segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Odisseia por Lisboa num sábado comum com manifestação!

Sábado, frio e sol, um hábito dos últimos meses.Mais uma ida a Lisboa.Saboreei a maresia do Tejo por detrás da vidraça do cacilheiro, havia um grande paquete que sem modéstia apitava a veleiros que lhe faziam frente em  danças atrevidas...
O dia prometia ser de caminhada. No Cais do Sodré  vi um rapaz a sair apressado de um café pastelaria, ato imediato, sai uma rapariga vestida de casaco a imitar vison, brutos saltos altos, meias pretas e pircings,  em passo corrido chama por ele, encantado com o chamamento, entram de novo juntos...enquanto isso homens limpavam com máquinas assopradoras o lixo deixado nas ruas na noite de sexta...muito copo de plástico, tal a  cerveja bebida, beatas, muito desvario e, ...
Na Rua do Alecrim mirei os condomínios fechados, prédios com fachadas de azulejo, novos, em  branco e azul, no repente me lembrei daquele espaço outrora anos abandonado, antiga fábrica que aí existiu, só conheci as ruínas,obras embargadas por terem encontrado vestígios arqueológicos...
Mirei a loja da Fábrica de faiança de Santa'Anna...sinceramente não é do meu gosto, a sua pintura. No palacete da frente há um antiquário que ostenta debaixo da montra um lindo painel de Lisboa da Praça do Comércio, com um único torreão, como era antes do terramoto de 1755, magnífico  em azul. Idiota esqueci-me de levar a máquina fotográfica...ficou-me na cabeça!
Senti novamente a sua falta no Chiado para tirar uma foto junto ao Pessoa na sua cadeira,dourada, e sentir o gélido frio e do calor  de milhares de mãos que todos os dias a acariciam...
Fui dar uma espreitadela na feira dos alfarrabistas, ando à procura de livros ou catálogos sobre faianças.Passou por mim um sem abrigo de farta barba conduzia o seu carrinho cheio de sacos de plástico sobretudos virados pelo avesso e, ainda um edredon vermelho. Não comprei nada, pareceu-me mercadoria cara.De volta à rua principal do Chiado voltei a cruzar com o sem abrigo, estranhei trazer pela trela dois belos cães, muito bem tratados. Imediatamente o meu olhar procurava pelo seu património ambulante, aquele que minutos antes se cruzara comigo, dei com ele estacionado no passeio depois da florista.Tal aberração me confundiu, estabeleci conversa com o meu marido, disse-lhe " tu não me digas que o gajo foi levar os cães d'alguma serigaita para fazerem as suas necessidades, se calhar dá-lhe uma miséria"...Uma certeza tão intrínseca aquela, é preciso ter estilo e displicência com os sofridos!
Frio de rachar a descer o Chiado, não fosse a camioneta do fado a romper o horizonte com a voz da nossa Amália, a grande!
Passa por mim uma mulher da minha idade, ou mais estragada, cheinha vestida de colans pretos, deveria ter acordado da noitada, esqueceu-se de vestir algo mais aconchegante para a silhueta não se parecer tão ridícula e até agasalhar, sim porque o frio era de cortar!
Fui ao celeiro comprar um suplemento para queimar gorduras...caro, agora não sei se resulta!
Entrei na casa da lotaria, o meu desejo de ser sorteada finou-se num segundo, enquanto isso, um negro comprava frações da popular...
Na Loja do cidadão tratei de um assunto pessoal e, sai, segui a direção da Avª da Liberdade para ver a feira de velharias. Numa banca vi um par de jarras de bicos do Juncal, perguntei o preço, o vendedor demorou tempo a dizer, o que detesto, matreira respondi, na feira da Figueira já a tinha visto, o Sr., só levava uma, disse-me que tinha o par...ficou de boca calada!
Noutra banca vi o pratinho de Coimbra, azul cobalto, com dois corações minúsculos ao centro a um preço exorbitante(25€)meu conhecido na última feira de Belém, vi também a colecão de faiança de Coimbra na banca da Paula, só de saber que os vi em feiras durante dois anos, no mês passado passaram para a banca do Vitor que me pediu 50€ por cada exemplar,para meu espanto na semana seguinte o lote passou  a custar nesta banca cada peça 150€ e o prato de sopa 100€...para pensar, não acredito que os vendam assim de mão beijada...apreciei  noutra banca um bule de caldo da VA, assinado a  azul  todo branco, pediu-me 60  €...
Compras (?) não vi ninguém as fazer, enfeirei num alfarrabista, comprei o livro da Real Fábrica do Juncal, antes marcado 50€, riscado para 30, novamente riscado para 20...veio comigo por 15€.
Atravessei a avenida, numa esquina vi as novas lojas de gente rica, numa delas, o segurança, um negro abria a porta a chineses...
Passei por detrás do Gambrinus, entrei numa tasca para comer uma carne à Portuguesa, no restaurante escolhi uma mesa junto à vidraça para me saborear com o sol, ao nosso lado estava uma mesa com homens e uma miúda, vinham  do Porto para a manifestação da CGTP.Só tabelámos conversa no hora da aguardente, todos visivelmente quentes, o vinho do novo, bom, sindicalistas, traziam um cartaz escrito a letras vermelhas, quiseram que o lêssemos...só me recordo das palavras... " que se fôda"...gostei do chapelinho no " o" -  é mesmo à norte, sendo eu do centro alinho na conduta!
Saímos em alegre cavaqueira caminhamos a pé até ao Rossio, eles foram à ginjinha rematei "aqui há 35 anos entrei pela 1 ª vez com o meu namorado, agora marido, o homem perguntou-me quer com elas ou sem elas"...não entendi, mas também não perguntei ,e disse-lhe - com elas...claro que me engasguei!
Despedimo-nos endereçando votos de sorte. A caminho do Martim Moniz vimos gente que se concentrava para a manifestação. Roubei duas flores do jardim, apreciei os prédios quase prontos na barreira antes do hospital, obra embargada também décadas por vestígios arqueológicos, agora finalmente o cenário é bem mais bonito, começamos a subir a calçada dos Cavaleiros, no nº. 7 onde os meus sogros habitaram quando nos anos 50 vieram morar para Lisboa e o meu marido viveu até aos 4 anos. Gostei de ver o prédio reabilitado.Não gosto é de ver muita gente de olhos amarelados...por não serem bonitos, porque mal nunca me fizeram!
Na curva da subida no largo havia gente que fumava e deitava conversa fora.Alguns prédios de cara lavada, outros fechados a degradarem-se, uma pena no coração de Lisboa. Nisto um homem  quarentão, alto , de cabelos grisalhos destacou-se do grupo e veio atrás de nós, tabelou conversa com outro que descia, em voz alta falavam do futebol que dava à noite na tv ,parámos a observar um prédio devoluto e entaipado ele aproveitou o ensejo para estabelecer conversa connosco sobre a degradação das casas no bairro e nisto vi-o  entrar numa porta onde se abaixou, porque parecia  uma casa de bonecas, olhei o prédio e gostei, com varandas de ferro forjado e floreiras, de cara lavada, a porta com o passeio ficou pequenina...ao lado ainda a casa do fotógrafo de fachada engalanada a verde muito romântica,onde o meu marido tirou a 1ª fotografia, todo nuzinho, em pelota, em cima de uma poltrona!
Mais acima demos de caras com o Carlos Carvalhas,antigo líder do PCP, vinha de casa,atrás dele uma comandita de rapaziada, vinham para a manifestação. Na travessa das Mónicas chamou-nos a atenção um letreiro de venda, uma casita inserida na antiga muralha, cheia de sol, achámos que seria gira para a nossa filha, tirei o contato, ficámos minutos a sonhar com ela e, a inventar pseudos defeitos...
Na escadaria de S. Vicente de Fora estava gente sentada, lembrei-me de uma foto do meu marido em bebé a chorar...num repente deu-me para tal instinto imitar ocorrido há 57 anos, uma nota séria, o vinho do almoço estava  a fazer efeito!
Ao fundo avistei o arco na rua que liga o convento, através dele vê-se a panorâmica do Tejo e da feira da ladra.Alguns dos feirantes já não estavam.O meu marido encantou-se com uma garrafa de litro de brandy do José Maria da Fonseca, "Ouro Velho", o vendedor deu-lha por 7€, entretanto vi que tinha serrotes, a precisar de tal ferramenta para limpar as árvores da casa rural ,um veio comigo, novo 5€, o outro logo o vendeu também, tinha um relógio de sala por 45 € e alguma loiça de Aveiro, uma taça estava partida com os cacos dentro, foi no transporte quase aposto...noutra banca aprecei uma travessa cavalinho, um rapaz disse-me " ali em baixo está uma nova e mais barata" desci, nada vi, olhei para trás, percebi que se tinha equivocado ao perceber que procurava por uma moto serra...na entrada do recinto estava um imigrante com uma no chão, pedia 80€...parei,disse ao meu marido, precisamos de uma, se ele fizer 50€, compramos, voltamos atrás regateamos, pagámos 60€...temos de a experimentar!
Paguei 50 cêntimos por um sacão preto para a pôr,  dissemos adeus à feira a caminho de Santa Apolónia.
Ao fundo avistámos carros da polícia, muita gente que se chegava e megafones a ditar palavras de ordem. Mal chegámos deu-se início ao desfile, atravessámos por entre uma faixa corrida, fomos na avenida a caminho do Terreiro do Paço, a meio caminho um velhote meio quebrado meteu conversa connosco e com ele fomos a conversar borda fora. O homem falou do seu passado como padeiro, depois foi para o mar, andou embarcado em cargueiros e outros barcos, um dos quais o Timor, a fazer pão.Lamentava-se que a mulher lhe deu cabo do dinheiro, lastimava-se com a parca reforma, reformado desde 85 com 25 contos...o meu marido ainda lhe disse "mas olhe que ao tempo era uma boa reforma"...pois pois, dizia ele, o pior foi a maldita da mulher com os netos deu cabo de tudo...tenho uma casita perto de Santar, se quiserem lá ir fica perto da rotunda, está cheia de pó... limpo tudo...o pior é a minha coluna, vou aflito, do resto estou bom!
Despedimo-nos no jardim do Tabaco, havia um ajuntamento das forças especiais com bizeiras e,... uns metros à frente uns colegas chamam-nos, fomos até eles. Perguntaram para onde nos dirigíamos, se estávamos na manifestação, aí percebemos o buzilis (?) a moto serra meia dentro do saco de plástico com a lâmina de fora...tranquilizámos os homens da lei, dissemos que éramos pessoas normais, o mais atrevido disse, "pois normais são todos" " não podem ir de metro?" respondi..."não, gosto de ir à beira rio, não vai haver problema nenhum"...naquilo o colega perguntou-nos como estava a feira da ladra,"respondi estava para o fraquito, olhe comprámos um brandy para beber logo à noite e um livro de faiança, por aqui vê que somos pessoas de gosto eclético!
Atravessámos para o lado do Cais das Colunas, acabámos por nos sentar no muro à espera que passasse a manifestação vinda do Cais do Sodré, nisto somos abordados por um dos sindicalistas que tinha almoçado ao nosso lado com a filha, a sua 1ª vez na capital, foi mostra-lhe o Chiado e,...
Brutal no meio de mais de 300 mil pessoas, já nos tínhamos despedido, veio novamente até nós, isto sim é gente de calibre!
Decidimos vir embora a caminho de casa, sim o dia tinha sido longo.
O meu marido ainda viu gente conhecida a caminho do Terreiro do Paço.
Um dia cheio de emoções, tinha de ser contado!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O livro Herdeiros da Atlântida

