terça-feira, 27 de março de 2012

Estreia na feira de velharias em Torres Novas

Em rota de fim de semana prolongado, tinha na agenda o prazer de fazer uma feira na região centro. O dia escolhido foi domingo em Torre Novas.Com a mudança da hora, cheguei em cima das 9 . Perguntei a um colega se havia alguém organizador da feira, resposta prática e platónica -, "não". Com a pressa da escolha do local não acertei pela  falta de prática e de jeito.Tenho os caixotes com a mercadoria divididos em melhores e piores...
  • Decididamente os que levei eram francamente os restos, os piores.
Na andança com os caixotes pelas mãos a caminho do terrado o  meu marido ouviu "entre dentes" um dos colegas (Joaquim cigano) a dizer para outro..."de onde vieram estes"...Até parece que não estou licenciada para vender velharias.Estou sim senhor!
Em pressas, vi uma colega (Ermelinda) que não conhecia ir com o marido que se começou a sentir mal, por causa dos diabetes, o pequeno almoço já devia estar no bucho, andava ela com uma amiga a "encornar" à volta da organização da banca...
Cedo me estreei na venda de DVD's que a minha irmã me ofertou a preços "da uva mijona"...2€ só depois pensei que podia ter ganho mais dinheiro.
  • Reconheci um comprador enfezado de olhar escuro, forte e verruga grande no nariz, melhor ficaria no queixo tal qual a da Catarina Furtado, deu umas 4 voltas à feira, na penúltima comprou-me um naperon redondo e disse-me " na feira de Tomar comprei um parecido à tempos, cheguei a casa e a minha mulher disse-me, podias ter trazido o outro"... respondi eu, comprou-mo a mim!
Vi chegar uma colega magricela de cabelos aloirados encaracolados que conheci na feira de Pombal, a Luísa. Vinha sozinha na sua carrinha. Sem pressas tirou as bancadas e a mercadoria. Depois foi estacionar, de volta lá vinha ela com o seu ar muito naif de bicicleta e calça de perna arregaçada, feliz! 
Nas minhas voltas pelo certame a vi almoçar em mesa junto da sua banca, sempre com ar alegre de boa onda. De tarde veio até mim, comprou-me dois pratinhos um da Viúva Lamego e outro em faiança, à pergunta se era antigo respondi " sim, veja os arrepiados, a argila com impurezas, o esmalte não agarrou aqui, ali é de Lagoa, Açores" responde-me ela, não percebo nada disto!
Uma senhora de cabelos alvos, baixota ,trazia no saco peças de loiça, parou para apressar uma travessa inicio século XX de Coimbra, quando ouviu o preço, disse" tão cara nem marca tem" -, respondi sem hesitação " em faiança rara é a peça marcada"...Nem me deu ouvidos...Só conhece Sacavém e pelos vistos mal!
O meu colega de frente, o Sr Joaquim vendia em conta: boas peças da VA, um bule de caldo de Massarelos, umas floreiras de Alcobaça, alguidares, saíram uns 6, ainda cantaras, Cristos, molduras debruadas a arame retorcido tal e qual como a minha mãe tinha no nosso corredor.Fez boa feira, ainda vendeu guardanapos...Não eram senão naperons em pano debruados com lindas rendas,  lençóis, fronhas, travesseiros, cobertores e mantas de tear.


Relaxei o espírito atormentado. Na sexta, percebemos que fomos novamente sorteados em matéria de assaltos.Na casa rural, desta vez sorteada foi a garagem. Imagimem o inusitado fiquei com o meu marido a olhar para o telhado, pensando que tinham entrado através dele...Pura ilusão, entraram com chave falsa, abriram e fecharam.Uma coisa é certa, nunca até hoje estragaram portas. Roubaram a roçadeira, combustível e acessórios, coisa a rondar os 500€. Mais do que o valor, a falta que faz o equipamento, ainda pelo natal nos fartámos de roçar silvas, giestas e erva alta. Incansável o trabalho para manter limpos os quintais em roda da casa.Ainda por ser comprida deram com o disco no telheiro do patim, partiram 3 telhas que tivemos de substituir. Pior, era da minha mãe.
  • As pinheiras plantadas pelo natal estavam amarelitas pela secura, o meu marido regou-as com água do pocito recuperado por nós de rebordo em xisto feito por mim, esqueci-me de levar a máquina para tirar uma foto. Muitas flores secaram. Pior me senti ao arrancar podres de secas: glicinia; cameleira banca; a magnólia de folhas perenes; laranjeira e uma oliveira de azeitona grossa que me tinha custado 5€. Todos os pés do arbusto "lágrimas"que transplantei, nenhum vingou...Teimosa, insisto... 
Terra ressequida, constatei que se perdeu a anilha de borracha da mangueira, conclusão não pude abrir totalmente a torneira, ficou tudo mal regado. A magicar problemas de consciência porque ando com anilhas no porta moedas e com a mania da troca e baldroca das carteiras de uma casa para a outra, não levei a que as tem no bolso guardadas.

As fotos são de estaminés de colegas. Peças que gosto.Ainda vi um grande pratão em faiança de Coimbra finais do século XIX, com flores circundadas por arabescos a vinoso, marcado 200€, fazia-me 100...Nunca vi nada igual, não me lembrei de pedir à colega para me deixar fotografar, foi do sol de verão que se fazia sentir. Quem o podia comprar, se só fiz 20...
Enfeirei um par de cães de Fó  de pintura policroma, espetacular; um travessa de faiança de Coimbra com flores em tons  rosa e verdes; um copo casca de cebola raro igual a outras peças que tenho; um travesseiro em algodão novo, bordado a ponto  ajour e um lençol em linho ainda cozido ao meio à mão com um monograma ao centro, mesmo a propósito um "C" numa de graça a fazer jus ao apelido de família -, os dois por 2€, belíssima compra nem na feira da ladra o trazia por menos de 10 a 15€ .

