quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Património a perder-se no Pessegueiro, em Ansião

Depois da Chã Galega, temos a Escarramoa, outrora cruzamento de caminhos de Ansião para a Gramatinha e para a Quinta de Sarzedas, a caminho de Almoster. Escarramoa foi esquecida na toponímia , fidelizado  em Cavadas.
Entre o Outeiro da Sarzeda e o Pessegueiro, existem pelo menos dois pontos de água de nascente constante e permanente que alimentaram no passado lavadouros.
O Rio do Pessegueiro fica situado entre o Brejo e Entre Águas.
O Rio Jardim, nasce numa mina  entre o Martim Vaqueiro o Outeiro da Sarzeda e Cavadas. Com um percurso aproximado de 300 metros. Tinha muita abundância de água  com represa a uns 50 metros com pedras para as mulheres lavarem a roupa e  rega concertada na Sarzeda. As courelas confinantes tem o nome de Jardim, o tenha ganho de outrora de ali ter sido um local ajardinado da quinta das Sarzedas, e  onde iam buscar água e lavavam a roupa e se regava a horta.

No meu tempo ouvia que as mulheres iam lavar cobertores e mantas de trapos no Casal Soeiro (lagoa cársica e poço do Ribeirinho) e no Rio do Pessegueiro e Rio Jardim, vinham da Gramatinha e de Albarrol. Só conheço o primeiro local e foi há poucos anos. Terei de conhecer os do sul para melhor os interpretar .

O ribeiro da Boxa,  só corre no inverno quando rebenta o olho d'água no Vale do Bicho.

Despertei na Página Facebook dos membros de Assembleia de Freguesia do PSD  de Pousaflores
em 22 de junho de 2019 onde levaram o seguinte tema  (...) o lavadouro  Rio do Jardim  é um espaço com uma riqueza ímpar do nosso território com água todo o ano, faz parte do património da nossa paisagem, está abandonado e do nosso ponto de vista merece ser intervencionado. 
Distingue-se  na foto disponibilizada pela AF/PSD um telheiro de zinco que cobre  o lavadouro como era o do Ribeiro da Vide em Ansião, em total abandono, envolto de vegetação alta, eucaliptos? Um caos em total desmazelo de matagal !
Como nunca tinha ouvido esta designação rio do Jardim lancei o despique no Grupo Ansião 
Graças à cortesia do comentário de Fernando Cruz
Eu acompanhei muitas vezes as minhas irmãs ao lavadouro do Rio do Jardim, íamos das Cavadas com as bacias cheias de roupa para o Rio do Jardim pelos carreiros que hoje creio que já não se possa passar, devido ao abandono das terras, cheguei a caminhar pela mina dentro ainda era catraio,tenho pena que esteja tudo ao abandono.

Rio do Jardim
Graças a um novo comentário anónimo no blog
A quem muito agradeço o deslindar sobre dois pontos de água e  seus lavadouros. 
O Rio do Jardim fica situado no Garunho - entre o Martim Vaqueiro, Outeiro da Sarzeda e Cavadas com um percurso de +- 300 metros nasce numa mina com muita abundância de água e a uns 50 metros antes de entrar numa presa feita com pedras para se lavar a roupa e servia também para regar, tendo ali um terreno que era regado com esta água e se chama Jardim
Excelente informação. Falta perceber a razão de no passado lhe terem chamado Jardim? 
Por ser local fresco, florido, com belas hortas regadas com a sua água ? Teria feito parte da Quinta das Sarzedas, hoje Sarzeda, onde morou uma família nobre de apelido Ponces ?Encontrei um registo de óbito menciona ter sido sepultada na ermida da sua quinta. O povo com o padre  há poucos anos a decidiu demolir e fazer metros atrás uma maior, não deixando o chão primitivo para atestar o seu local e suas sepulturas, em vez disso foi todo calcetado....
A ermida de Nossa Senhora da Esperança na Sarzeda as pedras esculpidas do antigo altar foram deixadas no tardoz da nova capela para anos depois um novo padre questionar a razão de ali estarem, de onde eram, ao lhe responderem a sua proveniência, as mandou recolocar na nova capela, onde estão, e assim não se perderam. O património é para se preservar para nos contar a história dos locais, o que foram no seu passado.Devia ter sido o local da ermida assinalado no adro com pedra de cor diferente a contornar o que foi o seu espaço com  placa a mencionar o que ali existiu. 
Acrescenta ainda o comentário anónimo no blog sobre  o Rio do Pessegueiro
Fica situado entre o Brejo e Entre Águas com tanques em pedra, no verão aqui aportavam mulheres onde não havia água para lavar roupas de inverno - Casal Soeiro, Gramatinha e Albarrol.

Típico na região o uso no passado do termo rio
Sem a conotação de rio como conhecemos com caudal abundante de água - o rio da Sarzedela as águas soltas da Fonte da Bica.

O Rio do Pessegueiro
Estas nascentes a sul de Ansião farão parte do Vale Aquífero do Nabão, e ainda do ribeiro do Buxo que rebenta com as primeiras chuvas e para sul o poço da Fontinha, em Almoster.
Existe sinalética  depois da Igreja de S. João de Brito - Rio do Pessegueiro ...Desconheço se existe para o Rio do Jardim.

Na Crónica Histórica de Pousaflores  de Alberto Lucas de 1993
Rio do Pessegueiro
O autor aborda nascentes de água permanente com duas fotos do lavadouro do rio do Pessegueiro, a preto e branco.Na primeira foto aparece  um marco em pedra,  ou metade de uma coluna de arestas facetada, em me inspirar seja resquício de um habitat romano (?) e o que veio a ser lavadouro o tenha sido antes um tanque para banhos? Aparentemente estranho a profundidade do tanque, a foto do lavadouro mostra um pináculo em pedra que termina de forma airoso. A requalificação deste lavadouro a fazer lembrar o da Fonte do Alvorge onde se perderam muitos vestígios romanos, por falta de cabal conhecimento do passado sem  aprendizado para atestar o que agora se pretende especular  - em aventar o lavadouro  por se encontrar no enfiamento da via romana vinda de norte do Alvorge para sul, faltando atestar e certificar onde entrava em Ansião - entre a Mata da Mulher aos Poios e a encosta do Senhor do Bonfim- em três pontos um deles concerteza, com continuação para sul e passagem por aqui,  o que vaticino. Duvidas sugestivas que na intervenção de requalificação não foram levadas em conta e talvez se tenham perdido evidências e vestígios em mais ajudar a classificar o traçado romano ainda por levantar e aqui achega que não deve ser descuidado qualquer intervenção deve respeitar os vestígios e testemunhos do passado.
 
Em verdade em terras de Sicó a escassez de água no verão levou que os romanos tivessem tirado bom proveito de poços de água ao longo das suas vias para uma maioria chegar até nós - poços de chafurdo com escadaria em pedra para se aceder no verão à medida que a água escasseia. Também Cisternas, a do Carvalhal em Santiago da Guarda, grandiosa e pelos menos duas em Ansião, na vila em forma de poço que era tapado e minas, conheço as da Nexebra, porventura teriam sido para exploração de ouro ?Em plena região de xisto, sabendo que o  exploraram no Zêzere, serras de Figueiró e em Alvaiázere, deixando seixaleiras.
Lavadouros públicos  na década de 60 no concelho de Ansião
Rio do Jardim no Pessegueiro, rio da Sarzedela , Ribeiro da Vide, Poço da Ameixieira, Quinta de Cima em Chão de Couce, Fonte do Alvorge  e outros foram sendo  transformados pela Autarquia e Juntas de Freguesia , sem se olhar ao passado e o que poderiam explicar, por total desconhecimento cultural e assim nasceram novos fontanários de pedra, alguns com roda em ferro para se dar à manivela e fazer elevar a água, fazia a delicia das crianças, novos lavadouros e haviam alguns tanques de bebedouro para animais no que antes foi uma nascente, mina ou poço de chafurdo!
Hoje, o progresso ditou a descontinuidade de lavadouros com aposta em lojas self service, em Ansião são uma realidade, o que deveria ser feito nos antigos lavadouros? Requalificação em espaços lúdicos para beneficiar os locais e sua populações para descansar, levar as crianças e enfim recordar as boas lembranças que ali viveu noutros tempos...porque as aldeias também merecem ter espaços de lazer com bancos e sombras e sentir o buliço da água.Aqui no rio do Pessegueiro a Sónia Barros mostrou apreço por uma piscina, porque não? O espaço é aberto, desafogado, mostra-se apetecível, e tendo água, seria uma mais valia para o povo e chamar outros.Uma boa aposta!

Poços de chafurdo transformados em fontesAlmoster, a Fonte da Fontinha
Fonte da Ramalheira na Gramatinha
Fonte da Costa em  Ansião
Granja e Carvalhal em Santiago da Guarda
Fonte do Alvorge
Fonte dos Netos e,...

