Aventa que o meu avoengo Manuel da Cruz, de Tornado, topónimo ligado a vento forte, julgo já não existe, seria por aqui há 200 anos...Não é por acaso que trouxe duas pedras. Uma esculpida pela erosão e a outra em forma de coração, que o acaso partiu desta forma a indiciar afetos, mas, também pode indiciar África. Afinal de onde todos viemos.
Parabéns ao Eng. Cristiano, o líder da caminhada e, ao primo Engº Diogo, que fez o papel de
" vassoura" e nos acompanhou sempre , com chegada mais de uma hora de atraso...na caminhada natureza que acabou por ser uma palestra cultural.
Saída da Associação...onde estávamos em alegre cavaqueira, nem demos conta da partida...armados para enfrentar chuva!
Perspetiva fotográfica de Casais do Vento, em pleno inicio da caminhada
Cemitério de belas pedras, de onde teriam vindo?
Onde fazem falta...deixam de falar o que foi o seu passado!
A caminhada traduziu se mui frutifica, pela partilha de saberes.
O Diogo, trazia a foto de um fóssil para se deslindar, pareciam 5 olhos. Logo a prontidão da amiga Cátia Salgueiro, enviou a um amigo Hugo Azevedo. Alvitrou serem ouriços marinhos. E sim, faz todo o sentido- em pormenor mostra que é uma colónia de ouriços do mar do tempo que tudo esteve submerso. Falei da Casa Museu na Granja, em Santiago da Guarda, Ansião, onde julgo esta espécie não existe. Os fósseis marinhos, outro mote na região cársica, que só se encontram em alguns sítios.
Deparámos com a celebre Ribeira da Murta, o seu nome original.
Toma outros nomes consoante as aldeias por onde passa, Relvas etc, água que já passou pela ponte romana e vai para o Nabão...
Junto da ponte, a montante e a jusante belos espelhos com profundidade de água, uma piscina, deu vontade de mergulhar...logo lembrada pelo tempo de inverno...
Contornámos a ribeira à esquerda, em corredor estreito com bordadura a olival , e sinais da vastidão do incêndio. Um sobreiro milenal derrotado com o fogo...
A beleza mural dos muros de pedra seca fecham courelas de árvores e arbustos hirtos, mortos pelo fogo...
Um castiço mouroço feitos de pedras sobrepostas em altura...
A sombra de séculos vestiu as pedras da ribeira de musgo...Ruína de um moinho de água, com levada e açude. Tradição trazida por povoadores do norte, onde foram muito abundantes, até porque tem muita água. Na região desde norte, no concelho de Ansião, Alvaiázere, Pombal, Figueiró dos Vinhos e Ferreira do Zêzere.
O ar carismático do amigo Fernando Silva
As pedras vestidas de musgo a lembrar Sintra e o meu Sporting!
Ponte romana que teve derivação da via principal para Lisboa com a ponte para o litoral
Com chegada à ponte romana assisti ao adeus às águas da ribeira da Murta, vinda de Relvas, Quebrada, sendo que toma o nome das aldeias onde recebe águas.
A perspetiva da via romana seguia a ponte pelo costado, o que falta explorar.
Vista sobre a ponte com grande moinho, e acima teve outro, com levada, Alvaiázere.
Seguimos a trilha da calçada romana que foi feita em chão com pedra e nas faltas acrescentada, sendo ainda visível nesta foto o desnível da calçada com a parte virgem.
Aqueduto de um ribeiro de enxurrada que debitar a água na ribeira. Notável a ponte do aqueduto com lajes maiores.
A primeira vez que aqui vim, foi no verão passado, em secura, do Olho da Quebrada até a ponte romana, com a minha amiga Fernanda Dâmaso e o marido Gilberto.
A caminhada favoreceu comparar agora a calçada romana, sem folhagem, muito lavada, em doce cobiça. Quem ali não se sente romano?
Levitei em entusiasmo por segundos para logo acordar e querer entender o seguimento da via romana quer para o litoral, Colipo, como também na ligação da azinhaga para Chãos.
Depois da sinalética o troço da via romana vindo de Almogadel, da via principal de Bracara Augusta para Olissipo ou foi em frente, ou para a direita. Já tinha explorado o ano passado pela toponímia do Poço Público. Julgo que seja o que está alterado junto ao entroncamento defronte da capela.
O ano passado fiz de carro o percurso para Chãos, ganhou expressão que o caminho na Quebrada do Meio, à direita, seja o que foi romano. Até deslindei onde ia embocar no atual alcatrão.
Triste cenário com casas destruídas pelos incêndios...
Resistem os piais que é herança judaica, na lateral da janela ...
Sobreviveram estes sobreiros seculares
Ideia criativa de mini piscina debruada a pedras...
Vista do Olho da Quebrada de nascente, agora cheio de águaRelembrar que estamos numa região cársica onde há várias exsurgências.
De volta ao trilho da caminhada
A toponímia atestada Prazo, na Ribeira da Quebrada, traduz o aforamento antigo
Ribeiro encanado por ponte de pedra
Ladeira com muito calhau rolado esventrada pelas regateiras...
Matos, onde parecer tem aparecido ouro, aventa ter sido um habitat romano, estando no enfiamento da via romana para o litoral. Tenho de lá ir .
Ao cimo a redor de cumeadas por todo o lado a perder de vista, nuas, despidas, avistamos o Pinheiro artificial da antena de telecomunicações em Avecasta, onde ardeu o moinho
A paisagem jamais alguma vez assim foi vista em plenitude.
A baixa claridade não permitiu enxergar nem Fátima, já o mar, avista-se da serra de Alvaiázere, em dias de luz .
Uma pedra moldada pela erosão e outra ainda sem a erosão, que moldou um coração, que pode também ser Africa
Muito bem recebidos, com caldo verde e rei chouriço. Bom pão, bem cozido com boa bifana. Maçã Vinho. Café.
Chega
se um homem ao meu marido alertado pelo slogan dos nossos impermeáveis -
às 9 na Pastelaria. Não me diga que é do grupo do Paulino e da Teresa
Afonso... Pois somos. O bom homem é parente, de Chão de Couce, ali
casado. Deixei Casais do Vento, de coração cheio pelo bom acolhimento. Confraternização. E partilha cultural.
Parabéns à todos os envolvidos, extensível aos amigos, pela fraterna companhia, Luís Filipe Godinho, Cátia Salgueiro, Fernando Silva, Paulo Arsénio, arqueólogo e a doce Raquel Gomes.
Bem hajam a todos pela companhia, por me aturarem, e desculpem qualquer coisa.
A vossa amiga Isabel