domingo, 28 de junho de 2020

Os quadros de Malhoa da família Rego da Quinta de Cima nas mãos de conterrâneo!

Retirado excerto do anuncio de leilão de setembro de 2019
Esta obra vem ilustrada no catálogo da exposição do "Cinquentenário da Morte de José Malhoa", IPPC, 1983, pág. 63, cat. 58, com o seguinte texto sobre a obra: "Quadro pintado a pastel na residência do Dr. Alberto Rego, na Quinta de Cima, em Chão de Couce, esta obra firma-se como um magistral retrato na obra do Mestre. // Segundo o testemunho de Moreira da Câmara «Malhoa apreciava muito a cultura musical e a arte das interpretações em violoncelo» do retratado, por isso fez questão em passá-lo à posteridade acompanhado desse instrumento. Neste trabalho se insere uma curiosa fotografia (op cit. pág. 6-7) que documenta uma das sessões de pose deste médico de expressão amigável e jovial. // É este um dos momentos de extrema importância na obra de Malhoa. Estamos em 1919 e ele perdera a esposa, golpe duro que atingiu a saudável alegria do pintor da Estremadura, inibindo-o de pintar. É na Quinta de Cima, a convite do grande amigo, que Malhoa se reencontra com a natureza e com a sua arte. Pinta então este retrato nessa técnica que nos faz lembrar os pastelistas franceses, no esmerado entendimento de volumes e cores. A expressão é serena, entre o grave e o risonho duns olhos que repousam sobre nós com bonomia e sobre o pintor com admiração. // Com efeito, a relação do artista com esta família da região que incansavelmente pintou é de profunda amizade e mútuo respeito admirativo. // (...)"
O Dr. Alberto Rego e a sua Mulher eram proprietários da Quinta de Cima, em Chão de Couce. Neste local recebiam todos os anos o seu grande amigo, Mestre Malhoa, (como sempre foi chamado), que lá ia passar uma temporada e onde tinha um quarto só para ele. Outros amigos ilustres do casal aqui retratado a pastel, faziam também parte de tertúlias de arte, como Carlos Reis e Maria de Lurdes Mello e Castro, e de ciência (como Egas Moniz), que aconteciam na Quinta de Cima com frequência, no início do século passado. Neste local idílico, vários quadros foram pintados: "Vou ser Mãe" (Malhoa realizou vários estudos e o quadro definitivo nos sobreiros da mata da quinta); "O Emigrante", (a dar uma última olhada para a sua aldeia de Chão-de-Couce, com a serra da Lousã ao fundo); "Retrato do Dr. Alberto Rego" (na sala da Quinta de Cima) - há uma fotografia do Mestre a pintar este quadro, publicado no livro sobre José Malhoa editado pela INAPA, pág. 24; "Outono"; "Milho ao Sol"; e o "Retábulo da Igreja de Chão de Couce" - última obra do Mestre, retratando Nossa Senhora da Consolação: "É que os artistas vivem insatisfeitos" - o grande pintor Malhoa confessava ao Dr. Alberto Rego, em carta de 12 de Junho de 1932, a propósito do Retábulo para a Igreja de Chão de Couce, última obra que sua mão assinou: " Ah! meu amigo, vim ao mundo com olhos e coração de artista, o que quer dizer que tenho tido uma vida de torturas! Se a arte nos dá algumas horas de encanto, sucedem-se não horas mas dias e meses de lutas constantes procurando atingir o que tão difícil é: realizar o nosso sonho!"; "Lavadouro" (na mata); "Velhinha a Rezar"; entre outros. Ainda a título de curiosidade, o brasão de Chão de Couce representa a paleta do mestre Malhoa, a serra da Lousã, e um Castanheiro da Mata da Quinta de Cima.

Vida efémera dos quadros, haviam de voltar a passar por mais três iguais  vicissitudes...
Finalmente um nosso estimável conterrâneo, visionário levado pelo saudosismo e da glória vivida por gentes do seu concelho - ANSIÃO, os adquiriu em ação benemérita e sobretudo cultural ! 