A minha secagem de figos pingo mel que os meus tios me trouxeram do seu quintal do Pereiro, sendo eu amiga destes rituais ancestrais, sequei-os como pude na varanda, claro que dantes os secava no tabuleiro de madeira com munha(caruma) dos pinheiros.
Deleite será saboreá-los a ler o livro...

Há tempos fiz um post sobre uma conversa com um vendedor "Sr. Pedrinhas"...
Falou-me das suas descobertas no mar e da publicação de um livro.
Pois é. Finalmente estarei no sábado dia 1 na FNAC do Cascais Shopping pelas 15 H para a sessão de autógrafos, o autor Luís Sobral assinar o meu!

Quem não leu deixo excerto desse post...

Fiquei de conversa afiada ao meio da feira com o vendedor dos fósseis, artefatos encontrados no mar, rios antas e sei lá mais aonde...
Geólogo -, desempregadom anda nestas andanças há coisa de 1 ano, julgo que o conheço há mais...
O ano passado ofereceu-me um "raspador" da pré história em silex, muito pequeno que encontrou na praia da Galé. 
Antes de sair de casa à pressa fui buscar uns fósseis de conchas e uns de rosquilha que encontrei no Cristo Rei há anos quando fizeram uns buracos para plantar cedros.
Meti tudo nos bolsos do casaco comprido, cheguei ao pé dele cumprimentei-o e disse-me logo -, "já tinha pensado em si, há que tempos que não a vejo" dei-lhe o que trazia,  admirado explicou que as de cor de argila eram mais antigas, coisa de 20 milhões de anos, enquanto que os de cor escura só tinha metade do tempo. Ainda me disse o nome, mas escapou-me...
  • Queria contar-me que com a ajuda de uma pessoa conseguiu fazer um livro sobre arqueologia.Até me disse as teias do negócio.Explicou as premissas do livro... sentia-se apavorado...
Palavra puxa palavra, disse-me que o livro ia revelar uma grande descoberta submersa no mar, coisa grande maior que Roma -, casas, ruas, palácios, colunas, estátuas de testa alta, olhos encovados e nariz muito grande, queixo saliente, e cabelos em jeito de trança virado para trás tipo cifres, em granito o que estranha.
  • Mostra fotografias que tirou até onde a sua objectiva alcança 60 metros.
Mera e grande curiosidade perguntei como tal descobriu, se foi ao acaso -,disse que não, foi atrás de lendas que sempre ouviu, juntou umas e outras, ainda me contou duas...

" alguém que precisava de cuidados veio à aldeia pedir ajuda, com ele foi uma mulher que chegada ao areal pergunta vamos para onde?" naquilo entram num túnel no meio das rochas...

"do pescador desaparecido que foi e voltou do mar"

ainda...

Anda nisto julgo desde 1995. 
  • Não revela no livro as coordenadas, o que compreendo.
No entanto quase me disse a extensão onde se situa a grande cidade que a meu ver será uma descoberta de grande riqueza e dimensão no mundo arqueológico.
  • Fiquei maravilhada ali ficava o dia todo a ouvi-lo...
Ainda tive tempo para o descansar, a meu ver tem o mérito da descoberta que pelo que diz é coisa grande, muito grande e que terá um impacto quer a nível nacional quer a nível internacional, por certo irão aparecer grandes empresas de pesquisa submarina para fazer a supervisão dos achados, cataloga-los dar a conhecer tal projecção do nosso Portugal à beira mar plantado, aos pés molhado  de ruínas de excelsa beleza, também, quem descobre no mar alguma coisa é da pessoa...
Vira-se para mim e respondeu num gesto de franzir a boca em jeito de não...será que as leis mudaram?

Fazia-se horas para me despedir, outros feirantes à laia de conversa riram-se para mim, "isso hoje é que foi conversa com o Pedrinhas..." 
  • Só inveja da atenção que lhe dei e ele a mim!
De facto este contacto anónimo é para mim incrível, autêntico, enche-me de alegrias. 
  • Esqueço tudo o que de mau me aconteceu na vida!
Mais tarde perguntei-lhe o título...andava indeciso...

Atrevo-me a dizer que se chamará qualquer coisa como...O LIVRO DA ATLÂNTIDA!
  • Afinal não andei longe-, HERDEIROS DA ATLÂNTIDA

domingo, 25 de setembro de 2011

Alcochete, Samouco e Rosário...

