terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Fenache o desair na paisagem da Caparica...

Portas abertas em granito para olhar a  Freguesia da Caparica, que bem o merece!
Citando In Memorial do Convento "Além da conversa das mulheres, são os sonhos que seguram o mundo na sua órbita. Mas são também os sonhos que lhe fazem uma coroa de luas, por isso o céu é o resplendor que há dentro da cabeça dos homens, se não é a cabeça dos homens o próprio e único céu."
Citar Vincent Van Gogh 
"Ame muitas coisas, porque é no amar que reside a verdadeira força. Quem ama muito conquistará muito, e o que for feito com amor estará sempre bem feito."
Palavras para quê… 
O Amor consegue milagres, já sabem, então porque fugimos dele? 
Sonho todos os dias perder-me pelas quintas, e fechar os olhos imaginando tempos de fausto de antanho...Uma forma de rebuscar amores pela natureza, património e costumes do nosso povo, que se perdem no tempo e os quero recordar para todo o sempre!
Caminhantes pelas dunas e azinhagas  argilosas de burros albardados de alforges de verga e homens sentados neles...
Fotos retiradas da visita ao Museu da Cidade de Almada
Aguadeiros no poço da bomba na Costa
Tema apaixonante este gosto em falar da Lisboa oriental -, como em antanho os lisboetas apelidavam Almada, por  a distância ser apenas de meia légua, de ricas quintas na maioria de gente da fidalguia e nobreza. No Pragal  e Monte da Caparica ainda existem vários vestígios arquitetónicos de casas solarengas inseridas em quintas implantadas desde os séculos XV e XIX, épocas em que terão gozado alguma prosperidade, intimamente ligada ao desenvolvimento da viticultura que floresceu por todo o concelho com a cultura do trigo, havendo em toda a arriba ainda vestígios de moinhos de vento. 
Ao tempo o Porto Brandão era afamado, catraios levavam gentes e a produção das quintas para abastecer a capital, produtos agrícolas como o mel, caça de muita variedade desde coelhos a patos, produtos do mar e do rio -, gentes que no século XVIII vinham desde outubro a dezembro em safra para a pesca, até que se fixaram pelos areais, vindas de Ílhavo e Algarve, viviam em cabanas armadas com paus de madeira, cobertas a colmo, e usavam barretes pretos, por serem os mais baratos.
Fotos retiradas da visita ao Museu da Cidade de Almada
Da Costa era reconhecida a boa sardinha, e o Porto Brandão era conhecido pelo grande número de lagostas, ainda o transporte de lenha e carvão, como fontes de energia para fornos de pão, louça, cal que haviam muitos, ainda para uso doméstico, também madeira de pinho para as naus da Índia, e tábuas de sobreiro para embarcações grandes e pequenas. Tempo de fausto da exploração agrícola, criação de animais, produção de vinho, trigo e fruta dos muitos pomares de romãs e laranjais nas quintas que circundaram Almada.
No século XIX as vinhas sofreram pragas, uma delas a filoxera, viria a fustigar por completo os vinhedos, acabando esta cultura por desaparecer por completo, tendo sido Almada um grande produtor vinícola que chegou a exportar.Por esse fato, associados a outros em meados do século XX, muitas quintas conheceram a decadência com nítida degradação que se deveu aos seus habitantes terem passado de camponeses a operários, também porque a maioria dos filhos dos donatários das quintas seguiram estudos, com isso o abandono gradual da terra e dos seus rendimentos, e o concelho tomou características urbanas.
Fotos retiradas da visita ao Museu da Cidade de Almada de alguns rótulos de marcas de vinhos produzidos e outros engarrafados em Almada 
Hoje ainda predomina na paisagem a sumptuosidade de solares abandonados, poucos ainda ativos, muita ruína, e outras simplesmente desapareceram totalmente para dar lugar a urbanizações de baixo custo. 
Trepadeiras que crescem desalmadamente pelos muros de quintas da Caparica
"Há muito que está já em curso a terceira fase do processo de Revitalização Urbana e Plano Estratégico de Almada Velha abrangendo uma área de 16,7 hectares no qual se situam grandes áreas industriais desativadas, o Campus Arqueológico do Almaraz, o Castelo de Almada e o Núcleo Histórico. 
Para todas vão surgir novas experiências de planeamento participativas iniciadas em 2000, algumas delas sofreram revezes de substanciais melhorias, num desenvolvimento sustentável envolvendo na atualidade atores chave: institucionais, económicos, sociais e também ouvindo as populações com debates temáticos em fóruns."
Fotos retiradas da visita ao Museu da Cidade de Almada
Muita criança de enxada nas mãos no terreiro de quinta no Pragal, atrás dela urbanizações a crescer com gruas.
Em baixo
Ambiente rural anterior a 1907 do Campo de S. Paulo defronte do Seminário de Almada
Contraste das urbanizações que se implementaram na década de 60/70 no crescente abrupto de Bairros Sociais, fora de portas de Almada, na Caparica-, locais emblemáticos de vistas sobre Lisboa e a Arrábida, sem salvaguarda dos  camponeses que resistiram o tempo que puderam no pastoreio pelas quintas em abandono.
Bairro Amarelo implantado na quinta do Raposo, conhecido por "Pica Pau" na vista para sul, a norte com uma vista sem fim sobre Lisboa, ainda ostenta a ruína em redondo da entrada da quinta de Monte Alvão que foi de Fernão Mendes Pinto. Outras quintas onde foram construídos bairros sociais ; quinta de Santo António da Bela Vista, Quinta de S.Miguel, Quinta de S.Francisco de Borja; quinta das Casadas de Cima, quinta das Moucas, quinta do Bicheiro e o hospital Garcia de Orta na quinta do Bocelinho, entre outras.
Fotos retiradas da visita ao Museu da Cidade de Almada

