quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Cortejo alegórico das festas do povo de Ansião, 2023

Sala de visitas a sul de Ansião o Ribeiro da Vide
Local meritório  de também receber uma nota histórica sobre cada carro alegórico. Dada a concentração de povo à sombra dos plátanos,  em amortização do desfile até chegar à Praça do Município. 

A mudança de horário do cortejo é ótima, mas 3 horas é demasiado, o povo começou a esvaziar a praça antes do final ... Como falta povo das freguesias na vinda à vila acompanhar e aplaudir o seu carro.
Devia haver incentivo como nas marchas com atribuição de prémios.

Mas, a maior falta é encontrar substituto do saudoso César Nogueira, além da sua silhueta alta e elegante, a sua voz quente e doce,  tão conhecedor das tradições de Ansião. 
Igualmente sem substituto, o Dr. Fernando Travassos, cujo empenho e dedicação era comandado por paixão e, hoje, sinto por vaidade e exibição...
Urge tempo de uma escolha de elite, na  panóplia de funcionários autárquicos, imbuídos de paixão, liderança, obstinação e dedicação às tradições concelhias, líder dos meandros do cortejo, num trabalho de rede com as freguesias e suas associações, senão acaba por morrer. Em franca colaboração , cumplicidade no espirito a comuns interesses de empenho, num palco a brilho a todos ! 

Publiquei em dezembro de 2022 uma cronica no Jornal Serras de Ansião
Alusiva ao Tributo à tradição dos Lenços dos Namorados e de Casamento, no concelho de Ansião . Já perdida há anos. A sorte de localizar um lenço de casamento que juntei memorias de outro lenço de namorados, oferecido ao meu avô materno, Jose Lucas,  no excerto ; A ensejo que o digno lenço venha um dia a engrandecer o futuro Museu Municipal! 
Como auspício à discussão da vereação da cultura em 2023, ao arranque certificado, dos lavores. 
Ainda mote alegórico ao carro da Vila de Ansião, ao sabor da poesia popular, entre outras; a minha mãe e a “Maria do brasileiro” de Lisboinha.

Debalde não me deram importância! Se quem de direiro perdesse um quarto de hora para ler as minhas cronicas mensais, já teriam aprendido muitissimo, sobre Ansião, pese bem saber que é dificil a minha escrita, ainda assim sei que tem muitos seguidores. 

Já de Lisboinha veio o João Patrício, e não foi feliz!
                  
 A sombra dos plátanos, que a seca já espalha folhas a chamar tão cedo o outono...
Posicionamento dos Bombeiros de Ansião para abertura do desfile
Posicionamento da Filarmónica de Ansião na abertura do desfile
Má aposta o empréstimo das guardas plásticas amarelas com o slogan ALVAIÁZERE!
Outra  nota negativa  
Continua em falta há quase 3 anos, a placa toponímica da Cidade de Santos. 
Apenas consta o pedestal onde encaixava ...a placa que era enorme quiçá foi roubada para um tampo de mesa...já que o encaixe se mostra demais frágil
A carruagem do meu amigo Paulo Mendes
Trazia a Rainha Santa Isabel, a bela Luz, minha prima, segue os passos da sua avó Isabelinha Paz. 
Sem favor a exaltação aos mesmos genes de beleza exótica.
Parece que na praça houve uma cena teatral evocando a Rainha Santa Isabel e a esmola a um ancião...
Cena inventada por Virgílio Rodrigues Valente, foi um homem de humor sarcástico, tipo gozão, segundo diz quem o conheceu. Brincou com o verso, julgo é seu, com o topónimo escrito então  ANCIÃO, que também designa velho, idoso.
Já a Rainha aqui ter passado, nada se sabe. Já por Soure passou. Mas, onde passou de facto foi na estrada romana/medieval do Pontão para Dornes, terra que foi donataria como o seu cortejo fúnebre a caminho de Coimbra.   
                   
Ansião o Rancho Infantil Serras de Ansião
Trouxe um sarilho
Recordo a sua utilização na descida sentada num balde quadrado de madeira ao fundo de um poço que o meu pai mandou abrir no quintal. Estavam os homens a furar com brocas o fundo para achar água...
Alvorge
Trouxe a arte de lavrante, a cantaria, com o canteiro por um dia, o meu amigo Jaime Tomás, e Fernando Dâmaso como fotógrafo.
Gostei muito, sendo uma apaixonada pela cantaria que desde sempre abordoei com a partilha de lintéis falantes, varandas em grade , colunas quinadas entre demais obras primas de trabalhar a pedra.   
                    