Sábado, último de setembro, o primeiro do solstício, o dia acordou meio cinzento!
Primeira paragem nas Hortas em Alcochete.
Uma fragata do Tejo ou será um varino? a morrer aos bocadinhos atolado no sapal...em terreno de aluvião construíram um centro de animação ambiental, casas de madeira, nelas vi estrangeiros...um paraíso para eles...nas bordas de uma quinta de gaveto com o rio gentes improvisaram courelas, nelas também construíram casinhas caiadas,nos terreiros aqui e além amontoados casebres feitos de paus, madeiras e latas, na sua volta ovelhas em redil abrigadas do sol sem sombras de sobreiros e por todo o lado, hortas com o riacho de fronteira e nele pontes de madeira!
Salinas do Samouco.
Felizmente a autarquia decidiu manter um núcleo museológico sobre a faina do sal no estuário do Tejo outrora o maior produtor.Revitalizados alguns tanques das antigas salinas para os turistas poderem apreciar esta arte tão antiga em vias de extinção.Mantiveram o espaço mais perto do rio,aqui no alto o armazém onde guardam as alfaias e atrás dele os vestígios da cozinha a céu aberto que no tempo deveria ter alpendre com mesa corrida e bancos onde no lume faziam a comida, ao lado o sitio da descarga do sal.Alteraram os carreiros, agora mais largos para a passagem do dumper para a carga do sal, outrora transportado em canastras à cabeça, homens e mulheres corriam entre as salinas e o local da descarga, chegavam a transportar por dia 1000k, faziam riscos pretos nos braços e pernas por cada canastra despejada, que ao fim do dia eram contados e sobre eles recebiam o parco salário...
O sapal está repleto de tantas outras salinas abandonadas, atoladas de lamas e vegetação típica do sapal onde muitas aves nidificam e vivem protegidas. Na frente do rio vêem-se ainda armazéns da seca e armazenamento do bacalhau. Nesses tempos pela abundância do fiel amigo os homens do sal criaram uma receita:Bacalhau à Salineiro.
Ainda mantém o sistema da entrada da água em maré alta no moinho da beira da praia,aqui elevada encaminha-se pelo esteiro que chamam viveiros, perdendo salinidade a caminho dos tanques onde chega com 2% de salinidade, fechadas as comportas a água de cor rosada dada pelo fundo de barro fica a moirar ao sol...
Produto da faina, o sal espera compradores,aguarda entaipado neste grande monte em formato de telhado coberto com palha fina disposto em escamas rematado a lama.
Palheiro em forma de carro a secar para ser utilizada e as escadas de madeira usada pelos salineiros para nelas subirem ao monte de sal e a colocar como se fossem telhas ou escamas, uma arte digna de ser apreciada.De saída perdi o norte tal a falta de sinalética e o enredo de estradas e becos,valeu a pena, louca fiquei não fotografei um chalé com torre,faixas de azulejos com amores perfeitos, portadas de ripinhas em redondo nas janelas presas com cordéis, na frontaria estendal de roupa...aquilo mais me pareceu abrigo de gente que aqui encontrou abrigo sem ser dono do imóvel...pior foi fazerem prédios ao lado e o chalé perdeu a vista para o rio e tão lindo merecia outra sorte... alguém acuda ao Samouco, urge uma urgência numa nova estrada de circunvalação que a ligue ao Montijo, pensem!
Rosário na Moita.
O que resta da depuração de ostras num tempo que o rio Tejo dava cartas neste marisco.
Em 2005 encontrei este espaço abandonado, ontem vi-o revitalizado, nele funciona uma industria de doces...gostei de o ver totalmente arranjado, pintado, brancos e amarelos, o moinho esguio lindo e a casa da entrada, devia ter sido do antigo chefe, telhado novo, quase pronta, o muro partido virou novo, jardins com flores, calçada restaurada, e até o azulejo( Cavaco?) mantido, uma graça. Parabéns por terem reposto a dignidade deste local outrora tão famoso na depuração de ostras do Tejo!
Sapal no Rosário junto ao parque de merendas com água, registo melhoras com obras que vi a serem feitas a seguir ao Gaio a caminho da Moita, serão também salinas? Gostava de ver restaurado o moinho de maré de pedra, num relance da estrada não o vi com a vegetação e fiquei em pânico, na volta consegui vê-lo, sim...em 2005 estava praticamente preso por umas pedras...acudam depressa, é tão linda a vista que senti pelas janelas abertas...escafuderam-se os caquinhos de porcelanas e faianças que aqui encontrei nessa altura e trouxe...
Sapal e o parque de merendas,logo a seguir a praia, o rio e a capital...vVale muito a pena visitar este local aprazivel.
No Montijo improvisei um piquenique a pedido da minha filha. O inusitado criou em todos nós uma expetativa que acabou por ser melhor que bom. Fantástica!
As compras:vinho, água, mortadela de peru com azeitonas para entrada e paté de atum, pão fatiado alentejano, frango assado, salada pré lavada, azeite e vinagre de sidra para tempero, queijo fatiado, uvas e merendeiras de frutas. A toalha um rolo de papel de cozinha, garfos, pratos, copos de plástico e a faca não foi precisa para nada.Muita gente, um grupo ordeiro de gente de Cabo Verde,panelões de cachupa e tachos grandes de...reluziam ao sol que por vezes aquecia, e...aparelhagem com música suave ligada ao gerador na ribanceira do parque com o sapal...outros assavam carapau, outros trouxeram farnel aviado de casa e outros banhavam-se...
Em frente da ermida do Rosário a contemplar o rio e Lisboa...local para sonhar e descobrir a história e estórias desta terra à beira rio plantada e tantos anos abandonada e com tanta beleza para arregalar touradas e pegas na praia, uma arte destas gentes nas festas.
A vila do Rosário é pequenina, airosa, típica com belo casario baixo pintado de cores fortes, quintas transformadas em vilas após a revolução?, uma ermida com portal gótico, um jardim com calçada antiga basáltica, um coreto, sapal e rio. Na praia um resto de um moinho de pedra entalado na falésia, lá dentro puseram uma mesa de piquenique, recanto mais acolhedor não há, pena a falta de manutenção e as silvas a invadir o espaço,no cimo uma rede improvisada sem dizer "perigo", na vez de completarem o muro para ninguém se aleijar...
Junto à praia existe um bom restaurante e marisqueira. Sou do tempo que foi durante anos um amontoado de lataria e plásticos...mas boa comida!
É sempre um grande prazer revisitar, mas quero mais,as autarquias tem tanto para ainda fazer, assim haja vontade, determinação e saber fazer e não estragar como se viu muito após o 25 de abril...isso não quero, cansei!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Um dia no Concurso o Preço Certo