Rio do Jardim
Publicação de 2017 da AF de Pousaflores
Rio do Pessegueiro foto enviada pela Juselinda Neves  
 Fotos disponibilizadas pela Junta de Freguesia de Pousaflores pelo Sr Carlos Mendes 

Pois tenho de ir aos locais e perceber  afinal a dinâmica dos dois  Rio do Jardim e Rio do Pessegueiro!

Gentes
Alfredo Simões da Ramalheira,  tinha alcunha Joanas.
O Pelim, casado com a Silvina Caseira viveram na vila, foi caixeiro viajante e era do Martim Vaqueiro.
O comerciante de sapatos na vila, o Sr. Gaspar era natural do Martim Vaqueiro.
A mãe da D. Angelina Franco, julgo Olinda, era da Charneca do Garuncho, teve taberna, mercearia e tecidos na vila na frente do Clube dos Caçadores. Uma irmã dela foi a mãe do Dr. Abel. Morreu num poço quando ia buscar água. O viúvo voltou a casar com uma cunhada, a Teresa e não tiveram filhos. Outra irmã dela, a Celeste veio a casar com António da quinta.. outra irmã a Lúcia,  casou com o Adriano  Marques, que todos bem conhecemos em Ansião. E outra casou com o Galdino. Julgo que não me enganei, acaso alguém que retifique, agradeço.

O Dr. Abel Rodrigues Gaspar da Silva nasceu em 1926.Frequenetou a Escola do Pessegueiro, foi aluno do Prof. Carlos Reis. Em 1939 frequentou o Colégio Nuno Álvares em Tomar. Foi médico reconhecido.

A merecer proteção atividades do passado no Pessegueiro

Fornos de Cal

Existe na toponímia Outeiro do Forno
Debalde ninguém sabe que forno ali existiu. Perguntei a várias pessoas a razão da toponímia atestar um forno, debalde nenhuma ainda me soube dar cabal resposta ao tipo de forno que aqui existiu. Possível forno de cal romano? Neste outeiro viveram os pais do Dr. Ilídio já falecido, agora uma irmã.

Bairrada
Forno da Choupana
Hoje desaparecido.

Cerâmica do Garriaz
Nome toponímico ancestral a prevalecer na tradição.
Um exemplar  na minha coleção de telha Marselha e também produziam telha de canudo e  fabrico de "tijolo burro".

Graças à cortesia de Sérgio Medeiros 
Na carta militar 275 de 1947, aparece um forno (de cal ou telha) assinalado na Fontinha junto ao Pessegueiro, num cruzamento com um cruzeiro. Visualizando as fotografias aéreas do GoogleEarth e recuando no histórico de fotos até 2017, consegue-se ver aquilo que parecem ser as ruínas circulares de um forno (de cal ou telha!), mas só visitando o local para confirmar...Em: 39.873221º -8.455760º.
Interessante a toponímia - Fontinha e possivelmente será a localização desta fábrica, a confirmar!
Provavelmente a que se referiu o Prof Carlos Reis ao Dr .Salvador Dias Arnault o levando a pensar que era o termo da Ladeia, debalde é na Fonte Grande dos Formigais.

Centenário do Padre António Jorge Freire Junior de Lisboinha

Homenagem  do centenário do nascimento do Ilustre Ansianense António Jorge Freire Júnior, de seu nome completo, mais conhecido por António Freirenascido a 18 de Novembro de 1919 em Lisboinha na freguesia de Pousaflores, concelho de Ansião, prestada pelo Município de Ansião, no Espaço Memória do Consultório do Dr Travassos, debalde não aconteceu no seu dia, 18  e sim a 22...
Proveniente de uma família modesta, ingressou na comunidade dos Jesuítas, em Guimarães, encaminhado por um primo, após ter terminado a quarta classe. Diz Manuel Losa, sacerdote jesuíta, que foi a mãe de António Freire que o animou a seguir os estudos. O pai, manifestava pouco entusiasmo.
Diário do Minho do jornalista Acílio Estanqueiro Rocha 
18 de Novembro de 2019 
« Em 18 de novembro de 2019 perfaz um centenário sobre o nascimento de António Jorge Freire Júnior – mais conhecido por Padre Freire, como gostava de ser tratado –, nascido em Lisboinha, freguesia de Pousaflores, concelho de Ansião (distrito de Leiria e diocese de Coimbra), que veio a falecer em Braga em 18 de Fevereiro de 1997, aos 77 anos, vítima de doença cancerígena. Mestre de sucessivas gerações de estudantes na Faculdade de Filosofia de Braga da Universidade Católica Portuguesa, para os quais as lições inigualáveis deste Jesuíta de craveira excepcional permanecerão inolvidáveis – tal a sabedoria e empatia que irradiava –, teve uma carreira fulgurante no campo das Humanidades, mormente nos Estudos Clássicos (Grego e Latim) – domínios em que era uma das figuras mais proeminentes tanto a nível nacional como internacional.

1. Já nos bancos da Escola Primária – assim se designava no tempo – se revelou uma criança especialmente dotada e fora do comum, pelo que o seu professor da instrução primária muito instou para que prosseguisse os estudos – tal como sua mãe também ansiava –, mas as origens modestas e a inexistência de escolas oficiais na região eram um obstáculo intransponível. Foi o seu primo, João Mendes Lopes, quem se encarregou e tratou de todos os procedimentos necessários, tendo António Freire realizado os seus estudos liceais em Guimarães e Macieira de Cambra e segundo  recorda Manuel Losa ingressou no Noviciado da Companhia de Jesus em Alpendurada aos 17 anos de idade em 1937, só fez 18 em novembro, sem se saber quando entrou; vindo poucos meses depois a transferir-se para o então mosteiro da Costa (hoje pousada), em Guimarães.É dispensado do ano de estudos de Ciências que precedia, em Braga, o curso trienal de Filosofia, para ficar dois anos em Guimarães a ensinar Latim e Grego aos noviços jesuítas. Após 4 anos de noviciado  e a conclusão do curso de Filosofia (1942-1945), cumpre, como é uso e tradição entre os Jesuítas, dois anos de magistério como professor de Latim e Grego aos noviços jesuítas (em Guimarães, no Juniorado) para finalmente iniciar os estudos de Teologia em 1047 , primeiramente em Oxford (entre 1947 e 1949) e depois em Granada (1949-1951),  onde, a 15 de Julho de 1950 é ordenado sacerdote; passando por Salamanca (1951-1952), regressa depois a Portugal, retomando a actividade docente, leccionando disciplinas no âmbito da Língua e Cultura Grega e Latina na Faculdade de Filosofia de Braga, tendo ainda sido, entre 1961 e 1964, professor de Literatura Grega e Latina no Centro de Estudos Humanísticos anexo à Universidade do Porto.
Concluída a "Terceira Provação", em Salamanca, entre 1951-52 — uma espécie de segundo noviciado — o padre Freire regressa a Portugal, lecciona três anos em Macieira de Cambas e, feitos lá os últimos votos, em 2 de Fevereiro de 1955, volta ao Juniorado, agora em Soutelo, Vila Verde.
Em 1967, é convidado para a Faculdade de Filosofia de Braga para leccionar no curso Filosófico-Humanístico e posteriormente também no de Humanidades, apresentando nesse mesmo ano a sua tese de doutoramento, de cariz filosófico-filológico, publicada em 1969, com o título "O Conceito de Moira na Tragédia Grega".
2. Um marco incontornável foi, em Outubro de 1967, o seu doutoramento na então Pontifícia Faculdade de Filosofia de Braga, defendendo a tese intitulada Conceito de Moira na Tragédia Grega, em que obteve a elevada classificação de 19 valores, sendo já um vulto de renome internacional em Filologia e Literatura Grega e Latina. As suas disciplinas predilectas eram História da Filosofia Antiga, Filologia e Literatura Latina e Grega, Cultura Clássica, Filologia Portuguesa, e nunca interrompeu o ensino, nem sequer nos dois anos sabáticos que passou na Alemanha, onde chegou a dar, por vezes, cinco aulas por dia num grande colégio alemão – conforme testemunha. Foi convidado para leccionar na Universidade de Lisboa e na de Saarbrücken (Alemanha), mas não aceitou por não ter substituto na sua Alma Mater, onde leccionou desde 1967.

Infere-se, pois, que era um versado poliglota – uma outra marca do génio humanístico do jesuíta António Freire: além de ter ensinado toda a vida as línguas Grega e Latina – ouvi-lhe discursos improvisados nessas línguas –, especializou-se também em Línguas Modernas, cuja aprendizagem aperfeiçoou com a estadia de 2 anos em Inglaterra, e na Espanha, 2 na Alemanha, 5 na Grécia, e várias estadias em França e Itália. Ainda jovem, ensinou alemão a iniciados enquanto seguia aulas mais adiantadas; na Inglaterra, após dois meses de estudo do hebraico, o professor confiou-lhe metade da turma; em Granada, ensinou inglês aos companheiros de Teologia, e, em Salamanca, ensinou inglês aos estudantes jesuítas.