Apontamentos de pedra falante 1625 numa casa na Junqueira e  arte religiosa  
Casa no Alvorge que foi de um juiz e hoje da D. Clementina
Brasão da Misericórdia do Alvorge e janela na Junqueira 
Brasão do solar dos Carneiro Figueiredo
                                               
Janela falante 
Coloquei á discussão no Grupo Genealogia FB
Muitas opiniões, mas é fulcral a foto da pedra original, para não haver qualquer duvida das letras .

-Coloquei num tradutor: “aiude medes”, como sendo latim. A tradução para Português surgiu como: “me ajude a curar”. …. mas não sei.

-Sem qualquer certeza, diria que é português e é uma expressão de cariz popular, com cariz apotropaico (para proteção espiritual) que resulta da fusão de várias palavras, algo como “Ajude-me Deus”: AIVDEMEDES" aiudemedes, que quer dizer: me ajudes. Ou: me ajudem"

-Isto parece grafia típica dos séculos XVI/XVII. 
Quanto à inscrição pode ser AIVDEM, como já se referiu aqui mas estou mais votado para ALV MEDES. Era necessária uma foto com melhor qualidade e com uma aproximação letra a letra.

Fico entre a ideia ; me ajude a curar ( podia ter sido casa de um curandeiro) e ajude-me Deus!
A cantaria teria sido ou da cadeia ,ou de outra casa, aqui requalificada...
                                         
                  

Aplausos na Praça do Município
Lagarteira trouxe a arte da calçada
Calceteiros, a aparelhar pedra branca, rosa e cinza da Carvalhosa, julgo.
                   

Grandes fósseis de amonites
CAAS Santiago da Guarda
Boa escolha do modelo da moça de lenço verde veludo a rivalizar Malhoa...
Avelar
Trouxe a maquete do primeiro hospital  da Fundação de Nossa Senhora da Guia, que foi patrocinado pelo Dr. Costa Simões, entre outros.
O 3º hospital no concelho, o mais recente e único a laborar.

Fontanário esculpido em pedra com uma serpente
Torre de Vale de Todos 
O meu quintal 
Muito  mimoso, fresco, com muito encanto, lá estava a bela Mónica a estandarte da Torre .
                     
Na Praça do Município
Serra do Mouro
Os moinhos de madeira característicos de Sicó e a broa
                  
                                            
Fiz me à foto junto ao moinho da Serra do Mouro. 
Lembrei em miúda, quando meu Bairro de Sto António,  fez um forno numa talha do Ti Zé André, e foi no desfile a cozer pão. 
Outros tempos de grande moldura humana, em adoração à nossa cultura e património .
                 
                   
Netos
Já habituaram o publico a obras de arte. Mais uma! Parabéns.

Muito trabalho com perfeição e dedicação. 
Se me permitem e sem qualquer mote a qualquer ofensa, não posso deixar de dizer o que senti - a demasia de  motivos (escola, cestaria, grupo de roque, Fonte Santa) a azo do dito popular "muito gado enxovalha o pasto".

Apresentação da frontaria do carro muito bem conseguida, a par da da eximia obra da capela com as marcas das fogueiras dos invasores franceses e a historia do Chapado. Nota máxima.
A  meu ver, bastava  fechar com procissão com as opas da cor das flores, que foi muito boa aposta, evocando Severim Faria em 1625 "  os da Constantina vieram à matriz buscar a Virgem de noite para os ansos não se darem conta, pois eram muito chegados aquela Senhora..."
A Virgem que foi rebatizada na Constantina Senhora da Paz!
Desculpem a minha franqueza, mas, não consigo ser hipócrita. No meu ponto de vista faria mais sentido na comemoração dos 400 anos da Confraria de Nossa Senhora da Paz. Mas respeito, com carinho.


Glamour o emadeiramento, as colunas, ao telhado, as marcas das fogueiras, não falhou. Parabéns.
O Chapado
                    
 A arte da cestaria 
A Feira dos Poceiros no dia 10 de agosto de S. Lourenço
                               

O publico veio ver o cortejo à praça      
Fotos marcadas com a careca de um ilustre de Ansião, a lembrar a aura do Santo António ...             
Fecho do cortejo com a Filarmónica de Avelar
Na passagem à  minha porta...
                    
