sábado, 28 de abril de 2018

Cais do Ginjal em Almada vai dar em breve caras a Lisboa...

No dia 10 de fevereiro participei num passeio histórico ao Ginjal em Cacilhas patrocinado pelo CAA, Centro de Arqueologia de Almada. Gratuito, com concentração ao Farol de Cacilhas de grandioso grupo apaixonado pelo património ribeirinho de Almada em vias de requalificação.O projecto com maqueta do Plano de Pormenor para o Cais do Ginjal entre o Jardim do Rio e o terminal fluvial de Cacilhas do arquitecto projetista Samuel Torres de Carvalho esteve patente no Fórum Romeu de Carvalho, Internet e na JFA para ser apreciado e votado, ou não, no direito que assiste a cada um em cidadania.
Promotor e autarquia querem iniciar as obras ainda em 2018. Projecto prevê 330 fogos, um hotel na que foi a fábrica  do óleo fígado de bacalhau , bem no alto a desafiar o Tejo e Lisboa e um silo automóvel com capacidade para estacionamento de mais de 500 viaturas obriga ao rasgo de novas acessibilidades entre a zona alta e baixa do Ginjal com impasse a resolver da reversão do centro comunitário de Almada e  da relocalização da Casa da Juventude. A frente ribeirinha, de quase mil metros, vai ser elevada, prevenindo a subida do nível do rio Tejo, e alargada, tornando o cais num espaço de usufruto público. Na parte mais recuada, entre o cais e a escarpa, haverá uma Rua interior e 15 mil metros quadrados de construção onde surgirão edifícios de comércio e serviços, apartamentos turísticos, espaços públicos – mercados das artes e diversos equipamentos de apoio. A exposição realizou -se no âmbito do período de discussão pública, que decorreu até 19 de Fevereiro.
Breve paragem na Floresta do Ginjal, o nome veem-lhe do parreiral que havia na frente e da alcunha do armazenista de vinhos, o Teodósio Pereira de apelido "Caparica" e alcunha " ginjal" nome que veio destronar o antigo sitio conhecido por Coval . O tal "GINJAL" quando se retirou foi para o Monte de Caparica onde viveu na sua quinta, hoje em ruínas, a que chamou quinta do Ginjal -a razão das coisas, quando lá passei há uns dois anos estranhei o nome para finalmente perceber.
 Distingue-se através da janela a parede forrada a conchas...
A mãe da Madalena Iglésias, espanhola , teve uma taberna no seguimento do restaurante " Gonçalves", no último edificio mais baixo, onde se cantava o fado, lamentável ela nas entrevistas que deu nunca abordar esse tempo. Também a Brigit Bardot veio a Cacilhas, num tempo que foi famosa a sua restauração. 
No cimo da arriba a desafiar a capital encontram-se as instalações da fábrica de óleo fígado de bacalhau, muitos beberam na escola, eu jamais!
Antes ao fundo foi uma enseada que se chamava COVAL, pequena reentrância do rio e porto de abrigo com ponte de madeira basculante para as pessoas passarem no cais.
Ao longo da linha do rio encontram-se esqueletos de armazéns em linha com o cais e o Tejo pela frente, alguns serviram de serventia e apoio à pesca do bacalhau; viveres, instrumentos para a pesca do bacalhau para a safra de 6 meses nos dóris e demais mantimentos e medicamentos que os bacalhoeiros levavam.
Este já tinha refeitório com vista deslumbrante e no tardoz um pátio que emprestavam ao inicio aos bombeiros de Cacilhas para festas de angariação de fundos, tinham um nome essas famosas festas, onde vinha gente importante, varreu-se -me....

 
Florescem flores nos telhados duplos à portuguesa
Há que andar de olho aberto com intrusos que se metem nas ruínas e depois exigem casas...Voltei hoje e reparei que além de corda com molas fecharam duas portas...

Parámos junto da ruína da casa de sobrado que foi de Columbano Teixeira da Cruz o padrinho do Columbano Bordalo Pinheiro, que lhe deu o nome, e se diz ali nasceu. 
Entrámos no corredor do Ginjal, uma vila onde havia tanoarias e latoaria .
No tardoz no alto as casas dos operários por causa das cheias.
 
 
 Por baixo há água
 
 
 O sitio onde foi uma fábrica de cortiça. Alguns empresários foram ingleses.

