença...
Distingui na sua frente lajes a reportar calçada romana 
                                    
Encruzilhada de caminhos na Lagoa do Castelo
A Lagoa encontra-se à esquerda do caminho que avento foi corredor romana, quiça de um habitat?
A  via secundária romana catalogada em Vales - ao Vale de Boi, Santana, Nogueiros, Poios , Moinhos de João da Serra , Lagoa do Castelo, Escampado de S. Miguel, Escampado da Lagoa , Escampado de Santa Marta, a foto registada a sul, onde deixei o caminho que segue para o Marquinho, seguindo outro para norte, de lajeado fragmentado, que reporta a calçada romana que ligou  ao Escampado da Lagoa.  

Lagoa do Castelo
Interpretação urgente à imediação da Lagoa do Castelo que instiga a escavação arqueológica para atestar se o caminho foi via romana, antes que se perca pela  passagem de máquinas e camions pesados no corte e transporte de madeira e se percam os vestígios da calçada romana.
E averiguar se existem restos de muralhas ou assentamento; castro, castelejo ou habitat romano.
Caminho para sul na descida algumas lajes ao centro...
O corredor romano de ligação da Lagoa do Castelo aos Escampados
Escampado da Lagoa
Na beira da Lagoa cársica no corerr do caminho vindo do Escampado de S.Miguel, ainda havia há anos um marco de epdra - quiça um miliário - e a Junta de Freguesia, quiça para a desassorear, onde ficou lá ou se perdeu...Em miuda a sul do Escampado de Santa Marta cheguei a ir alguns anos com os cachopos do Bairro apanhar alecrim e louro para o Dia de Ramos. Recordo que o caminho terminava com grandes pedras aprumadas a emergir da terra descarnadas, à laia de peças de lego, acima e outras abaixo. Anos mais tarde voltei para fotografar, infelizmente uma nova estrada roteada para Albarrol, destruiu esses vestígios para sempre, como uma laje com uma Cruz incisa. 
Capela do Senhor do Bonfim
                           
                                      Porta indicia ter sido de ligação ao paço
                   
O chão da capela apresenta lajes antigas e lajes novas de pedra

Nesta Quinta da Boa Vista viveu D. Juan de Ansião e outros de bibliografia inédita; Batizado em 1675, na capela do Senhor do Bonfim de Luísa, filha de Luiz da Silva e Ana Feia da Quinta da Boa Vista; Aos 17.05.1606, faleceu Ana de Mendanha enterrada na capela da sua quinta, onde foi batizado em 26 de fevereiro de 1595 Manuel, filho de Jácome de Sequeira e de sua mulher Isabel de Mendanha. Padrinhos Leão de Barros da Quinta da Guarda, em Santiago da Guarda e Maria de Abreu, filha de Joana de Abreu, de Ansião. Clama o registo parentesco com a Quinta de Sarzedas, o ciclo de amizade com Leão de Barros da Quinta da Guarda, e Joana de Abreu, quiçá filha de Rui Mendes de Abreu, avô do D. Juan de Ansião, neto que lhe tomou o seu nome, morto em 1697, no cadafalso em Lisboa. Despertou interesse à Dra. Ana Ferreira de Coimbra, permitindo avançar na sua árvore genealógica, com a inestimável ajuda de Henrique Dias. Foi coligido o seu 8º avô Gaspar Godinho de Nisa e Reys , capitão-mor de Ansião, com morada na Quinta de Sarzedas. Padrinho de muita criança dando o seu nome Gaspar. Foi sepultado na capela particular da família na matriz de Ansião, hoje afeta ao coro. Cortês partilha de registos de avoengos na Quinta da Boa Vista; casamento dos seus 6 avós D. Maria da Tocha Silva e Sequeira, nascida em Ansião, filha de Mariana Josefa da Silva Sequeira e neta de D. Josefa Silva Sequeira Ponce Leão e Mendanha, batizada em Ansião a 15 de novembro de 1763. Casou na capela do Senhor dos Bonfim a 17 de maio de 1779, com Tomás Joaquim Alves, filho de Luís Alves e de sua mulher Tomásia Inês Cordeiro, ambos de Vila Nova de Anços; e, o óbito de José da Silva e Sequeira sepultado na sua Capela do Senhor do Bom Fim, em Ansião, a 27 de fevereiro de 1758 – o seu 9 avô. Outro amigo, o Dr. Américo Oliveira, com avoengos na Quinta de Sarzedas, enviou a foto da pedra tumular brasonada que existiu na capela do Senhor do Bonfim com as armas: I, Silva, II, Sequeira, III, Ponce de Leão e IV, Mendanha, publicada no Livro Mendanhas, de 1942. Cujo paradeiro é desconhecido, apresenta o sítio do sepulcro lajes novas. O livro retrata a genealogia Silva Sequeira nas quintas: Sarzedas, Boa Vista e dos Sequeiras, na Ribeira do Açor. 