                     
A ressalto o lamentável engano do locutor... 
Na apresentação proferiu Banda Ansianense...já sem a memória que esta é que abriu o desfile...
Também o staff não o avisou que o carro de Pousaflores teve avaria e não veio...
O publico
A rapsódia de um  romano de seu nome Ansiliano
Duvido que seja romano, fundamentado no genitivo do nome pessoal hipocorístico germânico Ansilla, Ansillani ou Ansillanae? Tenha ditado o topónimo Ansião e não um nome romano.
Contudo o texto, tinha-o na ponta da língua, já o interlocutor sendo também ator, guiava-se pela cabula...

Pelo meio dia foram cortar uns ramos ao pinheiro junto da CGD para passagem dos carros... 
Pormenor que devia ter sido visto e tratado bem antes...

Na cronica no Facebook recebi uma critica "nem sempre é como digo"...
Relevo, folgos intempestivos de todo aquele que se quer afirmar, debalde sem conhecer de Ansião, o que eu conheço.  Fruto da minha elevada idade , abençoada memoria, frontalidade e sem imposturice, a dizer verdades que doem, temos pena! 

O melhor foi mesmo na Mata, ao tabelar conversa demorada com o Sr. Carlos, Presidente da Junta de Freguesia do Alvorge, que me reconheceu, eu não sabia quem era. Disse-me que as minhas criticas foram quase todas resolvidas, e isso gostei muito. E, que o alcatrão também é para levantar, mas...pois, mas tem de ser, quando o solar da Ladeia for requalificado. A esse propósito deixo uma dica. O Alvorge tem carência de uma casa das artes musicais e ali podia nascer com auditório para se ouvir um concerto, apresentação de varias temáticas, inclusive de livros. A merecer atenção a torre que sendo de origem romana, tem de ficar visível para ser apreciada, bem melhor seria acrescentar o 3º andar,  derrubado na centúria de 600.
Gostei de perceber que afinal há cronicas minhas que tem impacto cultural , pese nada me dizerem, acabo por o saber doutra forma. Mais, identifico o "roubo" da minha linguagem. Corredor romano, é inédito, meu!
No  próximo Fórum Romano, em Santiago da Guarda, no dia 9 de setembro, vai haver uma caminhada de observação do traçado da antiga via romana Olissipo/Bracara Augusta - Trás de Figueiró/Ateanha. Sob orientação do arqueólogo Rodrigo da Fonseca da ADILCAN. 
Soube que a Dra. Teresa Falcão pediu ao presidente da Junta do Alvorge para ir ver o poço do Carril. 

Bom, acho muito interessante a ideia. Porem, antes ninguém se preocupou, foi preciso publicar, a caminhada do Alvorge, onde descobri um troço de calçada romana, que era inédita, e depois na cronica sobre a Ateanha e, de  repente os academicamente formados, mostrarem interesse ao açambarcar tamanha descoberta, quando os ditos grandes; Salvador Dias Arnaut, António Baião entre demais, nenhum teimou dizer que ali passou o corredor romano principal. Porque não coligiram o que eu consegui graças a caminhadas em Ansião e nos concelhos limítrofes. O que me chateia grandemente? Fazerem uso das minhas descobertas, debalde sem me darem valor algum, antes desprezo, é injusto!
Mas, a seu tempo quando publicar as minhas considerações, lá escreverei estas citações.

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Almada ultima obras para as jornadas da juventude

Almada território de muitos, a horas da abertura da Jornada da Juventude, com espanhóis entre outros, em espera da abertura do portão do Cristo Rei. Assisti ao alvoroço com obras de ultima hora, no asfaltamento da estrada... pinturas de edifícios de águas, etc. Ora, há muito que já deviam estar prontas!

Uma autarquia que é cidade há 50 anos, deve começar por avaliar o que é seu, e reciclar o pessoal, que a meu ver tem mordomia demasiada...e pouca excelência no esmero do trabalho publico.

Largo do Cristo Rei, para o Pragal 

Tudo igual - é uma vergonha assistir ao canavial, que já deveria ter sido abatido com os rizomas queimados e a estrada em garganta - alargada.

                   
A autarquia não reconhece os limites do seu chão
Veja-se o quadro enorme, escondido entre cedros , quando na realidade ali foi posto para publicitar a cidade...
                  
