terça-feira, 16 de abril de 2024

Palmarés ao Festival do Vinho de Chão de Couce!

 Resumo publicado na crónica de abril no Jornal Serras de Ansião de 2024

O Estudo Monográfico de Chão de Couce de 2001, do Dr. Manuel Dias, não cita o Foral Manuelino de 1514; o foro de pão, linho, tremoços e vinho, abordado no seu Blogue. 

Como não elenca  heranças gregas na região, povo esquecido por investigadores, em Sicó e suas franjas. 

A rede castreja no centro de Portugal convergiu povos vindos de Espanha, pelo Zêzere,  pela Pombeira,  S. Pedro de Crasto, e por Dornes, do Alentejo e Beiras. Confluiam num eixo viário a nascente  do Tojal, a sul de Alvaiázere, e Ferreira do Zêzere, onde cruzava o carreteiro norte/sul (Braga/Lisboa) e do litoral  no porto abrigado de Alfeizerão, braço de mar, hoje Lagoa de Óbidos; escandinavos, fenicios, gregos, celtas e romanos. Severim Faria em 1609 evoca; Euora de Alcobaça há 1 legoa he esta Villa antiga, e os Geographos Gregos e latinos fazem delia menção com o nome de Eburobeicira. 

Difícil datar a chegada do povo grego e a sua herança ao rico passado da vinha na região pela falta documental e arqueológica , quase sem estudo e presumido por Jarnault, na sua Monografia de 1919 de Penela, ao elencar gigantes da lenda do Germanelo. 

Chão de Couce ostenta o topónimo Portelanos, no corredor romano da via militar XVI, deturpado de portulano, uma carta marítima usada no mar Mediterrâneo. 

Como topónimos alusivos à vinha na freguesia: Trás da Vinha; Vinha Grande, Bacelinhos no Cabecinho; no Avelar; Vinha da Moita; em Pousaflores, o topónimo Pedra da Adega, Adegas. 

A vinha e o vinho foi avivado pelos romanos, à sábia reutilização dos carreteiros da proto-história, que os permitiu chegar ao País, e á região centro adjacente à fundação de cidades; Gaeiras, em de Óbidos, e Collipo, na Batalha, com ligação a Selluim (Tomar), pelo castro de Vale de Rodas, na Sabacheira, posto a descoberto na escavação do gasoduto. O topónimo Sabacheira, em Ourém, terá origem na boa casta de uvas, a clamor “Sabe e Cheira”. Clarifica a origem da vinha trazida pelos gregos aportados no porto de Alfeizerão, na rota castreja acima descrita para Sellium - que é um topónimo celta. Porém, o vinho foi antes dado a conhecer pelos mercadores fenícios, à troca de ouro explorado na região. Atesta a importante via vinda do litoral para Tomar pontes de cantaria, quiçá romanas a partir da  Sabacheira, ao invés no troço também romano, a norte do Fárrio à Avanteira, em 1758, de pau até Formigais. 

Em Rio de Couros entroncava o carreteiro do castro da idade do bronze de Conímbriga (romanizado em cidade), e na Sandoeira, o de Ansião e Abiul. Interface no porto de Formigais; pela Quebrada, em Almogadel, Ferreira do Zêzere, cruzava a via militar para Sellium, e para norte, o eixo viário nascente ao Ramalhal (complexo megalítico das antas), o interface de Relvas. A  via militar e a paralela, a chamada estrada coimbrã por Vale Cipote, Alvaiázere, Maçanicas, Pousaflores, Pereiro, Vale Cego, Chão de Couce, à represa da Quinta da Mouta de Bela, onde foi o ramal usado de inverno a contornar a laguna do Barqueiro.  Hoje a região é servida pelas acessibilidades; A13 e IC 8.

Hoje o vinho de Ourém marca Medieval, associou-se a vinhas  do oeste de coutos e granjas dos frades de Cister de Alcobaça. 

Permite a reflexão à distinção de vinhos antigos no País: 

Vinho de Colares

Vinho da Talha no Alentejo

Vinho verde tinto do Minho

Vinho de Ourém Medieval

Vinho do Pico, Açores

Os vinhos denominados Terras de Sicó fazem parte de outra sub região- pelos vistos sem categoria assinalável para o seu destaque. Bom, presume que Ourém devia fazer parte da integração das terras de Sicó e suas franjas, por estarem fatalmente  comprometidas desde a proto-história, no plantio da vinha trazido pelos gregos, e não apenas o seu enfoque aquando da formação de Portugal com os frades.Mais, as vinhas antigas viviam em consorciação com o olival e outras árvores.

Um vinho palheto extraordinário, escorre lágrima no copo!

A vinha foi difundida pelos romanos no mundo

Prevalece o vinho da talha na Vidigueira e Amareleja no Alentejo, no Minho, no verde tinto e na Geórgia. Decaiu por ser trabalhoso, sobretudo a limpeza dos resíduos nas talhas e a sua impermeabilização com pez; resina de pinheiro ou cera de abelhas, sendo as talhas aquecidas viradas com à força de mãos, com o bocal no lume, arte quase desaparecida com a arte da tanoaria.