Princesas rebeldes, traquinas sentadas no chão pois claro!
Recebi por telefone convite para assistir, não tive como dizer não.
Vesti-me fresca para não encalorar...de casa a caminho de transportes públicos, sai no metro em Chelas. Deram-me mal as cordenadas num percurso a pé, em dia de brasa, sem gente nos passeios, quando finalmente avisto uma mão cheia de gente, sem peneiras nem vaidades,  tragavam uma bucha em plena capital em campo aberto. Mesa posta no muro do passeio; não faltava a toalha, o vinho verde tinto, feijoada, bolinhos de bacalhau, melão, pão de ló, pão de rosquilha e...tal e qual a lembrar eu pelo Gerês e Felgueiras, de fogareiro a fazer o almoço em rota de passeio  há mais de 30 anos...
Na receção apercebi-me que estava na entrada errada, louca fiquei ao saber que tinha de voltar a fazer o inverso do percurso, e ainda voltar a subir...Sem meias medidas ao voltar a passar pelo arraial minhoto, atrevida, perguntei a um deles que conversava com outro se estavam para o concurso. Resposta pronta e escorreita dada pelo encadeado da cor cerise do meu vestido a contraste dos longos cabelos negros, sem meias medidas nem rogado, atirou-se de cabeça e investe a machão latino "é casada?"...De facto há anos que deixei de usar a aliança...o anelão com pedrinhas destacava-se na exuberância da pele com resquícios de verão, naquilo diz outro, aquele andou a estudar para padre, homem de rodas curtas e t shirt rosa com carinha de "cu de bebé"... este só se ria, salvou-me a mulher do atrevido, tirou-me do enredo ao dizer que havia lugar na carrinha para ir com eles até ao Minho, rápida respondi que sim, mas ficava em Santo Tirso...outros se chegavam queriam falar, num segundo já pertencia ao rancho, deram-me de comer, de beber e boleia, valente e hospitaleira a gente de Braga, a líder, administrativa de uma empresa de materiais de cutelaria e outros artigos para o lar, Laura, bonitona , belos cabelos negros escorregadios, e o marido de mosca no queixo e jeito do cabelo crespo a reivindicar fidalgo, parecenças com o D. Nuno Álvares Pereira!
Muita gente, grupos dispersos ao sol esperavam nas grades do portão, ao lado entram as "bombas" semelhantes às dos jogadores de futebol, neles as estrelas do momento, o João Baião no seu BMW 635 descapotável e...Esperei, como todos num espaço restrito de poucas condições para gente de idade.
Impressionante a máquina de gente que o concurso gera à sua volta...de gritos!
Louca me senti só de pensar que se trata de uma empresa estatal suportada pelo dinheiro dos contribuintes honestos que deixam de usufruir outros bens para pagar atempadamente os seus impostos, como eu.
A RTP, a titulo de exemplo,é maior gastador de dinheiro público no orçamento do Estado, milhares de euros a mais, do que a Presidência da Assembleia, pelouros da Juventude, Desporto e outros organismos juntos...E esta hein?
Ninguém pára com esta loucura contínua de endividamento, na falência total do País?
Empresa mal gerida, sim senhor!
Absurdo, o rol de gente a fazer que trabalha e ao fim do mês auferem bons ordenados em contraste de outros que se esfalfam a trabalhar para receber um miserável ordenado mínimo.Coisa para deixar gente de "miolos" a pensar!
Obrigação temos de parar com esta máquina de esbanjar roudos de dinheiro.
Julgo que após a revolução de abril, nenhum governo soube escolher corretamente o leque de pessoas para a sua administração,privilegiando sempre o compadrio em detrimento do perfil visionário para a dimensão da empresa. Sim, porque isto de se ser gestor de sucesso exige muito trabalho, dedicação, amor ao trabalho,supervisionar o controlo da empresa,segurar as rédeas de todos os departamentos, escolhendo lideres de comando que supervisionem comerciais e recursos humanos que no dia a dia executem cabalmente tarefas adstritas a pessoal,gerir recursos financeiros públicos em paralelo com o contributo de uma boa televisão para todos,fomentando programas de interesse na panóplia:ensino à distância,cultural, desportiva,mundo,atualidade ...
Sempre na mira de cada um, fazer, e querer mais, e melhor!
Este prazer em concretizar objetivos, dar lucro ao patrão, ao Estado,deveria ser estimulado aos funcionários, deveria incitar neles orgulho em dar o seu contributo para o engrandecimento da empresa,em prol da manutenção dos seus postos de trabalho com a atribuição de prémios pelos resultados de sucesso alcançados.
Certo e sabido o resultado apurado no final do ano só poderia ser positivo e até de lucros extraordinários se todos remassem focados nas diretrizes traçadas: eficácia,controle,redução de despesas, concretização de objetivos, mérito pessoal e carisma de sucesso, de gostar dele.
Seria mais uma das empresas de sucesso no ranking das melhores que geram lucros para o patrão e acionistas .Isto sim é ser bom gestor! Não o inverso, má televisão e prejuízos uns atrás de outros há anos, décadas, continua...
Houve um administrador, Almerindo Marques quando teve razões para despedir o jornalista escritor, que não picava o ponto,ou mandava outro faze-lo por si... que se disse aproveitava o tempo de trabalho para escrever livros e investigar...provas evidentes se ouviram nos média contra ele,também do sistema de anos de maus vícios e abusos de outros colegas,seria um castigo exemplar, um começo de alterações de regras básicas...o imprevisto acontece com o caso debatido em entrevistas,noticia de jornais,aproveitando precisamente a máquina televisiva, a que só poucos tem direito, e num ápice a opinião publica ditou o mote de desculpar o jornalista escritor e com a ajuda fulcral de alguém no poleiro o processo acabou arquivado e o bom administrador mudado para a Junta de Estradas...começou logo por cortar na frota automóvel...e fez muito bem!
Recordações tenho na década de 80, já serem avultadas as dividas da RTP, num tempo sem computadores eram as contas feitas em rudimentares máquinas de manivela com verbetes em operações compensadas num banco onde me passaram pelas mãos e muitas vezes com o diretor financeiro falei a pedir resolução,sem solução à vista,pelos vistos continuou e continua ainda hoje!
No mundo dos negócios uma empresa para gerar lucro tem de ter uma boa organização, polivalência e objectivos de lucro e não o inverso,o prejuízo!
Vi um magote de empregados que não faço ideia quantas horas laborais fazem, a julgar por um amigo que é assistente num canal da concorrência só fazem este compato de 3 programas, se nos mandam estar ao meio dia e meio parto do pressuposto que será a hora da entrada deles e possivelmente sairão 8,30, o que perfaz as 8 horas....aqui há pessoas que apenas seguram cabos dos operadores de camaras men...incrível!
Um dos bobos do programa, o Betão, brasuca, até tivemos de bater palmas porque foi pai recentemente, ensina o pessoal a "mentir" para dar espectáculo, artimanha para o telespetador não mudar de canal,se o programa fosse efetivamente de qualidade não seria necessário tanta palhaçada,tantas palmas, tanto alarido...durante o programa anda a sarilhar com a listagem na mão a regular o público no espetaculo, então não podia ser polivalente e segurar os cabos de um camara men, já que o realizador também faz e bem melhor esse serviço?
Seguidamente aparece uma gorducha, rabo de cabalo fino a rondar o traseiro,pêlo na benta,se na plateia se sente desrespeitada, faz o mesmo papel do Betão, pergunto o porquê, qual será o nome da sua função na cadeia de profissões?...tempo de entrada triunfante das operadoras do serviço de limpezas, esfregona na mão limpam o palco e de rajada são beijadas pelo Betão, ao fundo junto do ecran operadores eletricistas revém cabos, entra o Miguel com a lista dos prémios a anunciar, tímido, cara de bobó pela crista emproada do cabelo, seguem-se as bonecas, magricelas, uma delas de lábios encarnados, cabelos escorridos,a outra bonitona,estrangeira, Lenca, com evidências de celulite a dar cartas joelho acima...o partnier molatinho bem giro.Num flash a entrada triunfante do apresentador Fernando Mendes, imagem gasta, o boneco a mim cansa, apesar de boa pessoa, em televisão só tem longevidade o que é realmente bom,nasci no ano da sua inauguração, antes assisti empiricamente aos ensaios das emissões regulares na feira popular na barriga da minha mãe, desde sempre me recordo de ter televisão em casa, num tempo que havia apenas 3 na vila onde morei,sei destrinçar o trigo do joio em matéria de apresentação.Pena tenho de sentir que existe uma maioria de gente neste nosso Portugal, o Zé povinho, analfabeto? iletrado? não...é sabido que conhecem a sabedoria popular, os costumes, a malícia, gente boa e bom coração, quanto a mim muitos persistam em não pensar alto, em ser diferentes e dizer "basta" e por lhes faltar essa condição, por serem acomodados, digo que são rascas, reles de vistas curtas,apesar de amarem a festa, o antes, o durante e o depois, de aparecer na TV,...fatalmente para muitos, o seu orgasmo inteletual!
E queiramos ou não faz a diferença, neste País onde o 25 de abril de 74 fez pouco apesar da educação passar a ser de borla,nem as novas oportunidades são mais valia para gente mais velha, uma maioria não as sabe aproveitar e com elas se valorizar...nem que seja parar para começar a pensar, pensar, refletir, comparar, a ser afoita...mexer na internet e olhar o mundo e as coisas que os rodeiam!
Bem, continuando o rol de lamentos o Fernando Mendes pede um aplauso para o pintor do novo cenário estreado...e num repente grande a azafama por detrás das montras, homens e mais homens trazem mesinhas com os objetos para os concorrentes tentarem a sua sorte no preço certo,um entra e sai, de volta ao armazém nas costas do palco a rápida desmontagem do roupeiro que o concorrente ganhou e vai levar,abrem-se ao lado outras montras,aparece a roda, o alpinista, o cubo,a cara do gordo com o balão no nariz e...