O largo da ermida do Pragal que foi um miradouro, com a vegetação arbórea alta, mal se enxerga...
Falta aposta em romper acessibilidades
Há muito que a autarquia devia ter procedido à abertura do Beco a partir do estacionamento da ermida fazendo ligação à estrada de terra que desce a falésia do Cristo Rei.
Terreno alheio ao Deus dará, a ser proveito de espertos ...
Assiste-se ao desmazelo dos terrenos que sobraram das expropriações de quintas para a ponte e suas acessibilidades. Nada tem sido feito, dando oportunidade a alguns de fazer barracos em terreno alheio.
A primeira vez em tantas que já aqui vim, sem vento, em dia de sol encoberto, reviver a magnifica paisagem sobre o Tejo e Lisboa.

O Santuário já tem Segurança.

Reduziram o parque de estacionamento, com a casinha de souvenirs e uma fonte!

                       

  Exagero a estatuaria em bronze espalhada pelo recinto

     
                                                 
                  
A igreja investiu em alojamentos, por um lado ajuda financeira bem vinda ao Clube atlético de Almada.

Contudo o santuário do Cristo Rei onde nos últimos anos tem gasto milhares, ou milhões, com obras que desfazem, nascendo outras, a estandarte de vaidades, com esculturas brutais em bronze, pedestais maciços de pedra etc. etc. A meu ver teria forma de acolher mais peregrinos. Montaram duas grandes tendas, numa decorria uma missa com meia dúzia de freiras...debaixo das palmeiras havia confissões, cara a cara...e questionei-me que "pecados " terá uma religiosa? Gula, pecaminosos...Quanto mais não valia aproveitar talentos a contributo de servir as comunidades, do que passarem a vida vestidas de farda pesada e a rezar ...vivemos um tempo novo, os hábitos há muito que deviam ser abolidos. O hábito não faz o monge. Reduziam o estacionamento, não faz sentido para o futuro .
Exageros de infraestruturas, nem sei se chegaram a ter utilidade como as retretes em fila...

Pior, no Cristo Rei, é assistir a mais de mil oliveiras, que ali foram transplantadas, carregadíssimas de azeitona, que deixam cair e estragar a cada ano. Quando o certo era ser apanhada e produzir riqueza, criando infraestruturas de apoio como um lagar, que na península de Setúbal, onde floresceram imensos, hoje não tem nenhum...

Questiono; acaso o SANTUARIO DO CRISTO REI recebe incentivos financeiros do IFADAP?

Um mundo onde reina a fome, o desperdício de azeitona é um despautério!
  
                  
 O Cristo Rei foi fechado à entrada de veículos antes da Jornada, impediu centenas de turistas que nesta altura o veem conhecer . Uma má aposta, com perdas grandes.

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Sãozinha, a Santinha de Alenquer, com raiz nobre dos Pimentéis Teixeira de Maças de D. Maria

Crónica com resumo publicado em agosto de 2023 no Jornal Serras de Ansião

Em Lisboa, na feira da ladra, comprei um livro da “Ribeirinha” – Maria Paes Ribeiro, amante do rei D. Sancho I, que lhe doou na região centro, a herdade de Almofala. Trazia uma pagela inglesa de 1947 comemorativa da Sãozinha. Nascida em Coimbra, em 01.02.1923, filha do Dr. Alfredo da Silva Pimentel, natural do Crato, Alentejo, e a mãe D. Maria Luiza Fróis da Silva Gil Ferrão de Pimentel Teixeira, com raízes em Maças de D. Maria.

Pagela

                                   

Gustavo Sequeira no Inventário  Artístico do Distrito de Leiria, de 955 abordou o solar da família dos Pimentéis Teixeira

Considerava que poucos edifícios no norte do distrito eram dignos de destaque, exceto "em Maçãs de Dona Maria, a casa nobre dos Pimentéis Teixeiras, com a capela atinente, exemplar interessante da segunda metade do século XVIII, onde se tocam o barroco e o «rocaille».

Foto do solar do Inventário Artístico de 1955

O brasão indicia ter sido encastrado na cimalha acima da janela na esquerda ainda com uma colunata de apoio. Veja-se a escadaria em meia lua, linda da entrada do solar.

Conheci a vila de Maças de D. Maria nos meados da década de 60, do séc. XX, na companhia da minha mãe, que ali se deslocava a serviço nos CTT.  