3. Qual vulto das Humanidades Clássicas, empreendeu viagens de estudo por toda a Europa, pelos países escandinavos, pela Rússia e países da então Cortina de Ferro, pelo Egipto e Israel, pelos Estados Unidos, Brasil, México e Canadá; de quase todas essas viagens resultaram livros ou artigos e entrevistas em diversas revistas e jornais. Participou também em vários congressos internacionais, uns sobre “Latim Vivo” e outros sobre “Estudos Neolatinos”: em Lyon (1959), Roma (1966), Avinhão (1969), Bucareste (1970) – neste congresso foi ovacionado e denominado “Cícero Redivivus” –, Lovaina (1971), Amesterdão (1973), como foi também muito admirado no Colóquio Internacional em São Paulo (Brasil), sobre “Metafísica cristã e ateísmo actual” (1981) – conforme missiva recebida pelo Director da Faculdade de Filosofia de Braga.

Deixou de leccionar em 1992, passando a orientar mestrados, a publicar obras e a deslocar-se a diversas escolas secundárias, a convite de antigos alunos seus, para incutir aos jovens o gosto pelo Português e pelas suas fontes greco-latinas.
Em 1994, lança mãos um projecto antigo — a elaboração do Dicionário Moderno Português-Latim —, mas a morte impediu-o de concluir esta obra.
António Freire faleceu na comunidade dos padres Jesuítas, em Braga, a 18 de Fevereiro de 1997, deixando uma valiosa bibliografia, destacando--se a Gramática Grega, Selecta Grega e Gramática Latina.

Conterrâneo de Acílio Estanqueiro Rocha 
Recordo a entrevista que lhe fiz para o jornal mensal da nossa região – “Voz das Cinco Vilas”, em Fevereiro de 1971 –, donde extraio o parágrafo: “A minha viagem do último Verão foi a mais longa e variada que empreendi até hoje: um mês e dois dias, quase a andar, de comboio e sozinho. Depois de transpor a Espanha, França, Bélgica e Alemanha, subi à Suécia e regressei a Paris; dali atravessei a Suíça, a Itália, e enterrei-me nos países da Cortina de Ferro, Jugoslávia, Bulgária, Roménia, Hungria… Estive no Norte da Grécia, em Salónica e no famoso Monte Atos, onde não é permitida a entrada a mulher nem a fêmea alguma (…)”. Sem dúvida, uma pessoa afável e generosa, um comunicador nato de tal ressalto que os alunos ansiavam por suas aulas, a que não faltavam e, como diziam em alta voz, não se cansavam, o mesmo ocorrendo com quem almejava ouvi-lo nas homilias – e eram tantos! –, dando o tempo como muito bem empregue.

4. É longa a lista de livros publicados – mais de meia centena de obras – e inúmeros são os seus artigos – quase uma centena – em revistas nacionais e estrangeiras, como a Revista Portuguesa de Filosofia, Brotéria, Lumen, Euphrosyne,Humanitas, Les Études Classiques (Bélgica), Revista da Faculdade de Letras de Bucareste (Roménia), Latinitas (Roma), Vita Latina (França), Orbis Latinus (Argentina).

Sendo longa a lista de livros, sobre alguns é impossível calar-me – dentre os muitos que tenho oferecidos e com dedicatória do Autor. Desde logo, Conceito de Moira na Tragédia Grega (1969) – Obra de acentuado cunho filosófico –, onde o escopo primordial é responder à questão: “fatalista, a tragédia grega?”, a que o Autor responde ““não”, categórica e convictamente”, contra uma plêiade de célebres contraditores, cujos argumentos são pari possui infirmados com copiosa documentação, numa linguagem rigorosa e em estilo primoroso que cativam e prendem o leitor à leitura da obra. É, pois, um longo trabalho de tese, mas onde são elucidadas também a origem da tragédia grega, a paternidade literária do “Prometeu Agrilhoado” de Ésquilo, a peculiaridade do Coro grego, o objectivo de Sófocles na composição do Édipo em Colono, os suicídios de Antígona e de Ájax, etc. Era já o 23º livro escrito pelo autor.

O Pensamento de Platão (1967) é um dos mais importantes estudos publicados em Portugal sobre o pensamento do Mestre da Academia de Atenas, analisando, nos seus 13 capítulos, todas as dimensões do pensamento dum dos grandes filósofos gregos, desde o problema gnoseológico à concepção platónica do amor, às ideias estéticas de Platão, à concepção do Estado e à doutrina social, às ideias pedagógicas do Filósofo dos Diálogos. É obra sumamente útil para professores e estudantes, que, quando eu leccionei História da Filosofia Antiga – várias vezes –, vivamente aconselhei.

Em Humanismo Integral (1993), António Freire aborda um conjunto de questões afins aos vários humanismos, desde a paidéia helénica, a Manuel Álvares e a repercussão da sua Gramática latina, Pedro da Fonseca como humanista e filósofo, o legado homérico em Camilo Castelo Branco, considerando ainda as obras de Aquilino Ribeiro, Orlando Albuquerque e Fernando Pessoa. Para o Autor, o conteúdo do termo humanismo não só não se esvaziou, como se projecta numa semiótica que inquire o humanismo pagão, o humanismo cristão, e onde quer que lobrigue sentido o verso de Terêncio – “homo sum, humani nil a me alienum puto” (“sou um homem e nada do que é humano me é estranho”). Em Teísmo Helénico e Ateísmo Actual (1983), é dilucidada uma panorâmica do ateísmo antigo e do actual, num estudo aprofundado da filosofia helénica (pré-socráticos, sofistas, Sócrates, Platão, Aristóteles e Plotino), centrada nos seus valores teísticos, culminando numa reflexão já sobre a actualidade.

5. Interessou-se e estudou alguns dos estros da literatura portuguesa, de que é exemplo Lendo Miguel Torga (1990), onde o Padre Freire transmite todo o entusiasmo que o empolga pela figura ímpar desse escritor conimbricense, incutindo à leitura das obras – em prosa e em verso – daquele que considera um dos expoentes do português actual, já pela robustez e clareza de estilo, pujança de imaginação, vernaculidade e criatividade poética, só comparado a Vieira e Camilo, e que fazem de Torga um poeta criador, até mesmo quando escreve prosa: maior prosador que poeta, maior poeta porque prosador. Também em Florbela Espanca, poetisa do amor (1994) – livro apresentado como 2ª edição d’O destino em Florbela Espanca (1977) –, é muito mais que isso – como o novo título o sugere –, pois não só o volume é maior e com novos temas, sendo mais um aturado e palpitante estudo sobre a Poetisa, reflectindo sobre a sua vida e obra – este já o 67º livro de António Freire. E muitos outros livros publicou, como Humanismo Clássico (1986), Estudos de Literatura Grega(1987), O Teatro Grego (1985), Lições de Língua e Literatura Latinas (1962), Grécia Antiga e Grécia Moderna (1965), Israel Antigo e Moderno (1967), etc., cerca de seis dezenas, incluindo aqueloutra obras decorrentes da sua actividade pastoral, mormente entre os jovens – muitas escreveu e de leitura aliciante.

6. Apraz-me enfatizar a série de programas televisivos na RTP em que foi protagonista, sobre “Questões da Língua Portuguesa”, um pouco na linha das “Charlas Linguísticas” do Dr. Raul Machado – programa dos anos 60 que os mais idosos se recordarão –, instrutivos e elucidativos, que António Freire, como autor, incluiu na sua obra Lições de Filologia e Língua Portuguesa (1983); nesta, ao “Antelóquio”, segue-se uma parte teorética sobre a nossa língua materna (muito útil para professores de Português, Latim e Linguística), e uma outra sobre Helenismos Portugueses, sendo a mais extensa a relativa às “Questões da Língua Portuguesa”, do maior interesse para esclarecer as múltiplas dificuldades que assediam quem fala ou escreve português. Não se trata duma mera reduplicação de lexemas ou sintagmas já versados por outros, pois neste livro se tipificam soluções pertinentes, grafias adequadas e novas ortoépias, com vista a uma reformulação filológica mais racional de múltiplos vocábulos e frases do nosso idioma.

7. Falta ainda considerar uma caudalosa torrente de publicações específicas, merecedoras da maior atenção e de aprofundado estudo: refiro-me à Gramática Grega (1947) – por onde estudei língua grega –, à Gramática Latina (1956), à Selecta Grega (1947) e Selecta Latina (1963, que veio a ter 3 vols.) – com preciosas introduções e anotações –, todas com várias edições sucessivas, e ainda vários livros de exercícios e de aplicação de conhecimentos no que às línguas clássicas concerne. De facto, neste centenário do nascimento do Padre António Freire, há uma lacuna que mui dificilmente será colmatada: a realização dum Colóquio sobre a vasta obra deste insigne Jesuíta, com a participação de especialistas nas áreas em que foi exímio, desde estudos apropriados sobre as gramáticas acima mencionadas – trabalhos de grande mestria científica –, bem como sobre a sua obra filosófica, humanística, cultural, cujas actas seriam objecto de publicação. Receio que jamais se dilucide convenientemente o génio que era o Padre António Freire, em especial a originalidade e riqueza da sua vasta obra no campo das Humanidades.
O autor não segue o nefasto e impropriamente denominado acordo ortográfico.