Apogeu as “festas rusticas” a 9 de Outubro, ao deus grego Baco, e ao romano do vinho

Sobejo da Festa das Vindimas na Borda d´Água nos ranchos do cortejo, vestidos de roupa usada oferta dos patrões.

Excerto da Miscelânea da Senhora da Luz de Miguel Leitão Freire de Andrada de 1629

Todas as casas tem o seu quintal de frondosas laranjeiras e limoeiros que enchem a vila de suavíssimo cheiro e a alegria das suas flores, e muitas ruas cobertas de parreiras que vão dar aos telhados a outros, criando delicadas sombras...Sobressai a casa de Belchior de Andrada e de Catarina Leitoa, sendo ele juiz de Órfãos de Pedrogão Grande(...)Tem este pomar (convento) outras árvores de peros, peras, de todas a mais forte a camoeza, o verdeal, o pero d'el rei , a Chainha e muitas outras de contornos tão gabados que todos os anos os padres mandavam para a Rainha D. Catarina cargas delas e abrunhos, a royal e outras extraordinárias como agrestes nêsperas e soruas. Ao longo do ribeiro muitas aveleiras e do outro lado da rua das Laranjeiras muitas videiras de várias castas do tamanho de uma carreira de cavalo que se chegam a um pateo lajeado também ele cercado de videiras em volta e bancos em laje espalmados por arbustos cheirosos...

Retrata o excerto o uso de latadas, com origem nos etruscos, vindos da actual Toscania, em Itália, dominaram a Península Ibérica na Idade do Bronze. Já a vinha baixa tem origem grega. 

O vinho entra na dieta mediterrânica, alimento que matou a fome no caldo da sopa de feijão, e de manhã as “sopas de cavalo cansado”. Vinho e pão, a sua cor marcava a diferença social; mais escuro a plebe e o mais claro a nobreza.

Património imaterial de tradição cultural ancestral, identidade do povo; néctar dos deuses na Eucaristia; festa e romarias, hospitaleiro com pão, queijo, chouriça, leitão e azeitonas, a pico d’alho, azeite e coentros. Vinho âmago de afeto. Marca indelével à mística da riqueza mineralógica dos solos de Chão de Couce plantado no mosaico charneira da orla sedimentar meso cenozoica ocidental, e o Maciço Antigo Hespérico, da falha Porto/Tomar e Badajoz , que se reconhece no vale da Mata Boa, de rochas intrusivas e metamórficas. Rés vés o fim do calcário na Serra dos Carrascos, e o Vale da Mata Boa, com solos litólicos, bolsas de arenito, grés escuro, lajes, xisto, quartzitos e cascalheiras. Ex-libris à sua distinção, já que a paixão pela vinha abrange todos, mas - vinhos há muitos, e os de Chão de Couce são únicos, galantes, sumo dos deuses magnífico!

O  legado Al-Andaluz, sem segregar a vinha, fomentou o pomar mediterrânico; figueira, laranjeira, limoeiro, nespereira, olival, amendoeira, etc. Não havia casa sem a sua laranjeira, limoeiro e figueira. 

No estudo de Virgínia Rau, a vinha foi uma das armas da Reconquista. 

Excerto da Monografia do concelho de Figueiró dos Vinhos " (...) a Herdade do Pedrógão  foi concedida perpetuamente, com “os termos e lugares antigos como se encontra no território conimbricense”, asserção que leva a supor que tal herdade já se encontrava organizada numa forma administrativa estável em tempo anterior, provavelmente sob domínio eclesiástico, sendo tal suposição suportada pela referência, no mesmo documento, à existência de um mosteiro na foz do rio Alge, atual freguesia de Arega; não nos foi possível determinar, no entanto, se alguma relação existiu entre este mosteiro e Santa Cruz de Coimbra, cujos religiosos foram, dois séculos mais tarde, responsáveis pela construção da Igreja Matriz de Figueiró dos Vinhos e apresentação dos seus párocos nos séculos seguintes. Esta herdade englobaria não só as atuais freguesias do concelho de Figueiró dos Vinhos, como ainda o território correspondente às atuais três freguesias do concelho de Pedrógão Grande e parte de Castanheira de Pêra, Ansião e Alvaiázere."

Domínio medieval de Senhorios  eclesiásticos e do Duque de Aveiro  em alusão à vinha e vinho 

"Compra em Janeiro de 1244, por D. Constança Sanches, filha bastarda de D. Sancho I, a Fernando Martins Galo e esposa Maria Peres, herdade em Alfafar de uma vinha que divide a estrada de Coimbra com Podentes, em Penela  a oriente ."

"Nas Memórias Paroquiais de Ourém de 1758, cujo primeiro topónimo  foi Abdegas, quiça reporta a adegas? "a abundância de vinho se não faz perder a antiquissima fama que Ourem sempre conservou"; na freguesia do Olival " o vinho em maior quantidade e abundância, que haveno muitos bebados, lhes não podem dar consumo" ; na Freixianda o vinho o melhor que há  no termo de Ourém".

"Em 1514, o Foral Manuelino de Figueiró dos Vinhos, continua a afirmar que os moradores deviam pagar o oitavo de pão e vinho e linho. Rodrigo Mendes da Silva, na obra Poblacion General de España, publicada em1675, afirmava que em Figueiró dos Vinhos, viviam cerca de 200 vizinhos, sendo que nessa época a cultura do vinho assumia por todo o reino uma relevante fonte de rendimento e riqueza, merecendo o vinho produzido em Figueiró a adjetivação de famoso."