A seguir aos correios, recordo a quietude do sussurro da bica d' água no tanque de pedra bordejado de flores e trepadeiras na quinta de portão aberto, onde, de verde, se vestia o profundo vale fetal. Quadro naturalista a rivalizar Malhoa, na bucólica Maças de D. Maria. 
Sem vivalma, a caminho da Fonte do Pereiro, onde enchia a cantarinha de água fresca, em caminho de quintais de altos muros de pedra a encarcerar cerejeiras vestidas de cerise...sem as poder roubar.  
O topónimo Pereiro, de origem medieval, dos judeus aportados à região na centúria de 500. 
                                               
Quietava “bofes de fora” a subir tanto degrau ad alta escadaria a poente para o adro, onde admirava a arte fúnebre do cemitério velho e o Cruzeiro Filipino. 
Ao terreiro da feira, de novo perdida em minutos gordos, nas cantarias do solar em abandono da nobreza rural e, da  capela dos Pimentéis Teixeira. Garbosa arte de lavrante , jamais antes vista, logo me reportaram para as golas das camisas dos 4 mosqueteiros, a minha serie televisiva favorita. Outra pintura naturista de rara beleza pela imponente ruína a espraiar-se na vastidão serrana, a salpico aldeão, debalde, sem camélias a imitar Figueiró dos Vinhos!

A Câmara Municipal de Alvaiázere

Dignificou a capela e a frontaria do solar exaltando as cantarias onde enquadrou um Auditório, a Junta de Freguesia e jardins. 

Em 2015 a efeméride dos 500 anos da atribuição do Foral
Maçãs de D. Maria é terreiro de gentes que teimou não deixar passar a data da comemoração dos 500 anos do seu Foral . O exaltou em brio, com monumento evocativo. De assinalar que são Gentes com atos de louvar, no passado e no presente! Pelo que urge dignificar o fuste do Pelourinho quinhentista , identificado e reconhecido na quina de uma casa, na Rua principal.
Em memória do Eng.º Miguel Portela, que enalteceu a região na investigação histórica.

Cortesia da foto do fragmento do fuste de Henrique Dias

Naquele tempo a bucha do almoço era farnel aviado de casa, a deguste sabor das minhas aventuras e a ouvir estórias da minha mãe – quiçá, fui gerada no posto de Correios no Armazém das Cinco Vilas. O meu pai veio de bicicleta de Ansião, depois de subir a brutal ladeira desde as Vendas de Maria, ainda teve fôlego...

O imóvel encontra-se finalmente em requalificação
                       
Em Maças de D. Maria, a minha mãe fez o exame da 4ª classe. Na altura não existiam sanitários, as necessidades fisiológicas da professora eram feitas num caldeiro, que as alunas tinham o dever de despejar e limpar...Quis o destino que um dia a dita professora reformada aparecesse nos Correios para enviar uma carta, fazia eu bonecos nos papéis do lixo... As duas trocaram carinhos e matam saudades dum tempo passado. Recordo que a minha mãe a questionou pela saúde do marido, ao que esta lhe respondeu..."Sabes, agora dormimos em camas separadas, é muito mais higiénico"...Não entendi o que quis dizer, mas registei em memória, demorei anos para perceber o significado ...
Sem dúvida outros tempos, nem se podia interrogar, interromper, perguntar?
Habilitava-me a uma valente bofetada !
Já a família dos Pimentéis Teixeira, na ida a Coimbra, visitavam parentes na quinta dos Sequeiras, na Ribeira do Açor. Por onde passou em 1625, o Chantre de Évora e o seu sobrinho Manuel Severim de Faria (...)  chegados a Maças onde fomos alegremente recebidos e regalados com contínuos banquetes e diversas iguarias assim de carnes como de frutas e pescado, e no dia 12 de agosto partimos para a NSPaz da Constantina.
O brasão da vila de Maças de D. Maria
Segundo um excerto de Genealogia de Luís Piçarra 
"Está registado no livro do ano de 1753 a fls.113 Cota Dep. IV-27-A-17, o assento de nascimento de "José filho do Capitão mor destas cinco vilas, José António Álvares Pimentel Teixeira e de sua mulher D. Francisca de Sequeira Mansa de Figueiredo, moradores nesta vila e freguesia de Maçãs de D. Maria, neto paterno de Domingos Álvares Simões e de sua mulher Luzia da Nazaré da mesma vila e freguesia e materno do Capitão Pedro Martins de Figueiredo e de sua mulher Marcela Leitão de Sequeira Mansa da Fonseca, moradores na Quinta do Fojo freguesia de Sernache do Priorado do Crato, nascido a dois de Janeiro de mil setecentos e cinquenta e três, foi solenemente batizado(...) foram padrinhos o Rev. Dr. Manuel Rodrigues Teixeira, Tesoureiro mor da Sé de Coimbra e Provisor deste Bispado, tio do batizado, e Bernarda de Sequeira (?) do Capitão Pedro Martins, tia do batizado(...)" 
Interessante tentar conhecer melhor as referidas ligações de D. Josefina Pimentel de Abreu e de D. Maria da Conceição Fróis Gil Ferrão de Pimentel Teixeira-, a Sãozinha, que dela os da minha geração e mais velhos ouviam dela falar e da sua santidade, aos avós e pais.

