As duas casas ao cimo do quelho do Vale, já não existem. Atrás do gato a casa de porta aberta sob o comprido tinha na fachada uma janela-, a casa do bisavô do meu marido, o Ti Miguel que tinha um burro, se chegava ao fim do dia com "um copito na asa" se mostrava muito teimoso com o vinho em teimar com o burro para entrar de marcha atrás no curral, a pobre mulher, que dela se dizia ser uma santa, pela paciência em o aturar dizia-lhe " o palerma do burro é teimoso, é..."
Para baixo, a casa pegava paredes meias com a da avô Brísida da minha mãe, outra santa mulher, um casebre que o conheci no meu tempo palheiro e onde se arrecadava lenha, a seguir a casa dos meus avós Maria da Luz Ferreira e José Afonso Lucas.
A minha mãe com 79 anos na quelha do Vale -, do lado direito foi a casa onde nasceu a 27 de julho de 1934, no dia de S. Panteleão ( o pai tinha saído de madrugada com a carroça para a feira de Figueiró dos Vinhos) num dia radioso de sol com os passarinhos a chilrear no ribeiro que desce da Nexebra.
Chegou o maldito dia em que a Câmara resolveu derruba-la por uma dessas máquinas de lagartas para alargar a estrada, mas que estrada, tudo continua selvagem.Sinto uma nostalgia que invade a minha alma, pelo que se perdeu!
Aqui era a casa da Maria, onde se faziam os bailaricos no tempo da minha mãe.
Uma "broa inteira" no dizer da boca de sua mãe aos rapazes na saga de lhe arranjar um bom partido, quando casou foi viver para Monte Real.
O sítio da casa dos meus avós maternos na aldeia de Moita Redonda, freguesia de Pousaflores, concelho de Ansião, distrito de Leiria.Tanta saudade e tantas horas felizes por lá vivi na companhia da minha querida avó. Costume nesta vida, tudo tem um fim!Chegou o maldito dia em que a Câmara resolveu derruba-la por uma dessas máquinas de lagartas para alargar a estrada, mas que estrada, tudo continua selvagem.Sinto uma nostalgia que invade a minha alma, pelo que se perdeu!
Bem sei que só restavam as paredes e a chaminé altaneira pintada de ocre, as lembranças tão frescas na minha memória da sua elegância e imponência, destacava-se na aldeia, quem diria, tão simples, vulgar, mas foi assim que sempre olhei para ela, feita pelo sobrinho António do Vale, pedreiro, aqui nascido, tal como os irmãos, ficou-lhe a alcunha . Adorava contempla-la como referência do alto do outeiro da mina de S. João quando aí ia buscar o barril de água fresquinha. Lembro alguns motes do passado que me tem sido contados pela minha mãe.
A quelha do Vale, o sítio onde foi a casa dos meus avós Lucas, na esquerda, a seguir à oliveira. Que saudade!
A quelha do Vale, o sítio onde foi a casa dos meus avós Lucas, na esquerda, a seguir à oliveira. Que saudade!
Os meus avós maternos José Afonso Luvas e Maria da Luz Ferreira
Pelo Natal a tarefa da minha tia Záira, irmã mais nova 10 anos que a minha mãe, era a fritura dos sonhos. Usava a lúgrebe casa velha da avó Brísida onde o Prof José Lucas nasceu e viveu até os pais mudarem para a sua casa no cimo da aldeia. Enorme o tacho de esmalte azul às pintinhas brancas cheio de azeite a ferver que fora de fazer o "Verde" no casório do irmão Carlos -, gulosa e sôfrega aquela tia comia mais sonhos do que os apresentados à mesa na palangana de faiança na consoada...Do cheirinho do aferventado que saia da panela ao lume de couve galega ou de nabos com feijão frade ou feijão de debulhar e até feijocas, depende se era verão ou natal, depois a via a esfarelar broa para uma taça e em cima punha-lhe o aferventado, o que sobrava era janta para o dia seguinte, o requentado, a que ela chamava carinhosamente fertungado, usava um tacho de barro com o fundo alagado em azeite a estalar dentes de alho e folhas de louro, juntava as sobras do aferventado com as migas de broa escorridas e com a colher de pau mexia até ficar tudo desfeito, o cheirinho era tão bom, como o arroz de bacalhau com colorau, e da galinha corada com batatinhas.