Um dos últimos donos dos armazéns de vinho de Teodósio Pereira. O 1º proprietário dos armazéns Teodósio Pereira era de apelido "Castelo Branco" seguido de "Pereira" e depois "Paz" que me catapultou para apelidos com ascendência judaica, por isso grandes empreendedores.
 
O Eng Rui Manuel Mesquita Mendes fez duas intervenções de cariz histórico fruto das suas investigações-, a 1ª não ouvi devidamente com o barulho das ondas no paredão do cais, percebi que os terrenos seriam inicialmente da quinta do Almaraz que se encontra no cimo da arriba fóssil e por volta de 1800 a câmara solicitou ao Rei informação de quem pertencia uma parte do terreno, tendo passado a ser aforado a quem o solicitava...
 
A fábrica de conservas de sardinha, carne e legumes de um tal "Moreira", galego que acabou por voltar à Galiza, de onde mais tarde veio um neto à procura do que foi do avô, outro suposto descendente judeu.

Praia das Lavadeiras eternizada por Alfredo Keil num belo quadro, num tempo que nascia água potável na praia
  
 
 O restaurante "Atira-te ao rio" era onde dormiam as operárias da fábrica do galego.



Por último o ilustre almadense Romeu Correia , o seu avô viveu no Ginjal onde conheceu o buliço e azáfama das pessoas e das mercadorias que eternizou em três livros.
Tudo se foi com a construção da ponte 25 de abril e a autoestrada o Tejo deixou de ter a valia de antanho também pela modernidade das cooperativas vinícolas e outras.

Na foto de grupo perdi-me do meu marido, sem telemóvel fui a Cacilhas, voltei e subi a escadaria, afinal ele julgava que era a minha alternativa...

 Subida pela escadaria para o miradouro da Boca do Vento
 

Arriba fóssil
O que mais gostava era ainda de ver , sentir, e viver o NOVO GINJAL com as quintas de paredes meias também recuperadas; Almaraz, Olho de Boi e Arealva!
A crónica o mote para mais tarde recordar e não se perderem as memórias dos locais!

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Moinho d'água da Quinta de Além da Ponte, em Ansião

Nesta última estada por Ansião em véspera despedida o dia mostrava-se radiante pelo que convidei o meu marido para uma caminhada a ver águas do Nabão onde descaradamente me sentei num dos bancos da Ponte da Cal para saborear o tempo que era palco de casais de namorados , em lamento jamais ter sido meu e disso tenho pena, pois em tempo de águas, o cenário mostra-se de extraordinária beleza. 
Seguimos para norte pela Rua de S Pedro, sem saber se havia ligação nos caminhos para voltar ao Nabão. Encontrámos o nosso bom amigo "Chico Serra" do Escampado de Belchior, arrumava a ceifeira, trocámos conversa até que a filha nos adverte e, bem, que ainda tinha de ir para a catequese...Cortámos à casa que foi do alfaiate, pai da Irene e do Fernando, ainda me lembro dele a trabalhar no r/c de grande tesoura na mão e reparei noutra casa que lhe está adoçada mais pequena, muito bem restaurada com a pedra viva à vista em brutal contraste com um casario de imensurável dimensão que se avista ao fundo do caminho para nascente e desconhecia. Ao chegar mais perto mostrava-se de linha direita sem modernidade, na estranha ligação com uma parte antiga, sem saber que arquitecto lhe destinou o traço em as unir e, ainda pela cobertura de betão armado a imitar pála do telhado.Não imagino a utilidade do imóvel, quiçá turismo de habitação? Questionar se  o arquitecto da câmara para aprovar o projecto de construção e ampliação aqui veio e não se deu conta do valor histórico que aqui existe, ou não, ajuizar o contraste, sem harmonia nem graça com a  modernidade, a colidir com o antigo, porque o abafa ,  retira identidade e sobretudo brilho, e ainda a nova passagem de serventia larga a poente a mosaicos de cimento...Um desatino!
O que me pareceu estranho foi a impuridade abarcar o que  foi um solar do século XVII não o dignificando na sua ancestralidade com a contemporaneidade, quando bem podiam conviver separados em ambiente intemporal.Confesso fiquei sem fôlego indignada pela atrocidade a que este belo exemplar da arquitectura ansianense, do pouco que ainda resta do seu património dum passado rico, a que foi votado.