Seria matéria interessante neste século XXI o tempo de se juntarem vontades- IGAPH em parceria com a Câmara, para em consenso na forte aposta da requalificação das arribas que gravitam à volta das urbanizações na coragem de implementar de novo o trigo e a cultura da vinha, ordenada e modernizada, com adega cooperativa. Seria aposta ganha na requalificação de centenas de hetares em abandono total, salpicados, sem ordem por hortas de afros, onde proliferam barracas que se foram agregando à volta das ruínas de casas solarengas e ainda outras a esmo que se perfilam ao longo das estradas.
O desafio de novo apostar nestas culturas por terem sido duas valias  aqui "rainhas", mas só gente de visão pode e deve ter capacidade de empreender, porque não falta mão de obra na região. Habitantes que vivem nos bairros sociais nas imediações cultivam as arribas da linha do comboio e do Metro de superfície, apesar da falta de água, a cada ano florescem mais, não sei se o proveito é recompensado na proporção do trabalho árduo de cavar a mãos a terra.
Todos os investidores sairiam vencedores, porque os jovens destes bairros nada ou pouco fazem, sendo preciso pô-los a trabalhar na sorte de ainda haver os mais velhos habituados ao trabalho da terra, uma mais valia, a aproveitar a baixo custo.
Quinta da Rabicha em Lisboa com o mesmo engenho que era uso em Almada
Ainda existem em muita quinta poços grandes em diâmetro, apetrechados de engenhos de ferro, ou o que resta deles -, noras encravadas em quatro pilares. A água era tirada à força de animais atrelados que faziam os alcatruzes encher e vazar por condutas em viadutos , outras tinham engenhos em lata, o moinho de vento, como eu via em miúda nos filmes  Westerns.
Quinta dos Condes de S. Miguel 
Na esquerda  do portão de entrada foi a capela transformada em arrecadação(?). Em baixo o moinho de tirar água
Ainda funciona, o tanque está sempre com água e as hortas dos afro verdes, airosas e frescas
Quinta de Santa Rita
Na Estrada do Casquilho a seguir à quinta da Bela Vista defronte da quinta de S. Miguel 
O nome Santa Rita que estava na cimalha da porta já desapareceu...
 O fausto mirante ao jeito japonês com telhados sobrepostos, já abatido
Quinta de S. Francisco de Borja  na Caparica

 O que resta do seu poço e nora

Existe a lembrança de memórias de outras quintas cujas casas ou ruínas foram deitadas abaixo para a construção de Bairros Sociais;   Alcaniça  e Bicheiro restam incompletas o nome nas placas das ruas.
Quinta da Boa Esperança ostenta data no portal de 1776 .
 
Restos de varandim em ferro forjado típico do séc. XVIII
Vista do jardim da Quinta de Nossa Senhora da Conceição  , avista-se aquinta de 1776 que se situa defronte da estrada do Casquilho

Quinta Nossa Senhora da Conceição
Foi propriedade da UGT. Agora julgo pertence à Associação de montanhismo(?).
 Mantém a tradição das janelas abertas ...

Ostenta um pombal em formato de moinho.