Na minha passeata pelo lindo jardim de Torres Novas, intrigada andava porque não via uma escultura em mármore que há anos me tinha ficado na retina, por falta de objetiva no momento deixei de a captar. Capitulou-me a ideia para o erotismo. Coisa de sexo oral...Gesto  gigantesco para quem como eu só gosta de homens. Claro que  me fez lembrar os lábios grandes de uma vulva, revirados...Uma "joaninha"esculpida com arte ...De todos os nomes, este o meu eleito!
Fica para fotografar da próxima vez...
Para meu espanto estava mesmo à minha frente entaipada com caixotes de um estaminé, semi coberta com um pano...
  • Quando a descobri disse para o meu colega do lado "estou farta de a procurar julgava que a tinham retirado" responde ele...O quê, o mexilhão?...

segunda-feira, 19 de março de 2012

Compras nas feiras de Setúbal e Paço d'Arcos

Sábado rumei até Setúbal. Cada vez mais feirantes de ocasião. Trazem para venda os haveres de herança.
Só vendi livros, um hábito que me chateia. A loiça não sai...nada mesmo!
Ganhei o dia!
Nesses vendedores comprei peças de Sacavém: covilhete motivo cavalinho em verde ligeiramente ondulado num dos lados. Magnífico, elegante. Peça de coleção.
Encontrei a muito bom preço nove peças para a cozinha, poderão ter 100 anos!
( arroz, farinha, assucar, massa, feijão encarnado, feijão branco, grão, colorau e pimenta) para oferta no dia de aniversário da minha filha. Eu sei que ela adora estas peças.
Não resisti a duas chávenas de café e a leiteira com motivo de "Violetas".
Ainda outra leiteira de igual tamanho estilo Arte Nova.
Uma manteigueira branca com frisos dourados.


Comprei ainda uma moldura quadrada para pôr um azulejo. O brasuca que me roubou há mais de um mês passou pela minha banca de mochila às costas e cabelo delambido para trás por duas vezes, a última ia a rir...sabe bem que o reconheci, e não posso fazer nada. Depois do almoço ameaçou chuva, comecei a ver colegas a arrumar, contra a vontade do meu marido que queria ficar, decidi fazer o mesmo. Farta estava com as flores que caiam das árvores, a banca parecia um mar de pólen e flores, a minha garganta não gostou. Pior. Imaginem que um dos pés da banca cedeu, os arrebites afinal são frouxos, não aguentaram com o peso. E eu julgava que era das melhores. Como me enganei. O meu copo alto do Sporting foi-se!

Domingo fui até Paço 'Arcos. Tinha marcado encontro com a minha amiga Isabel Saraiva a quem comprei uma Caixa Métrica Nº 2 da Escola Primária. Fizemos compras. Somos tão parecidas!

Não resisti a comprar este conjunto de duas chávenas para chá e pires para o bolo. Porcelana de Aveiro com a marca "em triângulo e dentro um A". O brilho dos dourados remeteu-me para loiça inglesa, mas quando vi a marca portuguesa, comprei, apesar de não ser a minha praia...

Não resisti a este prato da fábrica Cavaco.Não está marcado. Mas não engana. Tenho vários exemplares. O mais interessante é constatar que são todos de tamanhos diferentes. Este motivo floral foi a 1º vez que o vi, havia outro igual e ainda mais 4 só com a bordadura e círculos ao centro.
E esta belezura de faiança de Coimbra do século XX  com cerejas. Quem não gosta de cerejas?
Já tenho visto travessinhas iguais da mesma fábrica com frases :" Amo-te" e "Recordação de Leiria". Os chamados pratos falantes.
Esta apetece-me oferece-la a um amigo especial  no seu próximo aniversário, adora cerejas !
Ainda comprei mais umas coisitas...ficam para depois mostrar. Uma feira e pêras!

Acabei por vir embora, gastei demais!

segunda-feira, 12 de março de 2012

Feira de Azeitão, tive tempo para pensar!

Feira de Azeitão - sol abrasador - muitos feirantes não habituais. Gente somente a passear, compradores poucos, manhã fraca, só o final da tarde aqueceu a carteira. Houve colegas que nem se estrearam. A D. Ana minha conhecida das feiras de Lisboa, dizia-me "hoje ainda não me estreei e tinha lugar pago na Avª da Liberdade, nada barato, 17€ ". Naquilo vi chegar do almoço a D. São, via-a despejar um saquinho de açúcar em volta da banca, fiquei intrigada...ao revelar o insólito à D. Ana, esta vira-se para mim e diz "já não sei em que feira foi vi fazerem o mesmo - ritual para chamar a freguesia - puseram também na minha banca, mas não deu resultado nenhum"...via jeito de ser a minha pior feira em termos monetários - o meu colega de frente, um rapaz simpático que conheço da feira de Setúbal - Paulo Filipe, abeira-se de mim e, dá-me uma moeda de 10 réis do reinado de D. Luís I  com a retórica " é para não estar triste" - de tarde deu-me outra do reinado de D. Carlos  - " esta foi pela conversa"...apesar de ter posto letreiros com preços de saldo - salvei o julgamento, estreando-me ao vender dois livros a um senhor magro, tipo intelectual, apressado para eu não reconhecer os títulos - então não os sabia de cor - "um deles era um inquérito sobre o orgasmo na mulher, o outro sexo em grupo" -  rápido a pagar e a descer a escadaria no sentido do carro, para meu espanto entrou num jipe Porche...e, só pagou por dois bons livros 2 €, porque o Sr. meu marido ao expo-los na banca decidiu desvalorizar os temas. Vendi para salvar a honra do convento mais livros, uma travessa e um prato. Curiosamente a senhora que os comprou ficou encantada com a travessa inglesa em tom azul liláz lindíssima, gateada - dizia para a mãe que a acompanhava - " elas (as filhas) só gostam das peças assim, partidas e com gatos - ofereço e ainda vou ouvir coices..." Perguntaram o preço das terrinas, da jarra da Marinha Grande em azuis a imitar a boémia e, ainda de uma garrafa. A foto apresenta apenas metade do estaminé, falta ainda a bancada e outra no chão com livros.A melhor feira em termos organizativos, a senhora encarregue - D. Lúcia, além de afável, é muito compreensiva e calma. Quem a escolheu sabe diagnosticar perfiz de profissionalidade, não há dúvida alguma, sempre com o mesmo sorriso - acode aqui e ali, a todos - nunca sai do registo de atendimento personalizado, eficaz. Um exemplo a seguir para outras feiras, nomeadamente para a da Costa da Caparica onde nos últimos tempos assisti a uma rebeldia por falta de um elemento organizativo da Junta, que em tempos houve, e por não conseguir impor a sua determinação - no dizer de colegas, deixou-se amedrontar pela má língua, e atitudes nefastas de alguns vendedores sem escrúpulos, e  egoístas, que não gostam de obedecer e respeitar os demais. Incrivelmente esta feira parou um mês para remodelação.