No final do segundo programa gravado dão a cada pessoa um frugal lanche, um saco transparente atado com um nó, dentro dele uma sanduíche de pão de forma com margarina e um rodela de chourição e outra de mortadela?, um queque do mais barato nos Chineses,um pacotinho de sumo do continente e uma maçã riscadinha não calibrada...tudo muito pobrezinho a mim fez-me lembrar o lanche que a minha filha recebia no Natal no circo dado pelo grupo desportivo e cultural dos bancários...fui verter águas e vinha no salão a caminho do estúdio, abeira-se em passo apressado um homem que me pergunta "posso dar-lhe um elogio?", respondi que sim..."a senhora é a mulher mais bonita que aqui está..."Agradeci, claro...bondade, e digo para os meus botões mais outro encadeado com o brilho cerise do vestido...será que houve mais??
Vaidosa entrei no estúdio disposta a registar na objetiva o que o o galanteador do átrio acabara de me endereçar...não sei se o consegui,julgo que não... puxei pela Elisabete sentadas no chão do platoo as fotos não foram mais arrojadas por inexperiência do fotografo que apesar de boa camara,não soube por certo em cima do slongan "Preço Certo" captar com arte o melhor ângulo das beldades...
Cansei-me, afinal são feitos de correnteza três programas, sendo o ultimo em direto com direito a raspadinha. Estratégias, mudamos de lugar em todos os programas enquanto o apresentador e as meninas mudam de fato. Descadeirada fiquei das 4 ás 8,cadeiras num estúdio recente, material de baixa qualidade para pessoas maioritariamente de faixa etária alta, coisa para pensar!
Curioso, este povo empobrecido gostar de obsequiador,persistir em dar gorjeta, esquecem que é um concurso que vão na mira da sorte, ganhar. De braçado levam presentes, flores tanta flor, vindas de tão longe, Vizela,Vieira de Leiria,Mira, Montijo e...para quê?
Interrogo-me, nesta vontade, neste gosto de levar, aos anos de vigência do programa já deviam ter parado!...( o melhor digo eu, gostam de ser vistos pelos conterrâneos na santa terrina e da publicidade à gastronomia,à florista,à... mote de conversa para uma semana, onde não se sabe discutir outros assuntos bem mais importantes...) após terem recebido os presentes os entalam em cadeiras desmontadas numa esguelha dum corredor,no chão 3 cadeiras para os partners aguardarem o lugar na cena seguinte no platoo, por cima das suas cabeças os entalados quase a cair... tanga verde, crachás, prato com emblema do Braga, gravatas, meias para o Miguel Pierre Cardin, taças de cristal,queijos do Rabaçal, bolos e...
O realizador, homem de meia estaleca tipo saco de batatas, cara alegre, esperto, apressado, comediante, gostei dele, o único com feeling e objetivos no trabalho..."olha o telejornal" dizia ele para o Fernando Mendes quando este se perdia no agradecimento ao homem que mudou os pneus ao carro do filho em Fernão Ferro ...digo eu, não se fez de rogado a pedir desconto dando-se a conhecer...
É este País que temos que não gosto, a humildade é mais aliciante do que viver à conta de "estrelas" sem estrelato!
Grande a máquina de gente que gira o programa: administrativa,listagens e mais listagens dos grupos com o nome das pessoas, dois supervisionam a entrada, um segurança e outra sentada numa secretária improvisada, uma terceira conduz as pessoas ao salão da receção, onde todos, uma multidão faz a entrega dos elementos identificativos a outros e recebem em troca um contrato que ninguém lê e acaba de preencher com os dados pessoais e assina.Um canhoto escreve os nomes dos concorrentes numa etiqueta autocolante, outro tira o papel e o espeta no peito a cada um de nós...ouve-se uma voz "tem de entrar pela ordem que chamei" e naquilo seguimos em frente e por detrás das bancadas rolantes que mais parecem ser de uma arena desmontável as mesmas meninas da receção dão as boas vindas, perguntam se já aqui estivemos e ainda se trouxemos presentes...entrámos no átrio do palco, as bancadas cheias, tivemos de nos acolher num cantito como pudemos, nas cadeiras uma garrafa de quarto de litro de água de Penacova, boa!
Salvou-se o programa com olhares que lancei ao camara men que girava com o guindaste, acho que gostei do sinal preto acima no buço a imitar o da Catarina Furtado, sexy, e outro do armazém, pelos cabelos grisalhos e corpo esbelto que me fez lembrar alguém muito querido,o Fernando Mendes quanto a mim o boneco já cansa há muito!
Falo agora do melhor, do que valeu a pena. O meu grupo. A Ti Margarida carinhosamente a trato assim pela bonita idade de 94 anos, do Cimo da Rua, lhe disse se a visse em algum lado dizia no imediato que seria de Ansião, aquele olhar não engana e também me contou lembranças do passado da mina da Garriasa e da limpeza do castelinho pelo meu bisavô Francisco do Bairro,madrinha da líder do grupo da Isaura Reala, Miguel ou Gomes, tantos nomes para uma miúda gira de belos olhos verdes que ontem quis o diabo atacar de conjuntivite e o marido Moreira, homem de boa feição minhoto de Fafe um brincalhão,trouxeram a Maria da Várzea de Santiago, com dons para coisas de antanho, fala com orgulho das gentes que ocuparam aquelas serras e outeiros em tempos idos e do património perdido e do que resta,ainda da imagem de Santo António que nunca viu outra igual, nem nas igrejas de Itália, uma mulher de saber, levou um vinho palheto que me fez lembrar o da Mó que o meu sogro também fazia.
Então não valeu nada?
Valeu, pela camaradagem da gente de Braga que me acolheram e deram de comer e boleia, e do meu grupo de Ansião, revi pessoas que não via há anos, da minha geração. Contei estórias, contaram-me outras, ficava a ouvi-los dias e noites, gente alegre, bem disposta.
A Elisabete do Lousal e o marido Eng Manuel do Beco,afáveis,cumplicidades nas velharias, na história das nossas terras, falamos dos romanos, da sua passagem pelas serras de Ansião e de Dornes , de gente de linhagem que acabou falida, de filhos incógnitos,do celeiro romano, lendas, grutas, testemunhos que vou sem duvida incluir no meu livro de Memórias, ofereceram-me comida, deram-me muita conversa fiada.
O Fernando Moreira o meu compadre, homem de menos falas,reservado, amigo, dono de espírito inquieto,antenas no ar preocupado no controlo do grupo,sinais de cansaço ainda assim me dispensou tempo e saberes, a esposa Odete de manhã cedo apanhou nabiças, couves e alho francês que me mandou e eu daqui agradeço tanta generosidade em dar, gente muito boa, ficou a trabalhar na cantina da Escola. Vinha no grupo também uma senhora de sotaque brasuca, simpatiquissima julgo se chamar Helena e viver no Avelar,e um rapaz maduro,espírito jovem, um bon vivan, quase divorciado do Lousal, agora lembrar-me da sua graça...fico sem graça, sei começa por um "I" e é pequeno coisa de 5 letras...durante a noite numa maldita insónia bem me quis lembrar do nome e não consegui..Isaías, Isaac, Isidro...lamento...não me vem à cabeça o seu nome! acabei de descobrir pela foto Elísio e dizia eu com certezas que começava com um "I"...que afinal é "E"...
Isto de afirmar certezas tem que se lhe diga...vai lá vai, não te trates!
A maioria do grupo frequenta a Universidade Sénior,logo um deles, precisamente o "I" alvitrou para o Eng Manuel que eu bem podia ser professora deles de história...muito obrigado pelo elogio, sei que sou uma contadora de estórias,umas melhor do que outras, porque isto é como tudo,contar e recontar tem que se lhe diga, sempre se acrescenta um ponto, o nosso cunho pessoal...num repente, irrequieto, de bicho carpinteiro o "I" não parava quieto, deslumbrado, feliz, estonteante, louco andava para trás e para a frente, fugia do grupo, parecia um menino acabado de descobrir a liberdade..."ave sem poleiro", desnorteado, perdido me pareceu o "I"... num relance reconhece os caiscóis de outro grupo,colegas de Vouzela que em tempos tiveram um encontro.Todos vimos o jeito que o "I" se perdia no olhar de "menino homem, esgazeado" como se aprás dizer na nossa terra,qual serpente a vaguear na multidão,sacola no ombro, ar de "gingão",bom homem, inteligente, signo Virgem a dias de festejar as 61 primaveras, espírito jovem, com a aventura dentro de si, a loucura da internet entranhada nos genes com o grupo fechado de amigos nos jogos on line e ...a incessante e errante procura da sua alma gémea, que para mim estará escondida numa gruta lá para os lados dos Poios...
Comemos uma bucha, havia bolinhas de bacalhau, as pataniscas, queijo do Rabaçal, pão, e um grande Pão de Ló,receita de 18 ovos da mão da Isaura e fruta do seu lavrado, vinho da Maria, uma pomada,aroma a carmesim e cor translúcida, o meu preferido.
Hora de despedida, deixamos votos de reencontro para patuscada feita pelo "I" que atrevido e irónico em poucas palavras disse,"vem sozinha ou trás o marido, se não vieres é melhor, e eu faço à mesma..."
Amei o encontro, a grande parte meus conhecidos, três apresentados, personalidades distintas, integras, fortes, pessoas de saber, fiquei com mais vontade de voltar a viver na terra das minhas raízes, Ansião.
Desculpem o meu grito de revolta. Precisava desabafar.No meu jeito de mandar, criativo e poder organizativo,atributos constantes do meu perfil, olho de lince, observador,atento, perspicaz, humor peculiar ganho nesta vida de trabalho de azares, e glórias, gerente de sucesso num conceito de powermaint no maior banco? na altura ...
Sem delongas, digo aqui,conseguia reduzir pela metade os funcionários do programa...
Disso não tenho a mínima dúvida!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Compras on line sites de promoções