Em 1236 aparece Couce, no arrendamento pelo Mosteiro de S. Jorge de Coimbra, a 10 famílias «hereditate de Canaue et de Cocci et de Campores et de Coenhosa»;  «D. Pedro I, doou a 7 de abril de 1364, a D. João Afonso Telo de Menezes, 4º conde de Barcelos, seu mordomo-mor «todo o direito real direito e foro» que tinha   «na quinta da mouta de bella com suas herdades e aldea de Canaue em seu termo» e vinhas e pertenças», nos casais da Ameixieira com todas as suas herdades. Os ditos lugares no "Chão do Couce e termo em Penela».

Excerto de (ANTT – Cónegos Regulares de Santo Agostinho, Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, a importante carta régia de 30 de agosto de 1410, enviada aos almoxarifes de Coimbra, Penela, Rabaçal e Alvaiázere, dos direitos do Mosteiro de Santa Cruz naqueles locais, revela que o cenóbio tinha “en podentes hua casa com sua vinha”. Et grangiam de Ateania cum sua lavuoira. Et uinea. Jn fiscaz.vj.casalia.et.j.casam cum sua uinea

Falta identificar em Alvaiázere o topónimo Fiscaz...Será Melgaz?

Em 1431, foi instituído o vínculo de Morgadio dos Condes de Vila Real em Ceuta;  «Aguda tinha 38 Km2 e 160 pessoas, Avelar 11 Km2 e 440 pessoas; Chão de Couce 25 Km2 e 95 pessoas; Maças de D. Maria 22 Km2 e 520 pessoas». 

No Tombo de 1508, a Comenda de Soure tinha impostos; “portagem”, “açougagem”, “mordomado”, renda do verde, “conhecenças”, a dízima do pão, vinho, azeite, linho, gado, lã, queijos, manteigas, mel e legumes (…) As rendas dos aforamentos eram algumas vezes pagas em moeda, cereais, galinhas, frangos e capões, ovos, vinho (…) Diogo Afonso Tem Vinha em conjunto com João de Ansião Perto de Soure.

O Foral Manuelino de Chão de Couce de 1514 e dos seus comarcões; Avelar, Pousaflores, Maças de D. Maria e Aguda (…) de todo o pão, linho e tremoços, de cinco, um, e não doutros legumes, e do vinho.

"Testamento de 1515, de D. Afonso de Albuquerque, Doação a Gonçalo Lourenço de um casal com vinha no Reguengo do Rabaçal. 

A carta régia de D. João III de 3 de novembro de 1529; A quantos esta mynha carta vinrem faço saber que o marques de Villa Reall meu myito precado prymo me disse que nas suas Vylas e concelhos de Palhaes (Chão de Couce), Maças de dona Marya, Aguda e o Avelar e Pousa froles que todas são no Chão do Couce avya pasante de quatrocentos vezinhos e partião huas com outras sem se meterem no meyo teras outras jurdições».

Ceras, em Ferreira do Zêzere; a 13 de novembro de 1609, Severim Faria vindo de Tomar, chegou a Ceras «há duas legoas de mui ruim caminho, e pedregoso, he lugar de quarenta vezinhos que abitaõ a partadamente. He abundante de azeite, vinho, pão e fruitas, muitas das quais cequaõ, e fazem exellentes passas”. Em 1623, o mesmo autor na casa da sua irmã em Maças de D. Maria «onde fomos alegremente recebidos e regalados com contínuos banquetes e diversas iguarias assim de carnes como de frutas e pescados». Severim Faria é considerado o primeiro jornalista português, debalde esqueceu a menção ao néctar do vinho, e não devia!

No Cartório do Convento de Celas de Coimbra, de 1633, Prouisão do Duque Marquez de Villa Real para se pagarem à Sra Dona Maria Manoel em três annos trezentos mil reis em Chão de Couce da herança das filhas de Rodrigo Aires (…) Prazo de huã vinha em Villa noua: com foro de seis hum, e duas galinhas.

Na Corografia Portuguesa do padre António Carvalho da Costa em 1712 

«a villa de Chão de Couce tem 30 vizinhos o seu termo assenta com huma igreja paroquial de invocação de Nossa Senhora da Consolação em Lugar de Couce, esta villa he a mais limitada, e falata de moradores entre as mais desta Comarca das Cinco Villas, e aparece que injustamente he cabeça della, ou se nomeia por tal, porque o exercício teve sempre a villa de Maçãs de D. Maria aonde se costumão registar as ordens, e fazer as eleições pertencentes a toda a Comarca, e sempre esteve na posse; e se tem por sem duvida que esta denominação não teve outro principio, e fundamento mais  que o de estarem nesta villa os Paços, aonde assitião os senhores dellas, os quaes tem uma ermida de NSenhora do Rosario com jardim, pomares e tapada e junto da quinta do Palácio está huma mata de castanho bravo, e de carvalhos, a qual tem Couteyro.»  A notícia mostra-se incompleta, a Quinta de Cima, sempre teve parcelas de vinhedos, com perda progressiva pela diversidade de senhorios. Foi pertença por duas vezes do Mosteiro de Santo Tirso, cuja distância não permitiu uma boa gerência dos frades. Após a extinção da Casa do Infantado, em 1834, o rei D. Pedro IV, a concedeu ao Sargento-Mor das Antigas Ordenanças das Cinco Vilas e Cavaleiro da Ordem de Cristo Lopes do Rego . Seguiu-se a passagem das Invasões Francesas, em 1810/1, com roubos e destruição. Presume a rainha D. Maria I, quando ali passou, saboreou leitão com bom vinho, já a baixela de porcelana, se diz foi partida para mais ninguém nela comer…o serviço de copos nada se diz… seria da Marinha Grande ou foi importado, ainda não existia a Vista Alegre.

