domingo, 5 de setembro de 2010

Prazer andar de mota. A minha primeira vez!

A minha irmã junto à gruta do Calaias
Caso raro a minha irmã permitir o registo de fotos...estava feliz!
 O "Calaias" …Quem se lembra de ouvir falar do Teixeira -, homem das Louriceiras de Santo António que serviu na 1ª guerra mundial? - homem traumatizado com a guerra, com o que por lá viu e viveu - quando regressou à terra andava assustado e atormentado e decide fugir a pé para França com medo de outra guerra por cá. Apanhado e repatriado, nunca mais quis morar nas Louriceiras -, homem solitário decide procurar as grutas onde teriam vivido as moiras nos Pois, quem o via diz que subia para o seu esconderijo por uns altos paus, até levava um cântaro com água da ribeira do Nabão às costas . A gruta situa-se na costa do serrado da Mata da Mulher -, onde a Ti Eufrofina do Carvalhal a Ti "Porfina" como eu a chamava por aqui andava na sua propriedade a pastar o gado -, viu algumas vezes o bom do "Calaias" na borda da ribeira ao sol.
Hoje, a altura do penhasco dá a sensação de ser mais alta porque desterraram bastante o morro no sopé da escarpa.

A minha irmã neste primeiro domingo de setembro depois do almoço convidou-me numa volta de mota pelos Escampado de Santa Marta em frente da capela.

 A caminho do Marquinho por caminhos de terra batida, sentir a aragem fresca dos carvalhos e dos pinheiros -, apreciar muros de pedra solta, fatalmente ver o leito branco de limos secos do Nabão!
 
Acreditem, pela primeira vez não hesitei, aceitei no momento, perguntei se tinha capacete - deu-me um com a virola desatarachada, nem sabia fecha-lo - seguimos caminho parámos em Santa Marta junto à capela na apertada subidita para o da Lagoa deixou o motor ir abaixo...queixou-se que tinha pouca gasolina, atrevida pedi-lhe para irmos descobrir um caminho mais adiante que poderá ser um troço da calçada romana...mas ela não se aventurou, o troço é difícil com muita pedra miúda, ainda caiamos as duas...
Chegámos ao Marquinho o leito do Nabão  dava dó coberto por um manto branco de agriões e limos ressequidos. Parámos junto às grutas do Calaias, irresistível fotografar a ponte - julgo romana, o que fiz.
 
Continuámos na nossa rota e nos Moinhos de S. João rumámos noutra estrada à pouco roteada , sempre a subir fomos ter às imediações da Costa do Castelo, a paisagem é avassaladora, os cheiros a tomilhos secos, eucalipto, os muros de pedra solta a fazer de canteiros nas parcas courelas, amei!

No Escampado de S. Miguel registei esta foto de uma janela típica da região - caixilho em madeira com apenas uma pequena abertura em vidro - como seria a luz que entrava por ele sendo tão pequeno...logo imaginei a mulher que nesse quarto dormia e pela noite tirar do cabide a  camisa de estoupa grossa para afugentar as pulgas, e assim se livrar delas...
No regresso demos uma volta de cortesia no nosso Bairro de Santo António, onde vivemos a nossa infância e adolescência, entramos fanfarronas a rir, quem nos viu ficou de boca aberta.Somos assim -, umas libertinas desde miúdas fazemos sempre o que nos dá na realgana!
A casa onde vivi a minha infância e adolescência de caras para o adro da capela-
Bom ter chegado aos 50 anos!
Perdi muitos medos. Andar de mota sempre foi um deles, em miúda com o meu pai que tinha uma motorizada, um belo dia ele convidou-me , logo no arranque fiquei de pé....
Nunca, até domingo tinha sido capaz. Senti-me muito mais feliz e jovem, adorei ter experimentado sensações de frescura, de risco, de aventura, fiquei mais confiante, mais forte, mais Mulher!

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