A origem da Quinta de Além da Ponte
Verossímil que a quinta de Além da Ponte nasceu do desmembrar da quinta das Lagoas onde um dos ramos se fixou na primeira casa  junto da estrada romana que foi ativada com a construção da Ponte da Cal depois de 1648; no gaveto com a Rua de S Pedro onde deslindei uma parede com janela de avental, denota antiguidade, que localizei em bicos de pé, por causa do muro e postei na cronica de um nobre Alarcão que viveu nesta quinta. 
A casa da "D Fernanda 29", aventa ser dos fins do séc XIX e tenha sido construída pelo novo dono Abel Falcão, quando regressou de África  que a tenha comprado a conterrâneo do Espinhal da família Alarcão que sabemos viveu na quinta de Além da Ponte. 
Recordo o povo chamar a casa dos Abéis.
O solar junto do moinho da centúria de 700 onde possivelmente nasceu a mãe do Conselheiro António José da Silva.
O moinho de Além da Ponte, no séc XX,  era usado pelo Sr Pires da Sarzedela, a quem o dono por não ter filhos, julgo deixou o solar que é citado na crónica, o moinho e chão, hoje na posse dessa família.

Solar do século XVII
Um dos poucos exemplares de solar com balcão e varanda alpendrada, típico da construção medieval que na Beira Baixa em Medelim, o povo ainda conserva mais de 200 e, em Ansião se contam pelos dedos das mãos...Deixo o alerta para além do conhecimento não se descuidarem com a sua preservação e não mais se permita que sejam continuadamente demolidos, alguns por força do alargamento de estradas.Há que estar atento e haver consciência em defender o património!
Visível a placa em cimento armado da cobertura e a coluna na frente de suporte
Qual a família do passado de Ansião que foi a donatária desta casa e quinta que se abrange até ao Nabão?
Na verdade a minha ideia de aqui vir ocorreu-me depois de ter lido no Livro Notícias e Memórias Paroquiais Setecentistas uma Informação do Concelho de Ansião dada pelo seu juiz, Manuel Rodrigues em 1721  que aborda a "Capela que instituiu Joana Baustista do Moinho d'Além da Ponte termo desta vila feira a dita instituição aos 13 de setembro de 1696 annos; he possuidor e administrador della Manoel Matheus do mesmo termo; manda dizer quatro missas cad'hum anno." O excerto revela que em 1696 Manoel Matheus era possuidor e administrador da capela mandada instituir por Joana Baustista.  Indicia que a instituidora da capela   -Joana Batista estava ausente de Ansião - o que se mostra comum noutros instituidores de capelas nessa altura, para ter deixado um administrador  para dela tomar conta. 
Janelas de avental com pedras a ladear para os vasos
Frontaria a poente

Data de 1056 ? Não creio, contudo o algarismo "0"  mostra-se  bem visível.Merece um olhar atento depois de limpa a pedra para ser decifrado com veracidade
O que resta do Moinho de Além d'Ponte e da sua capela
 
 Visão de nascente sobre o Moinho de Além d'Ponte seguido do casario da casa nova e do solar
A ribeira da Mata, aqui não sei que nome tem, com leito de boa água corrente e  transparente vinda da Fonte Carvalho, depois de passar pela Ribeira do Açor, beijar a Constantina para aqui  se espraiar no Porto Largo, a caminho da foz no Nabão que por aqui nas hortas ainda é  menino...

O que resta do caneiro ou levada para o Moinho
Desde pelo menos no século XIV que Ansião assistiu a um numero elevado de moinhos de água e lagares. Em 1359 houve uma contenda com os almocatés sobre os pesos e as medidas que se encontra arquivada na Torre do Tombo, refere os almocatés dos moinhos .
Descortinei parte da levada , o ribeiro artificial, que alimentava o Moinho d'Além da Ponte que foi cortado com o estrangulamento do IC8  e da abertura do caminho a norte  que lhe fica paralelo . 
Apesar da vegetação onde a água da levada entrava no Moinho de Além da Ponte.