Interligação do passado de Chão de Couce no Senhorio de Penela do Duque de Aveiro
O duque tinha palácio em Azeitão e vinhedos, e herdou outro palácio em Abiul (Pombal), além de propriedades em Pereira, em Montemor-o-Velho, Pombal, Ansião, Figueiró dos Vinhos, Ourém que se revê na " venda de huã vinha e campo em Ourem no Anno de 1277" e "Em 1611 Manoel Pimintel por querer laurar, e cultiuar os matos da contenda entre Figueiró e Pereira, em Montemor-o-Velho como foy o Vai do Barquo . Presume o apelido do foreiro remeter a Maças de D. Maria, onde viveu uma familia com o apelido brasonado, e o local Vai do Barquo - ser o Barqueiro, em Alvaiázere. Ou não, poderá ser em Pereira, onde a família Pimentel teve outro solar brasonado .

Outras propriedades do Duque de Aveiro
Viavai, Rapoula, Rascoia,  Avelar, Lagarteira, Ameixeira, Ansião e Chão de Couce. 

"No Arquivo da Universidade de Coimbra, o Cartório do notário Simão da Silva «em 9 de julho de 1710, foi dito pelo aludido capitão-mor que “em seu nome e de seus sócios Manoel Borges e o dito António Lopez de Siqueira como Perbemdeiros da Casa de Aveiro estava contratado com o dito João Mendes Gago que presente estava para lhe haver de arrendar e dar por arrendamento as rendas da villa de Penella e Reguengo da villa de Ançião e foros da villa de Abiul e tudo o mais pertencente a Casa de Aveiro”. João Mendes Gago, morador na vila de Ansião deu como garantia deste contrato os seguintes bens: “huma sarrada onde chamão o Simo da Villa e Ribeiro da Vide que parte com Estrada Publica que vai para Alvayazere, e da outra banda com estrada que vai para Santo António, mais a sua fazenda que tem em Val de Mosteiro que hé desde o Caminho que vai para a Quinta de Luís da Silva athé a fonte de Val de Mosteiro toda tapada sobre si que consta de vinhas, olivais e terras lavradias, mais huma vinha que tem o Barramco tapada sobre si com cazas ahi pegadas, mais huma sarrada com árvores onde chamão o João Galego tapada sobre si, e estas duas propriedades estam no termo da villa de Pouzaflores”. E forão testemunhas prezentes Miguel Vás Henriques morador em a villa de Montemor-o-Velho e Cosme Francisco Guimarães, Mercador morador desta cidade que todos aqui assinarão depois deste, lhe ser lido por mim Simão da Silva, Publico Taballiam que o escrevy. Mathias de Carvalho, Miguel Vaz Henriques e João Mendes Gago e Cosme Francisco Guimarães
Transcrição do saudoso Engº Miguel Portela, não conhecendo os locais aflorados, não lhe permitiu mais coligir. Recordo o complexo ruinal do primeiro burgo de Ansião, ao Vale Mosteiro, vulgo mosteiro, onde conheci quatro arcos de volta perfeita da adega, com a pedra redonda com o buraco onde assentava o senfim. Local onde é vivo o topónimo Alto da Vinha, foi em grande parte do meu bisavô Elias da Cruz. A menção à fonte do Vale Mosteiro, uma fonte de mergulho, requalificada com roda, a chamada Fonte da Costa. A quinta mencionada de Luís da Silva, é hoje de herdeiros do Sr. João Calado. A vinha do Barranco, ainda existe parte, extremava a poente com a estrada romana/medieval e real, na ligação de Ansião à Escarramoa, onde se bifurcava para sul por duas vias; Venda do Negro e Alvaiázere e poente Almoster, Ourém. A aldeia do Barranco, já a conheci desabitada, teve lagar, debaixo do qual foi encanado um ribeiro de enxurrada, ainda existe a saída da água, de forma quadrada. As constantes inundações foram mote à emigração para o Brasil, sem regresso.

