domingo, 5 de fevereiro de 2017

Monografia de Ourém no encalço da Ladeia

Doces memórias do mercado à quinta-feira na vila de Ourém,  desde que me lembro, no tempo que  a minha mãe se deslocava a trabalho nos correios, bulício perdido após a elevação a cidade. 
Jaz o arrabalde do mercado a viva panóplia de feirantes e tasca à laia de restaurante ambulante de comes e bebes em mesas corridas com toalhas de plástico. 
Entre demais iguais o bom cozido à Portuguesa.

Um novo olhar em dia de mercado em fevereiro de 2017, despertei para o encalço da via romana, vinda de Ansião. Não parei nem descansei, com avanços e recuos... Deslumbre orgasmo intelecutual de enxergar mais além que tanto académico só enxergou pela metade!
Graças à Monografia de Ourém, de João Alvim de 1961, um dos pilares a levantar mais do passado da Ladeia,  suscitou investigação a outros estudos de Sicó e suas franjas. Acresce a Monografia de Figueiró dos Vinhos, os vários estudos de Alvaiázere,  Ferreira do Zezere, e as muitas caminhadas . 
A lamento dizer, todos os estudos se mostram com lacunas, sem enfoque à realidade da proto-história, crucial vivida nesta região, sem qualquer coligação a esse pasasdo rico e vasto a previlègio desta região rez ves no centro de Portugal... cuja finalidade , intenção, ainda por publicar. 
Bibliografia inédita quase em reta final publicada no Jornal Serras de Ansião.


Monumento dedicado ao Povo de Ourém
Tenho a vaga ideia que o Prof. Hermano Saraiva num dos seus programas não apreciou este monumento...lamento não recordar o motivo, o tenha sido por não ser em pedra da região (?)
Li augures "OURÉM é terra nobre de velhos pergaminhos que honra a história e respeita a tradição.  Cujos monumentos falam da histórica grandeza da terra, da sua nobreza e da sua eterna grandeza." 
«O 1º Conde de Ourém João Afonso Telo de Meneses.
O 2º Conde de Ourém João Fernandes de Andeiro.
Em 1383, D. João, Mestre de Avis o apunhalou nos aposentos da rainha Leonor Teles no Paço de Lisboa .
João Fernandes de Andeiro, fidalgo galego natural da Corunha. Apoiou D. Fernando na invasão da Galiza, desejoso de alcançar o trono de Castela. Mas a sorte está contra o monarca português, Andeiro parte para Inglaterra e casa com uma filha do duque de Lencastre. Durante as negociações de paz entre os dois países tendo como mediadora a Inglaterra, vem secretamente a Portugal e se apaixona por D.Leonor Teles, numa altura que o rei português D.Fernando já doente e com o problema da sucessão.A rainha apoiava o lado castelhano pelo casamento da sua filha D. Beatriz , dando origem ao seu assassinato.
O 3º Conde de Ourém Nuno Álvares Pereira
O 4º Conde de Ourém D. Afonso de Portugal da Casa de Bragança»
Quadro da morte do Conde Andeiro no Museu Soares dos Reis
Adro da igreja avista-se o burgo onde nasceu Ourém, em dia com neblina
O povo ourense desceu do morro do burgo de Ourém após o terramoto de 1755 por ficar bastante arruinado, aos poucos resistentes abandonaram em final de 1810 ,ao ter sido incendiada pela passagem da 3ª invasão francesa. O povo havia de se fixar no vale na então insignificante Pedela , que no decorrer do tempo deu origem à Aldeia da Cruz, e consequentemente à progressiva Vila Nova de Ourém no reinado de D. Maria I em 1841 , em que a sede do concelho deixou o burgo histórico do castelo, para em 1991 ser elevada a cidade.
Mercado na rua
Conheci  a Vila em miúda onde aportei com a minha mãe quando aqui vinha esporadicamente a trabalho nos Correios, e muita vez ao mercado à quinta feira, recordação maravilhosa por decorrer a céu aberto pelas ruas em redor da Igreja. Na década de 60 assistiu-se a forte emigração sobretudo para França, o que despoletou um brutal crescimento imobiliário e assim Ourém para mim perdeu a magia de antigamente...
Ainda assim deslindei na minha breve caminhada testemunhos do seu passado mais recente...
Ao jus do sabor de carta pintado numa parede " A História que eu tinha não era (pequenina)... 
Estranha esta designação na toponímia e dela nada encontrei...
 