Nascido no século XX com parca biografia 
A sua mãe de Lisboinha, uma das muitas irmãs do meu avô José Lucas Afonso, todos nascidos muito pobres,  a sua avó materna morreu cega, era a  minha avô Maria da Luz Ferreira da Mouta Redonda na feira do Ovelar (Avelar) que mandava à sogra um pão, por uma vizinha,  também esta pobre, que lhe retirava o miolo para o comer fazendo a entrega do pão armado apenas de côdea. Até ao dia que ela comenta com a nora,  oh Luz a mulher por quem mandas o pão entrega-mo armado sem o miolo, acha que além de cega me pode enganar...Ainda conheci outro de Lisboinha, primo da minha mãe, que foi casar ao Escampado de Belchior em Ansião - o  Fernando Lucas, e havia outro " entranhado" com alcunha "pelaralho" que consertava varetas e punha gatos na faiança que andava desde a Marzugueira e Ansião e chegava-se ao correi à minha mãe a pedir dinheiro - quando o ouvia a chamar pima dáva-lho para não ficar envergonhada...
Marzugueira
Foto tirada em movimento e com chuva, na beira da estrada existe esta casa recentemente requalificada, o lugar alonga-se pela encosta a norte. O que se deslinda na foto são os leirões, arroteados pelo homem.
O  pai de António Freire era da Marzugueira, no costado norte da serra de Alvaiázere, vindo casar a Lisboinha, onde nasceram os filhos, o António Freire e os irmãos - Maria Rosa e o  Zé, este foi a Moçambique, herdou a casa dos pais em Lisboinha,  viviam perto da Ti Aniceta e da Ti Laura e da loja dos Teixeira (Alberto e Felismina) e ainda o  irmão chamado Manuel. Sem saber qual deles casou na Pedra do Ouro com uma rapariga da Quinta de Baixo, a casa onde viveram  contorna a curva perigosa defronte do adro, seria a sua  filha costureira que a minha mãe chamava  prima, onde chegamos a ir a trabalhos de modista.
A  vida de António Freire foi vivida até aos 18 anos em Lisboinha. O professor, sem se saber quem, o mentor a lhe reconhecer mérito para continuar estudos incita a sua mãe , sem se saber se já seria viúva, para auspiciar novos voos para o seu filho pedindo ajuda a um sobrinho, de apelido Lopes, que lhe arranja alternativa para ele ingressar na Companhia de Jesus em Guimarães.
Pese tantos estudos filosóficos e da Grécia antiga , viagens e de vasta obra compilada, na maioria sem  ainda estar estudada, uma parte se encontra exarada no Blog Terras da Ribeirinha com os títulos; No País das Telenovelas;Problemas dos Casados;Gramática Grega;Humanismo Integral;Florbela Espanca Poetisa do Amor;Teísmo Helénico e Ateísmo Actual;O Destino em Florbela Espanca; para assim no imediato achar estranho alguns títulos, sendo um homem que abraçou a religiosidade  se debruçar sobre  telenovelas brasileiras, para em  1992 ter escrito No País das Telenovelas, o mesmo curioso pensar com o livro Problemas dos Casados quando foi sempre solteiro e de vivência parca a vida de casados dos pais, por fim escrever sobre Florbela Espanca, dois livros, sendo a poetisa uma alma inconformada com a busca do amor que jamais encontrou e se acaba por suicidar no Porto...Sem saber se deixou alguma obra a retratar o concelho de Ansião...E assim sendo o comparar inevitavelmente com outros que viveram antes dele e depois, considerados igualmente ilustres ansianenses , pese nada deixaram narrado do que vivenciaram no concelho de Ansião antes de saírem para estudos em Coimbra e ele Guimarães. Francamente deixa-me imensamente triste a não ter deixado nada escrito sobre a sua terra Lisboinha, antes se chamou Lisboa a pequena, com a fonte e o tanque ao largo do Rossio, defronte da  capela de S José , rebatizado a  3 de junho, de 2007, durante as festas, com o seu nome -Dr. Padre António Freire . Estiveram presentes, além do Presidente da Câmara, Dr. Fernando Marques, o presidente da Junta, Delfim Dias, representantes da Comunidade Jesuíta e da Faculdade de Filosofia em Braga, respectivamente, Padre Dr.Manuel Losa e Padre Dr.Alfredo Dinis. Foi o então Pároco o Padre Adriano Santo a quem coube a logística de toda a cerimónia, realizada depois da procissão.Na homenagem, promovida pelo povo de Lisboinha se associaram os seus sobrinhos, António, José e Luís Gonzaga. Nesse pressuposto encontrei a origem dos  convites para a homenagem - ao Padre Adriano Santo e ao Dr António Simões quem publicitou a efeméride citada a que se juntou o actor conterrâneo Dr João Patrício e a oradora Dra Claúdia Santos, parente pelo costado paterno - alcunha "Manata" , curiosa o que significará? No dicionário popular defendido como pessoa que se aperalta, janota, personagem importante, figurão, mandachuva, velhaco, patife, larápio, ladrão, e no regionalismo labrego ou  patego...
Para não me rever no mesmo estar na ligação às raízes do homenageado,  quando aportei a Coimbra e mais tarde a Lisboa, sempre primei e fiz questão de mencionar o nome de Ansião e dos lugares que me são queridos do concelho , em detrimento de mencionar Coimbra, afinal a minha verdadeira terra.E isso faz a grande diferença do que é amar as raízes, em rebater o nome da aldeia, mesmo que seja o lugar mais recôndito com menção do concelho e do distrito. Outra coisa estranha em relação ao homenageado foi não tentar deslindar as suas origens na guisa- quem não sabe de onde veio não sabe para onde vai -  e se questionar na razão de tão grande talento intelectual e desmesurada paixão pela Grécia que tanto o inspirou, sem sequer alvitrar a possibilidade de comungar genes!
Estranhei não ter recebido convite dirigido pela autarquia na pessoa da Sra vereadora da Cultura, quando antes noutra iniciativa o tinha sido, a que se acrescenta a falta de atenção e de correlação do mesmo pelouro, quando por inúmeras vezes tenho partilhado o laço familiar com o citado, primo direito da minha querida mãe. A minha avó  materna Maria da Luz, ferverosa cristã pediu ao sobrinho, o padre António Freire, para celebrar o meu batizado, na igreja matriz de Ansião em 1957. No Bairro de Santo António, no adro da capela e no quintal da casa dos meus pais a sua presença ficou atestada para a posteridade nas fotos do Kodak emprestado pelo Sr Jaime Freire da Paz ao meu pai. As minhas  fotos revelam que ele teria na altura 35 anos, de silhueta esbelto . Debalde somente há poucos anos percebi a razão de ter um padre junto dos meus familiares...Desconheço se algum dos convidados presentes na homenagem tem uma foto com o padre António Freire...
O meu batizado
O Sr José Andre do Ribeiro da Vide, o meu avô paterno Zé do Bairro, o padre António Freire, o meu pai Fernando Valente, a criada do Alvorge comigo ao colo, a minha mãe e a minha av´paterna Piedade da Cruz
Na esquerda a prima Tina, a minha mãe a criada comigo ao colo o padre Antonio Freire, o Meu avô José do Bairro, a minha avó Piedade da Cruz, o meu tio Francisco Valente e o Sr José André
Em segundo lugar não apreciei a  referencia no site do Município de Ansião, identificando a Dra Claúdia Santos como historiadora , posso estar enganada na apreciação, uma coisa é um licenciado em História e outra coisa é ser historiador com investigação e com obra publicitada, aliás da autora desconheço qualquer obra , apenas a ressaltar a sua recente  participação no Congresso decorrido em Alvaiázere, ainda não tive oportunidade de ler as actas para perceber os conteúdos, entretanto se adivinha o recalcar do que outros os verdadeiros historiadores sobre Ansião, já tinham escrito a que pouco, quase nada teria vindo acrescentar, e o que foi o tenha sido por alerta de  iniciativas aqui lançadas por mim em lhe dar mote de pesquisa e não da sua primitiva lavra. A grande verdade!
Oradora na homenagem pelas raízes familiares que também comunga com o ilustre lhe traçou o que está publicado do seu percurso da vida e da obra, evocando a “personalidade possante”, destacando o seu percurso académico riquíssimo e versátil, enquanto aluno e professor de diversas línguas, das clássicas às modernas, e a sua vasta bibliografia. Sendo de grande importância o alto curriculum , recalco a falta de ter deixado narrado o que conheceu na sua terra Lisboinha, freguesia, tão pouco do concelho de Ansião do que conheceu, viveu e ouviu falar para ajudar a mais se descortinar do seu passado, pior, a entrada para os jesuítas em  Guimarães onde teve a oportunidade de singrar e ser a pessoa filosófica que foi, sem aparente dádiva de pagar pela mesma moeda a oportunidade que teve a alguém da sua terra igualmente pobre mas com talento, ou será que não o reconheceu em mais ninguém? Porque é preciso falar das Coisas sem ter medo em saber destrinçar o trigo do joio, na verdade independentemente do talento e da obra deixada, que deve congratular os demais, e a mim em dobro porque é meu costado materno e agraciado na toponímia não denotou em nenhuma obra o amor ao sítio onde nasceu mesmo em ambiente pobre,  jamais alguém  esquece de o enaltecer aos outros falando dele com paixão, onde os seus sonhos despertaram na sombra da serra Ucha, cujo nome, estranho, a reivindicar povoadores do norte, e neles a sua origem com raízes nos gregos, para cedo mostrar tamanho interesse pelo pensamento filosófico sem alguma vez o instigar a descobrir a sua origem e do talento extraordinário que era dotado, o tenha sido egoísta (?) não posso relevar, sendo contudo caracteristica do seu clã mui diferente do meu, de total partilha e de mais descobrir, contudo sem o mesmo talento filosófico, ainda assim algum!
O maestro António Simões inspirou os presentes com a leitura de passagens de textos do jesuíta, teólogo, académico, escritor e intelectual, realçando a máxima que ainda guarda na memória - “O homem que escreve nunca está só.”
Em verdade dele falar Um padre que se atreveu a falar de contracepção às mulheres de Chão de Couce e, por isso , foi "a modos que" banido de "pregar" por cá... Hvia adolescentes que se divertiam  muito com as suas palestras  e adoravam as suas visitas  ao Colégio de Freiras onde esteve durante dois anos, na Póvoa de Varzim, segundo o testemunho de Lisete Santos. As freiras de vez em quando levavam cada sermão à missa pois haviam duas "primitas" que iam contar algumas injustiças ao Primo!... Já nos anos 60 ele fazia o mesmo com as nossas manas mais velhas. E sabia ler as nossas feições e as nossas mãos e a nossa escrita...
O Francisco Forte deixou de comentário  O Grande Amigo e vizinho dos meus pais e da minha família. Eu era muito pequeno quando o Sr. Padre Freire (como era denominado na aldeia) vinha passar uns dias de férias a Lisboinha, a casa do seu pai Ti Marzugueiro e da Ti Maria Rosa, sua irmã, para proferir sermões nas festas de Pousaflores e do Anjo da Guarda. As beatas não gostavam muito dele, pois os seus sermões eram demasiado ousados para as suas almas...
Quem também acompanhava o Padre Freire em todas as visitas era o Padre Losa a quem ele chamava " o Loso". Começou a acompanhá-lo nos anos setenta. ( era um padre ruivo e o Pre. Manuel Simões era como o Pre. Freire professor na Faculdade de Filosofia de Braga e aproveitava a boleia todos os anos quando o Pre. Freire fazia a sua visita familiar.  Faziam de confessores pela Páscoa. Em se lhe destacar o mérito que pelos vistos tem - o insigne Mestre dos Mestres dos estudos clássicos em Portugal, o Padre Doutor António Freire.Um génio das Humanidades