 O celeiro do trigo foi transformado num salão das "Testemunhas de Jeová"
 O poço da quinta de Nossa Senhora da Conceição
Quinta da Boa Esperança ( II (?)
Em meados do século XX, por volta dos anos 40? Supostamente algum herdeiro da quinta sita uns metros atrás com data de 1776 fez mais à frente uma casa nova, com o depósito elevado de águas onde mandou colocar o nome da quinta, o mesmo ao lado de um portão um  painel em azulejos ,e do outro lado as iniciais do donatário, o Sr Horácio? 
Quinta da Fumega
Desta quinta resta o que as fotos evidenciam com o portal e o azulejo alusivo do nome Fomega-, novo, porque bem me lembro do antigo azulejo, com a menção correta "FUMEGA" que deveria ter prevalecido, tal incúria só acontece por analfabetação dos pintores, fenómeno áscoro que lamento de vez em quando observar em publicidade e outras. No tempo o casario foi sendo absorvido sem estética, num amontoado onde no r/c funciona um restaurante/tasca com peixe grelhado. Na frontaria ainda visível a argola em ferro onde se prendiam os cavalos.
O poço da quinta que estava desativado, foi selado recentemente.
Ainda resta na frontaria uma ombreira de janela?
Quinta do Brasileiro no Monte de Caparica 
Evidencia pelo nome, que o dono enricou no Brasil. Os azulejos do painel com o nome da quinta já lhe faltam letras, e é pena vir a perder-se. Resta o portal e ruína dos cómodos agrícolas, atendendo às janelas pequenas com grades viradas para a rua.Por dentro não sei se ainda existe a casa original ou outra(?).
Quinta da Frescalhota
Quinta do Ginjal no Monte de Caparica
Pior sorte a desta quinta apesar do lugar altaneiro com vista sobre a Arrábida e Mar da Palha, de beleza em vastidão, imensurável. Completamente em ruína, só de paredes erguidas, em seu redor anexos e casas baixas-, evidencia após o abandono, que serviçais sem os donos por perto, começaram a fazer as suas casas como puderam para viver, apanágio que se observa em muitas outras quintas na região, não sendo contudo assim agregadas à casa mãe, se observam pela orla da extrema da quinta, com a estrada ou mesmo de permeio nos terrenos dela.

Monte da Caparica
Derreter olhares no telhado no casario no tardoz da igreja  com remate em semi círculos airosos, outro com baluartes em faiança de excepcional beleza e,...
Muro feito com Mós de moinhos na travessa da igreja no Monte de Caparica.
 
Quinta da Filipa d'Água com a sua capela de orago a Nossa Senhora da Boa Esperança merece uma crónica.

FONTES
http://www.setubalnarede.pt/
http://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/1154/1/Ruralidade%20em%20Almada%20e%20Seixal.pdf
Fotos retiradas da visita ao Museu da Cidade de Almada

sábado, 13 de dezembro de 2014

Torre no Monte de Caparica onde viveu Bulhão Pato

Largo da Torre do Conde (dos Arcos) rebatizado Bulhão Pato no Monte de Caparica
Raimundo António de Bulhão Pato era filho de Francisco de Bulhão Pato, poeta e fidalgo português , e da espanhola María de la Piedad Brandy, nasceu em Bilbau, no País Baco.
Bon vivant, apreciador de caçadas, viagens, da gastronomia e dos saraus literários, na companhia de intelectuais, como Alexandre Herculano, Almeida Garrett, Andrade Corvo, Latino Coelho, Mendes Leal, Rebelo da Silva e Gomes de Amorim . Com outras personalidades importantes da sociedade portuguesa da época, forneceu receitas para a obra "O cozinheiro dos cozinheiros, editada em 1870 por Paul Plantier .
Escritor romântico Bulhão Pato de signo Peixes, por certo escolheu a Torre para morar até falecer pelos ares, paisagens,pela caça, e por estar muito perto do Tejo, num pulo em descida ao Porto Brandão, metia-se num catraio e chegava a Lisboa.

Citar excerto https://www.facebook.com/pg/AMO-TE-CAPARICA
«BULHÃO PATO!
E, então.........as AMÊIJOAS??!