Impressionante como foram dispostos dois  belos painéis azulejares da toponímia na mesma parede...
Igreja
Em 1861 deu-se início das obras da edificação da Igreja tendo sido construída no mesmo local onde teria existido uma capela.
Em 1948 a igreja sofre obras profundas de remodelação e na década de 2000 a fachada é de novo intervencionada, perdeu a traça antiga que era mais castiça.
A capela-mor  construída em 1873

Em 1833, aquando da extinção das ordens religiosas, a Igreja recebeu algum espólio do Convento de Santo António: relógio da torre, sino, Imagens, quadros entre outros.
A Imagem de Nossa Senhora do Pranto exala beleza, pelo que acredito seja uma herança do convento(?).

Contraste da praça  da República onde está o Museu Municipal de Ourém
Antiga Casa dos Magistrados fundada em finais do século XIX para alojar os magistrados, foi sede dos Paços do Concelho de Ourém entre outras ,atualmente a Casa da Música.
Selfie com a minha mãe no jardim
Almoço em Ourém em dia de mercado - Cozido à Portuguesa. A ideia era para ter sido mesmo no Mercado, numa daquelas mesas corridas com toalhas de plástico, acabou por ser numa antiga taberna, com pipos que na salinha do antigo Reservado servem almoços.
Sobras...
Antigo Hospital de S. Agostinho, doação do benemérito, médico, após ter estudado matemática e filosofia , conjuntamente com os seus irmãos o mandaram construir em 1880.
Património clássico em total abandono com pormenores de interesse nas cantarias
Através de uma janela com vidros partidos jaz no chão um quadro...
 Corrimão em madeira inteiriço
 Ainda restam os puxadores em faiança...
 Brutal claridade de sol em rota de saída de Ourem
Casa Tenente- Coronel Moreira Lopes 
Data de 1839  inscrita no lintel da janela de sacada da fachada principal. Na década de 2000 o edifício sofreu um incêndio. Ainda resiste o moinho de puxar água.
Brasão de pedra no cunhal
Reparei numa grande quantidade de telhados vidrados em verde, pormenor estético que achei muito interessante, ao me fazer lembrar a Ribeira do Porto cujo casario com beirados de belas telhas em azul pintadas a branco da Fábrica de Santo António do Vale da Piedade, em detrimento destas em monocromia verde, a minha cor favorita, supostamente produzidas em olaria da região, no passado marcada nesta arte também  a fazer talhas e utensílios utilitários.
No caminho em Caxarias identifiquei uma placa com o nome de Pisão do Oleiro.
As torres do castelo de Porto de Mós e a cúpula da Igreja de Pedrogão Grande, exibem telhados com telhas em forma de concha de vieira, também em verde, pode aventar que a olaria tenha sido sita na região centro(?).

Rua de Santa Teresa de Ourém. 
«Nasceu no Zambujal, por volta do ano 1220, no séc. XIII, no reinado de D. Afonso III. Cedo, foi trabalhar como doméstica para o prior de Ourém. Notabilizou-se pela sua extrema caridade, em contraposição com a extrema avareza do prior que servia...»
«Beatriz da Silva descendia do primeiro Conde de Ourém. D. João Teles de Menezes.
Filha do primeiro governador português de Ceuta em Portugal, é conhecida como a abençoada Brites.
Ao que parece, Beatriz da Silva seria uma jovem de grande beleza, conforme testemunha um relato da época: «além de vir de sangue real, era mui graciosa donzela e excedia a todas em formosura e gentileza». Beleza que impressionava a corte de Lisboa do século XV.
Em 1447, contava a infanta D. Isabel dezanove anos, o seu tio D. Pedro, Duque de Coimbra, regente do reino, promoveu os seus esponsais com João II de Castela, então viúvo. Embora Beatriz fosse ama e confidente da princesa, não impediu que esta se enciumasse dela, maquinando contra a sua própria vida quando a acompanhou para a Espanha, onde parece ter despertado mais inveja pela beleza que não passou despercebida, quando a princesa Isabel a prendeu dentro de uma arca durante três dias sem comida. Foi a visão de Nossa Senhora para fundar a Ordem Religiosa da Imaculada Conceição que a salvou.
O seu tio D.João de Menezes na altura na corte, estranhando a sua ausência questiona a rainha sobre o paradeiro da sobrinha, que o conduziu à arca onde a encarcerara, certa de encontrar já um cadáver...Beatriz perdoou à rainha, que se arrependera, retirando-se da Corte, ingressando num mosteiro em Toledo, onde viveu monasticamente com um pequeno grupo de outras monjas.Com apoio da rainha Isabel a católica, filha da rainha portuguesa D. Isabel, conseguiu enfim estabelecer a Ordem onde viveu  como freira 40 anos, sendo especialmente honrada e frequentemente visitada pela rainha Isabel a Católica. Morreu a 01 de setembro de 1490, os seus restos mortais encontram-se na cidade de Toledo.
Foi canonizada 03 de outubro de 1976, pelo Papa Paulo VI.»