O BLOG TERRAS DA RIBEIRINHA

                                                  OBRAS DE  ANTÓNIO FREIRE 
No País das Telenovelas
Título de um livro sobre filosofia onde é apresentado um auto-retrato do autor

Este livro No País das Telenovelas está dividido em duas partes: a primeira aborda as temáticas das telenovelas, nomeadamente a Grabriela, o Roque Santeiro e a Tieta do Agreste; a segunda parte fala-nos do Congresso Inter-Americano de Filosofia, realizado em São Paulo, Brasil, em 1981, onde António Freire foi o representante de Portugal.
Neste notável estudo o autor começa por nos revelar as razões que o levaram a interessar-se e a escrever sobre telenovelas: “A quem me perguntasse qual o motivo por que me interessei por algumas telenovelas brasileiras, vindas até nós e projectadas nos nossos ecrâs nos tempos ditos «nobres» e dedicados aos espectáculos teleorásicos, reponderia com uma frase de Terêncio: «Homo sum: humani nil a me alienum puto» – Sou homem e nada do que é humano me é indiferente.”
Com esta sua viagem pelo mundo das telenovelas António Freire estudou as características das várias personagens, desenvolvendo um interessante trabalho de abordagem social, política e religiosa. Fala-nos do catolicismo, do cristianismo, dos padres, do celibato, do anticlericalismo, de pecados, da paixão política, dos ditadores, do humanismo, do adultério, da mulher ideal, do despotismo, do virtuosismo, do donjuanismo, do crime, do castigo, da impunidade, do casamento, da prostituição…
Na segunda parte relata-nos os acontecimentos marcantes da sua presença no Brasil e a forma calorosa como foi recebido no referido Congresso. Diz o autor que está tudo interligado, pois “No seu entender as duas partes deste livro, unidas pelo mesmo elo de homenagem ao Brasil, completam-se reciprocamente: a amenidade de uma contrabalança a natural aridez da outra.” O livro é ainda ilustrado com muitas “fotos pessoais, oferecidas pelo Congresso, e outras que ilustram o meu currículo biográfico e o meu ideário filosófico-humanístico, fica também recíproca a homenagem.”
O autor termina dizendo que ele, como homem da cultura e professor de filosofia, tem conseguido “Aliar o sério e o jocoso, o profundo e o ameno, tem sido sempre timbre do meu ensino, em palestras, aulas e livros. Faço meu e a todos convictamente recomendo o princípio áureo do velho Horácio: «Omne tulit punctum, qui miscuit, utile dulci» – obterá todos os votos (acertará em cheio) quem souber juntar o útil ao agradável.”
Já no terminus deste trabalho o Padre Doutor António Freire deixa algumas notas do seu auto-retrato: “ Para mim, «filosofar» foi sempre essencialmente o que o vocábulo etimologicamente significa: o amor da sabedoria, a paixão pela cultura. Esta é a mais perfeita humanização do homem; é aristocracia do espírito. Daí que o meu filosofar foi visceralmente humanístico.” E acrescenta “Aqui fica este estudo sério, ao lado do comentário a temas de natureza mais amena, para provar esta feição multifacetada do meu estudo e comunicação do mesmo: sério, profundo, prático, diversificado, didáctico, humano e cristão.”
Título: No País das Telenovelas
Autor: António Freire, S.J.
Ano: 1992
Edição: 1ª Editora: Edições APPACDM (Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Doente Mental) Páginas: 302 Dimensões: 19×14 cm
Problemas dos Casados
Título de um livro, sobre a temática da educação em Portugal, nos anos 70 do século XX, editado pelas Edições Salesianas, inserido na colecção Renovar, em 1974, da autoria de António Freire, ilustríssimo ansianense.
Este estudo Problemas dos Casados, segundo o autor, foi escrito em simultâneo com um outro publicado anteriormente, chamado Problemas dos Solteiros, por isso António Freire considera Problemas dos Casados a segunda parte do livro antecedente: “… ofereço agora a pais e a educadores Problemas dos Casados. São complemento do livro anterior, com o qual deviam ter sido publicados em obra única, se razões editoriais não houvessem aconselhado a publicação em separado.” 
Este trabalho sobre a problemática da educação em Portugal de António Freire é, apesar de editado em Maio de 1974, já depois do 25 de Abril, resultado de estudos realizados antes desta data. Neste estudo, o autor demonstra algum desempoeiramento na forma de abordar estes assuntos à época. No entanto, fica preocupado que ele possa parecer ousado, nomeadamente no que se refere à Humanae Vitae, por isso esclarece que está dentro das normas em vigor, pois o estudo passou pelo crivo das censuras e teve o seu beneplácido: “Algumas conclusões, particularmente a respeito da Humanae Vitae, poderão parecer ousadas. Mas, além de que se encontram devidamente documentadas, mereceram a aprovação de censores abalizadores, criteriosos e conservativos. Este livro … foi submetido à censura, emitiu esta o seguinte parecer: «Os problemas são candentes e actuais. O A. procura focá-los à luz da História, da geogragfia e do pensamento comtemporâneo. Mostra-se erudito, aberto e seguro na doutrina.»
Com isto e com a necessária aprovação eclesiástica, poderão os leitores de consciência mais timorata resolver com tranquilidade problemas que, talvez, até agora os tenham angustiado.”
O livro Problemas dos Casados está dividido em três partes. Na primeira aborda o problemas do “Pais e educadores (O papel dos pais na educação dos filhos; O fenómeno das crianças-lobos; Pais e educadores; Educadores; Pedagogia do professor; Psicologia do professor; Internato e educação; Educação e castigo; Liberdade e coacção).” Na segunda trata a “Castidade Conjugal (Pródromos da Humanae Vitae; No rescaldo da Humanae Vitae: A Reacção; A Posição de Paulo VI; Paternidade consciente e responsável; Aborto ou contracepção; O aborto; Adultério; Divórcio.” Na terceira ocupa-se do “Matrimónio e Sexologia (Homossexualidade; O sexo no confessionário; Matrimónio e sexologia)
Descrição: Titulo: Problemas dos Casados
Autor: António Freire, S.J.
Ano: 1974 Edição: 1ª Editora: Edições Salesianas – Porto
Colecção: Renovar Páginas: 166 Dimensões: 19×14 cm
Gramática Grega 
O título de um livro, sobre a língua grega, editado pela Livraria Apostolado da Imprensa, em 1947, da autoria de António Freire, ilustríssimo ansianense.
António Freire Júnior, de seu nome completo, mais conhecido por António Freire, nasceu em 18 de Novembro de 1919 no lugar de Lisboinha, freguesia de Pousaflores, concelho de Ansião. Faleceu a 18 de Fevereiro de 1997(1).
Acerca deste notável estudo da lingua helénica, Gramática Grega, o autor começa por explicar, no prefácio, as razões e os objectivos deste seu livro: “Sem pretender publicar uma Gramática Grega especializada, propus-me elaborar um compêndio e, quanto possível, completo no estudo integral dos princípios gramaticais mais necessários para o conhecimento do idioma helénico.
Mais do que vãos pruridos de erudição, ou alarde pedante de noções filosóficas, preocupou-me a exactidão da doutrina e a exposição metódica, clara e prática da mesma.”
Depois revela-nos algumas dificuldades sentidas na feitura desta primeira edição. Nomeadamente, “As dificuldades que tive de vencer, devido à escassez e pouca nitidez do tipo grego e à falta de pessoal habilitado, nem sempre me permitiram imprimir a obra com a correcção impecável que eu me propus e pela qual trabalhei, ainda à custa dos maiores sacrifícios.” E também, dos obstáculos na impressão desta 1ª edição:“Percalços imprevistos obrigaram-me a transladar parte da obra para outra tipografia. À parte interesses estéticos de uniformidade, foi vantajosa a mudança.”