Reti o olhar entre a farta vegetação onde jaz hirta a Mó - seria a delgada, por ser fina...Tanto património em aparente abandono que devia merecer mérito para vir a ser apreciado pelas pessoas nas suas caminhadas. Arte ancestral de séculos nesta terra que as crianças deviam ter compromisso de aprender e respeitar o que foi o seu rico passado na vantagem em produzir riqueza com o aproveitamento da água quando a havia, para fazer mover os moinhos e os lagares, por vezes a mesma levada dava para mais do que um moinho. 
Durante séculos o caminho de ligação de Ansião à Constantina,  Lagarteira  e Torre de Vale Todos, se faria por aqui, Por volta de 1917  se abriu uma estrada pelo Moinho das Moutas com ponte de madeira de estrado largo para abarcar a levada para os moinhos das Moutas e do Nabão. Hoje esta estrada  encontra-se cortada pelo IC8.

FONTES
Livro Notícias e Memórias Paroquiais Setecentistas Mário Rui Simões Rodrigues e de Saul António Gomes

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Feira de velharias no Avelar no concelho de Ansião

Faiança de Coimbra em miniatura alusiva aos afectos - AMOR...
Na particularidade da palavra começar e acabar de igual maneira com a terra em foco - AVELAR!
No dia 31 de março em véspera do dia de Páscoa decorreu a I Feira de Antiquários, Velharias e Colecionismo na vila do Avelar,  no concelho de Ansião. Tomei conhecimento do evento através do Jornal Serras na casa da minha mãe, apesar da hora tardia e da farta chuva telefonei para um dos contactos a demonstrar o meu interesse em participar. Havia de me surpreender na capacidade de ultrapassar  alguns percalços; o meu marido teimou dizer que não me acompanhava por razões plausíveis, debalde sou mulher sem preconceitos nem clichés, quando faço uma feira, que é muito raro pelo cansaço das intémperis ( vento, chuva, frio e calor) mas também da maré do público ultimamente mal habituado pelo carisma dos vendedores emergentes que apenas pretendem facturar a qualquer custo, muitas vezes nem sabem o que vendem com consequentes dissabores causados aos outros ao vender ao desbarato o mesmo artigo que o colega do lado tem a preço justo, por exemplo um candeeiro a petróleo, já vi a ser vendido a 5 € quando o valor justo é no mínimo 25 € na soma do pé em vidro da Marinha Grande, do bocal em latão e da chaminé, já que os chineses hoje fazem replicas vendidas a mais de 30 €. As feiras para mim são sinónimo de prazer em estabelecer contactos anónimos na partilha do poder da passagem da informação da faiança portuguesa, correndo o risco do incauto-, dos ladrões, por levianamente julgar que as guardo em Ansião, e não é verdade, levei de Lisboa os caixotes que guardo num armazém de um amigo e ainda assim o meu marido contestou a minha decisão aflorando que disso eles , os ladrões, não sabem...Também o percalço com o carro da minha mãe que costumo usar estava semi avariado, ainda assim não impeditivo de fazer a viagem em segurança,  pior foi de manhã ao ter chegado mais cedo do que o previsto a sua casa, tomei um grande susto...Depois de piores momentos Deus emanou-me Luz e calma para rapidamente tudo se mostrar logo bem e enfim ainda dentro da hora prevista partir rumo ao Avelar onde cheguei em cima das 8 H. Estacionei e dirigi-me a um grupo de feirantes para saber se já se encontrava o staf da JFA,  segundo eles apenas havia um elemento que se encontrava no adro da Igreja...Deixei-os para descer à praça onde senti um primeiro imbróglio em desrespeito pela JFA e cumulativamente aos feirantes presentes, ao constatar antiquários precisamente do Avelar terem abancado estaminés sem aparente autorização (?) enquanto os demais a aguardavam .Gesto que considerei deselegante porque estas Feiras obrigam a direitos e deveres onde obviamente o Respeito é devido para não se colidir  mau estar com ninguém, já basta as fracas vendas...De imediato apareceu o Sr Presidente da Junta de Freguesia do Avelar na pessoa do Dr. Fernando Inácio, além de um homem de silhueta bem enxuto, carisma distinto, denotou perfil para o contacto humano,  sobretudo no papel de ouvinte pelo que gostei francamente de o conhecer, além de bem falante, simpático se revelou de grande abertura à cidadania. Com agrado constatei a escolha da praça para se realizar o certame, da animação musical e da oferta do almoço, pelo que seja de esperar outras credíveis iniciativas de valor no desempenho do seu mandato.
Com autorização para abancar  cada feirante habituado a estas lides imediatamente utilizou os espaços sem problemas de maior apenas ouvi mexericos com os que levaram os veículos para dentro da praça, os incitando na pressa dos retirar antes da montagem das mesas para que não ficassem bloqueados.
De realçar esta boa iniciativa de âmbito cultural na vila do Avelar abençoada  pela escolha do 5º sábado, sendo parco quase nulo em certames de Velharias,  não havendo nas redondezas outra feira a que acresceu a novidade e ainda porque daqui muitos seguiam para a feira mensal de Miranda do Corvo no dia seguinte e outros para feira anual em Figueiró dos Vinhos, factores abonatórios a originar forte adesão de participantes neste primeiro certame.
A Praça Costa Rego 
Ao fundo os prédios de arcadas que antes foram da família do Dr. Manso