Santa Beatriz da Silva, Santa portuguesa, canonizada em 1976 pelo Papa Paulo VI
Relíquia que deslindei por acaso no tardoz de um casario. Virada a nascente bela varanda em pedra calcária, adoçada a metade de prédio de gaveto reabilitado com colunatas também em pedra. 
Julgo aqui viveu o administrador de Ourém em 1917 quando aconteceram as aparições em Fátima, e interrogou os pastorinhos. Num filme foi mostrada a casa onde morava e a senti ser esta (?)
Fontanário com data de 1868
Reabilitado de pintura alva, o tempo fez subir o piso  por isso com lixo...

 Fontanário secular de calibre imponente recuperada porém encafuada por entre cimento armado...

FONTES

https://pt.wikipedia.org/wiki/Our%C3%A9m_(Portugal)

http://fagostinho.nersantsocial.pt/instituicao/historia/

Fotos de Ourém antigas retiradas da google


terça-feira, 31 de janeiro de 2017

O meu cartão Prestige Sottomayor!

Foto retirada da pagina do face António Nascimento Vaz 
Entrei no ano novo do meu signo chinês- Galo. Dita limpeza geral.
Abri a vitrine onde guardo memórias. Encontrei o meu cartão Prestige...
O Banco Pinto Sotto Mayor foi o pioneiro na década de 70 na atribuição de cartões de crédito em Portugal - SOTTOMAYOR BANKAMERICARD.
Foto do meu amigo RS
 O meu cinzeiro em faiança
Só entrei no Banco em 80. Decorria uma campanha com a distribuição gratuita do cartão de crédito a todos os funcionários, uma forma de publicidade barata, dava acesso a se comprar a crédito a 30 dias num tempo sem computadores, em que se usavam as chamadas máquinas de passar a ferro.
Julgo em 90 (?) apareceu o cartão Premier, o cartão dourado, só atribuído a clientes com saldo médio superior a 5 dígitos.O meu primeiro chefe no Banco, homem de cariz enigmático, mas que dele nada tenho a apontar, um dia apareceu-me ao balcão da Rua do Ouro, chamou-me para me dizer em voz baixinha " Isabel gostava muito de ter um cartão Premier, mas  não mo vão dar..." ao analisar o saldo não tive dúvidas da forte possibilidade, por me ver tão crente, respingava negativo, eu em flecha a descodificar os seus receios. Sabendo de graves problemas de endividamento de colegas pelo uso abusivo, conhecendo o sistema faziam compras a até ao montante de 5 contos, o limite para não se telefonar a pedir autorização ao serviço de cartões.
Analisado o seu perfil de cliente haviam argumentos válidos facilmente a contestar numa possível reprovação da gerência (?), mas na verdade ao tempo o foi difícil, mas debelado com sucesso, porque na verdade o merecia enquanto empregado e como cliente, que defendi com parecer e atitude!
Passado pouco tempo o vejo voltar ao Balcão, o cartão estava inválido. O procedimento foi o cortar na sua frente que deitei para o lixo a parte de inferior , deixando a tarja superior que dizia apenas o nome do Banco de lado... Questiona-me porque não deitei tudo para o lixo, de sorriso matreiro disse-lhe; caro chefe é a única forma de também ter o meu cartão Premier, vou mostrar-lhe e parti apressada para ir buscar o porta moedas e naquele imediato coloquei a tarja na primeira abertura dos cartões, dando assim a falsa sensação que também era detentora de um cartão dourado...
Fi-lo por gozo, mas também porque me fascinava a vaidade de um assim um dia possuir.Nunca o tinha visto a rir ,pois era homem conservador e de sorriso fechado...

Ao jus de remate ainda disse - seja pelo trabalho que tive na sua defesa para lhe ser atribuído...
Anos mais tarde numa cautela sorteada que pus a render a 8 anos na Mundial Confiança, cujo reembolso deixei deliberadamente à ordem para fazer crescer o saldo médio...