Citar o Eng.º Miguel Portela, no Jornal O Ribeiro de Pera de 31.07.2019

terras de vinhedos, oliveiras, castanheiros e pomares, os foros  pagos em 1204, ao Senhor Pedro Afonso; oitava parte do pão, vinho e linho. Em 1488, o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra emprazou soutos por 6 anos, a 4 foreiros, e que o serrado fosse “deposto por vinha de boa pranta”. Conflitos de 1358 a 1360, entre Coimbra e o Mosteiro de Santa Cruz, às medidas novas do vinho e do pão nos moinhos no Rabaçal e Ansião. A plantação de vinha e a produção e vinho data do séc. XIII.  Havia vinhas isentas por toda a região de Monsalude. D. Pedro Afonso, concedeu Carta de Foral a Figueiró no ano de 1204. Em 1514, D. Manuel I outorgou-lhe Foral Novo, com o nome Figueiró dos Vinhos. Exalta o sufixo do topónimo, a riqueza da vinha trazida dum passado cimentado no vinho. Não corroboro a citação do autor ao datar o plantio da vinha no séc. XIII, como citei antes, o rico passado grego da riqueza da vinha na região, jamais estudado nem presumido. Em Chão de Couce o topónimo Portelanos, no corredor romano, não é alheio, deturpado de portulano, uma carta marítima usada no mar Mediterrâneo por gregos, fenícios  e catagineses, aportados à região, à primazia de recursos naturais com lagunas, que o topónimo Estrada de Maré, em Avecasta, Ferreira do Zêzere, e Ilha, em Pombal, também não serão alheios. E, a fertilidade das várzeas. Em 1504,  afloradas na demarcação do Prazo da Torre da Murta, a par da exploração mineira; cobre, ferro, prata, estanho e ouro fenicios, pelo tesouro do bracelete de Penela descoberto há poucos anos, a culminar nas peregrinações a cultos fúnebres - Sol e estrelas. Presume a poente da Mata do Carrascal, em Alvaiázere, a escassos metros da bancada das pegadas dos dinossáurios, posta a descoberto pelo arroteio a plantio de vinha no séc. XX, avistei  numa caminhada inexplicável aglomerado, a jus de elipse, de pedras pontiagudas fincadas entre demais deitadas, a grosso modo a escassos 4 km do complexo fúnebre no Ramalhal, quiçá foi um centro hierarquizado cerimonial ou um cromeleque pobre de Sicó? Sem qualquer estudo pese área conhecida de credenciados…

Bem diferente o contexto da vinha e do vinho de parcas fontes documentais no concelho de Ansião

A perda do cartório da herdade, que fora do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, no incêndio ocorrido nos Paços do Concelho, em 1937. 

Localizei no cartório do Convento de Celas, a vinda para a região (Avelar, Chão de Couce e Pousaflores) de foreiros vindos do Porto, e do Minho. Quem tenha trazido castas de vinho verde, como a tintureira e, Castelão, apelido que se fidelizou em Almoster (Alvaiázere). 
                 

Origem do topónimo Palhais, o 1º da atual Chão de Couce

As pequenas vinhas no Marco, na Mouta Redonda de Baixo e hoje, no Pensal, na idade média era chamado Painçal, tenha ditado o topónimo de Palhais, fidelizado em Chão de Couce. O Painçal era o limite da herdade de Couce, subia a vertente da serra de Nexebra até ao marco do Pinhal do Boticário (picoto). Do outro lado da estrada, a poente houve uma pedra calcaria tinha gravado um V, limite do pinhal do meu avô,e daqui seguia ao marco ao cimo do Furadouro. 

O brasão de Chão de Couce, não patenteia o néctar da uva, o vinho, ao deus Baco

Na altura a vinha estava em decadência, sem conhecimento histórico e cultural, do passado vinícola de Chão de Couce, foi dada primazia à Mata de castanheiro bravo. Incrédula, a ser bravio tinha de haver noutros locais e não há... A curiosa apreciação; o capitão-mor António Lopes do Rego, prese a doação real da Quinta de Cima em 1834, na voz do povo; a galope no seu cavalo branco arrebatou as matas da Fazenda Nacional à vista na Nexebra, e a de Castanheiros à extrema da sua quinta… Não apostou no arroteio em socalcos da xistosa Nexebra, à laia da nobre região demarcada no Douro, deposta a vinha a primor ao tufozito de pinheiros no alto – menção ao picoto cujo gaveto para poente, colossal contornado por caminhos com pinhal nórdico, conhecido por pinhal do boticário (um filho da D. Palmira Rego, se não estou enganada). Depois do primeiro corte foi aposta o plantio de eucalipto, seguido pelo povo, sem o saber contribuiu no maior flagelo da mancha concelhia. 

                 

Os castanheiros seculares na serra de Nexebra foram extintos com a epidemia da tinta, à volta de 90 anos. Recordo o castanheiro - o Belo na Nexebra, definhou até morrer. Em Ferreira do Zêzere, do Beco a Dornes, a serra de S. Paulo ainda se veste de frondosos castanheiros de boas e grandes castanhas. Na Nexebra, quando há corte de madeira ainda rebentam, porém impedidos de crescer pela eucaliptização, que os domina. 

Produção vinícola em Sicó e suas franjas

De qualidade e fama, apenas atestada em Alfafar, Penela, Figueiró dos Vinhos e Ourém.  

Podentes, em Penela, patenteia a exaltação ao vinho no seu brasão. O Centro Cultural e Recreativo, requalificado em 2015, foi denominado Centro de Cultura e do Vinho da Terra de Sicó. Tem como principal objetivo promover a marca vinho de Podentes e demais na região. 