Tive o cuidado de endereçar um e-mail  à Junta de Freguesia da Costa de Caparica
Tendo conhecimento de alterações na feira de velharias, solicito as seguintes  informações:Se a mesma se volta a realizar já no 3º domingo de março.
Se há lugares marcados. Existência de vários preçários. Se no local vai estar alguém da Junta como é preceito noutras localidades para a distribuição dos lugares habituais e dos eventuais.

Resposta  da Junta - Na sequência do seu e-mail de 24/02/2012, que agradecemos, informamos que a Feira das Velharias tomará, a partir do corrente mês, o calendário habitual, realizando-se no primeiro e terceiro domingo de cada mês e aos feriados, tendo sido distribuídos lugares aos vendedores que entregaram a documentação solicitada em devido tempo.
No dias da sua realização, estará, logo de manhã, um funcionário da Junta de Freguesia para a distribuição dos lugares. Em relação ao preçário, ainda não há um decisão final.

Acompanhava o e-mail  um anexo em  v- card, relativo ao impresso para preencher, por incompatibilidade do meu sistema informático não consegui reenviar o mesmo preenchido - telefonei e, fiquei de passar para entregar a documentação - percebi de imediato que havia  celeuma, isto porque a Junta funciona em dois sítios, e não há consenso no tema da feira!
Imediatamente fui solicitar o cartão de vendedor na ASAE - no dia seguinte rumei até à Costa para entregar na  Junta a papelada exigida para a feira - o atendimento foi curto e rápido, não preenchi ficha nenhuma... era o Dia da Mulher...digo eu, deveria o staf estar de partida para o pavilhão do Feijó comemorar a efeméride - coisa de 700 - na maioria mulheres e alguns presidentes de Junta para o  almoço oferecido pela Câmara de Almada: filetes de salmão e lombo assado. Ao que se fez soar  no meio houve uma das ditas senhoras que disse para um dos empregados que servia o catering " não bebo nada do que tem na mesa, só bebo Gin tónico" - o empregado perante este dilema não habitual vai ter com o chefe da equipa e transmite o que ouviu da dita senhora -que se vira para ele e diz " vai ao bar e serve os que a senhora quiser"...A senhora em questão bebeu uns quantos - bastava levantar o copo e o empregado já sabia que era para encher...afinal até há gente diferente nas Juntas de Freguesia, impensável saber que uma mulher bebe Gin à refeição. Sempre a surpreender-me. Deveria ser assim no trabalho, será que é???
Nem sei quem é a dita senhora. Fico-me na louca ideia que sim - que se trata de uma  mulher e "pêras"!

O pior, o que me chateia, é que na sexta recebi outro e-mail  da Junta
Em resposta ao seu e-mail de 6 do corrente mês, informamos que, de momento, não existem lugares fixos vagos. Poderá, no entanto, ficar em lista de espera para o caso de surgir alguma desistência, devendo entregar os seguintes documentos:
- BI e cartão de contribuinte ou Cartão de Cidadão
- Cartão de Feirante
- Último IRS
- 1 foto

Mas que grande confusão! Porque raio depois de ter deixado a documentação solicitada, me estão de novo pedi-la e ainda o IRS, se tal nunca me foi solicitado - não existe uma lógica - existe sim, desencontros.
O que deu para perceber é o conflito existente entre a Câmara e a Junta quanto à realização da feira e às reais reclamações do Centro Comercial, dos quiosques e, ...por se virem quase privados de passagens pelas bancas que quase tapam as ditas entradas. Acredito e respeito que tal imposição é salutar. Porém, a meu ver o que falta na realidade é falta de coesão, de atitude de querer e, de fazer bem feito, como a Costa merece!
Sendo a  Costa de Caparica  uma zona de lazer, turística, como tal ,deveria ser olhada por quem de direito com mais respeito, determinação e otimismo em vencer. Será que foi desenhado o organograma do espaço?
Será que vai ser marcado por números no asfalto como nos outros locais?

A empregada que me atendeu disse-me haver 42 lugares de 3X1 metros...conhecendo o espaço não sei onde encaixam os lugares...também me espanta o facto de ter feito as últimas feiras e conhecendo os colegas só chego no máximo dos máximos a 33 vendedores e não 42 como me foi dito. Outra coisa é misturarem o artesanato com velharias. Sendo que o calçadão junto ao centro poderia acolher 5 bancas de artesanato e assim tornar a feira mais apelativa para todos sem estragar o ambiente aos quiosques e ao Centro Comercial. O calçadão vive de parasitas desocupados da terceira idade - falam de futebol, comida , também de cotas mulheres de altos saltos, cabelo ripado e cu espetado se pavoneiam para eles e, gabam da idade e, do belo corpo - pior é o pescoço de galo...eles pouco lhes ligam, pavoneiam-se com as miúdas  brasucas que passam - um deles de cabelo estepe russa cor da neve, viu-o fugir com uma para junto do prédio, derretiam-se em  sorrisos - os outros falam de tudo e de nada, então não os ouvi horas a fio...eles sim, estorvam a entrada do quiosque - não compram nem vendem, só dali saem para almoço e, regressam para continuar o seu dia na feira, sem enfeirar!
Acho que por não ter havido um agente organizador na feira durante muito tempo, a mesma fez-se sem "Rei nem roque" cada um se governou com o espaço que quis, inventando argumentos " pelo facto de alguns também venderem móveis tem de ter mais espaço", ocupam locais estratégicos e, até o calçadão , chegam de madrugada, não arredam pé do seu querer, então não me lembro como todos começaram a vender na feira. Sim porque fui compradora durante anos, há 30 que visito feiras de velharias todos os fins de semana.

Houve um feriado em dezembro, ao chegar estava tudo ocupado, um stand de bijutaria ocupava seguramente quatro metros, quando poderia fazer a banca em "U" e, assim dar mais espaço para outro colega -  o Paulo quando o interpelo e pergunto se posso por a minha banca junto à dele responde-me " a fulana....telefonou-me - pediu-me para lhe guardar o lugar"...pois é, senhora que tinha conhecido na feira anterior ,trazia o espólio de casa e partilhou o lugar com ele, pagaram a meias, apenas um lugar, quando na realidade eram dois...vim de regresso, não estive para me chatear!