Até que chegou o dia que preenchi o impresso, me senti receosa tal como o meu chefe quando se abeirou de mim, na mesma dúvida seria atribuído? Mas foi. Mal o recebi a primeira coisa que fiz foi deitar para o lixo a tarja que foi do primeiro cartão do meu chefe...
O meu primeiro cartão Prestige Sottomayor no âmbito do Banco Comercial Português, foi naquele tempo um autentico orgasmo inteletual de pura vaidade, mas sobretudo pelo prazer em espicaçar mentalidades, seja o facto de muito poucos os que tiveram o almejo de também sentir que lhes foi atribuído!

Feira dos Pinhões em Ansião na TVI

Risível o nascer da crónica ao sabor do programa televisivo que se apresentou renovado no elenco de reportagem com novo elemento masculino, homem galante, abençoado de olhar lânguido fatalmente me despertou o lembrar d'outro assim belo que conheci há mais de 40 anos nesta terra de Ansião, a chorar...Fosse pelo motivo Saudade, a mesma que sinto infelizmente por já não estar entre nós!
Quiçá o dia ditou maldição (?) atendendo à festa decorrer sob intensa chuva...
Estranhei a ausência da Pastelaria Diogo (?)...Deixei-me a matutar a suposta razão e de mente alucinante alvitrar que a causa tenha haver com o prémio patrocinado pelo Município para um novo doce de Ansião - pastel de pinhão, apresentaram-se a concurso nove concorrentes, sendo o vencedor os alunos da ETPSicó .
Imagens retiradas da net
Pastel agrada ao olhar pelo aspeto caramelizado(?) debalde em demasia atulhado!
Deixou-me sem palavras a propaganda de marketing comercial ao estilo agressivo (?) ...Produto Tradicional de Ansião - Séculos de Tradição Num Pastel de Pinhão.
Seja pela metade verdade do slogan se atender apenas à comercialização do pinhão, sem o saber se seria em bruto ou descascado (?) com mais de 300 anos transacionado na feira da Constantina pela Confraria atendendo à ocorrência de muitos peregrinos ao local do Milagre da Fonte Santa e ao Santuário de Nossa Senhora da Paz . Naquele tempo havia grande mancha de pinheiro manso, maior que a atual.  
Hoje encontra-se dispersa a salpico de alguns lugares e da Mata Municipal. Nos anos 40, do século XX uma grande ventania deitou ao chão muitas pinheiras de elevado porte, sobretudo na Constantina, aqui veio gente de Aveiro para levar a madeira para ser usada na construção de barcos. A  arca de enxoval do meu pai foi feita com madeira de pinheiro manso, vulgo pinheira, e tenho uma vaga ideia que o "Sr.Júlio do 29" tinha uma propriedade de pinheiras para os lados do Pinheiro, falava que lhe roubavam as pinhas todos os anos. Por isso não havia incentivo ao seu plantio em detrimento de eucalipto... 
Desconheço a tradição da apanha das pinhas para descasque como noutras localidades; Alcácer do Sal e Caparica, onde todos os anos roubam pinhas para revenda... 
Em miúda com a minha irmã subíamos o costado da serra da Costa pelo carreiro do munho, a extrema com a propriedade dos nossos pais onde havia uma grande pinheira e outras em redor mais pequenas, apanhávamos pinhas verdes, pesadas, e de volta o tormento de as trazer na saca de serapilheira  à vez nas costas a pregar com  a resina agarrada às mãos...Mal chegadas a casa eram postas junto do lume para se abrirem de onde saltavam pinhões e logo no pial com o martelo em pancada pesada, os partir, debalde de miolo frágil se moiam, o que evidencia perguntar se alguma vez houve tradição deste ritual nas noites de inverno à lareira  a partir pinhão são. Jamais ouvi falar deste ritual...

Em 2009 lancei a dica para a utilização do pinhão na crónica da gastronomia e doçaria de Ansião
"Incrível é a região ser abençoada por salpico de pinheiras, cujo fruto o pinhão, não teve no tempo apreciação para com ele se  fazer algum tipo de doçaria.Um dia destes vou inventar "Beijos de Pinhão", já comecei a idealizar a receita!"
Bom, influenciei  o pastel de pinhão nascido há pouco mais de um mês ...
Confesso tomei conhecimento do concurso em dezembro em casa da minha mãe.