O local escolhido a  Praça Costa Rego de abrangência tamanha no que foi o antigo terreiro da Feira do Avelar, se mostra de cara lavada, embelezado com espelho de água e jardim para as crianças, da parte da  tarde se mostrava em alvoroço com tanta criança e ainda a valência do café tendo no tardoz os WCs. Melhor local impossível, apresenta-se amplo, airoso ao jus de socalcos, o tempo manteve-se seco e soalheiro abrilhantado por trio de Gaiteiros, jovens da terra que além do bombo tocavam a gaita de foles, dando animação ao evento que sobretudo da parte da manhã recebeu grande moldura humana o que conotou esta inauguração de muito satisfatória que pelo que deve continuar a ser dinamizada.
O trio de gaiteiros da terra
Os feirantes tiveram direito a almoço gratuito servido no Mercado onde não faltou arroz de legumes, bem confeccionado , carnes de porco e enchidos grelhados. Fiquei a tomar conta do estaminé do meu vizinho enquanto foi almoçar, para o ver de volta de cariz amofinado a remoer palavras " não gosto de arroz seco nem de carnes grelhadas é tudo muito seco, não comi nada..." de facto é difícil agradar a todos, e nesta 1ª iniciativa que por ser inédita deve ser valorizada, além do arroz e das carnes e enchidos havia pão, vinho , laranjada, coca-cola, maçãs e tartes doces, portanto é vontade de dizer mal, porque também almocei e achei o repasto satisfatório.O que pode melhorar? As carnes podiam ter sido de melhor corte, mas isso é um mal dos talhantes do concelho, sem a experiência dos talhantes da cidade cortam grossas as febras e as entremeadas sendo bem melhor se forem mais finas, e o assador não as pode deixar assar em demasia, as deve regar com sumo de limão, para ficarem macias e saborosas, tudo tem segredos. O que faltou? Uma boa salada com alface, tomate, cebola, pepino, milho, pimento e pêra abacate, bem temperada com vinagrete e no final do repasto umas fatias de queijo, do nosso queijo do Rabaçal. Mas claro para isso era preciso ter alguém a tomar conta, enquanto os vendedores se serviam da comida, as bebidas deviam estar todas juntas e não como vi ao longo das mesas dispersas sumos e coca cola, quando o certo era estarem junto dos packs do vinho  porque veio a originar muito desperdício...Em repto a iniciativa é meritória e quem disse mal é suposta má pessoa ou chateado por não ter facturado de manhã, e ainda porque a "cavalo dado não se olha o dente"  reza o ditado popular. Contudo ainda reparei numas pessoas que vieram comer sem ser feirantes, sem saber se tinham ligação a algum elemento da JF (?), nomeadamente uma delas, senhora obesa que antes na feira me perguntou o preço de um prato da Fábrica de Sacavém para me dar em resposta "você é que sabe vender, vendi os meus a 5 euros cada um..." respondi para dentro com vontade de lhe falar bem alto - a senhora vendeu a esse preço e achou muito dinheiro, mas na verdade denota sobre os pratos pouco saber, desconhece o motivo - Buçaco e é bem antigo ainda da Real Fábrica de Sacavém,  raro , de valor superior a outros motivos e épocas que a fábrica laborou, porque não é tudo a mesma coisa, por isso tanta ignorância , falta de conhecimento e incapacidade em avaliar o que é faiança industrial...Nem sempre consigo engolir atrocidades de incultura, de um modo geral estou sempre aberta a ajudar, a explicar, a ensinar  e a partilhar, mas quando vejo burrice descarada  nem sempre me contenho!
Na verdade quando os compradores de velharias se chegam à porta das pessoas e lhes perguntam se tem alguma coisa velha para vender, em geral vão buscar alfaias, loiça etc ficando contentes com o que o comprador lhes oferece, porque em geral pelo desconhecimento tendem a desvalorizar o que tem pelo uso, velho e loiça esbeiçada, a que acresce o gosto de sentir dinheiro a saltar na sua mão, sem saber se o que vendem tem efectivamente valor mesmo não estando totalmente impecável, para em repto dizer que vendem o que tem a qualquer preço, quando para mim tudo tem valor emocional na ligação dos objetos a quem os manuseou por contarem estórias com história, para mim não tem preço...Nesse pressuposto detesto  palpites na boca de gente de parca cultura sem saber dar valor ao que tem efectivamente valor, além do desconhecimento acresce a falta de humildade, sem vontade de aprender! 