Conheci a minha avó só com um dente -, comia papas de milho e sopas de pão duro com queijo de mistura meia cura partido aos bocadinhos amolecido na quentura da cevada. A minha mãe nunca suportou que eu a imitasse, confesso que ainda hoje gosto,uma malga de sopas de café com queijo do Rabaçal!
Gostava de ir ao galinheiro buscar os ovos para fazer gemadas com açúcar amarelo para ser forte, no pensar da avó.Boas as bonequinhas de açúcar que chupava como se fosse rebuçados. No pequenito quintal enviesado, recordo a flor vermelha das feijocas serpintadas de branco junto ao jardim da eira, ladeadas de couves galegas e couve nabo.Prazer de calcorrear os carreiros por entre os leirões ao lado das levadas de água fresquinha... A chegada da civilização com o toque da corneta do carteiro ao cimo da aldeia no Fôjo, em meio tempo ouvia a Ti Rosa em gritaria "oh comadre parece que vejo o carteiro a subir a quelha ", sinal de notícias de Angola, da Titi ou da minha mãe que abusava nas férias no envio de mimos e guloseimas que a avó guardava na pequena arca do seu quarto. Eu à socapa gostava de lá ir espreitar e surripiar qualquer coisinha.Um belo dia fui apanhada, ouvi sermão, missa cantada e ainda sofri um castigo, era inverno a noite caia cedo, obrigou-me a ir ao alpendre buscar lenha para o lume.Assustada ao rebate de xisto da porta abaixo do nível da casa naquela hora parecia maior, ou eram as minhas pernitas a tremer que não o conseguiam subir, lá fora só enxergava uma imensa escuridão e o barulho do vento a bailar nos altos ramos dos eucaliptos.Imagine-se, só havia luz eléctrica dentro de casa.Corajosa, enchi o peito de ar e saí a rezar naquela de partilhar ajuda, "Jesus vai comigo, eu vou com Jesus" e consegui por apalpação encontrar os gravelhos de pinho!
Conheci a minha avó só com um dente -, comia papas de milho e sopas de pão duro com queijo de mistura meia cura partido aos bocadinhos amolecido na quentura da cevada. A minha mãe nunca suportou que eu a imitasse, confesso que ainda hoje gosto,uma malga de sopas de café com queijo do Rabaçal!
Gostava de ir ao galinheiro buscar os ovos para fazer gemadas com açúcar amarelo para ser forte, no pensar da avó.Boas as bonequinhas de açúcar que chupava como se fosse rebuçados. No pequenito quintal enviesado, recordo a flor vermelha das feijocas serpintadas de branco junto ao jardim da eira, ladeadas de couves galegas e couve nabo.Prazer de calcorrear os carreiros por entre os leirões ao lado das levadas de água fresquinha... A chegada da civilização com o toque da corneta do carteiro ao cimo da aldeia no Fôjo, em meio tempo ouvia a Ti Rosa em gritaria "oh comadre parece que vejo o carteiro a subir a quelha ", sinal de notícias de Angola, da Titi ou da minha mãe que abusava nas férias no envio de mimos e guloseimas que a avó guardava na pequena arca do seu quarto. Eu à socapa gostava de lá ir espreitar e surripiar qualquer coisinha.Um belo dia fui apanhada, ouvi sermão, missa cantada e ainda sofri um castigo, era inverno a noite caia cedo, obrigou-me a ir ao alpendre buscar lenha para o lume.Assustada ao rebate de xisto da porta abaixo do nível da casa naquela hora parecia maior, ou eram as minhas pernitas a tremer que não o conseguiam subir, lá fora só enxergava uma imensa escuridão e o barulho do vento a bailar nos altos ramos dos eucaliptos.Imagine-se, só havia luz eléctrica dentro de casa.Corajosa, enchi o peito de ar e saí a rezar naquela de partilhar ajuda, "Jesus vai comigo, eu vou com Jesus" e consegui por apalpação encontrar os gravelhos de pinho!