Em vésperas de Natal no Mercado de Ourém, comprei pinhão, e por não encontrar o tipo de massa que idealizei , telefonei à minha irmã para a trazer de Coimbra. 
Grande vontade experiencial, a imaginar a receita das minhas queijadas, na insónia da noite haviam de vingar  com o nome  "Beijos de Pinhão"... Tanto entusiasmo para cair derrotada ao dar razão ao bom senso, por saber de antemão que concursos em Ansião, vale o que o júri quiser (?) pelo que não me amofino mais ao ficar queda!O que fiz!

Na realidade o pastel de pinhão em televisão revelou-se má amostra  desculpem a franqueza, diz o povo "os olhos também comem" ...

Desconheço a razão da minha vizinha pastelaria (do Adolfo) até hoje, jamais presente neste evento, não a vi (?) em prol do convite camarário dirigido à Bastiorra, mulher sorridente em convalescença sujeita a operação recente sem deixar de transmitir ao mundo um bolo de história verídica passada na sua casa, herdada do pai, já vem do bisavô, homem  emigrante no Brasil. O que dizer? O bolo a meu ver não funciona pelo aspeto dado pelo prospeto chapado em tamanha hóstia, sobre a história do padre, rodeada de  lesmas, em feitio de balas, a  salvação  os fios de ovos...

Pelo que tenho visto gosta de inventar a cada ano, não deixa de ser um mérito, mas de suposta valia frágil (?)...Não sendo pasteleira de formação penas horas de aprendizado e conhecimento numa pastelaria da terra, o que me disseram , acresce a experiência do seu nato talento há anos, a tenho como mulher curiosa e decidida, o que pode alencar assim a continuar a supostas lacunas substanciais nesta arte da doçaria  onde praticamente já tudo foi inventado e reinventado. 
Supostamente mais vale dar continuidade ao mesmo e bem feito, que tentar variedade em prejuízo de credibilidade por se mostrar de cariz  ingénuo e duvidoso (?)...

Mantenho desde 2009 dois Blogs. 
Um temático sobre faiança e este onde vou escrevendo crónicas sobre várias memórias de Ansião, passeios, e de tudo o que me choque o pensar, cumulativamente já ultrapassam  mais de 1.320.000 visualizações, numa panóplia de público mundial o que me deixa maravilhada e curiosa, assiduamente recebo mensagens de apoio e incentivo, sobretudo nesta rubrica da gastronomia e doçaria que já ultrapassou os 3700 visitantes, é interessante constatar que no dia do programa cresce abismalmente...

Debalde  sinto haver gente a copiar dicas e ideias exaradas, e o mesmo sejam de outros, porque este meio virtual, a internet, se mostra o meio mais rápido de pesquisa e de se  achar. 
Não me deixou alheia o suposto copianço da cornucópia em hóstia que me lembrou a Alcoa, a famosa pastelaria de Alcobaça. 
Também da bola de carnes que a minha avó Piedade, padeira de profissão já a fazia, dela sempre falei e mostrei... 
Não me choca, sou mulher de partilha, choca, o facto  de haver pessoas ao que parece abominam a partilha, tão pouco publicam o que fazem, seja por medo, ou  falta de talento para redigir um texto onde expressem com transparência os seus saberes, emoções e segredos a que se juntam fotos. Em  verdade  seja mais fácil copiar ficando com " trunfos nas mangas" em detrimento, de passarem a usar coisa adquirida como ideia sua, e não o sendo, disso francamente não gosto, porque o certo é fazer referência à fonte de inspiração, gesto que só engrandece quem se inspira  para criar e recriar, e claro o inspirador agradece.Faz parte das regras de copiar, enunciar a Fonte !

Na verdade  em 2012, quando escrevi a crónica sobre a gastronomia e doçaria de Ansião, o que havia até então escrito sobre Doçaria apenas  se referia a "lesmas, bolos de noiva e Pão de Ló " e  na Gastronomia "cabrito assado com grelos  e migas" ...
Pelo que foi grande a minha vontade em transcrever receitas da casa dos meus avós, da minha mãe e de criadas a que dei continuidade. Porque cozinhar é recordar MEMÓRIAS...
Receitas ainda usadas em muita casa de antigos Ansianenses que gostam de manter a tradição e na  minha casa no tempo sempre lhes dei continuidade. Comecei por registar fotos para escrever e partilhar sobretudo os aferventados, cachola, chanfana, requentados (migas) que a minha avó Maria da Luz da Mouta Redonda chamava fertungado, a sopa de carnes ( tradicional sopa de pedra) os grelos de couve nabo, o leitão que o meu avô Zé Lucas já  assava nos anos 20 na Mouta Redonda , galinha de cabidela, galinha estufada com couves , o verde, guisado com sangue da minha avó Piedade a sua canja de galinha, o Pão de Ló, os Bolos de Noiva, bolos de erva doce, e as filhoses tendidas no joelho...
Também invenções e a reeditar novas receitas, sobretudo com as sobras como aprendi no programa televisivo da Filipa Vacondeus, porque a criatividade também vive em mim...
Pelo que sou levada a pensar que seja a ânsia de estrelato, o facto de alguém para sobressair assim proceda  em suposta ingenuidade ou com segunda intenção (?) que se revela manifestamente errado ao não ser dado o real valor aos autores que tiveram o mérito de o iniciar, no meu caso sem medo, nem receio de me mostrar, ao me expor sujeita a mexericos, que em abono da verdade, ninguém gosta .