Os meus queridos netos -Vicente e Laura vaidosos com os óculos que a minha irmã lhes ofereceu...
Da parte da tarde não vendi rigorosamente nada, entretanto pelas 5 H  a minha irmã apareceu com a minha filha e netos para na frente da banca se deliciavam em correrias  e antes que se partisse a loiça, e partiu-se uma grande bacia de lavatório pintada a volúpias de Coimbra, o melhor foi começar todos a arrumar os cacos para mais tarde os colar...Sentia-me muito cansada tinha levado umas botas um nadita apertadas e a minha vontade era de ir para casa, apesar do Sr PJFA  ter telefonado a um comum amigo JCMarques, um filho do Avelar, anunciando a minha presença no certame.Lamento o desencontro sobretudo na troca de um forte abraço, porque na verdade se tem revelado um grande amigo e mais do que isso um homem de cultura que não se inibe de me recomendar a quem de direito e essa virtude tenho de agradecer. Bem haja pelo apoio e incentivos que me tem deferido .
O que senti realmente falta foi sobretudo da visita dos ilustres da terra, senti ausência nesta terra em véspera da festa da Páscoa onde seria verossímil estarem presentes para além de revisitar a família, os defuntos e os amigos; o Sr. deputado Dr. Medeiros, o antigo presidente do Sporting aqui com raízes e julgo casa, o Pedro Tochas, o meu amigo virtual das Cinco Vilas um grande e fervoroso amante do Avelar, Rui Manuel Coelho e tantos outros que desconheço. Porque a verdade é só uma - se os da terra influentes não comparecem a este tipo de iniciativas a terra continua em impasse para caminhar para a frente. Também não dei conta da visita do Sr. Presidente da Câmara de Ansião, ao que parece tinha prometido (?)...Tive a sorte de reencontrar uma Senhora que foi uma grande modista que a conheci no meu tempo de criança quando a D. Preciosa dos CTT deu o contacto à minha mãe quando aqui ao Avelar se deslocava a trabalho, a sua casa fomos algumas vezes, recordo a estranheza da Rua onde morava se chamar Rua do Castelo e não encontrar no horizonte nem castelo, muito menos jeito dele, senhora bonita, desempenada e simpática acompanhada pelo marido me distinguiu com uma compra. Também estabeleci contacto de alegre cavaqueira com uma família de apelido "Coelho", oriundos da Covilhã na década de 40, moradores na entrada da nova variante antes do celeiro.De uma simpatia estonteante, no papel de anfitriões da dita elite da sociedade da vila do Avelar, por tão bem os terem representado na sua aparente e sentida ausência (?) apesar de estarem em cima da hora do almoço, sem tempo se mostrarem atentos, carinhosos e bons ouvintes , estendendo convite para visitar a sua casa. Gente bonita, moderna que considerei  de alto valor e estirpe pelo que muito honram a vila onde residem e tem raízes, a quem desejo sinceros votos de Bem hajam!
O meu estaminé , ao fundo a bacia que se partiu...
Na voz de um homem o ritual de antanho alusivo ao prato pintado com o galo - "Oh mãe onde está a carne? Resposta na ponta da língua em casa de parca comida - no fundo do prato - e o era verdade, só que pintado!
O xaile bordado em rosa em seda com flores e aves ao jus do bordado de Castelo Branco.
Na verdade não seja apenas desta cidade, o foi também dos concelhos limítrofes que se estendeu a Ansião, a minha avó paterna tinha peças bordadas por ela com este bordado.Recordo umas almofadas em cetim vermelho bordadas com ramos de cravos, que tristeza a minha mãe não ter tido melhor cuidado com obras de arte popular, afinal pouco ou nada lhes confere de grandeza em constaste comigo que sou demais amante!
Pouco surdir a oferta do meu estaminé a preços diferenciados desde 1€ ;5 e 10 € 