Em Figueiró dos Vinhos 

"Em 1712 na Corografia Portugueza refere 500 vizinhos “assim chamada pelas muytas figueyras & famosos vinhos, de que abunda, além da fertilidade de pão, frutas, excellentes ervilhas, caça, gado, & peyxe dos rios Zêzere, &Pera, que lhe ficão perto”.

"Em 1811 a passagem das invasões francesas deixaram um rasto de destruição, entre demais 600 almudes de vinho que valiam 2000 réis."

"Em 1852 a produção de vinho em Figueiró dos Vinhos cifra-se em 669 pipas e 19 almudes. Pedrógão Grande ascendeu a 4.099 pipas e 18 almudes. Em 1874 Figueiró dos Vinhos evidenciava uma produção bem diferenciada de vinho, de 10.500 litros de vinho, 3.000 de aguardente e 1000 de vinagre."

"Na Chrographia Moderna do Reino de Portugal , editada em 1876, extraímos alguns elementos que nos permitem ter uma visão clara do que se produzia em Figueiró dos Vinhos, nos anos setenta do século XIX, citamos: “É abundante de trigo, milho, centeio, hortaliças, legumes, excelentes ervilhas, boas frutas,  castanhas, famoso vinho, e azeite: tem igualmente abundancia de gados, de caça, e de peixe dos rios Zêzere e Pera. Todavia, estes produtos não chegavam para as necessidades dos seus habitantes, tendo em conta os gravosos impostos que os agricultores pagavam pelas terras aforadas pelo clero e pela nobreza."

"Em 1876, Alberto de Araújo Lacerda, presidente da Câmara de Figueiró recebeu uma menção honrosa pelo conjunto dos seus vinhos na Exposição Internacional realizada em Filadélfia. Constatamos que um conjunto de produtores de vinho de Figueiró dos Vinhos participou na Exposição Agrícola de Lisboa, em 1884 tendo sido atribuídos os seguintes prémios: medalha de cobre a Alberto de Araújo Lacerda, pelo conjunto dos vinhos apresentados, e uma menção honrosa atribuída a D. Maria Rita Freire Salter de Sousa Cid, proprietária e produtora de vinhos, por certo a nossa “Ferreirinha”. No final do século XIX, a quantidade de produtores de vinho crescia de forma assinalável em Figueiró com algumas famílias a investirem nessa produção, sobretudo, os Vasconcelos, os Lacerdas, os Guimarães, os Paivas, os Quaresmas, entre outras."

"No ano de 1904, a principal riqueza do concelho de Figueiró dos Vinhos assentava na produção e comércio de vinho, azeite, cereais e madeira de castanho. Principais lavradores e agricultores os Srs. António d’Azevedo Lopes Serra, António Henriques da Costa, Diogo Vasconcellos, João Dias Ferreira, Joaquim d’Araújo Lacerda, José António Lopes e Manuel Carlos Pereira Baeta e Vasconcellos."

Prefácio da Monografia de Chão de Couce do Dr. Manuel Dias de 2001

O Sr. Padre Adriano Santo, evoca Raul Proença; riqueza extrema de verdes, viçosa dos vinhedos…

E, o Dr. Costa Simões; o fabrico do vinho em dornas com trasfega no inverno para se conservar até ao verão, pouco álcool, saboroso

Setembro, era o eleito por Malhoa, na Quinta de Cima, onde pintou o ensaio ao quadro do Fado, imortalizado pela infusa do vinho das Caldas. E, a natureza morta com cachos de uvas pretas e brancas…Doce memória de miúda vaidosa, vestida de bela trança asa de corvo a rivalizar cabelos d’oiro da minha mãe, à boleia de Ansião à Ponte de Freixo, e depois de mãos dadas, a caminho do correio, o manto idílico de vinhas e curiosos topónimos; Pedra do Ouro, Vila Pouca e Quinta da Cerca. As Memórias Paroquiais de 1758, referem a Quinta de Cima, Quinta da Amieira, Quinta Mouta de Bela, e Mouta do Lobo, quiçá topónimo da Rua das Moitas, pela ruína da casa senhorial com cantarias, cujo chalé de 1858, a designou Quinta do Salgueiral. Jamais inventariadas as castas primitivas, nem trazidas por foreiros do norte, e pelos ranchos das mondas da Borda-d’água. Apodo às moçoilas “barroas” e “borracheiro” aquele que fazia “borrachos” para o vinho, com pele de cabra. A minha sogra Ermelinda levava os irmãos mais novos à vindima; Acácio, ajudante de cestos e o José Veríssimo, aguadeiro, bem sabia o sítio dos pés da uva moscatel…Traziam na arca cachos de uva “formosa” pendurados até ao Natal, no teto da sala, na casa que foi herdada pelo meu marido no Fojo, Mouta Redonda. A filoxera atacou as vinhas em Portugal após 1865, à fraca aposta o seu replantio, a ditar fome e o excesso de mão-de-obra, epílogo à emigração.  

Com a extinção das Cinco Vilas, em 1875, as vilas de Chão de Couce, Avelar e Pousaflores, vieram integrar a Comarca de Ansião, com parte da Lagarteira. Desde o liberalismo, a região vivia no seio de conflitos políticos. 