Já no prefácio à 3ª edição desta Gramática Grega, datado 15 de Julho de 1956, António Freire dá-nos conta da aprovação deste seu trabalho pelos helenistas portugueses e brasileiros: “As palavras de franco aplauso e de caloroso estímulo com que abalizados helenistas nacionais e estrangeiros acolheram esta modestíssima obra, a aprovação oficial outorgada pelo Governo Brasileiro, cuja Subcomissão de Línguas Portuguesas e Línguas Antigas, depois de «exame acurado do texto», não hesitou em qualificá-la de uma «das melhores no género até hoje publicadas», são prova inequívoca de que a sua publicação algo concorreu para facilitar o estudo do idioma helénico em Portugal e no Brasil.”
Gramática Grega é um livro que no meio académico mantém toda a aceitação e actualidade, por isso continua a ser editado. Actualmente, encontra-se à venda a 10ª edição.
Aqui fica mais um texto de divulgação da obra do Padre Doutor António Freire, nome destacado dos estudos clássicos em Portugal, no ano em que se comemora os 100 anos do seu nascimento, 1919-2019.
Descrição:Título: Gramática Grega
Autor: António Freire, S.J.
Ano: 1947 Edição: 1ª
Editora: Livraria Apostolado da Imprensa
Páginas: 312 Dimensões: 21×15 cm
Humanismo Integral 
Título de um livro, sobre filosofias humanistas, editado pelas Edições APPADCDM (Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental), Braga, em 1993, da autoria de António Freire, ilustríssimo ansianense.
António Freire Júnior, de seu nome completo, mais conhecido por António Freire, nasceu em 18 de Novembro de 1919 no lugar de Lisboinha, freguesia de Pousaflores, concelho de Ansião. Faleceu a 18 de Fevereiro de 1997(1).
O Padre António Freire, Catedrático de Humanidades da Faculdade de Filosofia de Braga, começa este seu estudo dando algumas notas sobre os conceitos de humanismo. Segundo o autor, variam conforme as correntes filosóficas: “A Palavra «humanismo» estava ainda em voga após a Segunda Guerra Mundial. Todas as correntes do pensamento se rotulavam de humanistas. Sartre, para quem o amor só era possivel na terra, mas contra Deus, pretendia demonstrar que o existencialismo era humanismo; os marxistas serviam-se do vocábulo para definir a sua doutrina, porventura a menos humana, porque a mais totalitária, ateia e materialista. Henri du Lubac reconhecia no ateísmo, certo valor humanista; e Fernand Robert interrogava-se sobre o fadário deste vocábulo e a sua realidade no decurso dos tempos.
Hoje, o conteúdo do termo não só não se esvaziou, mas ampliou-se, projectando a sua semiótica no humanismo pagão, no humanismo cristão e, de modo geral, em tudo o que concerne visceralmente o homem. Arvora-se em axioma aceite por todos o célebre verso de Terêncio: Homo sum, humani nil a me alienum puto. (Sou homem e nada do que é humano reputo indiferente).”
Neste livro, o Padre António Freire aborda um sem número de questões relacionadas com a filosofia moral humana ou seja, com os vários humanismos: “I – Paideia Helénica (Paideia cretense; Paideia espartana; Paideia ateniense; Paideia socrática; Paideia platónica). II – Conceito Histórico-Filosófico de Mentira (A mentira na antiguidade; A mentira nos autores medievais; A mentira nos autores modernos e contemporâneos; O nosso ponto de vista; Malícia da mentira). III – Manuel Álvares e a Repercussão da sua Gramática Latina. IV – Centenário da «Ratio Studiorum». V – A Tríplice Pronúncia do Latim. VI – Pedro da Fonseca, Humanista e Filósofo (Humanista; Filósofo). VII – Messianismo na Écloga IV de Virgílio (Grandiosidade de concepção da tese; Audácia na impugnação dos adversários; Originalidade, Ciência e Arte na conclusão). VIII – A Cegueira de Camilo Castelo Branco. IX – Legado Homérico em Camilo Castelo Branco. X – Aquilino Ribeiro. XI – Orlando de Albuquerque. XII – Fernando Pessoa (Vida de Fernando Pessoa; Perfil físico de Fernando Pessoa; Perfil psicológico de Fernado Pessoa; Perfil social e político de Fernado Pessoa;O patriotismo de Fernando Pessoa; Fernado Pessoa e a Literatura Portuguesa; o pensamento teológico de Fernado Pessoa). XIII – Eu e Miguel Torga.”
Descrição:Título: Humanismo Integral
Autor: António Freire
Ano: 1993
Edição: 1ª Editora: Edições APPACDM – Braga
Colecção: Humanidades – nº 8 Páginas: 250 Dimensões: 24×17 cm
Florbela Espanca
Poetisa do Amor é o título de um livro, sobre a vida e a arte poética de Florbela Espanca, editado pelas Edições Salesianas, Porto, em 1994, da autoria de António Freire, ilustríssimo ansianense.
António Jorge Freire Júnior, de seu nome completo, mais conhecido por António Freire, nasceu em 18 de Novembro de 1919 no lugar de Lisboinha, freguesia de Pousaflores, concelho de Ansião. Faleceu a 18 de Fevereiro de 1997(1).
Este livro de António Freire sobre a poetisa Florbela Espanca é apresentado como sendo uma 2ª edição de O Destino em Florbela Espanca, editado em 1977. Ora, esta obra não pode ser considerada uma 2ª edição, em termos clássicos, porque na realidade o não é. Tem outro título, Florbela Espanca, Poetisa do Amor, outro indice temático e foram acrescentadas muitas páginas. Por outro lado, o actual título Florbela Espanca, Poetisa do Amor é o mesmo título que António Freire usou na conferência que proferiu na Câmara de Vila Viçosa, no dia 22 de Outubro de 1994, integrada nas Comemorações do centenário do nascimento da Poetisa.
Até o próprio autor acaba por reconhecer no «Antelóquio» que é um novo estudo: «Esgotada a 1ª edição de “O Destino em Florbela Espanca” urgia aprontar a 2ª edição para o centenário da Poetisa caliponense, que ocorre precisamente agora.
Como, porém, a remodelação e aumento da 1ª edição foram tão subtânciais, a começar pelo título, e como, por outro lado, se aproveitou o mais importante da 1ª edição, houve por bem rotular esta 2ª edição, modificando-lhe o título.
A obra fica a lucrar em conteúdo e em verdade e o leitor, enriquecido com novo e mais interessante material, não só não ficará iludido, mas gozará com maior prazer o encanto da maior poetisa portuguesa e uma das melhores do mundo.»
De facto, basta consultar o indice desta obra Florbela Espanca, Poetisa do Amor para ficarmos a saber que é um novo e profundo estudo sobre a Poetisa: «1. Conceito helénico do amor; 2. Conceito cristão do amor; 3. Florbela Espanca como mulher {a) Perfíl físico de Florbela Espanca. b) Perfil moral de Florbela Espanca: amor e sensualidade. c) Doença de Florbela Espanca. d) O suicídio em Florbela Espanca. e) Florbela Espanca e a política. F) Temperamento sensual em Florbela Espanca. g) Relações incestuosas?. h) A família de Florbela Espanca. i) Pessimismo e optimismo de Florbela Espanca⌡; 4. O génio de Florbela Espanca ⌠a) Genial, como mulher. b) Genial, no amor. c) Genial, como poetisa}; Conclusão: O destino em Florbela Espanca e Bibliografia.»
Florbela Espanca, Poetisa do Amor é o 67º livro escrito pelo Padre António Freire, sendo mais um notável estudo sobre a «maior poetisa portuguesa e uma das melhores do mundo», deste nosso conterrâno, nascido no Norte do Distrito de Leiria e um dos grandes vultos da cultura portuguesa.
Para os amantes da poesia e, em particular, para os admiradores da poetisa Florbela Espanca, deixo-vos aqui este seu genial soneto «Ser poeta». E no final cantado pelo Luís Represas, Trovante.

« Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendos
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e cetim…
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma e sangue e vida em mim

E dizê-lo cantando a toda a gente!» 

Descrição: Título: Florbela Espanca Poetisa do Amor
Ano: 1994 Edição: 2ª
Editora: Edições Salesianas Páginas: 152 Dimensões: 21×15 cm
Teísmo Helénico e Ateísmo Actual 
Título de um livro de cariz filosófico, editado pela Faculdade de Filosofia de Braga, na colecção «Pensamento Filosófico» (nº7), em 1983, da autoria do Padre António Freire, ilustríssimo ansianense.
António Jorge Freire Júnior, de seu nome completo, mais conhecido por António Freire, nasceu em 18 de Novembro de 1919, no lugar de Lisboinha, freguesia de Pousaflores, concelho de Ansião e faleceu em 18 de Fevereiro de 1997(1).
Teísmo Helénico e Ateísmo Actual é mais um notável trabalho do Padre António Freire. Resulta do trabalho de investigação e preparação para o Curso de História da Filosofia Antiga, dado por si na Faculdade de Filosofia de Braga e também da sua participação no 9º Colóquio Interamericano «Metafísica Cristã e Ateísmo Actual», realizado em São Paulo, Brasil, em Julho de 1981. Neste Colóquio o autor, apresentou como tese principal «Valores teísticos helénicos para a superação do Ateísmo actual». Pela sua participação neste Colóquio, o Presidente do Colóquio agradeceu ao Reitor da Faculdade de Filosofia de Braga, escrevendo: «Agradeço cordialmente por ter colaborado enviando para o 9º Colóquio Filosófico Interamericano o nosso caro Padre António Freire. Desempenhou-se de suas tarefas “summa cum laude”. É competente e brilhante. Foi muito aplaudido e admirado.»
Sobre a temática desenvolvida neste livro, que agora divulgamos, deixamos algumas informações retiradas da badana da contra-capa: «Aqui encontrará o leitor, além de uma panorâmica do Ateísmo antigo e actual, uma síntese global sobre a religião grega e um estudo aprofundado da filosofia helénica , centrada nos seus valores teísticos. Qualquer estudioso da Filosofia grega deparará aqui com ampla e actualizada análise dos problemas mais modernos sobre o pensamento dos Pré-Socráticos, dos Sofistas, de Sócrates, Platão, Aristóteles e Plotino.»
Tendo em atenção o que acabamos de enunciar, pouco mais há a acrescentar sobre a temática do livro. Apenas algumas informações sobre a sua organização. O livro está dividido em 5 capítulos, sendo: 1- «Panorâmica do Ateísmo». II – «Religiosidade do Povo Grego». III – «A Filosofia Grega em Demanda de Deus». IV – «Encontro Metafísico da Filosofia Grega com Deus». V – «A União Mística com Deus: Plotino». Conclusão – «Que Pensam e Dizem de Deus os Santos e os Sábios».
Teísmo Helénico e Ateísmo Actual é mais uma interessante obra deste nosso conterrâneo, António Freire, Prof. Catedrático da Faculdade de Filosofia, da Universidade Católica Portuguesa, onde leccionou História da Filosofia Antiga, Filologia Latina e Grega, Cultura Clássica e Filologia Portuguesa, sendo um dos grandes nomes da cultura clássica em Portugal e mundialmente reconhecido.
Descrição:Título: Teísmo Helénico e Ateísmo Actual
Ano: 1983 Edição: 1ª
Editora: Faculdade de Filosofia de Braga Páginas: 336 Dimensões: 24×17 cm
O Destino em Florbela Espanca 
Título de um livro, sobre a vida literária da poetisa Florbela Espanca, editado pelas Edições Salesianas, Porto, em 1977, da autoria de António Freire, ilustríssimo ansianense.
António Jorge Freire Júnior, de seu nome completo, mais conhecido por António Freire, nasceu em 18 de Novembro de 1919, no lugar de Lisboinha, freguesia de Pousaflores, concelho de Ansião e faleceu em 18 de Fevereiro de 1997(1).
António Freire começa por explicar porque se decidiu a fazer este estudo sobre uma das maiores poetisas portuguesas, Florbela Espanca. Diz o autor que «Este trabalho nasceu, como é óbvio, do entusiasmo que os sonetos de Florbela Espanca despertaram em mim, como despertarão em qualquer pessoa sensível a requintadas manifestações de beleza e de humanismo.»
Para logo de seguida nos relatar as razões da publicação deste seu trabalho: «… o móvel mais decisivo para a sua publicação, foi desfazer preconceitos erróneos que, frequentemente, se me deparam em estudantes de românicas, galvanizados pelo encanto mágico dos sonetos da poetisa calipolense, mas perplexos quanto a diversos problemas relacionados com a vida amorosa de Florbela e, particularmente, quanto ao desfecho da sua vida.»
Segundo o autor, o livro O Destino em Florbela Espanca, foi elaborado «com a minha reflexão pessoal e ajuda de outros estudos criteriosos, julgo poder legar a todos os florbelófilos (e o mesmo é dizer, a todos os amantes da estética e das letras) trabalho sério e elucidativo.»
Pelo seu índice podemos avaliar a dimensão e a profundidade deste estudo: «1. Conceito filosófico de ‘destino’; 2. Conceito literário de ‘destino’; 3. Política e filosofia em Florbela Espanca; 4. Temperamento sensual de Florbela Espanca; 5. Frustrações amorosas de Florbela Espanca; 6. Escorço biográfico de Florbela Espanca; 7. Perfil físico de Florbela Espanca; 8. Perfil moral de Florbela Espanca: o amor; 9. A doença de Florbela Espanca; 10. Florbela Espanca e o suicídio; 11. Relações incestuosas?; 12. Pessimismo e optimismo de Florbela Espanca; 13. O génio de Florbela Espanca (genial como mulher, genial no amor, genial como poetisa); Conclusão: O ‘destino’ em Florbela Espanca e Bibliografia.»
Na contra-capa do livro, ficamos a saber que este estudo do Padre António Freire é apontado como imprescindível para o conhecimento da obra poética de Florbela Espanca: «Era preciso um livro como este, com análise minuciosa dos sonetos e com variada documentação extrínseca, para desfazer equívocos e reabilitar a dignidade da poetisa calipolense, ofertando-lhe um busto moral bem mais belo e mais verídico do que o esculpido em mármore por Diogo de Macedo…»
O Destino em Florbela Espanca é o 39º livro escrito pelo Padre António Freire, sendo, como nos habituou, mais um estudo notável deste nosso conterrâneo, nascido no Norte do Distrito de Leiria e um dos grandes mestres dos estudos clássicos em Portugal.
Descrição: Título: O Destino em Florbela Espanca
Ano: 1977
Edição: 1ª Editora: Edições Salesianas
Páginas: 106 Dimensões: 21×15 cm

Publicou dezenas de obras sobre os mais diversificados assuntos. 
Colaborou em muitas revistas nacionais e internacionais.
Faleceu em Braga, no dia 18 de fevereiro de 1997.
Ao que parece ninguém no poder se aventurou para que as suas ossadas viessem repousar na terra que o viu nascer!
Com isso o desconhecer tantos anos?


FONTES
Blogue Terras da Ribeirinha
Pagina Facebook do Municipio de Ansião

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Ansião quer valorizar e exportar a bolota de Sicó

Parabéns à iniciativa do Congresso
                    
Pese os convites endereçados  não poder estar presente por motivos pessoais com a festa de família dos meus netos mais velhos, mas,  estive imbuída no Coração de Sicó!
Ansião está a tomar um Novo Caminho, a modernizar-se com iniciativas, a expandir horizontes onde finalmente se desenraizá da sua interioridade que a atrofia, e aos poucos como deve ser, lança a bolota, produto autóctone, no passado usada para alimento de suínos, e hoje a valorizar e já eleita, a chamar o progresso, exportação e turismo. Fantástico. Há dois anos quem se lembraria de apoiar e incentivar um Congresso da Bolota? Felicito a Autarquia de Ansião por ter abraçado o projecto pela mancha de carvalho cerquinho e azinhal .