A sepultura brasonada  com as Armas I, Silva, II, Sequeira, III, Ponce de Leão e IV, Mendanha

                                   
Pedro e Francisco de Mendanha vieram fixar-se em Portugal após a batalha de Toro. O cronista Rui de Pina, a esse propósito diz que era Alcaide de Castro Nuno, castelo de D. Afonso V, marido da também apelidada Beltraneja, sua esposa raínha D. Joana de Transtâmara, onde se veio a acolher depois da dita batalha. Este nosso rei comulou-o de Mercês, e passou a viver no Porto desde os finais do séc. XV saíu a descendência dos Mendanha portugueses. A Ana Mendanha com quinta em Ansião finais do séc. XVI era uma das descendentes.
No passado, a Aguda, hoje pertença de Figueiró dos Vinhos e a Rapoula, no Avelar, foram do convento de Toro, Zamora, Espanha. O que pode explicar a razãr de aqui aportarem. Como mais tarde houve foreiros do duque de Aveiro em Penela , Viavai, Lagarteita, Ameixeira  e Pousaflores, vindos do Porto.
Genealogia 
Antepassados de Ana Mendanha da Quinta da Boa Vista

                               cortesia de Henrique Dias
Quinta da Boa Vista  1675 
Batismo de Luisa filha de Luiz da Silva e Ana Feia
Registo  localizado por Renato Freire da Paz a 2 de abril de 2021
Aos 17 de maio de 1606 faleceu Ana de Mendanha foi enterrada na capela da sua quinta presente mês e ano
Cortesia da Dra Ana Ferreira
Registo de óbito de José da Silva e Sequeira
Sepultado na sua Capela do Senhor do Bom Fim
Ansião, 27 de fevereiro de 1758 p. 31
José da Silva Sequeira, meu 9 avô. 
Excerto enviado pela Dra Ana Ferreira
Registo de casamento dos meus 6 avós D. Maria da Tocha Silva e Sequeita
Filha de Mariana Josefa da Silva Sequeira e neta de D. Josefa Silva Sequeira Ponce Leão e Mendanha.
Entretanto faltam registos de casamento de Ansião entre 10/1778 e 10/1779 .


O livro dos Mendanhas 
                                
                               
Coligi na lista de Oficiais superiores das Capitanias -Mores das Ordenanças (1830 - D. Miguel)- Província da Estremadura - ANCIÃO o Sargento-mor Luís da Silva Sequeira Mendanha.

Em 1810, os invasores franceses incendiaram a capela do Senhor do Bonfim

Admito que o paço, há muito fora espoliado. 

Há anos mereceu escavação arqueológica pelo Sr. Padre Coutinho com Casimiro Simões ( não conheço) alusivo num comentario há anos, debalde perdi o nome de quem o teceu nas redes sociais que a ele se referiu;  um curioso, geração antes da minha e do João, mas com muitos estudos e boas curiosidades.A ideia foi buscá-la também à Carta Militar que tinha. Namorava na altura uma menina que estudava História no Superior, e igualmente muito afoita e tentar procurar e compreender a historia dos lugares. Seguiram vidas separadas, mas na altura era amiga de ambos e acompanhava as conversas com muito interesse (de quem tinha tempo e energia para isso!


A prospeção do  Sr. Padre Coutinho (...) os montões de ruínas , que nos séculos seguintes começaram a ser revolvidos na busca de tesouros , motivo pelo qual os materiais surgidos nas escavações ali efectuadas estavam completamnete deslocados e desbaratados sem a menor estratigrafia (...) abundância de materiais certificantes da riqueza e nivel de vida da casa; ferragens e bronzes de mobílias, vidros de toucadores , pedações de cerâmicas grosseiras , de porcelanas chinesas e de faianças ricamente decorada, principalmente, em tons de azul sobre fundo branco; grande variedade de pratos, tigelas, canecas, escudelas e jarras com motivos geométricos , vegetais, brasões, paisagens, animais fabulosos e cenas cinegérticas. Do conjunto habitacional restam alguns muros e paredes estucadas, em especial a da sala dos ladrilhos, condutas de água e o que parece ser um tanque reservatório.Entre as cerâmicas exumadas, as de maior interesse saõ as brazonadas a azul e branco com as seis arruelas dos CASTROS, outras com o leão dos SILVAS, algumas com o escudo sobrepujado por um chapeu pontifical com dois nucleos laterais de cordões a tres ordens de borlas , facto que provavelmente aparece indicar que se trata de antigas armas de bispo - indicia que o propretario além de nobre teria um elesiástico na familia, seria bispo, por isso as louças brasonadas, e outras de aranhões , símbolos chineses do 3º quartel do sec XVII?