Sabendo que o espaço  tem de obedecer a entradas francas para o Centro Comercial e quiosques, deveria a meu ver não serem todos iguais de 3X1 e, sim terem também lugares de 2 X1, sendo que cada um pagaria o valor por cada metro quadrado e não como foi no passado que cobravam 10 € a cada feirante independentemente de ocuparem 6 ou um metro, como me aconteceu em todas as vezes que participei.

Chateada, fiquei ontem em Azeitão ao falar com vendedores assíduos da feira da Costa que me perguntaram " então no domingo vemo-nos na Costa" respondi, não tenho lugar..de boca aberta disseram..."a mim ninguém me disse ainda nada"...palavras para quê!
Isto revela que alguma coisa não está bem na organização da dita feira. Confesso, estas cenas deixam-me completamente louca. Esperava muito mais do concelho onde moro há mais de 30 anos e onde pago assiduamente os meus impostos. Também porque respeito muito o trabalho das mulheres e no caso da presidente camarária ser há muito a Dra Maria Emília e o vereador da cultura Sr António Matos meu vizinho, pessoas sempre dispostas a fazer e ouvir em prol do desenvolvimento e do bem estar das populações. Por isso sinto-me francamente mal, triste, gostava de ser respeitada,no caso sinto que não me deram importância alguma. Por acaso não vou estar no próximo fim de semana, ou estarei se chuviscar. Nem me vou chatear mais...para ficar em lista de espera...(a menina do atendimento confidenciou-me que tinha já 3 para encaixar)...isso existe nesta feira desorganizada (?)...esquecem-se que o  país vive a pior recessão que há memória - então e os eventuais, divorciados, homens e mulheres que se estão a governar a vender velharias...essa resposta é o mesmo que dizer...nunca vou ter lugar na feira da Costa de Caparica - e como se tenho recibos de feiras feitas?
Assunto para gente pensante, obstinada e recta, ponderar será que os há?
Que remédio - fico-me com as feiras de Setúbal e de Azeitão, Évora, Montemor o Novo - quando for à terra continuo a fazer Figueira da Foz, Tomar, Miranda do Corvo, Torres Novas, Coimbra e, outras que me aprouver fazer, sim estou credenciada!

Analisando o mencionado duvido do êxito da feira de velharias renovada da Costa da Caparica .
Tudo vai ser como sempre - "cada um se desenrasca a seu belo proveito" - no  domingo vão chegar os vendedores de madrugada, apressados, a funcionária sem mãos a medir para atender às solicitações, sim porque nenhum vai querer arredar pé do seu lugar de eleição - vai haver despiques, chatices, palavras azedas - há duas mulheres -  uma antiga nestas lides - a outra recente coisa de 2 anos - são do piorio -  má língua, baixa índole, invejosas, zangadas com a vida - de fugir delas - há muito que  percebi ..." só bom dia e boa tarde, porque nem desprezo é permitido com tal gente"! E a culpa de tão insólito acontecimento será a meu ver atribuído à Junta, porque ao interromper a feira para a reorganizar julgo que tiveram tempo suficiente para entrar em contacto com  todos os feirantes, tem os recibos comprovativos da feira e, ter enviado a cada um uma fotocópia do organograma da distribuição dos espaços atribuído a cada um com o preço e, ainda com a nota especial do compromisso de sempre que não possam participar de avisar atempadamente até  à véspera  a Junta, para a organizadora no dia da feira saber os feirantes participantes e os lugares vazios para assim os poder atribuir a  outros vendedores eventuais, como em qualquer feira organizada, tal procedimento é normal depois das 9 horas. Pelos vistos nada foi feito...
A meu ver deveriam frequentar feiras em locais turísticos e aprender - nesses locais as bancadas são pequenas, o artigo é selecionado - em Belém a Junta até expõe barraquinhas todas iguais em branco e, que bem ficariam na Costa em frente ao mar naquele tapete de madeira sem utilidade aparente.E deixar a feira de artesanato no local onde habitualmente se faz o recinto da feira.

Pensem em engrandecer a Costa de Caparica e, não abandonar o sonho visionário de alguém que um dia descobriu tão grande filão turístico!

Obrigado a todos os leitores que por serem tantosssss fico curiosa do porquê!