Panorâmica geral do estaminé
A minha banca maioritariamente de loiças em faiança, vidros e cerâmica,  ainda levei um xaile em seda branco, bordado a seda, na cor monocromática  rosa com franjado grande em branco,  uma obra d'arte que lamentavelmente ninguém lhe deferiu um olhar atento, apenas uma miúda lhe bateu os olhos quando me viu em final de feira a colocá-lo numa caixa que logo me questiona se podia ver, confesso já cansada e chateada com o prejuízo da bacia partida sem vontade de o retirar para mostrar, eis no ápice que lho coloquei sobre as costas, momentos em que se sentiu a brilhar, afinal trata-se de um xaile de brilho, naquela idade adolescente encantamento tamanho quiçá a rivalizar orgasmo intelectual, por certo fabricado numa fábrica do Avelar...foi comprado a uma senhora acima de Coimbra , tinha sido de uma mulher que faleceu com mais de 90 anos, que o usou em solteira para brilhar ...Ouvi a estória do xaile deliciosamente para me transportar àquele tempo em que este xaile tão exuberante por ser branco e pela cor do bordado o atrevimento em o usar, das duas uma ou a mulher que o usou era muito feia e com ele brilhar e dar nas vistas, ou não, o foi bonita e com o xaile mais encanto e sedução quis imprimir aos rapazes e disputar boa conquista... A arte do fabrico de xailes nesta terra tão rica no passado, quem se lembra das tricanas de Coimbra com eles pelas costas? O que me pareceu a tradição desta arte não passou para as gerações seguintes como devia, isso francamente senti e assim  dela se perde muito do seu rasto....E não devia!
Também levei um pratinho ligado aos afectos que os rapazes ofereciam às noivas com dois corações entrelaçados numa chave, ninguém reparou nele, em qualquer feira quando levo um o vendo logo...Denota a falta de afectos, ou os tendo se inibem em os demonstrar, o povo precisa de desabrochar, ser mais aberto, dinâmico e interagir ...
De facto a selfie deixou-me com muito má cara... 
Em repto vendi umas coisas a um casal amante de velharias de Alcobaça aqui aportado pela publicidade alusiva ao evento, um típico casal varejador de feiras da especialidade, habituado a comprar ao desbarato a gente que vende espólios a 1 euro, e claro querem tudo ao preço da "uva mijona". No caso até eram cultos, mas de cariz avarento, sobretudo a esposa que ainda se revelou de boca descarada em estragar um suposto negócio de vidros... Haviam muitos mirandas- os vulgares mira e anda e ainda os que gostam de apreciar com a retórica - não tem espaço, outros não tem sitio, os que se desculpam com as  mulheres que não gostam, e aqueles de fundilhos rotos, os mais numerosos...
Em final da Feira o Sr. PJFA fez uma última abordagem aos feirantes colhendo a opinião do panorama do certame, no básico prós e contras, para encerrar em mim a dissecar algumas alterações a tomar doravante como a marcação dos espaços, apesar de gratuitos, para optimizar a Praça esteticamente, e não como se mostrou a praça principal com grande lacuna sediada ao meio. Faltará confirmar se é autorizado a entrada de veículos e a hora limite da sua retirada, ou melhor  não, em virtude de não se estragar mais o piso da mesma, pois constatei que se encontra altamente destruído sobretudo as placas de limite do desenho central. Quanto ao futuro do certame? A maioria dos feirantes entendeu que o calendário mensal seria demasiado, que corroboro inteiramente. Este mês de abril por já estar anunciado se volta a realizar no 4º sábado para futuramente se fixar apenas aos 5º sábados, o que equivale a dizer com periodicidade de 3 em 3 meses. Medida que me parece correta, em detrimento de outra possível escolha por os feirantes já terem calendarizadas feiras nos 4  fins de semana habituais e o 5 por ser raro, menos utilizado.
