segunda-feira, 6 de março de 2023

Caminhada nos Casais do Vento, na Pelmá, Alvaiázere, ao Olho da Quebrada

Casais do Vento, na freguesia de Pelmá , no concelho de Alvaiázere.
Caminhada inaugural, patrocinada pelo Grupo de Amigos  dos Casais do Vento, na ligação à Associação local.

Aventa que o meu avoengo Manuel da Cruz,  de Tornado, topónimo ligado a vento forte, julgo já não existe, seria por aqui há 200 anos...Não é por acaso que trouxe duas pedras. Uma esculpida pela erosão e a outra em forma de coração, que o acaso partiu desta forma a indiciar afetos, mas, também pode indiciar África. Afinal de onde todos viemos.

                            

Parabéns ao Eng. Cristiano, o líder da caminhada e, ao primo Engº Diogo, que fez o papel de

" vassoura" e nos acompanhou sempre , com chegada mais de uma hora de atraso...na caminhada natureza que acabou por ser uma palestra cultural.

                                 

Saída da Associação...onde estávamos em alegre cavaqueira, nem demos conta da partida...armados para enfrentar chuva!

                   

                       Perspetiva fotográfica de Casais do Vento,  em pleno inicio da caminhada

                     

Cemitério de belas pedras, de onde teriam vindo? 

Onde fazem falta...deixam de falar o que foi o seu passado!

A caminhada traduziu se mui frutifica, pela partilha de saberes. 

O Diogo, trazia a foto de um fóssil para se deslindar, pareciam 5 olhos. Logo a prontidão da amiga Cátia  Salgueiro, enviou a um amigo Hugo Azevedo. Alvitrou  serem  ouriços marinhos. E sim, faz todo o sentido- em pormenor mostra que é uma colónia de ouriços do mar do tempo que tudo esteve submerso. Falei da Casa Museu na Granja, em Santiago da Guarda, Ansião, onde julgo esta espécie não existe. Os fósseis marinhos, outro mote na região cársica, que só se encontram em alguns sítios.

Deparámos com a  celebre Ribeira da Murta, o seu nome original. 

                   

Toma outros nomes consoante as aldeias por onde passa, Relvas etc,  água  que já  passou pela ponte romana e vai para o Nabão...

Junto da ponte, a montante e a jusante belos espelhos com profundidade de água, uma piscina, deu vontade de mergulhar...logo lembrada pelo tempo de inverno...

                 

                                           

Contornámos a ribeira à esquerda, em corredor estreito com bordadura a olival , e sinais da vastidão do incêndio. Um sobreiro milenal derrotado com o fogo...

A beleza mural dos muros de pedra seca fecham courelas de árvores e arbustos hirtos, mortos pelo fogo...                                                          

Um castiço mouroço feitos de  pedras sobrepostas em altura...

                                

A sombra de séculos vestiu as pedras da ribeira  de musgo...Ruína de um moinho de água,  com levada e açude. Tradição trazida por povoadores do norte, onde foram muito abundantes, até porque tem muita água. Na região desde norte, no concelho de Ansião, Alvaiázere, Pombal, Figueiró dos Vinhos e Ferreira do Zêzere. 

 O ar carismático do amigo Fernando Silva

O arqueólogo Paulo Arsénio a passar pelas árvores caídas pelo incêndio

As pedras vestidas de musgo a lembrar Sintra e o meu Sporting!

                    
Ruína do moinho de água e a sua levada
De volta ao trilho até ao limite de concelhos para a ponte romana
                  
A foto de grupo
O arqueólogo Dr.  Paulo Arsénio, amigo, que fez o favor de nos acompanhar e ajudar a decifrar enigmas, em esforço...
Ponte romana que teve derivação da via principal para Lisboa  com a ponte para o litoral
Prestes a deixar  Alvaiázere, com entrada em Ferreira do Zêzere

Com chegada à ponte romana assisti ao adeus às águas da ribeira da Murta, vinda de Relvas, Quebrada, sendo que toma o nome das aldeias onde recebe águas.

A perspetiva da via romana seguia a ponte pelo costado, o que falta explorar. 

Vista sobre a ponte com  grande moinho, e acima teve outro, com levada, Alvaiázere.

Seguimos a trilha da calçada romana que foi feita em chão com pedra e nas faltas acrescentada, sendo ainda visível nesta foto o desnível da calçada com  a parte virgem.

                     

                     

Aqueduto de um ribeiro de enxurrada que debitar a água na ribeira. Notável a ponte do aqueduto com lajes maiores.