Rapidamente apareceram no mercado sites de promoções on line:LetsBonús, Forretas,Groupom e...que ao aderirmos nos entopem o emal...depois das férias demorei tempos a cancelar sites...
De facto são apelativas, grande a quantidade de parceiros, slogans aliciantes, um chamariz para compra imediata "compre por X, era Y, poupa Z.
Difícil resistir!

Na LetsBonus, num ginário BodyConcept aderi a uma excelente promoção, ao chegar para a avaliação, que é uma treta, o negócio é fechado com o pacote de tratamentos,a empregada polivalente, massagista, esteticista, rececionista, comercial, "pau para toda a colher" fez-me uma lavagem ao cérebro para aquisição de cremes, que aderi, ela nem sabia o preço, no total duas embalagens foram mais caras que o tratamento ...quando refleti passei-me por ser tão estúpida!
Com esta empresa tive uma anulação por parte do operador que procedeu ao cancelamento do pacote promocional, neste caso o cliente deveria receber indemnização. Recebi o estorno do dinheiro entretanto debitado na conta do cartão de crédito.

Negócio de filão outras empresas sediadas em Espanha para fuga de impostos operam no mercado...

A Groupom na 1º promoção que aderi e sobre a qual reclamo e bem.
No dia marcado estive na Av de Roma do Dr Foot Body Clinic. Esperei mais de duas horas pelo médico que não apareceu nem se fez anunciar da causa da ausência.O diretor da clínica, simpático, não denota no entanto perfil para atender a resolver situações contrárias ao negócio.Depois da minha insistência via telefone com uma assistente para falar com ele, que nunca esteve, ou em reunião, ou tinha ido almoçar ou...fácil foi perceber que estava metida numa embrulhada.
Mais tarde e após explosão com a mesma assistente brasileira exigi o reenvio do email que o diretor disse ter endereçado à empresa Groupom pois só desta forma eu poderia ter a certeza que o mesmo lhe fora enviado.
Mal o que recebi, reenviei ao destinatário, e para grande espanto meu o mesmo veio devolvido por a caixa de correio estar cheia...e várias vezes o mesmo aconteceu.
O que evidencia que o dele nunca chegou ao destino!
E com isto a Groupom possivelmente nem sabe do pedido de estorno. Mas deveria porque em tempo útil enviei dois email para o que aparece nos cupons.Se não tiverem conhecimento duma forma teriam de outra.Nunca recebi confirmação de nada, nem do estorno na minha conta cartão.

Fiz uma pesquisa na Net pelo nº de pessoa coletiva da empresa e descobriu um nº atribuído a fax que não tenho e decido enviar novo email à clínica para fazerem o favor de o enviarem. Recebo como resposta que também não tem fax e que nada mais podiam fazer por mim e que também não lhe atendiam os telefones e que operavam em Espanha...
O problema?
Estou "pendurada" com 112€, que em caso de fim do prazo( 6 meses) fico sem direito ao valor. Não tenho culpa do médico não se apresentar.Tenho direito a desistir depois de tudo o que aconteceu.
No meio disto ainda estou penalizada com o dinheiro dos transportes no caso 6€, uma manhã perdida e ainda crises de nervos sem ver o fundo da estória com tantas estórias.

A quem nos podemos queixar?

O pior é que quem ganha são as empresas fiticias a operar fora de Portugal onde os impostos são manis baratos, ganham rios de dinheiro, por cada transação de compra arrecadam 50% do valor da mesma acrescida do IVA, o parceiro fica com o capital remanescente. Coisa para pensar!

Se é grande promoção, isto e aquilo que apregoam, como será uma consulta particular nesta clínica que eu paguei 112€ e a mesma já tinha posto no vaucher a menção de que a Groupom iria receber 63.104€ e o remanescente ficaria para a Clínica.
Curiosamente foi o diretor que me disse...

Coisa para se pensar e deixar de fazer compras sem fazer contas!

Argumentos para consultas em clínicas, uma Mesoplastia só se deve pagar no máximo dos máximos 50 € e não 400 e tal como anunciam e reduzem para 112 e depois já expliquei que quem ganha quem inventou o Negócio!

O pior mesmo é que a clínica na qualidade do seu diretor, apresenta quanto a mim falhas na resolução dos problemas, de não saber acatar as reclamações dos clientes e de se dar por vencido logo depois de enviado apenas um emal que nunca chegou ao destino e de tal nem se deu conta e fazendo fé que fez telefonemas que não foram atendidos.

O caricato?
Se eu tivesse feito a consulta e deixado o vaucher, fariam a tramitação do mesmo para a clínica ser ressarcida do valor.Então porque não aproveitam o mesmo modo para solicitar o estorno do vaucher?

A resposta da clinica na pessoa do seu diretor "nós daqui mais nada podemos fazer", não é justificada.Tem de fazer!
Para tal é preciso engenho e arte na resolução de problemas.

Ao aderir foi-me automaticamente feito o débito na minha conta cartão e o mesmo só será estornado com um crédito se o parceiro na compra o reivindicar a meu favor.
E andamos todos nós neste Portugal à beira mar plantado a aturar gente que nada sabe do essencial.
Exige-se ser eficiente, a novela continua...

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Península de Dornes no Zezere

Perdi as vezes que fui à festa a Dornes no dia 15 de agosto em honra de Nossa Senhora do Pranto, romaria que atrai muita gente, no passado foi muito famosa pelos círios que vinham em peregrinação das terras vizinhas e ainda pela procissão no rio o andor ia numa barcaça até à ponte, outros tempos!
A fundação da aldeia remonta ao século XII e está ligada ao aparecimento da imagem milagrosa de Nossa Senhora do Pranto, não sei se nas águas...

Situada a 10 km a nordeste de Ferreira do Zêzere, numa enseada da albufeira do Castelo do Bode, a vila de Dornes bem no centro de Portugal é uma das mais curiosas, para mim linda, pequenina,quer pela sua localização quer pelas vistas e pelo casario, predominante branco,baixo ou de sobrado, varadins,telheiros, ruelas com saída para a albufeira e também pelas lendas e tradições associadas.

Ao percorrer as duas ruas não escapa ao olhar pedras esculpidas com a Cruz dos Templários em algumas fachadas, outras casas ostentam pedras de lousa ao lado das janelas para as sardinheiras,a meio caminho uma tasca com varandim sobre a enseada, escola primária António Garcez com data na porta de 1900, sanitários,cruzeiros da Via Sacra, grande chaminé na arriba abaixo da igreja. Nomes de ruas:da Barca, de Guilherme de Pavia e Borvinda do ano de 1475.

A primeira igreja foi mandada construir pela rainha Santa Isabel(filha do rei de Aragão e esposa do rei português D. Dinis) em finais do século XIII.
Sobre esta pequena igreja foi uma maior edificada por D.Gonçalo de Sousa no século XV,na frontaria algumas pedras com um "P" esculpido que desconheço o significado, ainda um portal de calcário com camélias igual ao da igreja de Ansião, da mesma época.Destaque para os azulejos, o órgão de tubos ibérico, as imagens de pedra de Nossa Senhora do Pranto e de Santa Catarina, e o belo óleo figurando o "descanso na fuga para o Egipto".
Na sacristia Círios,remontam a inícios de 1800, oferendas de romeiros de terras vizinhas e outras que ali acorriam em romaria.
A igreja foi edificada sob um penhasco xistoso onde já existia uma torre que se atribui aos Cavaleiros Templários pelas marcas ainda existentes no casario que já referi no intuito de vigia do profundo vale do rio Zêzere.
A torre pentagonal de cunhais calcários enquadrando muros xistosos, traçado irregular e única no País, terá sido ou não, edificada sobre o que restava de uma outra atribuída a Sertório, general romano que nasceu pelos anos 122 (?) a.C. e morreu assassinado no ano de 72 a.C.

O vilarejo de Dornes foi Comenda da Ordem de Cristo, hoje é essencialmente um dos mais belos quadros da riquíssima paisagem portuguesa provocada pela grande massa de água, meandros de cariz romântico,curvas a pique sob as encostas verdes salpicadas de poucas casas de veraneio com escada direta para a água e cais particular.
Atributos inigualáveis aqui perdidos no Pinhal Interior que em muito contribuem para tal desiderato, até os mortos tem uma vista privilegiada sobre a albufeira.Dornes foi concelho até 1836 com foral dado pelo rei Venturoso em 1513.

Saudades tenho do tempo que me refastelava na tasca do Zé de Dornes logo na entrada em dia de festa grande a labuta. Vezes que esperei de mesa corrida com toalhas de plástico,serviam grandes travessas de batatas fritas e de leitoa de pele bem tostadinha e ainda outras pequenas de achegâ muito bem frito com salsa para afugentar as moscas...paisagem bucólica, água verde, ora azul, em pano de fundo, há anos fechada, dizem que os filhos não se entendem para levarem o negócio avante, após o pai ter falecido...
Anos que levei piquenique, é típico os romeiros comerem pelas encostas sentados em mantas de tear. Maus acessos das costeiras, sempre a subir ou a descer seja a caminho do Beco ou de Paio Mendes terra que viu nascei a atriz Ivone Silva.

Um ano deu-me um repente, em plena festa engendrei um piquenique de improviso. Gosto de mandar. Deleguei em todos tarefas: a minha mãe comprou a toalha e uma faca; a minha irmã comprou melão e pão, o meu marido, o vinho e refrigerantes; a minha filha foi à procura de guardanapos e água para se lavarem as mãos, eu fui ao Zé de Dornes comprar leitão,uma couvete de batatas fritas e outra de salada.Que dizer? foi demais, pela dinâmica e logística.
Entramos com o jipe da minha irmã numa fazenda de ervas secas altas,bem no meio pus a manta, sobre ela estendi a toalha e ajeitei o farnel, naquilo caiu uma trovoada grossa, moscas grandes zombavam ao redor, ás pressas pegámos em tudo e de rojão fugimos e só parámos com tudo ensopado na mala do carro e ai acabamos de merendar sob o chapéu de chuva...