A primeira filha dos meus avós veio à luz no dia 31 de Dezembro de 1911 em plena serra do Mouro, sábado, vinham de fazer a feira em Ansião, não deu tempo para esperar, era a hora, deitada na carroça entre os panos da tenda ajudada pelo pai a vir ao mundo nasceu a Maria Augusta, Maria da Luz, nunca soube, sempre a conheci e amei tratar por Titi, menina baixinha, graciosa de cabelo escuro.Enternecedor o gesto do seu pai meu avô em querer fazer dela uma menina fina, mandou-a para Coimbra estudar, naquele tempo no sótão da casa haviam poceiros abarrotar de sapatos e chapéus, aquela tia foi muito vaidosa no seu tempo de menina e moça. Casamento da Titi na Vidigueira, com chapéu.Teve duas meninas, teimou que a primeira viesse nascer na Moita Redonda, era um bebé grande, sem assistência médica, só a mãe e curiosas, veio a falecer. A seguir nasceu o Carlos, rapaz louro a puxar para o albino, endiabrado, de mau feitio pelos maus tratos à sua mãe, enquanto o pai andava no giro pelo Alentejo, fugia à escola, passava tempos numa taberna à beira do caminho ali ao Furadouro, também a roubar fruta pelos campos com outros rapazes, um dia a mãe encontrou o professor Cardo, e questionou-o sobre o aproveitamento do filho, este espantado respondeu-lhe, "oh mulher, ele não me aparece na escola há coisa de seis meses" enraivecida, cansada de lhe fazer a bucha todos os dias para ele levar para a escola, confrontou-o com o sucedido, este ligeiro respondeu, "oh mãe,eu não preciso de ir à escola, até lhe digo, sei mais, do que o professor"!Tiveram sete rapazes. A seguir nasceu o Alberto de parecenças a meias com a mãe e o pai -, bonito, de olhos para o esverdeado, lírico, poeta, na quaresma punha-se dentro do poço do engaço a tocar concertina, a mãe beata, se o ouvisse batia-lhe, tal a afronta. Parado ao rebate da eira olhava para a Portela, para enxergar a sua amada...Com quem casou e tiveram duas lindas filhas.
Tia Clotilde |
Seguiu-se a Clotilde, mulher esperta para o negócio, morena a reivindicar heranças de moira por parte de mãe era de "olhão e veia para o negócio"aprendeu costura e bordados nos Cabaços.Teve um namorado rico do Carregal, já tinham as casas quase feitas, chatearam-se, ela deixou-o.Foi para Angola e ai casou com o Américo Fernandes, seu vizinho da Horta, e tiveram 3 filhos. A Rosária era loira de parecenças ao pai de genes dos foragidos das invasões francesas que por aqui passaram, no seu tempo já tirou o 2º ano e foi Regente escolar na escola de Albarrol onde esteve com a minha mãe que com ela andou em roda viva.Não teve filhos, todos os sobrinhos são afilhados menos eu!
Foto no adro de Pousaflores no dia de festa, o meu tio Alberto Lucas, a Clotilde, a minha mãe, pequenita junto da fogaça, a Rosária , Zaira, e a Maria Augusta a Titi. Na frente de chapéu, fato e colete, de mão a ir ao bolso o outro irmão Carlos Lucas, de feitio arisco, nada dado a estas modernices...A Titi de chapéu!
A minha mãe pequenita com a irmã Clotilde de vestido branco e laçarote
Em tempos de menopausa nasceu a minha mãe - Ricardina, a mais bonita de todos, loira de olhos verdes, e muito branquinha, até diziam..."tão linda, quem havia de dizer que é filha da Ti Luz", menina na mão das bruxas recebeu muitos mimos,o pai pela altura das festas gostava de as presentear com um bom tecido para fazerem vestidos novos, as mais velhas com ciúmes, diziam que a minha mãe não merecia, ainda era pequena, naquilo o meu avô respondia,"é para todas igual, são todas minhas filhas".
A minha mãe sempre foi muito bonita!