A filoxera atacou as vinhas em Portugal após 1865, com fraca aposta no replantio, fome, e o excesso de mão-de-obra, epílogo à emigração. 

Chão de Couce em 1875 integrou a Comarca de Ansião, desde o liberalismo, em seio de conflitos políticos.

Em 1891, enviúva Teodora Augusta Costa Rego com um filho menor; José António Lopes da Costa Feio. Em 1892, morre António Lopes do Rego da Quinta de Cima, irmão dela. Em 1900, Eduardo Lopes Rego com 26 anos, deixou o irmão Adriano, menor aos cuidados de um tio, e pede passaporte para Angola. Presume, ele ou a tia quem vendeu a Quinta do Outeiro da Mó, a José António Coimbra. Quota-parte herança do meu sogro Fernando Coimbra; cepas à consociação de marmeleiros, pereiros e rosas de Alexandria, à prevenção afídios. Azáfama da vindima; Fernão Pires, trincadeira, tintureira, bical, e uva branca vistosa: formosa, vinho verde ou vinho Callum de Oleiros? Pisa em tanques de lajedo de pedra, e na dorna o vinho branco. Abafado de mosto e aguardente. Espremido o engaço na prensa - água-pé e queima no alambique da aguardente. Decantava o jarro de vidro da Marinha Grande um néctar palheto, espumante, carmesim, venusto grau 12,50. Esvaziado escorria lamúria e pranto, o choro! Vinho de afetos, âmago, 12 anos, última produção brinde moscatel, e a outros, vinho do Porto!

O vinho da Mó de Chão de Couce  era um nétar esplendido, em prol do vinho carregado chamado “carrascão” de outras regiões  No início da primavera em geral fazia-se a trasfega com adição de poses e curtimenta para a sua pigmentação. A coloração do vinho servia de indicador à qualidade superior ou inferior, cuja posição social ditava o preço final.  Na região outras castas o vinho era chamado de "emburrado" pela mistura de aguardente para lhe dar grau. Há megálitos, de forma ovoide, as chamadas talhas, que serão da proto-história , ceramica continuada pelos romanos e árabes continuada até hoje. Onde o vinho era produzido e guardado  e se revê no vinho da talha no Alentejo. Em Almada o jardim do Cristo Rei, mostrava duas grandes talhas, antes da filoxera ter atacado as vinhas que ainda rebentam bravias no costado . Em Ansião,  o Sr. Zé André do Ribeiro da Vide herdou de um tio do Pinheiro, talhas grandes, uma foi um ano usada como forno, a cozer pão no cortejo. O vinho de Sicó e suas franjas foi guardado em talhas, e o vinagre em  vinagreiras. A tanoaria é mais tardia como os tanques em pedra para a pisa, que ainda existem no concelho. 

Chão de Couce jamais perdeu a icónica paisagem bucólica vestida a cada ano de mil cores de parras e castanheiros, a beijo de casario romântico - vila princesa do concelho de Ansião! 

Como se justifica o declínio da vinha e do vinho no concelho de Ansião e nomeadamente em Chão de Couce? 

Os manos Rego (Adriano e Palmira) mantiveram a vinha até meados do séc. XX, com feitores - Abel Santos Silva, neto do feitor Abílio; o vinho era vendido a vários armazenistas, um deles no Pintado Tomar, que o revendia às antigas tabernas em barris. A abasteça permitiu dar estudos a filhos em Coimbra, e por conseguinte o exercício de novas profissões noutras terras, por abandono da terra e da riqueza da vinha. O séc. XX, não fomentou o crescimento da vinha, havia quotas. O meu pai quando casou em 1957, o meu avô fez-lhe doação de um terreno para poder plantar uma vinha. A Quinta de Cima apostou no pomar, sem êxito, e a Quinta da Rosa abandonou a vinha à laia da Quinta da Cerca, quiça pela  CEE incentivar o seu arranque, cujos herdeiros preferiram vender lotes para  expansão da vila com urbanizações.

Glória a temerosos viticultores modernizados em contemporariedade pela paixão a Chão de Couce: José Coimbra, João Ferreira da Quinta de Eiras, e os novos donos da Quinta de Cima com plantio, a salpico de cepas altivas que beijam o corredor romano da Quinta de Mouta de Bela. 

Quinta das Eiras

Estimo Chão de Couce não ser hoje conhecida no Mundo pelos percalços ao império do famoso vinho, sem adesão associativa à sua indústria, nem empreendedor visionário, à sua apresentação em exposições nacionais e internacionais, à pala as congéneres limítrofes. 

Fatal carisma do meu avô materno José Lucas Afonso, pioneiro na década de 20, do séc. XX, assar leitão em espeto de loureiro, tradição romana, degustado em faustos piqueniques na Nexebra, regado a bom vinho; presenteio a Dom João, Dr. Quintela, Padre Melo, entre outros, debalde cego, jamais mudou a taberna da Mouta Redonda para a vinha no Bairro, na paragem das camionetas, na EN110 – a ditar filão de riqueza na Mealhada, a venda de sandes do rei leitão em 1945… 

E porquê, se foi um lutador como peixeiro e paneiro pelo Alentejo? Porque os seus genes de cabelos loiros e olhar verde, são celtas e não judaicos de uma maioria nas antigas Cinco Vilas; Fariseus, Galileus e Caldeus, agora saber o clã olhão a filões de negócio, ainda não consegui apurar.