sábado, 10 de março de 2012

A feira da ladra está a mudar

Quem diria. Está a mudar sim!
São mais os feirantes eventuais do que os ditos normais. Muita gente nova, estudantes, sempre houve, mas agora entopem a feira por tudo o que é sítio.Roupa, muitos trapos,colchas de renda, lençóis de linho, naperons,calçado e malas.Ao longo da feira dei de caras com: achadiços, imigrantes, desocupados e gente a necessitar de dinheiro, não sei se para comer se para alimentar o vicio.
Na descida o aparato da equipa de filmagem que fazia uma reportagem do buliço da feira.
A capital está a ser invadida com novas feiras, hoje , dia da feira na Avª da Liberdade, sitio de muita passagem, agora vendas duvido que as façam...já lá fui por duas vezes, só ouvi queixumes. Julgo que alguns feirantes  desistiram em prol de continuar na feira da ladra.
Corri a feira e pouco ou nada vi de interessante. Fiquei com a sensação que as moto-serras da STHIL são material contrafeito, vi mais duas novas. Dei com um rapaz novo a apreçar 4 grandes frascos em vidro de farmácia,  para os vender, já teria comprador, bem regateava o preço, havia um estranho, tinha pedras de calçada brancas com um líquido choco...
Havia vendedores de ocasião que fugiam à polícia, esgueiravam-se entre os passeantes e iam abrindo os sacos, num deles comprei um cestinho em vidro e uma estatueta de Coimbra com o estudante e a menina de cântaro, ao meio a fonte, por me fazerem lembrar um tempo ido quando ia à cidade e as via em fila no  estaminé do vendedor nas escadinhas da igreja de S. Tiago.
Deliciei-me em compras de 1 e 50 cêntimos. Tinteiros, copos, ovos,caixinhas e ainda uma belezura de uma mini jarrinha que a VA produziu , sempre fez as minhas delícias.
Ao passar na banca do Rui, cada vez mais gordo, uma senhora cumprimentou-o e apressou uma travessa Companhia das Índias, estilo Mandarim, e um prato azul dinastia Quialong, responde ele "a travessa duas e meia e o prato cem" ...a mulher agradeceu boquiaberta enquanto a amiga lhe diz "duas e meia deve ser duzentos e cinquenta euros..."
A semana passada apressei um prato século XIX em cantão popular de Coimbra, magnífico, pediu-me 20€. Caro, para mim. Hoje ainda o tinha para vender, baixou para 15€, ao vê-lo na mão constatei que foi restaurado, pois...estragaram o prato, perdeu qualidade. Porque lindo, o azul é... e, continua a ser para um ignorante, só se aprende errando, eu nesta feira já fui enganada com uma grande travessa restaurada, quando cheguei a casa,na minha mania de limpeza ao pô-la em agua, começou a desfazer-se até que vi as mazelas, partida ao meio e ainda de um lado...o pior foi o alto preço que paguei por ela. Por isso "olho vivo a ver as peças".
Descobri uma jarra em cristal checo ; branca e azulão, biselado.Uma obra de arte de uma qualquer fábrica perto de Praga.Já na saída comprei uma pandeireta artesanal, feita em Moçambique, cujo som é exuberante, os feirantes um casalinho novo, vendiam o espólio do pai de um deles, por certo foi tropa.Curiosamente o ano passado na província uma vizinha fez a limpeza ao sótão, deixou ao lado do caixote do lixo uma série de coisas que não resisti a trazer comigo. Por ser aldeia, não vi vivalma, peguei na bacia de esmalte às bolinhas azuis e fiz dela um grande vaso, dentro vinha um barril em cerâmica, impecável e bem antigo, ainda um tambor que o filho Carlos trouxe de Angola no tempo da  tropa. Ofereci-o à minha irmã , agora a pandeireta de pele igual será para ela também...não sei se a merece, logo vejo!
De regresso da feira fui buscar uma Caixa Métrica Nº 2 , mobiliário do meu tempo de Escola Primária.Uma amiga professora coleciona artigos desse tempo remoto usado na educação. Descobria-a, fiquei feliz, porque sabia que ela desejava ter uma.Se ela me quiser ofertar alguma coisa, bem gostaria que me desse um mapa de Portugal com Ancião escrito à antiga. Falta-me jeito para pedir seja o que for!

quinta-feira, 8 de março de 2012

O meu dia da Mulher este ano de 2012 !

Acordei com sol, sei que poderia ter endereçado convite, também poderia ter recebido algum, para aproveitar este dia e gozá-lo a passear , a contemplar belezas. Mas não, nada disso. Aperaltei-me fresca com os cabelos molhados, vesti camisa de cambraia branca e risquinhas ténues a condizer com os jeans, o blusão de cabedal andou na mão, tal era o calor. Num repente olhei para mim, exclamei assustada: tudo o que visto hoje, até a mala foi pertença da minha irmã... fica-me tão bem, vaidosa, balbuciei para dentro!

Sozinha fui até à Costa de Caparica tratar de um assunto na Junta de Freguesia...o atendimento, apesar de jovem, podia ser bem melhor, senti falta de atitude e oportunidade em mostrar e querer fazer diferença.

Dirigi-me no endireito da beira mar, caminhei ao longo do paredão, apreciei a calmaria da água, do vento , havia surfistas na água, caminhavam algumas poucas pessoas. Os restaurantes vazios, ainda era cedo, almoçavam os empregados a ver o mar. 
  

Para meu regalo registei o descanso dos seus pés e as múltiplas pegadas pela areia...

Vaivém de gente...seria noutras alturas, hoje era assim, quase nula.
Até o arbusto de folhagem perene não resistiu à secura do inverno. 
Valem as flores amarelas que nasceram junto dele e fazem deste dia um dia florido para todas as mulheres. Valorizo muito as flores silvestres , mais até do que um qualquer boquet comprado na florista com floreados, adereços, fitinhas e bonecos...não há nada que chegue a uma flor da berma da estrada ou roubada de um jardim...

Gostei do sol e de alguns, poucos, corpos desnudados que se passeavam em biquíni pela praia.
O sol enxugou os meus cabelos...
Degustei um caldo verde, um pão com chouriço e, arroz doce.
Fiquei enchoiriçada para um mês...
Como é possível uma zona turística continuar a ser tão mau tratada.
Não vi uma equipa sequer de manutenção nas ruas...
Continuo a ver e não gosto das calçadas esventradas, árvores secas, outras simplesmente desapareceram, caixotes do lixo a cheirar mal e lugares junto aos mesmos negros de gordura a pedir para serem lavados.
O urbanismo do programa Polis nem se fala, as tábuas que cobrem grandes extensões do areal com o calor saíram dos lugares e são traiçoeiras.Os jardins desprezáveis.
Grande extensão de areal e mar a perder de vista, podia ser um local aprazível, encantador , mas nunca o será por falta de atitude, de paixão, de talento e obsessão!
Acabaram com o ex ex-libris da Costa, o comboio, ao mudarem o lugar, perdeu-se por completo a beleza deste  transporte pitoresco ao longo da arriba fóssil.Velhos tempos que me deleitei com paisagens únicas, o vento da brisa a esfacelar-se na minha cara com os cabelos ao vento...e os cheiros da vegetação agreste das dunas...coisa mais linda e romântica para praticar ali mesmo!
De abalada  fiz-me à estrada. Acabei por vir tomar café no lugar do costume, hábitos que não se alteram!


quinta-feira, 1 de março de 2012

O sol foi meu inimigo na feira de velharias em Vendas Novas!