Mal publicada a crónica recebeu comentários que decidi abaixo transcrever
Por  já serem públicos a sua partilha o foi pela carga emocional, cultural e do feliz agrado e manifesto que a notícia desplantou no Grupo Ansião, com forte visualização no Blog, em substancial interesse para mais despertar a quem está adormecido e neste acordar no futuro ponderar sobre obras desta envergadura não voltarem a sair do concelho. Refuto em aclamação que toda a arte de mãos  dadas com a cultura, neste caso com a pintura,  produzida para o concelho de Ansião jamais devia daqui sair - o lema passa por a estimar, preservar, saber manter e quando não há herdeiros diretos devia haver alto gesto altruísta, filantropo e doar ao concelho, para vigorar eternamente o seu legado e nome de família!
Em última instância doadas para o seu futuro Museu na vila de Ansião, mais perto do que Nunca!

José António Marques Vaz 
Pena que alguns belos e desconhecidos quadros de José Malhoa tenham sido vendidos pelos herdeiros da Quinta há alguns anos. Apenas refiro uma versão inicial do "fado" com pequenas diferenças em relação ao conhecido e que durante muitos anos esteve na sala do primeiro andar.
José Lopes
A arte é um ativo muito apetecível, pena que a maior parte é vendida e sai da vista dos comuns mortais.
Preciosa Medeiros
Sério que os herdeiros venderam estas obras?
Tristeza!!!Tristeza e vergonha alheia...pra dizer o mínimo
Jorge Fazenda
A arte e a cultura... tão humilhados pela sociedade abstrata e fútil! 
Parabéns ao benemérito!
Essas obras têm um local.......

Gesto altruísta do benemérito agora mais rico...
Faltam-me palavras para agradecer a formidável partilha deste meu mui fiel amigo sempre presente, de grande coração e suposta gorda carteira, a se evidenciar bom amigo de Ansião, a quem solicitei para divulgar a notícia do bom regresso dos quadros, confidenciou ainda quando sentiu que os quadros do casal se separavam em mãos diferentes, o derradeiro contrapeso na decisão de os comprar,  o tenha sido em acto destemido o querer mayor do seu regresso a casa,  em glória , pese por hora no anonimato, por segurança, o certo, de novo vieram de Lisboa para o seu chão  no concelho de Ansião, na fatal  firmeza o seu alto  amor às raízes, em subtil excelência e ribalta!
Óbvio não direi de quem se trata.
A seu tempo ele próprio terá esse gabarito por direito, a mim basta-me reconhecer que me tem em boa conduta cultural para confidenciar tão grande riqueza, a que agradeço o alto deferimento !

Retrato do Dr. Alberto Rego
Pastel sobre papel. Assinado (1919) .Dim.: 55 x 46,5 cm.

      
                             
Tardoz do quadro inédito
                   
Retrato da Senhora Elvira Rego
Pastel sobre papel. Assinado e datado de 1917. 54 x 46 cm           
                    
Tardoz do quadro inédito
                  
Retrato de Dama de 1898 
Pode ser da região de Figueiró dos Vinhos
Importante  no Museu encontrar uma foto de família importante  à semelhança  desta dama
Malhoa pintou a condessa de Proença a Velha Maria de Melo Furtado Caldeira Giraldes de Bourbon o retrato dela de 1896 

No primeiro impacto julguei tratar-se da dama ser a condessa...1899
Outro quadro de Henrique Pinto  na sua coleção
Pintura de Figueiró dos Vinhos ? em plano as couves galegas e o alpendre antigo com colunas redondas
Aguarela  de João Ribeiro Cristino, fazia parte do  grupo Leão
Também na sua coleção
Cortesia do mesmo donatário e guardador dos quadros Malhoa que foram da Quinta de Cima com um retrato de Malhoa oferecido a Alberto Rego sobre o estudo (31) do quadro Emigrante (34)
Se a foto foi tirada por um fotografo do Porto, naturalmente foi por al que tirou a ideia do emigrante (?)
Os quadros de donatários da nobreza rural do concelho de Ansião deviam no futuro a ser espólio do Museu da vila de Ansião, por serem do Mestre Malhoa - a mais valia de nos enriquecer em património e  chamar o turismo!
Assim num ápice o meu préstimo cívico em contributo  a partilhar história e arte, no meu direito de cidadania!

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