Escritor, homem de caçadas "de sala e de laboratório culinário....derradeiro sobrevivente do romantismo", como o descreve Alfredo Morais, in "O Cronista", n.º 21 de 27/4/1955, foi, Bulhão Pato, celebrado por Júlio Dantas com um elogio, proferido em 1913, na Academia das Ciências, que sobre ele disse: "Toma em Sèvres e oiro o caldo de galinha das sauteries do Farrobo" e entre preciosos manjares "na sua casa da Torre, servia aos convidados a lebre caçada na véspera ou lebrão marinado em vinho.
 »
Retrato de Bulhão Pato de 1883 pintado por Columbano Bordadlo Pinheiro
Citar excerto de https://almada-virtual-museum.blogspot.pt/2016/02/as-meninas-da-torre.html
"Bulhão Pato que era muito bondoso, muito, tinha os seus paradoxos: não gostava de crianças, porque eram barulhentas, mas, chamava as filhas do sr. Marques( as meninas da Torre) para a sua beira; amava o silêncio e tinha sempre à sua roda à barulho de uma alegre e palradora convivência, médicos e escritores, sobretudo.
 — Apesar disso — acrescenta a mana Isaura Augusta —  o sr. Pato era muito bondoso, muito. Acudia pelas criadas, obrigava-as a ir cedo para a cama, que não queria excessos de trabalho lá em casa.
Depois, a propósito de criadas, vem a história da Elisa. Bulhão Pato. além da cozinheira e do criado, tinha sempre uma "criadinha fina", uma rapariga de serviços de fora que pudesse acompanhar D. Maria Isabel.
— O sr. Pato gostava de ter caras jovens e bonitas á sua roda. Mas a história da Elisa é muito triste. Um dia, vieram dizer ao escritor que ela andava de amores com uma visita da casa, o jornalista, sr. Urbano de Castro. Viam-nos juntos em Lisboa, nas folgas da Elisa...
O sr. Pato chamou-a, ralhou-lhe tanto, tanto, que ele, segundo diziam, era um trovão quando se zangava, que a rapariga, envergonhada, matou-se com um desinfectante com que andava a tratar-se...
O sr. Pato chorou e fez-lhe uns versos. Havia uma quadra que dizia assim:
Senti bater o caixão
Quando te foste enterrar
Era tarde de Verão
O Sol morria no mar."
 —  Em que passava o tempo o escritor?
—  Se não escrevia, conversava sobre as suas viagens, falava de livros, fazia "pic-nics" na Quinta da Estrela ou caçava nos juncais de Caparica. Uma vez por semana, parece-nos que ás quintas-feiras, saia para Lisboa com a senhora, muito bonita com as suas mangas de presunto e os seus grandes laços de tule à volta do pescoço.
 —  Deu o nome a muitos "pratos" e petiscos...
— Possivelmente, eram os amigos que lhos davam. Nunca demos conta de que o sr. Pato fosse á cozinha ensinar a fazer ameijoas, bacalhau, perdizes ou ostras — e o que ele gostava destas! — com o seu nome ou não..."
Escreveu aqui na Torre vários livros destaco -  Livro do Monte (1896)
            
Reza a história a célebre receita  "ameijoas à Bulhão Pato" da sua autoria, debalde não é...Segundo os comentários da Rosa Miguel, muito interessantes sobre a origem desta receita .Por aqui na região reza a lenda que vivendo na Torre, a um pulindo do Porto Brandão, terra de pescadores e ancoradouro de catraios para Belém em  Lisboa, seria o local onde a receita teria tido origem em casa de uma mulher alentejana, por isso o uso dos coentros- erva típica na gastronomia alentejana ficando na história do seu nome associado ao bom repasto que adorava, por isso o seu nome associado.
As famosas ameijoas à Bulhão Pato, foto retirada fotos do Google, petiscos
Ainda existe o prédio que habitou metade, cuja construção reporta aos finais do século XIX.
Segundo excerto do Livro de Alberto Pimentel a Extremadura Portuguesa 
A casita  é confortável
Com dois palmos de quintal;
Porém tem vista agradável ,
Que abraça o Monte ao val
Foto retirada de  https://almada-virtual-museum.blogspot.pt/2016/02/as-meninas-da-torre.html
Visível na sua frontaria um gradeamento que seria pertença da quinta da Torre do Neiva que "surripiou " o nome da primitiva Quinta ad Torre.
                