Um dos meus colegas feirantes, o Sr. António GNR ,falou-me da feira ao 4º sábado. Acordei com auspício de bom tempo. 
Em Pamela no auto estrada entrámos uma nuvem tão densa e negra que se estivesse vento dizia que se tratava de um furacão, assustador.
  • Cheguei em cima das 9, fui a última a montar o estaminé. Só me estreei com livros!
Ninguém pegou nas minhas faianças, fiquei mais uma vez desolada. 
  • Dia de sol radiante, belo, como companheiras as laranjeiras carregadas de boa laranja, nisto dois ciclistas param, colhem cada um a sua e, à moda de bom alentejano sacam do seu canivete, as descascam para o caixote do lixo do passeio público. Saboreiam a iguaria, refrescados, o mais velho mete conversa comigo " você também compra?", respondi que não, para já queria vender coisas minhas que juntei na vida e, também porque não consigo descredibilizar o artigo do vendedor, dar-lhe uma "tuta e meia para ganhar o meu, como o vejo fazer por dentro de bancas outros colegas"  perguntei-lhes de onde vinham, disseram-me "somos mesmo filhos da terra, fomos a Pegões comprar pão agora para o almoço". Falámos ainda das Salesianas aqui radicadas, já em 71 quando frequentei a colégio mãe no Monte Estoril muito se falava e comia da sua quinta.
Pouca gente para apreciar e comprar seja artesanato seja velharias. 
  • Algumas mulheres de classe média passeavam-se com os maridos, escanzeladas de magras, apesar de elegantes, uma tónica que apreciei, já dos rostos não posso dizer a mesma coisa..."vai a gente encadear o olhar com uma silhueta esbelta e charmosa de costas, depois quando a vê de frente"... houve uma que me fez lembrar a duquesa de Alba!
Passa um homem de idade, mais de oitenta anos, um poeta com livros editados. Declamou-me um poema , no final fez-me uma pergunta que não soube responder e nem dela me lembro mais, na altura pareceu-me uma charada...coisas de gente velha, manhosa, que gosta de se evidenciar, sair em beleza...
  • Quiçá fui o seu orgasmo poético de sábado!
Não me chocou nada!
  • Adiante. Apeteceu-me ir comer uma bifana. Fui. Já nada é como dantes, agora o pão é aquecido e a bifana é tão fina que nem se sente...
Já comi bem melhores, apesar de ouvir rasgados elogios!
  • Conheci uma nova colega, a Luísa. O seu jeito de falar e andar fez-me lembrar da minha comadre Odete.
Boa rapariga, simpática, afável, sem rodeios, falou-me da sua aventura nas velharias. Vende à consignação, contou-me a estória do rapaz que lhe arranja a mercadoria...fiquei a pensar, quase que afianço que o conheço...ainda agora no domingo ele  me dizia "eu consigo é uma perda de tempo" fiquei danada com ele, porque na verdade fiquei sem saber o que exatamente queria dizer,a dúvida deixou-me  chateada. Ele ao que a Luísa me contou por razões do seu interesse foi viver para Montemor, a mãe já tinha um negócio de velharias, para angariar mais algum, começou a vir fazer a feira de Algés, porque do ramo só sabe e bem, pedir dinheiro, persistente, dificilmente abaixa o preço e tem um defeito que detesto, fazer o preço conforme a cara e o gosto do cliente. Esforça-se para aprender, sabe o que os clientes procuram, é especialista nas aquisições no colega do lado a preço razoável que depois triplicaaaa...viu-o progredir,  agora não sai das grandes feiras...
Das peças em si, pouco ou nada sabe, como os demais, não é esse o seu real interesse. Ao questioná-lo sobre o preço de um  pequeno prato, que mais uma vez demorou a dizer o valor, o que me chateia e muito, respondi-lhe " não é tão antigo quanto pensa porque é estampa  que só apareceu em Portugal em 1856..." olha espantado para mim, diz-me " acha mesmo que é estampa", claro, respondi eu...vira-me as costas e disse-me aquilo...
Se o meu palpite estiver certo, coitada da Luísa, o seu lucro é mísero. Ele estabelece logo à partida um alto preço a que ela acrescenta o seu lucro, 5 €...não é nada!
O sol aquecia, parecia verão, as cegonhas mantinham-se em alerta no campanário da capela real do destacamento do exército, horas e horas de pé em vigia do ninho, elegantes!
  • O meu marido foi dar uma vista d'olhos pelo recinto, ver a artilharia pesada, os tanques em exposição...um dia destes ainda os roubam para derreter, aquilo é só cobre e do bom, digo eu!
Na banca do Sr. António vejo um homem de "rodas curtas" a enfeirar, fiquei atenta, talvez ao passar pela minha banca também enfeirasse, debalde comprou-me um livro por 50 cêntimos...
Homem  castiço, atrevidote, dizia-se com dons para ler as mãos e, leu as dos meus colegas, segundo os felizardos acertou...a mim também me leu meia sina, sem antes o avisar "veja lá o que vai dizer, se me vai destapar a careca"...em abono da verdade só me disse que ia ter uma vida longa e uma morte na família a que respondi "desde que seja a minha sogra"...pior foi quando sem autorização me começou a meter as mãos nas costas, "é aqui que lhe doí não é ?"...perante a estupefacção dos demais e, de mim própria o homem mexia, mexeu, avançou, aí disse "já estou boa" , acabou a cena. Fiquei com a nítida impressão que o  homem  é tarado, um "lambe conas " olho tricolor para o esverdeado, traiçoeiro, velhaco, então não se apresentou de " rodas curtas"!
  • Fui tomar um café com a mulher do Sr. António, nem lhe perguntei a graça...curiosamente somos do mesmo ano, anda no nutricionista, pesa no momento 58 k, viro-me para ela e disse "sabe quanto peso 75 e , não pareço em relação a si"...conversa quente com o sol a escaldar sem chapéu, deveria ditar mais tarde a maleita, claro que fiquei com uma inveja pequenina pela sua teimosia  em se manter bem como o seu corpo, pois eu também tenho de emagrecer.Senhora, interessante, olhar azul sem cor, apagado, resquícios do cruzamento dos invasores franceses em 1810.
Nesse dia vi mulheres muito magras. Nalgumas faltava charme, sensualidade, elegância, ser senhora!
E isso felizmente eu ainda vou tenho...tempos idos que foi a roudos!
  • O Sr. António e a esposa arrumaram cedo a banca, possivelmente iriam passar por casa de um tal  forasteiro que o  vi a tirar a morada, para ver mercadoria. Arrumei de seguida. 
Não saia da esquina da rua  um homem tipo cigano, devia deleitar-se com as minhas costas, tanto abaixar para apanhar as peças, empacotar, julgo se derretia... o meu marido dizia-me.."muito gostas de mostrar o c..."estúpido, chamei-lhe!