                                 

               

A primeira vez que aqui vim, foi no verão passado, em secura, do Olho da Quebrada até a ponte romana, com a minha amiga Fernanda Dâmaso e o marido Gilberto. 

A caminhada favoreceu  comparar agora a calçada romana, sem folhagem, muito lavada, em doce cobiça. Quem ali não se sente romano? 

Levitei em entusiasmo por segundos  para logo acordar e querer entender o seguimento da via romana quer para o litoral, Colipo, como também na ligação da azinhaga para Chãos.

Depois da sinalética o troço da via romana vindo de Almogadel, da via principal de Bracara Augusta para Olissipo ou foi em frente, ou para a direita. Já tinha explorado o ano passado pela toponímia do Poço Público. Julgo que seja o que está alterado junto ao entroncamento defronte da capela. 

O ano passado fiz de carro o percurso para Chãos, ganhou expressão que o caminho na Quebrada do Meio, à direita, seja o que foi romano.  Até deslindei onde ia embocar no atual alcatrão.

                         

 Triste cenário com casas destruídas pelos incêndios...

 Resistem os piais que é herança judaica, na lateral da janela ...

                   

Sobreviveram estes sobreiros seculares

    Ideia criativa de mini piscina debruada a pedras...

Vista do Olho da Quebrada de nascente, agora cheio de água
Bela perspetiva do depósito de agua 
No ano passado, depois dos incêndios, choveu bastante e as cinzas  desceram pelo Olho da Quebrada. Entrei ainda uns metros a lama era muita e a entrada para o rio subterrâneo estava quase entupida. 

Não me oferece dúvida que no passado o povo é que lhe deu a configuração de mina ovalada desde a abertura, escavando à unha o túnel, como fizeram o muro para a reserva de água que seria aberta no acerto de moagem dos moinhos que lhe estão para diante.
Reforço no parque de merendas com inédita entrega de saquinho de papel atado com ráfia. Queque, barritas e água.
O Diogo, foi um eloquente cicerone/guia, sabe falar, sabe ouvir e, sobretudo sabe agradar aos interesses dos que o acompanhavam. 
Olhinho
Deu-nos a conhecer  o Olhinho, uma exsurgência a 150 metros do Olho da, Quebrada, na margem norte da ribeira da Murta também ali chamada de Relvas. Mas, não vomitava água... Amanha talvez...
Relembrar que estamos numa região cársica onde há várias exsurgências.
De volta ao trilho da caminhada

A toponímia atestada Prazo, na Ribeira da Quebrada, traduz o aforamento antigo

                            

Ribeiro encanado por ponte de pedra 

O Diogo amigo da natureza recolheu ao longo do caminho plásticos que deixou no caixote do lixo.
Ladeira com muito calhau rolado esventrada pelas regateiras...
          

Matos, onde parecer tem aparecido ouro, aventa ter sido um habitat romano, estando no enfiamento da via romana para o litoral. Tenho de lá ir .


Ao cimo a redor de cumeadas por todo o lado a perder de vista, nuas, despidas, avistamos o Pinheiro artificial da antena de telecomunicações em Avecasta, onde ardeu o moinho
Por todo o lado um panorama brutal, ditado pelo flagelo dos últimos incêndios

A paisagem jamais alguma vez assim foi vista em plenitude.

A baixa claridade não permitiu enxergar nem Fátima, já o mar, avista-se da serra de Alvaiázere, em dias de luz .


Chegada com amostragem de algumas pedras que o povo dita serem calçada romana. 
Deixou o mote a novo percurso para entender se ali entronca a via romana da ponte romana da Quebrada para o litoral.

A metros, logo acima, um poço, que foi de chafurdo alterado para fonte...
Os meus souvenirs

Uma pedra moldada pela erosão e outra ainda sem a erosão, que moldou um coração, que pode também ser Africa 

Muito bem recebidos, com caldo verde e rei chouriço. Bom pão, bem cozido com boa bifana. Maçã Vinho. Café.
Chega se um homem ao meu marido alertado pelo slogan dos nossos impermeáveis - às 9 na Pastelaria. Não me diga que é do grupo do Paulino e da Teresa Afonso... Pois somos. O bom homem é parente, de Chão de Couce, ali casado. Deixei Casais do Vento, de coração cheio pelo bom acolhimento. Confraternização. E partilha cultural.
Parabéns à todos os envolvidos, extensível aos amigos, pela fraterna companhia, Luís Filipe Godinho, Cátia Salgueiro, Fernando Silva, Paulo Arsénio, arqueólogo e a doce Raquel Gomes.
Bem hajam a todos pela companhia, por me aturarem, e desculpem qualquer coisa.
A vossa amiga Isabel


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