 Continuando a citar excerto de https://almada-virtual-museum.blogspot.pt/2016/02/as-meninas-da-torre.html
 "— Vinha muito por aí o dr. João Barreira. Ficava ás semanas e viamo-lo, através da janela, pendurado além, nas grades do jardim, a esticar-se, como se quisesse ficar mais alto. Tinha uns olhos de pássaro tonto que nos assustavam. Ali ao lado, havia um celeiro. Ás vezes, o caseiro da sr.a Condessa dos Arcos ia para lá tocar harmónica. Como doido, o dr. João Barreira desatáva ás voltas, com as mãos nos ouvidos e aqueles olhos, a gritar, "que é isto, que é isto?" Este tocador de harmónio [?] era o mesmo que um dia, cumprimentando o sr. Pato, lhe estendeu a mão e a quem o escritor admoestou serenamente: "que é isso, rapaz, estende a mão só aos que forem teus iguais".
Foto retirada de  https://almada-virtual-museum.blogspot.pt/2015/01/casa-do-monte.html
Casario de Bulhão Pato com remate em platibanda em balaústre em faiança e vasos
   
Citar excerto https://almada-virtual-museum.blogspot.pt/2016/02/as-meninas-da-torre.html
"— Não sabíamos de onde lhe vinham os rendimentos. Rico, rico, porém, não seria, porque lhe vinham duas vezes por semana, ás quintas e domingos, grandes cestas de fruta e legumes, oferecidos pela familia Pinto Basto, da sua quinta aqui de perto, que está hoje nas mãos dos Quintelas. Mas com o não ser rico não deixava de ser muito esmoler, o sr. Pato. A casa aqui ao lado. estava mais que modestamente mobilada."


Citar excerto de https://almada-virtual-museum.blogspot.pt/2016/02/as-meninas-da-torre
"O Joaquim da Fidalgo vinha buscá-los, com o seu velho trem puxado por dois cavalinhos velhotes e eles aí iam a caminho de Lisboa para almoçar não nos lembra se no Leão de Ouro se no Estrela de Ouro... O carrinho, claro, ficava do lado de cá em Cacilhas. Nesse tempo, os barcos já eram movidos por vapor mas ainda não transportavam carros, como hoje. Aqui, do Porto Brandão, é que partiam os barquinhos movidos por meio de remos.... "
Largo Bulhão Pato
Citar excerto de https://almada-virtual-museum.blogspot.pt/2015/01/casa-do-monte.html
" A paizagem vulgar d'aquelles sitios: vinhas em volta, pinheiros ao longe. No caminho do Lazareto, a cem metros do Monte, umas ruinas pittorescas: a Casa das Bruxas, na sombra dos grandes ulmetros, onde os rouxinoes cantam na primavera. Á hora em que o orvalho sobe mansinho no ar socegado, fazendo tremer os contornos longinquos, Bulhâo Pato, madrugador, pega da espingarda e elle ahi vae por esses montes atraz das perdizes, por esses pinhaes á espera das gallinholas."

Casa das Bruxas
Sserá a atual ermida de S Tomás de Aquino reaproveitada no século XVI de um morabito árabe(?), que ainda conserva uma cúpula.
Foto retirada de https://almada-virtual-museum.blogspot.pt/2015/01/casa-do-monte.html
Rio Tejo Fragata Higino Mendonça dedicada a Bulhão Pato
Citar excerto de http://almada-virtual-museum.blogspot.pt/2016/02/as-meninas-da-torre.html
"—  Estamos a vê-lo, ao sr. Pato, muito fino, muito educado, um pouco baixo e de barbas muito brancas, com uma manta alentejana pelos ombros: "vamos a ver se ainda deito este Janeiro fora!" Costumava passear por aí, com a sua bengalinha mas, sendo muito sociável, não admitia certas liberdades... " 
Funeral de Bulhão Pato o cortejo a caminho do cemitério do monte em 1912
Um gato branco ao sol  numa parcela da horta da quinta da Torre primitiva, se encadeia com as pedras do talude da avenida Timor Lorosae
Foi com este olhar que senti a TORRE onde viveu e morreu o Bulhão Pato amante de ameijoas.
Fontes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Raimundo_Ant%C3%B3nio_de_Bulh%C3%A3o_Pato
https://www.facebook.com/pg/AMO-TE-CAPARICA-186509761426925/photos/
http://almada-virtual-museum.blogspot.pt/2016/02/as-meninas-da-torre.html
http://mariopro.com/caparica/images/LUGARESdeCAPARICA.pdf
https://almada-virtual-museum.blogspot.pt/2015/01/casa-do-monte.html
http://lisboa-e-o-tejo.blogspot.pt/2017/03/meme-de-bulhao-pato-no-leao-douro.html

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Quinta da Ramalha em Almada

Fernão Gomes, que fora mercador, era devoto de Santo Antão, o mesmo Santo que era patrono dos negociantes de cereais e de carnes. Sendo a ordem de Santo Antão devotada aos cuidados dos doentes atacados pela peste (denominada fogo-de-Santo Antão), melhor se compreende o contexto em que aquele proprietário decide, em 1456, construir na Quinta das Farinhas  fora de portas da vila de Almada um oratório consagrado aquele santo.
Já a conheci como Quinta  da Ramalha em quase abandono há quase 40 anos -, que antes se chamou Alvalade, Farinhas, até à designação de Quinta de S. João da Ramalha.