Parei no Aki de Setúbal, finalmente comprei uma bancada.Assunto que dava para uma grande conversa, vou tentar encurtar. Devemos sempre ponderar bem o que queremos comprar. No inicio vi umas bancadas que achei o máximo,só via aquilo para mim.Todas as semanas  não perdia o jornal do Lidlel, quando finalmente chegou a hora, desisti porque lhe achei inconvenientes. Fiquei satisfeita por não me ter precipitado.Pensei noutras vindas da Polónia, estabeleci contato na feira da ladra para saber mais, por lapso de memória esqueci-me de ligar, o tempo passou , acabei por ver uma a montar, não me agradou, fiquei aliviada. Isto tudo para dizer que só com calma e ponderação se encontra a coisa mais acertada e mesmo assim com defeitos. No caso estou satisfeita comigo por ter dado azo à minha paciência sábia, também por ter visto a do Sr António a desmontar e a sua franqueza em me dizer onde encontrar material igual.
  • Muito satisfeita com a aquisição. Mal chegada a casa tomei um duche para me sentir bem, a gripe dava indícios, instalou-se sem pedir licença!
Acordei  mole no domingo com dores de garganta.
  • Decidi ir à feira de Algés. Fartei-me de comprar,boas peças, cheguei cedo, a maioria ainda arrumava as bancas.Já sabia que pelo menos duas seriam para a minha filha, assim foi, veio jantar na segunda e ficou com elas, um clarim em latão e bronze e um bule em cobre inglês, que me pareceu ser do norte de África feito por tuaregues.
De volta a casa para almoçar, um costume dos últimos tempos, um frango de churrasco degustado na varanda virada a sul, sob o chapéu de sol, uma boa salada, pão saloio, vinho e laranjas. 
  • Os sinais de gripe adensavam. Felizmente tive um rasgo de memória, lembrei-me que a minha  mais recente amiga Ana Mestre fazia anos, mandei-lhe uma mensagem que agradeceu.
Entrei definitivamente em estado de doença, todo o corpo me doía, forças zero, apetite nulo, dores de cabeça, tosse....mui frágil, passei horas deitada.
  • Melhorei. Já escrevo. Um bom sintoma.Estou em cima da hora para fazer o meu caldo verde, o apetite outro grande sintoma de melhoras!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O aniversário da minha amiga Leonor!

  • Hoje é dia de aniversário da minha amiga mais antiga - Leonor...que gosto de chamar Ava Gardner!
Travámos conhecimento no local de trabalho há mais de 30 anos na baixa lisboeta, embora em seções diferentes, sendo ela mais velha do que eu precisamente uma década. Os últimos anos trabalhámos juntas num espaço restrito, sem privacidade, onde a maioria  de mulheres desestabilizava o ambiente pela intriga, inveja e competição.Os homens de espírito fraco, em minoria, três, nós cinco.
Solicitei transferência  para o local de residência para acompanhar a minha filha quando entrou no ciclo, começou a ter a responsabilidade de andar com as chaves de casa.
Vim substituir a  Leonor, na altura ainda não éramos amigas, apenas colegas,  até acho que ela já nem se lembrava bem  de mim,  por sua vez  ela ia ascender a um lugar de front-office onde auferiria melhor remuneração.
Leonor, mulher  de grande estatura, pele cândida, olhar quebrado,carisma de estrela de cinema num semblante de descendência real italiana no meu julgar, voz forte, rígida, autoritária, sem meias medidas mandou-me bater à máquina os impostos com a retórica "o mês passado paguei multa e não tive culpa"...
Naquele momento" vi-me a braços" com uma tarefa difícil, logo eu que nem sabia escrever à máquina nem tão pouco fazer mapas, mal ou bem, assustada, com um dedo a teclar , os fiz por imitação do anterior. Consegui!
Seguiu-se a passagem do serviço de contabilidade , serviço que me suscitava algumas dúvidas, pelas constantes alterações,ao questioná-la em voz alta, oiço uma outra colega que a ensinava no seu novo serviço, que lhe diz baixinho e eu ouvi " ela não percebe patavina"...
Aguentei a ferro e fogo.Aqui  aprendi a ser bancária. Julgava eu que sabia, pelos meus 12 anos de antiguidade,engano crasso,aqui foi a minha escola. Ninguém parecia gostar de mim. Só os homens se mostravam afáveis...Ou impostores!