Alfafar, em Penela , brilha com a sede da Vinisicó, e desde outubro de 2023, a par com a Confraria dos Vinhos Terras de Sicó...

Panorama a mudar se a missão autárquica incentivar o empreendorismo ao locus da vinha, o velho pilar da riqueza que já foi economia concelhia de Ansião. À promoção do Festival do Vinho, e apoio à vinha mecanizada com adega, a risco luxe no Pontão, prémio ao espírito armazenista do Sr. Ricardo. Em abraço à dinâmica geração viticultora, e aplauso à futura Enóloga, a Dra. Cláudia Ferreira!

Bibliografia:

Monografia de Chão de Couce do Dr. Mabnuel Dias

Monografia de Figueiró dos Vinhos

Portela , Miguel -Figueiró dos Vinhos -8 Séculos de História: Passado. Presente. Futuro, Coleção Tempos & Vidas 

Jarnault 1919, Monografia de Penela

Crónica de Severam Faria de 1609

Tombo de Soure de 1508

Arquivo da Universidade de Coimbra, Cartório Notarial de Coimbra, Livro de Notas n.º 2 [1710], do notário Simão da Silva

(ANTT – Cónegos Regulares de Santo Agostinho, Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, pasta 11, doc. do Almoxarifado 15, mç. 9, nº 16.

Poblacion General de España, publicada em1675,

O vínculo instituído em 1431 do Morgadio dos Condes de Vila Real em Ceuta 

Carta régia de D. João III de 3 de novembro de 1529

Foral de Chão de Couce de 1514

Cronica de Severim Faria

Cartório do Convento de Celas

Miscelânea do Sitio da Senhora da Luz, de Miguel Leitão Freire de Andrade de 1629

Corografia Portugueza

Chrographia Moderna do Reino de Portugal 

Chrographia Moderna do Reino de Portugal 

Junta de Freguesia de Chão de Couce, o Brasão

Memorias paroquiais de 1758; Chão de Couce e de Ourem

Pagina do Facebook da freguesia da Sabacheira

Testemunho de Abel Silva

Pesquisa Isabel Coimbra

sábado, 9 de março de 2024

Almoster, Alvaiázere, o sitio da estalagem, capela e igreja, em nova roupagem!

Ao passarem por Almoster, em Alvaiázere, não deixem de fazer uma visita ao patrimonio restaurado, que foi capela, estalagem e igreja com torre. 
Neglengiada, ao abandono, profanada no séc. XX...

Gostei da requalificação patrimonial, como dos textos, ilucidativos e didaticos, a todo aquele que chega, que em tempos elenquei numa crónica e foram reaproveitados, no dever de ser reconhecido  o passado aqui vivido. Devagarinho, estou a habituar-me ao modernismo de não ter telhado...

Mas sem telhado... pode ser vandalizado novamente? Vão ainda pôr telhado?
Obrigada pela publicação.

É o novo modernismo de recuperar património aberto. Aposta de arquitetos. No passado o padre fez dela garagem, tiraram a torre, foi um desatino de todos, que ninguém se importou... Só há poucos anos um grupo de amigos se inflamou, eu também, e o projeto ganhou asas, para não se perder a identidade do que ali se viveu no passado. E isso foi conseguido. Óbvio que fechado teria mais serventia, porém, estou a habituar me. Tem 3 lugares de estacionamento e mesa para se fazer um piquenique. A água, da levada para os miúdos brincar , local onde se passa um bom bocado, a refletir. 
Só acho que as três pedras tumulares deviam ter sido retiradas, limpas, e expostas cobertas por acrílico para não se perderem. Como os bancos modernos em ferro deviam ser em pedra. 
No compto geral, a obra ficou digna.
                   
Foto da velha torre desaparecida
No canto esquerdo do corpo da igreja, há duas lápides no lajedo; uma com um losango, escultura dos finais /600,  com letras percetiveis.

Esqueceram-se de ler  as Memorias paroquiais de 1758 de Alvaiazere

Letreiros de sepultura da Igreja de S.Salvador do Mundo em Almoster

Do Padre Vasco Leitam as 14 de março de 1633. 
Sepulturas com armas, e uma coroa.

Do Padre Belchior Alvares faleceo as 14 de abril de 1649. 

No corpo da igreja há 3: 
Manuel Pinheiro de Barbuda faleceo a 7 de julho de 1633, tem um brasam de armas. 
Pedro Freire da Costa faleceo a 9 de fevereiro de 1642.
Joana Leitoa e seus herdeiros

Deviam ter sido retiradas e colocadas ao alto nas lateraiis do corpo da igreja , limpas e cobertas com acrílico.Para nãos e perderem.
Esta brasonada , cujas armas foram "comidas" de tão pisadas ...

Gostei da preservação da levada.
Um local místico, sonhador, belo, a engrandecer Almoster!
Pia de água benta
Arco com escultura em losangos
Esculturas tipicas da centuria de 600
                             
Porta da sacristia 
                             
Elementos artisticos entre flores, dois corações
Arco triunfal

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