Desde a primária andou com a casa às costas para estudar, primeiro com a irmã Záira por Albarrol e Maças de D. Maria, depois com o primo Zé Lucas em Santiago da Guarda e Ansião. A casa dos seus pais o pronúncio de casa farta, rica, a mais abastada e maior no seu tempo na aldeia de Moita Redonda, muito castiça para a época e grande com três entradas. Do
lado do quintal havia um grande alpendre com o chão em terra com porta para uma saleta com uma janela, só me lembro que tinha
uma mesa, desta fazia-se a ligação para a cozinha e para o corredor de
acesso à casa de dentro. Cozinha
pequena de janelo virada ao sol, sob este a pia em laje vermelha de lavar a loiça, sob o lume uma grande panela de ferro com
água fervente.Enorme chapéu da chaminé para curar os enchidos, do outro lado
uma parede em tabuado onde se guardava a lenha e o banco corrido onde se
sentou em tempos o meu avô. Ainda os tripés e a tripeça para nela se
comer ao aconchego do lume. Já
no lado poente a escadaria em pedra dava acesso à porta principal da
casa, onde nascia um corredor, do lado direito a famosa sala da varanda
com muitas janelas num convite de lazer apreciar floreiras de madeira
carregadas de begónias de todas as cores, uma mesinha oval feita pelo meu tio
Alberto, cadeiras de encosto à parede e uma grande arca em madeira que servia de cama quando
era necessário, nas paredes fotografias -,uma com a minha mãe com 18 anos,
soberba envergava lindo vestido onde sobressaiam os seus belos cabelos
compridos. Outra
das entradas da casa ficava a nascente onde rompia outro corredor que ladeava um
quarto de cada lado -, um dos rapazes e o outro das raparigas, ao fundo a
sala de jantar e o quarto da minha avó onde eu dormia com ela. Da
sala ainda me lembro do louceiro com pedra mármore muito bonito, a
fazer parelha com outro com espaldar e grande mesa oval , mobília
comprada pela minha Titi, quando a avó faleceu tinha 9 anos, esta
levou-o para a sua casa, mais tarde foi para a casa da minha prima Isabelinha por esta
também se encantar com antiguidades, ainda a vi na sua casa em Leiria,
não posso deixar de lembrar o rocambolesco episódio passado com esta minha
prima ao perguntar onde era a casa de banho-,a avó coitada, olhou para
ela e num gesto de olhar e com as mãos mandou-a ir ao quintal, há muito que a
retrete de madeira que o tio Alberto fizera tinha caído, menina
habituada a casa de banho e a folhas da lista telefónica, ali teve de se desenrascar ao léu e com
um telhito... Boas
lembranças invadem o meu estar das noites à lareira, ouvir o
crepitar das carcóvias dos pinheiros e dos galhos dos eucaliptos,
sentadas em tripés, comíamos a janta da mesma palangana de faiança sob
uma tripeça, empunhávamos garfos de ferro com cabo de madeira, bebia-se
um copito de vinho com sabor esquisito, por lá chamado "coveiro",umas passas de figo pingo mel, nozes, ainda um pixel de abafado!
O
que eu gostava depois da janta beber um pixel de abafado, servia para
aquecer o corpo naquelas longas noites frias de Dezembro.
Dormir na cama de ferro, com mantas de trapos feitas no tear e cobertores de papa às riscas da Guarda.
A casa entrou em declínio com a trombose que o meu avô sofreu no início de 1950. Rapidamente tudo se esfumou, não teve nenhum dos seis filhos que continuasse o negócio de família naquela casa. Cada um se governou como pode. A minha mãe, só tinha 18 anos quando o pai faleceu, andava a estudar em Ansião no Externato António Soares Barbosa.A mais decidida das irmãs, arrancou os móveis da loja e deu-os ao irmão para a sua nova loja em Pousaflores . Apoderou-se da casa uma tristeza, dizimaram tudo o que havia e ainda deixaram a minha pobre avó na ruína com uma dívida de doze contos na altura.Foi o meu pai que nesse tempo lhe arranjou uma espécie de reforma para ela sobreviver. Voltar àquela aldeia e confrontar-me com tamanho abandono parada a olhar a quelha que lhe dava acesso sem ser limpa, em frente à casa no ribeiro, o meu tio Alberto tinha feito um dique que servia de ponte e açude a caminho das Hortas, e à mina férrea para cozer os grelos e o aferventado, ficarem verdinhos, nada quase hoje existe, tudo é muito desolador.
A casa entrou em declínio com a trombose que o meu avô sofreu no início de 1950. Rapidamente tudo se esfumou, não teve nenhum dos seis filhos que continuasse o negócio de família naquela casa. Cada um se governou como pode. A minha mãe, só tinha 18 anos quando o pai faleceu, andava a estudar em Ansião no Externato António Soares Barbosa.A mais decidida das irmãs, arrancou os móveis da loja e deu-os ao irmão para a sua nova loja em Pousaflores . Apoderou-se da casa uma tristeza, dizimaram tudo o que havia e ainda deixaram a minha pobre avó na ruína com uma dívida de doze contos na altura.Foi o meu pai que nesse tempo lhe arranjou uma espécie de reforma para ela sobreviver. Voltar àquela aldeia e confrontar-me com tamanho abandono parada a olhar a quelha que lhe dava acesso sem ser limpa, em frente à casa no ribeiro, o meu tio Alberto tinha feito um dique que servia de ponte e açude a caminho das Hortas, e à mina férrea para cozer os grelos e o aferventado, ficarem verdinhos, nada quase hoje existe, tudo é muito desolador.