Cortesia de Henrique Dias da árvore genealógica da Sãozinha 
                       
Sãozinha
Sãozinha
Ilustre descendente da nobreza e fidalguia de Maçãs de Dona Maria nascida a 1 de Fevereiro de 1923 no Bairro de Santa Teresa, Sé Nova, em Coimbra, filha de pais brasonados, Dr. Alfredo da Silva Pimentel nascido no Gavião em 2 agosto de 1895, médico, descendente de D. Nuno Álvares Pereira, morreu na Abrigada em 25 de outubro de 1970, e a mãe era descendente de D. Maria II-,  D. Maria Luiza Fróis da Silva Gil Ferrão de Pimentel Teixeira, nasceu na Abrigada em 6 junho de 1986, morreu com 91 anos. 
Viveu com os pais na Abrigada  em virtude do lado materno, ser natural e residente em Alenquer e, por outro, o seu pai ser médico na Base Aérea nº 7, na Ota.
Alguns anos mais tarde, passou a viver em casa dos avós maternos: Abílio Gil Ferrão, advogado e notário que morreu em Alenquer a 17 de agosto de1934 e Maria Benedita Froes de Paiva e Silva. 
Era uma rapariga como outra qualquer, considerada uma menina amiga de toda a gente, que gostava de ajudar em especial as crianças mais pobres. O sonho seria casar, ter filhos e dedicar-se aos mais pobres.  Dizia amiúde "Se um dia eu for rica, hei-de ter uma grande casa para velhinhos e crianças". E a obra, o Instituto da Sãozinha nasceu na Abrigada, em Alenquer, realizando o sonho da pequena "Florinha de Abrigada". 
Receando os pais pô-la em contato com outras crianças, esta aluna exemplar, tão precoce no raciocínio respondeu-lhes:" Gostaria de estudar junto às mais pobres, pois, como a respeitavam, não diriam nomes feios ao pé dela e, se os dissessem saberia ensinar-lhes que era pecado".

A irmã Teresa de Jesus, chegou à Casa da Sãozinha em 1962, conta ao Jornal Voz da Verdade como se deu a chegada desta família a Alenquer. 
"Depois do Dr. Pimentel ter tirado o curso de Medicina em Coimbra, a família veio para cá e durante uns anos morou em casas alugadas. Quando a Sãozinha tinha cerca de 12 anos, os pais mandaram construir esta casa aqui na Abrigada, onde ainda hoje funciona o Instituto ".Esta religiosa, que professou há 47 anos e que contatou durante muitos anos com os pais da Sãozinha, sublinha que o pai dela "era crente, vinha de famílias cristãs do Alto Alentejo, mas depois na universidade perdeu a fé". Deixou de ser praticante, apesar de ter casado pela Igreja. Anos mais tarde, a pequena Sãozinha começa a perguntar à mãe o porquê de o pai não ir à Missa e começa a pedir a Deus, e aos Santos  seus devotos, que movesse o coração do pai. No dia de anos, no Natal e na Páscoa, o pai perguntava-lhe sempre o que ela queria receber de presente e a resposta de Sãozinha era sempre a mesma: "O pai já sabe qual é o presente que me pode dar… O melhor que me pode dar é ser amigo de Jesus, ir à Missa comungar, ser cristão! O pai é amigo de toda a gente, ajuda os pobres e não há-de ser amigo de Jesus?", conta a irmã Teresa, sublinhando que perante a indiferença do pai aos pedidos da pequena filha, esta não desanimou e continuou a rezar e a pedir a Deus. "Fez tudo o que estava ao seu alcance assegura a religiosa, lembrando que a jovem era muito devota de Santa Teresinha do Menino Jesus. Quando tinha 16-17 anos, decide oferecer a sua vida pela conversão do pai. "Pediu a Deus que lhe desse uma doença grave, que a fizesse sofrer muito, mas que convertesse o pai. Ninguém sabia de nada, apenas duas ou três amigas da terra sabiam desta sua entrega a Deus, prossegue a irmã Teresa de Jesus. A doença apareceu, com o tifo, com uma dor numa perna, indo para o hospital a 26 de abril de 1940. O pai, como era médico, pensava que não era nada de grave mas ela percebia que a doença era a oferta dela a Deus. Os pais acompanharam-na sempre no hospital e já perto da hora da morte da filha, o pai ainda se quis converter e disse-lhe: "Se tu sarares, levo-te a Fátima!". 
A 6 de junho de 1940 Sãozinha falecia em odor de santidade no Hospital de S. Luís em Lisboa