No Jornal Serras de Ansião de Outubro de 2019
Despertei com o artigo de Carlos Miguel Freire Bernardino, presidente da Casan, na menção que corroboro: A preservação e fomento do carvalho cerquinho é imperativo e urgente ». Em total desacordo com o titulo da crónica - O carvalho não é só bolota! "Será que é apenas sobre a bolota que interessa fazer um congresso?!"
Porém, o carvalho dá lande para os animais e a azinheira é que dá a bolota. Nada de fazer confusão!
O presidente da Casan remata  parece-me que fazer um "Congresso" da Bolota" é porventura tão importante como estimular a plantação de medronheiros para fazer cremes para cosmética!
Convenhamos que não! 
Um final de crónica  no jornal, infeliz! 
Em tudo temos de dar sempre o benefício da dúvida. 
E ainda elogiar o empreendedorismo nesta temática muito profunda pelo que foi no passado e o que pode ainda a vir no Presente e Futuro!

Jornal Terras de Sicó de 24 de novembro de 2019
«O Município de Ansião Pretende valorizar e explorar a bolota de Sicó para promover a economia rural, o ecoturismo, a gastronomia e a região. 
Neste sentido, vai realizar o I Congresso Bolota de Sicó, onde propõe explorar as raízes do território, assente na maior mancha de carvalho-cerquinho da Europa. A iniciativa, que conta com a parceria da consultora ambiental Montante, decorre no fim-de-semana de 30 de Novembro e 1 de Dezembro, no Centro de Negócios, localizado no Parque Empresarial do Camporês. “Aproveitando a situação privilegiada do território, com a maior mancha de carvalho-cerquinho da Europa, e reconhecendo o subaproveitamento deste recurso, a autarquia pretende valorizar e explorar a riqueza desta espécie autóctone da região de Sicó, numa perspectiva de promoção da economia rural, do ecoturismo, da gastronomia e do território”, explica uma nota do município.Afinal, “o actual subaproveitamento deste recurso, quer a nível económico, quer a nível turístico, representa uma oportunidade única para a valorização desta riqueza autóctone da região de Sicó”. Assim, o I Congresso Bolota de Sicó visa fomentar o debate sobre esta temática, contanto para isso com “um painel de académicos de relevo” que abordarão, no sábado (30 de Novembro), “as potencialidades deste recurso, incidindo sobre a sua importância na região, o relevo que poderá vir a ter na demarcação do território e a importância subjacente à manutenção e protecção desta mancha de carvalho, merecedora da maior atenção por parte de todos os agentes da sociedade”.
Já no domingo (1 de Dezembro), os participantes serão levados por uma incursão pedestre pelo coração da mancha de carvalho-cerquinho, o Parque Ecológico Gramatinha – Ariques, para desfrutar da beleza e da riqueza paisagística.
De referir que o programa conta ainda com a confecção e a degustação de produtos à base de bolota, de comprovada importância para a alimentação humana.

Tomando o Livro que há anos o Dr. Arménio Vasconcelos me ofereceu na minha visita ao Museu de família em Almofala de Cima, Figueiró dos Vinhos
Evoca a origem do passado dos nossos avoengos cujas culturas estão enraizadas na região. Extraordinária intensidade ao chamamento às raízes que também comungo do Mar Mediterrâneo.  Jamais algum historiador e investigador, estudou a origem de povos aqui aportados do mar Mediterraneo quem trouxe além do pinhão, o carvalho. 
Dr. Arménio Vasconcelos na sua visita à Hélade impregnou a sapiência das suas raízes (...) ao sensibilizar quem o ler, em fazer a mesma viagem, pelos mesmos ou diferentes meios, por certo estar que todo o homem deve conhecer as origens da civilização em que nasceu e vive; origens que, no nosso caso, assentam inequivocamente no leito criselefantino denominado Hélada...

Um poema aleatório que fala Dos carvalhos de Dodónia
Partida de Itália
Subo ao convés do barco
E ouço o sulcar
Da proa
Ondulando o mar
Numa estrada de espuma
Em direção à Hélade.
A claridade desponta
Enquanto o nevoeiro se esfuma
E de frente aparecem
As ondas do Mar Jónio
Transportando mensagens
Respostas-convite,
Proferidas por Zeus
Dos carvalhos de Dodónia.
E vejo no mar refletido
Como espelho, o céu,
Cobrindo o Olimpo
Com um alvo nimbo
Onde chegaremosDepressa:
Tu e eu Odysseus!
Só poe este momento
Breve
Valeu a pena a longa viagem. Adorei.

Avivando o passado de Ansião, riqueza que ditou muitos topónimo com o nome Carvalhal, como de apelidos em homens que foram tomadores de varas de porcos, ainda vivos na Lagarteira. 
E, os  relacionei em pedidos de passaportes para emigração, sobretudo para o Brasil ; Granadeiro e Ganaio, entre outros . 

O passado de Ansião com nobres ligados a Senhorios ao alto Alentejo, sendo óbvio levavam consigo nas viagens de um lado para o outro serviçais. Na movimentação de varas de porcos ruivos, em manada do Alentejo, para Chão de Couce, Lagarteira, Sarzedela, Martim Vaqueiro, Santiago da Guarda, e os Andrés em Ansião, entre demais, os porcos eram alimentados pelos montados com lande e bolota. 

Em meados da centúria de 600, a reclamação dos foreiros da Quinta das Lagoas, da herdade do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, sobre uma saboaria que se tinha instalado em Ansião. Ao queimar muito carvalho, com isso menos lande para engordar os porcos, o que ditou o seu fim . 

Prefaciar o Padre Cardoso em 1747
« Muitos carvalhos, que produzem muita bolota, pasto dos porcos que em grande quantidade se acham na terra de Ansião; e é tanta que dela se utilizam muitos outros, que de fora vem aqui buscar o sustento com grosso interesse dos moradores e pela bondade dos pastos, são as carnes excelentes»

O padre refere carvalhos que produzem muita boliota, devia ter escrito lande.
Duas riquezas que se perderam e outrora abundantes nas serras de Ansião - a grã e as varas de porcos ruivos foi activa até meados do século XX em Ansião. 
O que ainda existe no concelho de Ansião é a mancha de carvalho cerquinho e outras espécies como o alvarinho na Mata Municipal de folha larga e o negrão está a irromper nas ribanceiras da Mouta Redonda, em Pousaflores cujas raízes ficaram no subsolo depois dos costados arroteados e o abandono da agricultura  de novo estão a emergir e a ocupar o seu lugar de árvore autóctone. Tanto o carvalho como o carrasco, todos dão o fruto, em forma de bolota, chamada lande, que no passado foi alimento para porcos, javalis e outros animais selvagens e ainda para estrumar as terras.

Triste é passar pelo Vale da Couda e pisar a calçada coberta pelo grande manto de lande que ninguém apanha , como no Escampado em carvalhos seculares... A bolota comestivel da azinheira é um produto mediterrânico e biológico, não pode nem deve ser desperdiçado. 

A divisão da propriedade em minifúndio característica na região é difícil para a introdução do que foi no passado o montado em Ansião , a ser de novo  possível com acordo dos proprietários na união como se faz hoje com as reservas de caça para se apostar em varas de suínos e rebanhos de ovelhas em redescobrir riquezas do passado a rivalizar montados de Montemor o Novo, de onde teria sido a sua origem. O Congresso serviu para acordar mentalidades e se agir!

Doçaria
No passado havia quem torrava a bolota para fazer farinha e biscoitos, seria de bolota a farinha dos famosos biscoitos produzidos em Coina que iam nas caravelas e aguentavam meses ?
No passado o primeiro pão era  feito com castanha e bolota.
Os exemplares de carvalho seculares deviam ser protegidos e classificados por espécies no concelho.
Também não devem ser abatidos como constatei um exemplar de diâmetro extraordinário a caminho do Escampado de Calados.Nem sei como foi possível cortá-lo, olhando ao tamanho da serra necessária ...
A bolota servirá depois de estarem os seus nutrientes estudados útil para compotas e afins entre novas oportunidades que venham a surgir brevemente no mercado do empreendedorismo como os pastéis de bolota .

Pastelaria confecionada pela pastelaria Nabão no Moinho das Moutas

A criatividade aos dias d'hoje deve ser exigente e primar pela diferença para ganhar à concorrência . Com todo o respeito o bolo tipo queijada ou pastel, se mostra em demasia  escuro e não encanta o meu olhar, e os olhos também comem. 
Quem sabe se bolinhos ao jus de bolotas, cujo pé na parte da casca coberta com doce e fios de ovos, me parece ser mui apelativo ao olhar... 
A moda de comer pasteis de bolota vai pegar prefaciando as palavras sensatas do Sr Presidente da Câmara de Ansião . 
Finalmente o concelho está a modernizar-se e a lançar-se em desafios novos para o seu maior engrandecimento. 
A Lurdes se quiser aproveitar a minha ideia para apresentar outro formato de bolinhos de bolota na Feira dos Pinhões, está à vontade!
Outras especialidades presentes no Congresso com bolota
Espera-se aposta no doce de bolota para barrar. No Alentejo  já se produz.

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