Este ano fiz o passeio de barco, 20 minutos, 5€, caro sem bilhete, um negócio de filão...Valeu a pena, a paisagem é deslumbrante, suave, quiçá romântica.
Ultimamente almoço na Associação de melhoramentos cultura e recreio de Dornes.
Este ano só assaram uns frangos, estavam nas tasquinhas do concelho, claro eu fui até lá!
Antes de deixar Dornes enferei na velhota de Cernache, sorridente de cordão ao pescoço e pendentes em oiro,blusa de balão e avental de alforges, há anos a minha eleita, comprei um pão e duas merendeiras de batata, farinha, canela e erva doce, as bonecas e as ferraduras já as tinha vendido, bem vi a canastra e 3 cestas ovais de verga branca vazias,carotas, faz um dinheirão...trocava conversa com um velho conhecido de olho azul, não sei como foi, o homem engraçou connosco, sob um sol escaldante, eu debaixo das franjas do chapéu de sol ouvi ele contar a sua história de vida desde que foi para a tropa,muito interessante mesmo,homem elegante, comunicador e sozinho...uma pena!
Em Águas Belas bati olhos no velho relógio de sol, há anos que não o via, curiosamente em cima do telhado...
Na praça de Ferreira do Zêzere estava ainda montado o palco onde na véspera os Xutos atuaram, as tasquinhas não tinham pressa em abrir, os Escuteiros foram mais desembaraçados e neles saboreei uma boa sopa de peixe com oregãos, feijoada de gambas, coelho à Vilão(assado na brasa) e salada da avó(tomate cortado muito miúdo com cebola fininha às rodelas e miolo de broa temperda com molho vinagrete.

Para mim julgo que a vila tenta recompor-se de erros urbanísticos do passado após os 25 de abril,(estilo comunista?...) que nada tem haver com a paisagem de quintas, chalets e da Estalagem dos Vales, onde o rei D. Carlos pernoitou e Alfredo Keil compôs a orquestração do hino nacional e nesta terra foi pela 1ª vez tocado!
Lamentavelmente hoje a Estalagem mais parece um "esqueleto" de paredes que um movimento cívico pretende transformar em museu, o edifício, uma casa agrícola da segunda metade do século XIX, encontrava-se em estado de degradação há largos anos quando, em meados de Julho, os seus proprietários, que queriam construir uma moradia, limparam o terreno e removeram parte do telhado em ruínas, deixando apenas as fachadas...coisa que nos deixam a pensar, se a Estalagem tinha interesse público há anos que a autarquia deveria ter feito a sua candidatura à CEE para a sua aquisição e requalificação em Museu, ou não?
Calor abrasador, horas de espairecer e refrescar no Lago Azul.Ao sair de Ferreira dei de caras com a quinta da família do Almirante Américo Tomás, nesta terra nasceu e passou férias, casa ladeada de duas grandes palmeiras,antes do grande portão buchinhos a fazer canteiros tipo Versalhes...querias...Desde miúda que me lembro do meu pai me contar.

Deixei Ferreira do Zêzere e fui conhecer a aldeia de Outeiros terra de um colega do meu marido. Grande. Interroguei-me com a falta de acessibilidades, ao fim da aldeia são 3 km em terra batida, um circuito florestal?, então se está em paralelo com a vila porque raio não tem ligação?
Grande dia em terras que desde miúda conheço,revisito e sempre encontro coisas novas. Bem, ao passar na volta pelo Carril a 1ª vez que ai parei teria 6 anitos, o largo está quase igual...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Revisitar a rota de paneiro do meu avô Zé Lucas pelo Alentejo com a minha querida ma