O S. João na Praça  MFA, antiga Renovação nos anos 50, foto cedida por Estefâneo Barros que fotografei no Museu da Cidade
"O padre  de Almada dirigia-se à Ramalha (antiga Alvalade) na tarde de 23 de Junho de cada ano, pernoitando a imagem alternadamente umas vezes no oratório de Santo Antão, outras vezes na Ermida de Nossa Senhora da Piedade, situada ali próximo na Quinta de Crastos, onde, segundo a tradição, está sepultada uma das filhas  de El-Rei D. Dinis, regressando  à vila de Almada na manhã do dia seguinte acredito com a carroça abarrotar de fruta, legumes e vinho, produtos produzidos na quinta .
Já em 1730, a Mesa da Irmandade se recusara a organizar a procissão, alegando que o oratório ficava muito distante da vila de Almada. Esta atitude provocou insubordinação popular, argumentando João Vieira de Sã Ribeiro que a procissão de São João Baptista se realizava para a Ramalha desde tempos que não havia lembrança nos homens velhos do seu tempo, exigindo que se cumprisse o preceito religioso, pois desde que deixou de ter lugar, não deram as fazendas novidades, o que se reconhecia por castigo divino.Do lado da Mesa da Confraria de São João Baptista, o sargento-mor de Almada, Domingos Rodrigues Cobra, alegava que a organização da procissão era da competência dos irmãos que administravam em cada ano, saindo com o santo uns anos e outros não, não podendo assim João Ribeiro exigir a realização de um ato que dependia da vontade alheia.Apenas  em 3 de Junho de 1734, o assunto fica parcialmente solucionado através de uma Provisão do Patriarca de Lisboa, D. Tomás I, na qual ordenava que "levem o santo à dita ermida na véspera do seu dia, e o tragam no dia, como de tempo imemorial se tem praticado, e mandamos que esta se cumpra como nela se contem".A partir desse dia foi a população da Ramalha e de mais lugares vizinhos, que se encarregavam dessa tarefa e a procissão jamais deixou de se realizar ao longo dos últimos mais de 266 anos.A Quinta das Farinhas passou a ser conhecida pela Quinta da Ramalha, encontrando-se em 1958 na posse do engenheiro Ernesto Borges, que a vendeu aos proprietários do Restaurante Dragão Vermelho, situado em Almada. Na década de setenta do século XX a quinta é urbanizada, algumas acomodações são oferecidas ao Clube Desportivo e Recreativo da Ramalha e o oratório de Santo Antão e edifícios anexos entregues à Câmara de Almada, sendo a sua gestão da responsabilidade de uma comissão de festas que organiza a tradicional procissão."
Texto retirado http://www.portugalweb.net/
O andor de S. João onde o vermelho é rey!
As obras de requalificação do que restava da Quinta de São João da Ramalha e a sua Capela são os últimos vestígios da antiga paisagem rural da cidade de Almada. Ao lado da ermida foi construída uma valência social de apoio a crianças, e na antiga casa  da quinta funciona,  julgo, apoio à vitima. 
Desta quinta da Ramalha foram retirados azulejos pombalinos, sabiamente aplicaram no novo centro social da Casa de S. Paulo no Pombal a servir de indicação das salas, dos quartos, das casas de banho, capela e,...inaugurado no dia 25 de janeiro no dia de S. Paulo na presença do Sr.Bispo de Setúbal, do anterior que revolucionou a diocese, já reformado, e do 1º ministro Dr. Passos Coelho.
A Creche e o Jardim de Infância da Ramalha, inaugurado no dia 28 de Setembro de 2010. 
Pratos em faiança designado S. João atribuído fabrico a Coimbra

A Festa Anual de São João Baptista, padroeiro da Cidade (24/6) é a preservação da memória de uma 

manifestação religiosa que está na origem da identidade cultural de Almada. 

Um ano de S João http://quintaisisa.blogspot.pt/2012/06/o-meu-s-joao-em-almada.htm

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