O que mais senti? Deus queira esteja enganada, a população não se mostra fiel aderente em aquisição de bens, pelo que pode ditar o hipotético fracasso do certame, ou pior uma feira da ladra em que todo e qualquer um aqui apareça para vender...Por isso a necessidade de haver regras. Não sou contra quem tenha artigos para venda a participar no certame onde deve ter além de ordenamento, harmonizidade onde os vendedores chamados emergentes devem reconhecer o valor certo dos artigos que vendem e não facturar ao desbarato, para não colidir com a venda dos colegas com os mesmos artigos e assim não dar azo ao descrédito do negócio e mau estar com colegas, o cliente é que tem de saber discernir os artigos e fazer a comparação justa dos preços, que devem ser justos, não é certo haver grandes discrepâncias no mesmo artigo. Compete a cada um o dever de saber estar no mercado de velharias, onde a lei da oferta e da procura se mostra interessante onde se pode ganhar , nada do que foi noutros tempos, em prol do interesse em facturar o que está no sótão a  qualquer custo.A meu ver faltou maior publicidade ao evento no IC8. Desde que seja  bem publicitada pode virar sucesso como é a de Miranda do Corvo, pela adesão dos novos habitantes estrangeiros e os de fora, quem diria!
O saldo da feira?Podia ter saído a zeros, já por mais de uma vez me aconteceu, mas não, facturei uma codorniz e um periquito, não cheguei à pombinha . No fiel da balança o prejuízo pela bacia partida e pelo salutar assalto consentido, não quis receber dinheiro, da minha irmã ao levar uma belíssima peça, uma bandeja em gradinha das Caldas da Rainha, e da minha filha que escolheu o pratinho dos afectos e mais dois bons pratos de faiança de Coimbra e ainda uma cafeteira de esmalte antiga para decorar o novo espaço em Lisboa...Numa feira tenho sempre de comprar algo para mim, é da praxe. Comprei um bule de caldo delicioso para a minha coleção. Ao não dar ouvidos ao meu marido fiz uma excelente aquisição além de ter gostado francamente de participar e ainda das escolhas delas da minha banca. Entende-se a razão de ter deixado o meu curso de Economia na prateleira precisamente pelo deficit na balança de pagamentos e recebimentos por dar sempre mais do que recebo, assim o tem sido toda a minha vida e teria por certo sido má gestora!
Por último este tipo de iniciativa cultural é bem vindo e só engrandece a vila e o concelho, a que deve comparecer a população da vila, arredores e vindos de fora, pelo que falta o Museu anunciado sobre a história da tecelagem na região, porque o terreiro do Pelourinho vai  em breve  finalmente merecer atenção de  dignificação pelos mais de 500 anos que encerra.Soube ainda com agrado que o embelezamento do último executivo de mau gosto não pelas fotografias do rico passado desta vila , mas pela estética ao terem sido assentes em alusivos fálicos pénis anões,  fatalmente o que salta ao mais incauto a rivalizar em marasmo a praia do Meco, quem teria sido o seu  mentor?
Porque o jardim do forno merece reconhecido valor credetício. Ainda não tinham sido retirados pelo tempo de chuva, mas vão ser! 
Distingui de bom gosto ao longe uns quadros alusivos à Via Sacra a imitar muitas das Bandeiras das Misericórdias encimados pela pequena Cruz e ainda do  pano em vermelho púrpura ao jus de cascol, de grande rigor e eloquente elegância.
Deparei de menos bem apenas três notas -  a estrutura de ferro apenas usada na festa de Nossa Senhora da Guia requer um olhar atento e estético em ser retirada depois das festas e bem guardada para apenas ser reposta quando for necessária; os plátanos estavam por podar, felizmente ainda não abrolhavam, e por isso não senti alergias em ninguém, em último reparei a sul com um muro alto a ligar casario em mau estado com ervas a carecer urgente manutenção, seria bonito retirar o reboco e deixar a pedra brilhar.
A JFA está de Parabéns pelo brio e desempenho da Feira e das iniciativas tomadas como a oferta do almoço, que devia a meu ver ser dado na Praça, em ambiente de feira, porque o mercado fica longe...

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