A  sua morte mexeu com a pacata Abrigada. As  suas amigas contam então à família a entrega a Deus que a "Florinha de Abrigada" tinha feito "O pai converteu-se na missa de trigésimo dia do falecimento da sua única filha. Depois de ter negado Deus, o pai confessou-se, tornou-se num católico praticante e ainda foi Servita de Fátima durante 13 anos", refere a irmã Teresa."

Presume que o pai da Sãozinha entrou em rutura com Deus, na faculdade em Coimbra, onde globalizou o pensamento clássico greco-cristão, em relação ao conhecimento e à modernidade. Casou pela igreja mas, não a frequentava, o que inquietava Sãozinha que questionava a mãe sobre a razão dele não ir à Missa. Pese as palavras de S. Paulo “em Deus vivemos, nos movemos e existimos”. É vago! Não é racional a capacidade do pensamento de entender Deus, além da compreensão plena, sem provas científicas. Por isso, Sãozinha jamais o conseguiu demover à conversão católica. Em crer, sendo médico, foi acometido de remorsos após a perda inesperada da sua única filha, tendo desvalorizado os sintomas da doença, assumindo em tempo tardio a sua ida para o hospital. Nada mais lhe restava para viver em paz com a esposa, que no íntimo o devia recriminar, pese o desgosto imensurável de ambos, pela perda inesperada, precoce e contranatura – os pais é que devem ir à frente dos filhos!

No meu papel de investigadora, autodidata, teorizo pese a dita ascendência nobre, há costela judaica,  como outros Senhores de solares, quintas e Morgadios que instituíram capelas, precisamente para se afirmarem na fé católica. Assunto jamais abordado ou muito pouco aflorado, sobre as pequenas comunidades judaicas na região centro, no concelho de Ansião e limítrofes que se estendeu até ao Alto Alentejo.

Cortesia  de Filipe Rogeiro 
"A árvore de costados dos antepassados de Maria da Conceição Froes Gil Ferrão de Pimentel Teixeira (Sãozinha), privilegiando a linha Pimentel Teixeira, conforme cópia que em tempos me deu o Senhor Padre Anunciação, já falecido, responsável pela causa da canonização da referida Sãozinha e que investigou a sua ascendência.
1. Maria da Conceição Froes Gil Ferrão de Pimentel Teixeira
2. Dr. Alfredo da Silva Pimentel
3. D. Maria Luísa Froes da Silva Gil Ferrão
4. Serafim Maria de Pimentel Teixeira
5. D. Maria Capitolina Conceição e Silva
6. Dr. Abílio Gil Ferrão
7. D. Maria Benedita Froes de Paiva e Silva
8. Manuel Maria de Pimentel Teixeira
9. D. Maria Florência Craveiro
10. Joaquim José da Silva
11. D. Maria do Rosário da Conceição
12. Fabião António Gil
13. D. Maria Teresa Ferrão Gomes Páscoa
14. Luís Pereira da Silva
15. D. Maria Benedita Froes de Paiva
16. Francisco Maria de Pimentel Teixeira
17. D. Maria Rosa
18. João Rodrigues Craveiro
19. D. Florência Maria
32. José Teixeira Pimentel de Figueiredo e Sequeira
33. D. Inácia Delfina de Paiva Manso Freire e Andrade
64. José António Álvares Pimentel Teixeira
65. D. Francisca Joaquina de Sequeira Manso de Figueiredo
66. Vicente António de Paiva Manso
67. D. Maria Rosa Xavier Freire e Andrade
128. Domingos Álvares Simões Pimentel
129. D. Luzia da Nazaré Teixeira
256. António Pimentel de Abreu
257. D. Joana Simões Biguina
258. Domingos Rodrigues
259. D. Maria Martins Teixeira "