Suscita ligação familiar com a Quinta das Lagoas, dado o comum orago

Senhor do Bonfim e Senhora da Boa Morte, cuja capela teve brasão emoldurado por motivos vegetalistas estilizados e o chapéu episcopal ornado com dois núcleos laterais de cordões e três ordens de borlas pendentes. Pistas ao bispo; D. Fernando de Meneses Coutinho e Vasconcelos, filho do I Conde de Penela; D. Fernando Coutinho, filho de João da Silva, Senhor de Abiul, ou  D. Miguel Silva.  Desperta ainad atenção o brasão Câmara de Lobos, no fecho do teto da capela da Casa Senhorial de Santiago da Guarda, com as Armas dos Noronha e Meneses, elo ao bispo Dom Manuel de Noronha filho de Simão Gonçalves da Câmara, 3º Capitão da ilha Terceira e de D. Joana de Castelo-Branco, Senhores da Aguda, Figueiró dos Vinhos, em verdade encontrei uma referencia a este bispo João de Melo e Castro, num estudo da Inquisição de Lisboa; https://estudogeral.uc.pt/bitstream/

A Quinta da Boa Vista era pertença da Casa da Misericórdia de Ansião que foi dada como inativa no distrito de Leiria, em 1855

Em 1870, assistiu-se ao golpe dos eu vasto patrimõnio que se depreende em excertos do Livro Ansianenses Ilustres  do Dr. Manuel Dias “ o Visconde da Guarda um correligionário ao se favorecer com bens na vila e presentear os amigos, como o Dr. Domingos de Queiroz também veio a adquirir muita terra dentro e fora da vila”. Porque este médico ficou na posse desta quinta que se estendia da vila, ao Senhor do Bonfim, e mais tarde vai vendê-la ao “torna - viagem do Brasil Manuel Rodrigues 29”, onde passa a morar no que foi o 1º hospital de Ansião. Segundo o testemunho do Sr. padre Manuel Ventura Pinho o Sr. Julio Rodrigues, conhecido por “ Júlio 29”, residente na vila de Ansião, gentilmente ofereceu  a ruína da capela do Senhor do Bonfim e terreiro do paço, à Corporação de Bombeiros e à igreja de Ansião, logo a seguir à revolução de 25 de Abril de 1974. A igreja possui escritura da doação, e já há muitos anos o Sr. Júlio me explicou o porquê de a dar a duas entidades. É que estávamos então num tempo revolucionário, sendo que ele pensava que dando apenas aos Bombeiros estes poderiam acabar, e a igreja essa não acabaria, por que não tinha acabado em nenhum país comunista. Depois de ter sido doada aos Bombeiros e à igreja de Ansião foi restaurada, segundo os ditames de monsenhor Nunes Pereira, presidente da Comissão do Património Artístico da Diocese de Coimbra, e os Bombeiros depois do restauro fizeram uma festa anual em honra do Senhor do Bonfim.

Ainda outro esclarecimento do Sr. Padre Manuel Ventura Pinho

Há mais de 30 anos, propus aos Bombeiros a divisão mas eles acharam que dividir era estragar o que sempre esteve unido. Concordei. A capela do Senhor do Bonfim sofreu restauro pela Junta de Freguesia de Ansião, com pedido de licença aos Bombeiros de Ansião, que partilha com a Igreja a propriedade da mesma. A imagem do Senhor do Bonfim foi substituída, pois foi roubado da capela antes de eu chegar à Freguesia. Fizemos diligências com a Associação dos Bombeiros junto da GNR, mas como não havia fotos, nunca nos foi entregue, ainda que eventualmente tenha aparecido, e tivemos de mandar fazer outro em Braga. Algumas pessoas poderão pensar que o Crucificado que lá está é o original, mas não

Consta nas reservas da matriz - Um Senhor carcomido de pés e mãos “ atrás de uma mesa”, quiçá seja o original trazido após o fogo de 1810, e por isso descrito no arrolo de 1911, na lei da separação da Igreja do Estado.

Vive-se um tempo novo, de luta, liberdade e mudança, sem compreensão ao estado de abandono deste emblemático miradouro

Em nada acrescenta de educativo e cultural à fruição do património histórico que encerra, e coloca em causa a dignitas e gravitas, sem respeito à sua identidade e memória - pergunto-me até, acaso a doação premiasse a Autarquia, se já não estaria revitalizado? Notável dificuldade de articulação dos seus donatários, pese creditícios, dado o declínio a que tem sido votado. 