Aniversário da minha mãe quase sempre se pautou por ser um dia especial com muitas surpresas, este ano mais uma em que juntei o útil ao agradável com o voucher "A vida é bela" que a minha irmã lhe ofereceu no Natal, apeteceu-me presenteá-la a voltar a terras alentejanas, ao giro do seu pai com anos na arte de paneiro ambulante a vender chitas, riscado de Santo Tirso, Vila do Conde, cotim, serrubeco e, sedas !
De véspera fui de comboio para Pombal esperava-me a minha irmã com nova partida para enganar o estômago no Manjar do Marquês em Pombal, o empregado homem bonito de olhar azul do Mogadouro, há tempos que não o via em dois dedos de conversa disse-nos que estávamos giras, a sopa de feijão com couve galega a fazer lembrar a da minha mãe, uma maravilha, no balcão ao lado servia-se arroz de tomate malandrinho com pataniscas, reparei  numa mesa em que estavam homens, um deles já foi Procurador da República, bem olhou para as beldades... A caminho de casa combinámos tomar o pequeno almoço com a nossa mãe no seu dia de aniversário, a primeira surpresa, não faltou o Pão de Ló, especialidade da casa, mal bebeu o café de cevada a minha irmã zarpa com o carro para atestar o depósito de combustível, regular o ar dos pneus e ditar votos de boa viagem.  Prontas ficámos num ápice com a prima Júlia ao adro para nos desejar boa viagem, de malas feitas abalámos na nossa aventura, no caso, a minha grande primeira viagem a conduzir, antes só Almada Ansião e vice versa...No IC 8 encontrei obras junto à ponte sobre o Zêzere em Pedrogão Pequeno, parámos em Proença no primeiro e único susto, dúvidas se o voucher vinha no saco ou teria ficado em cima da mesa? Sorte, estava no saco, que nem o via no meu desespero só de pensar em voltar atrás, aliviamos águas entre giestas ressequidas, cujo aroma não enganava.Entrei no IP2 a caminho do Fratel com sinalética insuficiente, a barragem há anos que não a via está na mesma.Passei por Arez não distingui o pedestal à beira da estrada de nicho com o Santo em pedra que há 20 anos fiquei com vontade tive de o trazer comigo... Em Nisa, tomámos café e degustámos uma empada,entrámos nas lojas de artesanato, cestaria, barros decorados a pedrinhas, trapologia e queijos em espera de fregueses que não sei se virão, na orla da praça de cara lavada estilo cor partidária camarária de esquerda só vi desocupados, pensionistas em conversas de nada a fazer horas de voltar a casa para o almoço... tirei fotos, percorremos o centro a pé apesar do calor insuportável, fomos à matriz, vimos os restos da muralha do castelo, a destilar íamos a caminho do carro, demos mais uma volta pela cidade ate encontrar o rumo de Alpalhão para nova paragem junto à enorme anta que atesta nesta raia portuguesa os muitos vestígios fúnebres primitivos; dolmenes, menhires e sepulturas escavadas nos blocos de formas arredondadas graníticas,também apreciei a escultura natural do bloco oval esventrado por dentro em crateras de cristais de mármore, o pior, a máquina ficou sem bateria...
Nova paragem no convento Flor da Rosa, o sol escaldava, fotos com o telemóvel, claustros lindos, o túmulo do D. Nuno Alvares Pereira, aqui o seu pai foi Prior do Crato, não deu para mais nada estava na hora de fechar, no arraial fora de portas do convento procurei pelo fontanário imponente estilo barroco ao lado uma sepultura romana a servir de bebedouro aos animais que no tempo foi adaptada e iguais encontrei em Castelo de Vide...na primeira vez que as vi há anos. Estradas de retas e mais retas com salpico de blocos enormes graníticos semeados à toa na paisagem com paragem no Crato, na zona histórica em frente aos Paços do concelho, linda a varanda gótica em granito rendilhada e arcos a imitar a Pax Júlia de Beja, achei tudo na mesma, há anos que aqui não vinha e não vi nada de diferente, as mesmas ruas  infindáveis, desertas, vazias de gente, de carros, de barulho com o Museu fechado em obras e o outro em horário de almoço, muitos solares, brasões e portas de ogiva tudo fechado. Almoçamos numa praça com Mós, ao jus de mesas e bancos em pedra, comida frugal a pensar na fácil digestão para a piscina, medo senti de subir a ruela de calhaus de xisto a caminho das ruínas do castelo ao que parece foi uma concessão de 100 anos nas mãos de um particular que ali se desloca de helicóptero com  obras iniciadas para...?Pelos vistos estão paradas, gostei de rever as pedras das muralhas pintadas de branco dão-lhe um carisma ingénuo, a vista deslumbrante que se desfruta na nesga da muralha derrubada é bonita, ao fundo no vale uma pequena ermida e um grande fontanário de parede alta frondosa típico nesta região ornado de amarelo ocre, o castelo altaneiro edificado na colina sul do morro vê-se bem quando disse adeus à vila rumo a caminho de Alter do Chão, curiosamente junto à estrada dei conta do frágil muro em lajes de xisto soltas muito frágil, nem parece que um dia fez fronteira à cidadela...Atravessei a ribeira da Seda na ponte romana, nome que me ficou a bailar na cabeça,senti uma forte ligação deste nome com outro num largo do Crato, alguma coisa referente a seda aqui existiu quem sabe do tempo que foi ocupada pelos Cartagineses ou do tempo que houve daqui gente na Índia.Chegámos ao destino Alter do Chão pelas 2,30 com o burgo a crescer, reconheci o grande fontanário com o nome dos beneméritos que o mandaram erigir. Na estalagem fomos muito bem recebidas, com pressa de vestir o fato de banho, na piscina ficámos até perto das sete, lanchamos jesuítas e banhos uns atrás dos outros, mais de vinte, só tivemos companhia por volta das 5 horas. Vestidas a rigor para o jantar. Salão decorado a meu gosto com alfaias agrícolas, arados e chocalhos.O repasto:bacalhau à conventual que eu chamo à Crato com uma variante muito interessante e vou passar a fazer, leva cenoura ralada e couve, coberto com molho bechamel, o segundo prato, carne de porco à portuguesa com coentros,uma maravilha, tão delicadamente confecionados, sobremesas para acalmar o calor um chá de menta com gelo.Decidimos  regalar o olhar com o por do sol que nestas terras a sua  abalada é tardia e em  caminhada à volta do grande gaveto da estalagem com vivendas muito bonitas e passeios com jardins de oliveiras, do outro lado da estrada na herdade grandes rebanhos com chocalhos a tilintar pastavam àquela hora.De novo na estalagem, cansaditas, decidi abater umas calorias,teimei em comer mousse de chocolate...fomos ao ginásio para andar de bicicleta e não fui de modas pus a minha mãe na passadeira para experimentar apesar de ter vestido o seu lindo fato que lhe ofereci o tecido, o dia era de festa e de fazer coisas diferentes, mas para mal dos meus pecados reparei eu não chegava aos pedais, e na passadeira a minha mãe ficou estendida, aflita fiquei para a desligar e a tirar sem se magoar, sem fôlego para mais nada, melhor ir  dormir o que fizemos,quarto fresco,uma soneca direta.
Acordámos bem de manhãzinha para degustar no salão do 1º andar o nosso pequeno almoço que só não foi mais à vontade pela constante presença do empregado a fazer de estátua e na saída dois dedos de conversa com a dona da estalagem a falar das lindas tapeçarias em ponto de Arraiolos que decoram as paredes, conversa puxa conversa confidenciou que uma filha morava em Almada, falou da sua casa na Charneca da Caparica e dos problemas graves com o diretor da estalagem que tinham apenas contratado há 3 meses para os libertar e começar a passear, desfrutar da vida e só lhe tem dado problemas e que problemas!
Hora de despedida com vontade de regressar.Tempo de visitar o burgo de Alter, lindo o castelo com torres finas e cúpulas em cone tão típicas aqui a fazer lembrar a sempre noiva de Arraiolos, perdi tempos à procura de pão alentejano que não encontrei nem tão pouco havia queijo para encontrar junto da pequena praça outra vez arraial de homens barrigudos, desocupados a revirarem olhares...coitados!
Maravilhosa a paisagem que a barragem do Maranhão proporciona em Benavila uma das paragens do meu avô que jamais tinha ouvido falar com idílicos recantos lagunares ao jeito de pequenas penínsulas com belos cavalos na margem a pastar, pena não ter máquina para registar tão belo cenário, ao longe comecei a avistar o morro de Avis pelas altas ruínas do paço e do castelo.Terra onde senti nostalgia com ruas quase desertas, sem vivalma, pouco comércio em cidade morta apesar de tanto casario, incrível andava uma carrinha de Abrantes a vender pão, chamava a clientela ao toque da buzina, comprei uma carcaça com maminhas, perguntei a uma velhota onde poderia comprar vinho, apontou em direção da cooperativa fechada... coitada queria ela dizer mini mercado...apercebi-me na conversa que travei com um homem da idade da minha mãe cujo filho mecânico estava de volta de um carro com conversa sobre a vida de antigamente também ele um emigrante de Mora aqui radicado desde os 16 anos. De saída encontrei a cooperativa de azeite,acredito que seja bom porque o preço foi caro, 20€ 5 litros, de seguida parei numa herdade onde se produz o vinho de Alter, apesar de muito caro trouxe vinho para as férias e ofertas.
Horas de seguir viagem a caminho de Casa Branca onde a emoção tomou conta de nós na mesma estrada onde o meu avô tantas vezes passou, irresistível a reza que irrompeu no silêncio em sua memória... na padaria antiga de armário encastrada na quina da parede onde acredito ele ter entrado havia de comprar o verdadeiro pão alentejano por 1,20€ que achei carote, ao fundo uma velhota de avental a rondar o chão caiava a barra da casa em azul.Passou por mim um velhote de bicicleta que nos disse adeus de lenço aberto preso na boina  que o protegia do sol no pescoço. Tomei a estrada em direção ao Cano, muito grande esta terra, seguindo para Sousel que me deu ares de estar em Espanha, o carro parou-me em plena via do caminho de ferro abandonada, uma pena,seria uma mais valia naquele fim de mundo... Almoço em Ervedal, tanta comida, uma boa feijoada com sabor a hortelã, o bacalhau com cebolada trouxe para o jantar.Travamos conversa com pessoas da terra, disseram-nos que se lembram de um tendeiro que andava com duas malas a vender fazenda, o Sr Coimbra...interessante ao tempo o hábito de falar que era de Coimbra, terra de nome sonante em detrimento da sua aldeia de Mouta Redonda que ninguém conhecia...O bom homem que connosco almoçava ainda disse que ele era loiro e isso bate certo, também que se alojava na estalagem da Ti Joana onde as mulas descansavam, comiam e bebiam e ele também que era miúdo e acompanhava o pai também vendedor.Adorámos saber, a minha mãe sabia que havia uma estalagem onde ele pernoitava e vivia enquanto andava nas suas andanças e desandanças por terras alentejanas,de facto as terras que falava ficam todas muito perto umas das outras num circuito quase fechado, o giro, como outros tendeiros tinham - cada  um tinha o seu.A paisagem alentejana está em mudança e não é só a caminho do Algarve, por estas bandas também se encontram grandes olivais, vinhedos , nogueiral e milheiral, quem diria!
Calor, muito calor a caminho de Avis novamente onde avistei uma raposa morta em plena estrada, lindo o rabo ainda tive vontade de parar e traze-la, foi a pensar no cheiro das vísceras me acalmou...mais à frente um gineto, lindo de rabo comprido atravessava a estrada a caminho de Santo António de Alconrrego onde o meu avô chegou a ter uma casa alugada que deixou ao filho mais velho, o Carlos quando este se casou, a aldeia está irreconhecível, na boca da minha mãe, que aqui veio visitá-lo depois de instalado. Percebi que o nome lhe advêm da ribeira que lhe passa aos pés com muito casario e estradas, a minha mãe meio perdida no norte, descobriu a casa branca ornada de azul com grande chaminé e data 1893 no alto com o grande quintal em rampa a escassos 4 km de Avis onde voltei para dizer adeus à albufeira do Maranhão, atravessei duas pontes, grande o lençol de águas a caminho de Galveias e lindo o solar apalaçado junto à igreja para a chegada a Ponte de Sôr onde parámos e fomos passear até à zona ribeirinha, lindo a represa das águas, a relva fresquinha, ainda nos deitamos para depois mais uma voltita à cidade que cresceu muito, quase a não reconheci a caminho de Abrantes, atravessei o Tejo, subi a cidade até encontrar o norte junto ao quartel, mais à frente entrei na Scut a caminho de Constância onde sai na parte norte, alta onde parei junto a uma grande igreja a olhar o Tejo, ao descer reparei que era o cemitério, linda vista os defuntos tem, invejável, igual, só mesmo a do cemitério de Dornes a mirar a península do Zêzere.Nunca tinha feito uma descida tão acentuada a pique onde vi jeito do carro capotar...até que reconheci a estrada e atinei com o caminho em direção a Tomar, então não vi a ponte sobre o Zêzere? Último reduto da viagem do meu avô passamos na Matrena com as antigas fábricas de papel do Prado, tudo desativado, no cimo Santa Cita, no ramal para o Castelo de Bode, parei e comprei melão e melancias para ofertas.O Nabão corria direito à foz por entre salgueiros a escassos km de casa para num instante chegarmos cansaditas e muito satisfeitas. Adorei a viagem sem sobressaltos, sem enganos, sem pressas nem tormentos tudo à minha medida e da minha mãe.Quanto a ela nem se fala, adorou a piscina, só falava que ia fazer uma no seu quintal no lugar da capoeira, pior ficou quando falei nos custos da sua manutenção. O fascínio de voltar ao Alentejo onde tinha vindo em criança e pouco se lembrava e teimava voltar ás terras onde o seu pai andou sabe Deus como a ganhar freguesia, no dizer do povo passou as passas do Algarve,conviveu com ciganos, fugiu de ladrões...comeu o pão que o diabo amassou... Bem - ganhou umas coroas, a carteira cheia de notas a atava com um elástico...de volta trazia na carroça o belo torrão de Alicante, enchidos, queijos e... Também aprendeu a fazer um bom gaspacho e sericaia.
Assim foi o festejo dos seus belos 77 anos, o meu pai se fosse vivo teria festejado 76, faziam anos no mesmo dia com um ano de diferença. Inesquecível este passeio, voltava sem custo a faze-lo outra vez, mais uma vez, sempre!

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