Cortesia de Vasco Briteiros
"A Árvore de costados facultada por Filipe Rogeiro está mais avançada do que a constante do livro "Vou para o Céu" , todavia o livro cita os tios paternos e seus filhos e ainda cita o texto completo da CBA e apresenta uma gravura desenhada pelo pintor de arte bracarense - Abel Mendes ".

SÃOZINHA
"Diz o livro que a Casa dos Pimentéis e Teixeiras com a Capela privativa da invocação de Nossa Senhora do Amparo, coube por herança a Manuel Maria de Pimentel Teixeira, natural de Maçãs de D. Maria, Concelho de Alvaiázere, cuja imagem doou à igreja Matriz de Maçãs de Dona Maria. O bisavô da Sãozinha.
Há dois livros com a história da vida dela. Um escrito pelo Sr. Padre. Oliveiros "Sãozinha"(1990), que serviu para iniciar o processo de canonização a correr em Roma. O livro escrito pela mãe não foi considerado para a abertura do processo. 
Vou Para o Céu 
Um livro sobre a vida de Maria da Conceição Fróis Gil Ferrão de Pimentel Teixeira (mais conhecida como a Sãozinha), publicado, pela primeira vez, em 1948, da autoria de sua mãe Maria Luísa Ferrão de Pimentel.
Maria Luísa Ferrão de Pimentel é descendente de José António Alvares Pimentel Teixeira, Capitão-Mor da Comarca das Cinco Vilas e da de Figueiró dos Vinhos .Portanto bisavô da "Sãozinha", pelo lado materno, era Manuel Maria de Pimentel Teixeira, casado com Maria Florência Craveiro, ambos naturais da freguesia de Maçãs de Dona Maria, concelho de Alvaiázere."

Imagem da capa do Livro

Segundo Conceição Mascarenhas 
«É um livro extremamente interessante sobre o percurso de vida da "Sãozinha". Tem informações sobre a árvore genealógica do ramo paterno e do ramo materno. Muito ilustrado com imagens sobre ela e sua família. Apresenta os objetivos do seu Instituto e muitos relatos sobre as graças concedidas por sua intercessão e, também, sobre o processo de Canonização que decorre em Roma.
Descrição: Título: Vou Para o Céu
Autor: Mãe da Sãozinha (Maria Luísa Ferrão de Pimentel)
Ano: 1952
Edição: 3ª
Editora: Edição da autora
Páginas: 308»

Casa Sãozinha na Abrigada
Atualmente aquela que foi a sua residência é a sede do Instituto de Beneficência Maria da Conceição Ferrão Pimentel, (Instituição Particular de Solidariedade Social), mais conhecido como Instituto da Sãozinha, ligado à Igreja, de apoio a crianças e idosos, com dificuldades económicas.
 
No dia 26 de Maio de 1949, Quinta-feira de Ascensão, decorreram as cerimónias de transladação dos seus restos mortais do jazigo de família para o seu Jazigo-Capela no cemitério de Alenquer, presidida pelos padres Marques Soares e Manuel da Silveira. 

O meu souvenir da Sãozinha, da minha pequena coleção de Santinhos...
Azulejo 
Sãozinha "Flor da Abrigada"  muita gratidão por todas as graças concedidas...
Sãozinha

Decorre desde 1994, em Roma o seu processo de beatização. 

Na época não foram credenciados os registos dos muitos relatos de graças concedidas pela sua intercessão. Até a sua mãe nunca pensou que a devoção chegasse a este ponto e por isso jamais pediu provas desses milagres.

Citar S. Paulo “A esperança é como que uma âncora segura e firme da alma “.

Crentes e devotos anseiam creditício milagre e, Acreditar a Santidade de Sãozinha! 



FONTES

http://www.vozdaverdade.org/mobile/link1.php?id=3060
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3ozinha_de_Alenquer
https://www.academia.edu/10230102/Manuel_Severim_de_Faria_e_a_sua_ida_a_Ma%C3%A7%C3%A3s_de_D._Maria
Fotos de Henrique Dias 

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