Casa da Lenha no sopé da Nexebra que foi da avó Rosa do meu marido-, dentro dentro dele irrompe o xisto em fúria!
Saudade de tomar banho na frente da casa da lenha da Ti Rosa, onde o ribeiro se espraiava no baixio depois da descida, lembro das figueiras enfezadas e pedras brancas para lavar a roupa trazidas da serra do Anjo da Guarda. O que eu brincava na pia de pedra no acesso ao quintal e entrada da casa com raminhos de oliveira, outrora nela o macho e a mula saciavam a sede. Hoje metade do quelho está alcatroado. Ao tempo houve quem vomitasse desculpas, com a quina da casa dos meus avós, alvitrando que a máquina não passava -, pura mentira, o terreno até ao ribeiro dá largura, o problema foi com a vizinha Maria, casa sita ao início do quelho, que não deixou alargar por causa de um poçito. Infelizmente já faleceu, mas bem se aproveitou do empreiteiro, que obrigou que lhe fizessem os degraus em plena via e ainda as valetas cimentadas, que o mesmo preceito não foi feito a outros moradores, e o deviam. A seguir à sua casa ficava o típico balcão de acesso ao barracão que foi da avó Rosa, do meu marido, tendo sido retirado, com a menção de fazerem uma escada e nada fizeram, estando sem acesso à alta porta. O certo era a estrada ser alargada às imediações do ribeiro para em caso de incêndio, os carros poderem passar ficando ao cimo do quelho ou beco um farto largo para manobras.
Ao tempo a Junta, falou da intenção em calcetar o resto do quelho, mas até hoje nada fez!
Ao fundo o mítico largo ao ribeiro, onde o táxi me deixava.
Quis a sorte que a minha mãe por herança recebesse um terço daquela casa. No entanto por razões que agora não interessam a vendeu a outra irmã que tinha sobre ela o maior quinhão. Desígnios e lamentações que nos custam ainda hoje aceitar!
Se a minha mãe a tivesse comprado em vez de a vender...só sei que hoje estaria recuperada como só ela durante anos demonstrou saber e gostar de fazer, nas várias que possui.Adora fazer obras, um fascínio que tem em preservar e de criar.
Aquela casa morreu de pé como as árvores, depois da derrocada do telhado, do soalho e das paredes apenas a chaminé sobressaia naquele espaço de completa ruína. Ficaram ainda no quintal a velha laranjeira,o pessegueiro,a nogueira, a tangerineira e o sabugueiro que ainda teimam continuar de pé. O pior? O imenso emaranhado de silvas e rosas de silvão a fazer lembrar as rosas de Alexandria muito cheirosas entrelaçadas na imitação copiosa de desenhos em cúpulas a subir em direcção ao céu, as preferidas da minha avó Maria da Luz!
Aquela casa morreu de pé como as árvores, depois da derrocada do telhado, do soalho e das paredes apenas a chaminé sobressaia naquele espaço de completa ruína. Ficaram ainda no quintal a velha laranjeira,o pessegueiro,a nogueira, a tangerineira e o sabugueiro que ainda teimam continuar de pé. O pior? O imenso emaranhado de silvas e rosas de silvão a fazer lembrar as rosas de Alexandria muito cheirosas entrelaçadas na imitação copiosa de desenhos em cúpulas a subir em direcção ao céu, as preferidas da minha avó Maria da Luz!
Maria Isabel, gostei imenso deste seu post, que tanta informação me forneceu de tempos idos.
ResponderExcluirAinda bem que a partilhou conosco, pois desta maneira se vai conhecendo mais o quotidiano português dos inícios e meados do século XX.
Manel
Obrigado Manel pelo seu comentário.
ResponderExcluirAs recordações tem este dom maior de nos elevar e fazer sonhar...
Que bom que gostou.
Ainda falta ser corrigido por outro amigo também Manel, historiador e professor, possivelmente a vir a ser editado em livro...não é interessante?
Estou a brincar, ele tem sido um amigo que amante da mesma terra Ansião, partilhamos gostos pelo património e não só, tem lido alguma coisa e com isso incentivou-me a continuar a escrever...
Sendo dois, fico mais crente para continuar
Beijos
Isabel
Isa
ResponderExcluirComo gostei de a ler!