Na véspera na sucursal quando souberam da minha vinda ,uma outra colega  teceu comentários sobre a  minha pessoa de cariz desabonatório, que em abono da verdade as deixou a todas "doidas", com vontade de me lixarem, de me fazerem a"folha", porque "era  má  colega como  me caluniou", os ânimos só abrandaram porque um dos homens disse "eu conheço-a, trabalhei com ela, é boa funcionária, sabe de crédito que nenhum de nós parece saber, deixem-na vir e mais tarde tirem as vossas ilações, de quem está certo"...
Assim foi. Olhada de lado,  aflita,deixavam-me no final do dia sozinha na sucursal com problemas para resolver de contabilidade, vali-me da minha vontade de vencer, arriscar, telefonei a este e aquele, ao help desk, finalmente conseguia fechar.
Demorei a perceber que me tinham rotulado de má colega, foi o  colega que as enfrentou na véspera da minha chegada que num belo dia perante o meu desespero me contou o episódio.
A mentora do aguisado, minha conhecida do anterior  local de trabalho quis fazer as honras da casa, convidou-me ao meio da manhã para tomar um café. Fomos.Comi um rissol de camarão, foi a única coisa que me soube bem, porque o que ela queria saber era o motivo maior da minha transferência.
Apenas deixavam transparecer que não era bem vinda apenas  por ser mais outra mulher, já eram muitas, isso concordei que tinham razão, mas a verdade que senti foi que lhes pudesse fazer frente na ascensão profissional  e, tinham razão, além de lutadora, obstinada,destemida, voluntariosa, guerreira sou justiceira, apesar de laivos de arrogância e até geradora de conflitos, ninguém é perfeito!
A minha escolha pela hierarquia só foi possível porque ninguém do quadro sabia de crédito. Mal chegada, vi-me a braços com a regularização de um dos seus "engates" , alguém procedeu ao desconto de uma letra, quando na realidade tratava-se de uma livrança.
Anos duros de trabalho e, amizades falsas.Cresci profissionalmente aos trambolhões, a errar, a perguntar, a teimar fazer sem medos...cheia de medo!
Um dos chefes que quase nada fazia, abria o correio, entulhava-me a última gaveta da secretária, deu-me o mote para me lançar a fazer de tudo.Polivalente, passei por todos os cargos.Comecei cedo a substituir o sub gerente. Gozo, nessas alturas aproveitar para demonstrar que não tinha medo e aventurar-me. Como?   Reunia os pedidos de crédito reprovados. O gerente na altura era um homem analítico no pormenor do saldo médio do cliente, só esse valia para ele...ora se fosse alto o cliente não precisava de crédito...mas adiante, como não conhecia a clientela, não dava a cara, medroso, apesar de estratega, faltava-lhe o conhecimento, o traquejo, o expediente, a vontade, porque querer queria e muito o sucesso,teve-o à custa de todos e, de mim excecionalmente, porque ele quase nada fazia, era bom em estatísticas em exel que todos os dias ostentava a lista atualizada na entrada do gabinete...
Homem de caráter frio, arrogante até ruim, então não me lembro de um dia me chamar ao gabinete, com aquela cara de mau dizer-me que não estava a produzir, o que se passava comigo...enervei-me e disse-lhe
" nunca registo tudo o que faço, trabalho sempre com o objetivo de fazer mais e mais, não perco oportunidades, mesmo que me dêem muito trabalho, se não está satisfeito com a minha prestação, não seja por isso, mande-me embora"...
Ao ver que me tinha transtornado, levanta-se, diz-me "olhe para o ecrã"  nada consegui deslindar naquele emaranhado mapa, tal a minha insatisfação, pega no meu braço, diz-me...você é a melhor, de longe sempre foi a melhor, você vai longe,nunca conheci ninguém com a sua garra, fiz isto para a chatear, gosto de a atiçar..."
Eu também gostava de chatear e, fi-lo, no seu período de férias, empossada no cargo provisório de sub gerente, a altura ideal para  aprovar os casos reprovados, na gíria " com batata", bastava a minha explicação plausível ,bem argumentada para serem aprovados sem receios.
Num regresso de férias , logo de manhã entrei no seu gabinete, disse-lhe "quero que saiba que durante as suas férias aprovei os créditos que o Sr. tinha reprovado"...
O que revela que também o sub gerente não tinha ação em opinar porque era igual a ele, só eu tinha arcaboiço para contrabalançar e tomar atitudes na mediação, porque era a única que sempre atendi o público, o conhecia e, as suas estórias.
Imaginem a cara bexigosa, branca, cor de defunto, pior, a ira que senti que se instalou dentro dele, olhou para mim, levantou-se da cadeira furioso e diz-me " sente-se nesta cadeira, sinta se não é difícil decidir.."
Respondi apressada, " não preciso sentar, a cadeira é o menos, a diferença é que o Sr. tem medo porque não conhece a clientela, nunca vendeu, não está habituado a ouvir "não", por isso não se sente à vontade, por isso reprova tudo..gosta de dormir descansado, o mais fácil, só aprova estando seguro da operação."

Entretanto a minha amiga Leonor, cansada do sistema e não agraciada em mérito como julgava merecer pediu a reforma.

Aconteceu a fusão do banco. Consegui sem o saber chegar ao topo, apesar do que se dizia "não gostarem de mulheres", porque pediam muitas baixas, porque produziam pouco, porque não eram inteligentes, porque...
Passámos a carregar um número mecanográfico que nos identificaria nas nossas operações .Fui uma extraordinária comercial.Fartei-me de trabalhar, de produzir em todas as áreas. Percebi rapidamente o que a empresa queria enquanto outros andavam a debater-se em questões irrisórias.Valorizei o produto estrela,  vali-me dos meus melhores atributos- comunicar pela escrita ao produzir pareceres, apesar dos poucos carateres, com o pensar em  engrandecer o perfil do cliente, na perspectiva que o analista ao receber a proposta aleatória, se não fosse apelativo,corria riscos de maior rejeição, afinal todos somos humanos e, a nossa vida afetiva se não estiver a navegar em boa onda, acaso se anda carente, acredito que se terá pouca paciência para se analisar, questionar, interrogar e,...o meu pensar como mulher em relação à cabeça dos homens...
Num repente na hierarquia questionavam-se "quem é aquela mulher na faixa dos 40 anos, donde veio,não é licenciada, quem a descobriu(?)"
Fartei-me de trabalhar, demonstrar para receber. Recebi mais elogios, louros do que riqueza.
Nunca pedi para mim nada a ninguém. Pedi sempre para os outros para a minha equipa.
Na visita que recebi o administrador da empresa, pedi-lhe que efetivasse uma colega, porque eu própria comecei no mercado de trabalho como assalariada, sentia na pele o que  é trabalhar "na corda bamba", na insegurança do dia de amanhã. Ela esqueceu-se de me agradecer. Nem um obrigado, nem um telefonema, porque eu estava de férias. Rapariga fria, sem  educação,julgava-se a  maior, esqueceu-se que a recebi de braços abertos a pedido do diretor, vinda de outra sucursal , o gerente não a queria, tal o azedume criado no primeiro dia, ao cruzar-se com ele fora da sucursal, achava ela ,que ele a deveria reconhecer e fazer vénia ...A única coisa que sabia, era informática, de resto aprendeu comigo, que nunca fui mulher de ficar com "trunfos na manga".
Rapariga enigmática, hostil, mole, pouco responsável nas tarefas conferidas, apesar de uma imagem doce, afinal, aparente!

As  inimizades existentes adensaram, num repente todas as minhas colegas sentiam que ser gerente era coisa fácil, banal, afinal se eu era, elas que se consideravam tão boas quanto eu, ou melhores, porque razão não haviam de sonhar também com tão alto cargo (?).
Sonharam todas, passaram 8 anos e, não ascenderam...
Nem nunca!
Apesar da competência angariada de anos de trabalho, falta-lhes  carisma,  paixão de gostar de fazer, sobretudo de serem ousadas no prazer de  sentir orgasmos inteletuais a cada dia e,...
Em se destacar pela diferença!

Mas, hoje é dia de anos da minha amiga Leonor. Vou telefonar a dar os parabéns. Sei que vem hoje à cidade a consultas, tem andado achacada, vou dar-lhe um abraço apertado e levar a minha prenda que a minha filha comprou a meu pedido, um vestido em malhinha cinzento, espero que aprecie.
Estou com pouco tempo...

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