Urje revitalização de mãos dadas com o Poder Público e de vez levantar o seu potencial turístico, com lápides para memória futura ao filantropo e à sepultura brasonada. Tamanha negligência inibe atos de doação, dada a falta de reconhecimento perpétuo, e com isso Ansião perde!

Permitam opinar ideias construtivas a ser equacionadas à sua envolvência

Exaltar vistas abrangentes sobre a vila e o IC8 em terreiro propício para acolher o festejo do Feriado Municipal, a tradicional apanha da espiga, em Dia da Ascensão. 

Jus à festa após a doação com missa na matriz, procissão, merendas à sombra de oliveiras e carvalhos, em mantas de trapos, em plena vivência de tradições e costumes, no âmbito do património imaterial, ao som da viola e voz de Vicente da Câmara, a ouvir histórias de Odete de Saint- Maurice, na companhia das netas; Maria e Inês de Medeiros, vestidas de saia azul às pregas e blusa branca, filhas da sua filha Maria Armanda e do maestro Vitorino de Almeida, com raízes em Maças de D. Maria .

Escritora de livros infantis e para adultos Odete de S.Maurice

Pois já não recordo o  conto ou se veio beber estórias para escrever o seu livro " Almas Perdidas", nem sei de quem partiu o convite...Recordo de estar sentada numa manta de tear onde se saboreou o lanche que muitos levaram de casa ao abrigo da sombra de oliveiras e carvalhos, em sítio altaneiro, muito agradável. Lamentavelmente foi festa de pouca dura, depressa acabaram com os festejos...

                          

Aposta na melhoria de acessibilidades, remoção de infraestruturas obsoletas, apetrecho de quiosque, parque de merendas, estacionamento e passadiço à foz da levada no abraço à “morta” Ponte Galiz. 

Infraestruturas obsoletas dos Bombeiros

Ponte Galiz

Interagir com donatários das faixas estreitas do Nabão a sua servidão - a prol do benefício público, com trilha ao quelho das Caneiras, onde as ovelhas iam ao banho para a lã render mais… A um pulo das tamargueiras, no açude dos Mouchões – o chafurdo dos rapazes do colégio, pasme-se - a prémio de piscina a céu aberto – haja audácia e fortuna para bombear a água e de vez destronar a lenda do rei mouro que a roubou para a nascente do rio Anços. Escarpas a desfrute dos amantes de escalada e um restaurante panorâmico. 

Os Moinhos João da Serra não são apenas memórias - podem ser futuro – aposta na reabilitação de um moinho e de um munho de água e reerguer a ponte de laje. Memorial pedagógico ao serviço didático; escolas e turismo; forno de cozer broa, pão, merendeiras de azeite, bacalhau e chouriça. Valorizar a ponte romana dos Poios, gruta do Calais, e imortalizar a esquecida Mata da Mulher – o refúgio às garras do violador D. Juan de Ansião em afirmação à cultura ao imortalizar esse passado desterrando a obra da escultora turca Aynur Ozturk, à laia da Vénus de Willendorf, como desassorear a Lagoa do Castelo. 

                 

Acaso a laje foi de uma anta desmantelada?

E tem sido a falta de olhar à proto-história o descalabro de mais não se saber o que foi o passado de Ansião...

                

Conluio chamar muitos a Ansião! Acordar para esta realidade, a palavra de ordem!

Postos de liderança exigem premiar escolhas com perfil à afirmação cultural, visão, sentido de estética e poder de decisão, em obras e restauros que dignifiquem heranças para as deixar aos vindouros. 

Grito no direito de cidadania ao tempo de incúria, perda de lisura e ouvidos moucos – é hora de exigir da igreja estar atenta ao seu património e à estética de adros, já que a remodelação do adro da capela de Santo António, ao Ribeiro da Vide, obrigou a palavras fortes – pese o pecado, valeu a pena! 

Como é expetável os Bombeiros de vez desentupir o poço, e atestar se tem ligação a outro com ossadas, do tempo do nobre D Juan de Ansião!

Somos mais fortes unidos no cabal interesse de aprofundar o vetusto passado de Ansião, a prol do seu progresso ao erradicar de vez a letargia que se assiste no Pelouro da Cultura, que tarda acordar para a importância histórica que deve reger a atribuição toponímica. 

Merece revisão a placa da Rua do Bonfim para Rua do Senhor do Bonfim!



FONTES
Genealogia; Henrique Dias;  Dra  Ana Ferreira, Renato Paz e minha
Foto do livro e brasão  com as armas cortesia do Dr Américo Oliveira
Informação disponibilizada na página do Facebook pelo padre Manuel Ventura Pinho
Livro do Padre José Eduardo Coutinho
http://arqueologia.patrimoniocultural.pt 

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