O facto de ter sido mostrado pouco relativo à tradição de Ansião, e sim à introdução de bolos e de comidas mais recentes pelo uso de ingredientes mais atuais, em detrimento dos usados antigamente. 
Em repto dizer, lamentar como moeda de troca assistir ao fatal desprezo às fontes ( no meu caso  e de outras ) aonde  bebem informação para brilhar deixando o meu nome e outros no anonimato, quando deveriam ser elogiados!

O restaurante do Ensaio, ao mostrar a sopa de pedra afirmou não ser uma tradição da terra...
A comida desta gente de Ansião em tempo de antanho era o mesmo de sempre-, feijão com couves ou couves com feijões; aferventado de chicharo ou feijão frade com carne gorda  e enchidos; sopa de ossos guisado de batatas com sangue coalhado e papas de milho.

A Sopa de carnes é feita com " feijão da velha" demolhado cozido ao lume com as carnes e enchidos a que se juntava esfarripada couve galega, repolho, quadrados de abóbora, de nabo,batata, e uma mão de massa meada grossa. 
No verão este feijão seco era substituído por feijão de debulhar . 
Um hábito em todas as casas, por ser uma sopa de substância, também a faziam na safra das vindimas e da apanha da azeitona pelo Ribatejo, em especial em terras de Almeirim e Golegã, levando o rancho de mulheres na arca as carnes em salga, enchidos e o feijão, a que eles sim, os ribatejanos, tão bem a souberam reaproveitar para a reinventar com o nome de Sopa de Pedra. 
A chanfana em Ansião, sempre se comeu mais com couves do que com grelos(?), estes sim no acompanhamento ao cabrito e borrego, ainda bem que introduziu a cachola, um prato antigo, sendo que a receita não estivesse a preceito-, a batata é guisada com as carnes e o fígado entalado na brasa a que se junta o sangue, e não inteiras e roliças como bem me lembro de assim as ter apresentado noutra receita ... Coincidência ou não, por não ser típica da gastronomia de Ansião falou do bife da vazia, prato que em casa dos meus pais foi refeição desde os primórdios dos anos 60, do séc. XX, comprado no talho do Ti Tereso, também se comia muito goraz e pargo assado vendido pela Ti Zulmira e pelo Ti Amadeu...
A  sobremesa Pavlova,  disse ser a sobremesa que mais sai no restaurante, tal como o bife, ora também a dei neste meio a conhecer, quando a faço há mais de 30 anos, seja pelo prazer de saborear suspiros em detrimento do Molotof, não sei porquê, difícil me calhar bem!

A  trapologia arte artesanal deste povo em tempos de antanho renasceu como empresa em Santiago da Guarda, ainda me lembro de ver as tecedeiras  nos teares. Pelo que vi  na mostra julgo se tem perdido alguma magia...Bem me lembro de ver casas de muita pessoa alindadas de belos tapetes , coberturas de máquinas de cozer, arcas, malas e ainda mantas, algumas  feitas a imitar botões, com o tecido  caseado em alinhavo fazendo fole, confere nesta arte de antanho uma beleza ímpar e ainda outra usada nos tapetes, tipo farripos,  não sei como os faziam...
Um exemplar de passadeira
Tapete na Casa dos Fósseis na Granja Santiago da Guarda
 Outro tipo de tapete
Tenha sido algum fatal exagero em afirmação e ostentação (?) que me enxovalhou o estar!
Em cúmulo, enxerguei alcoberta da chuva ao lintel  suposta criatura andrógina...
Pasmei de olho arregalado ao jus do famoso quadro "O Grito" do norueguês Edvard Munch...

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