Refere lugares, pessoas,objectos e rotinas que muito me fizeram lembrar os nossos contos tradicionais.Por outro lado,e mais uma vez, ao ler os seus posts, vou direitinha às recordações da minha breve estadia por terras Lusas,estadia essa dividida pela casa das duas avós. Uma, senhora urbana, com "berço",austera e amargurada com a vida.Outra, mulher do campo, de gargalhada forte,não se inibia de mimar os netos.E é desta última e da sua casa, que os seus textos me fazem lembrar.Não me alongo mais, nestas minhas recordações, pois não quero utilizar abusivamente este seu lugar.
Pensando bem, até seria um tema interessante para o meu blog. Afinal, eu gosto da minha avó Palmira :) Que acha?
Bem haja Isa. Beijinhos
Maria Paula
Obrigada Maria Paula pelo seu comentário
ResponderExcluirGentis como sempre as suas palavras.
Claro que sim,que deve escrever as suas memórias da sua avó querida e até da outra.
Eu ainda vou fazer outro post com os avós paternos.
Nem sempre boas recordações, há no entanto sempre coisas deliciosas que vale a pena recordar
Bewijos
Isabel
Olá!
ResponderExcluirGrande blog, perdi-me nas suas escritas, revivi a minha meninice, emocionei-me e gargalhei, senti emoções quase esquecidas...
O meu obrigado pela partilha.
PS: escreve muito bem, numa escrita clara e objectiva. Leva-me a crer que é um estudioso do Português, ou então alguém muito dotado e que deveria escrever um livro...
Bem haja!
Rogério Pires
Caro Rogério Pires seja bem vindo ao meu blog.
ResponderExcluirMuito obrigada pelo grande elogio que me teceu.Depois da brutal gripe iniciei o mês a rir de satisfação, bem haja!
Escrevi de facto um livro sobre as minhas memórias baseado em posts aqui escritos, outros me lançaram também o repto para o fazer. Está "encanado" na câmara de Ansião, ainda a semana passada enviei um email a perguntar
à vereadora da cultura "se sim se sopas"...e nada até agora.
Confesso que adoro escrever, alivia-me a alma, transporta-me ao passado, faz-me sonhar, enfim dá-me um imenso prazer, até "vomitar" assuntos que teimam deixar a minha cabeça nas desgraças do dia a dia.
Sempre fui má aluna, culpa dos professores que nunca me souberam cativar e iluminar com a riqueza da sabedoria. Também dos meus pais que tendo estudado mais do que eu, mas por falta de tempo esqueciam-se de me dar carinho e tempos, explicando as coisas para as aprender, saber a sua riqueza para o meu futuro.
Pior, foi a minha vida profissional, acabei como gerente bancária onde a minha vida era passada na emissão de pareceres de crédito com limitação de carateres, o que me obrigava a escrever tipo mensagens para engrandecer o cliente, a minha arma de sedução para a obtenção do crédito...quando me decidi aos 5o anos acabar o antigo 7 ano nas Novas Oportunidades,deparei-me com imensas dificuldades na escrita corrida...tive de reaprender, quem lê de inicio os posts apercebe-se disso exatamente...
Continuo em progressão sem nunca ser perfeita!
É o meu jeito, sou eu no meu melhor, sincera, franca, usando as palavras do dia a dia.
Abraços
Isa
Sra D. Maria Isabel
ResponderExcluirTambém eu me deliciei com este belo texto. Relembrei a minha infancia com muitos pontos em comum e com a particularidade de também eu ser natural da Freguesia de Santiago da Guarda(Lugar de Boavista). Vou estar atenta à publicação desse seu livro e que não vou deixar de adquirir.
Bem Haja !
Lucinda
Cara Lucinda da Boavista, seja bem vinda ao meu blog. Muito obrigada pelo seu comentário. Temo dececioná-la já que a vereadora da cultura, de Santiago da Guarda me disse que por razões orçamentais tal não ser possível...Lamentavelmente constato que publicaram um livro de poesia e agora na agenda que publicam não sei se mensal, a minha mãe disse-me que vão publicar outro. Como vê a nossa escrita não agrada a todos...
ResponderExcluirBem Haja a Lucinda por ter a coragem de deixar o seu testemunho, sendo um texto já lido por mais de 400 pessoas.
Excelente Páscoa, este ano não vou, estive lá agora, está friooooo e o Nabão vai seco e gosto dele com água a correr com agriões floridos .
Um abraço
Isabel