sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Casal do João Galego, fidelizado Pinhal e o Carvalhal em Ansião

O Casal do João Galego 
 
O toponomio  é referencia na transcrição do Engº  Miguel Portela do  Arquivo da Univ. Coimbra, Cartório Notarial de Coimbra, Livro de Notas n.º 2 [1710-1710], do notário Simão da Silva, Dep. V-1ªE-8-4-184, fls. 37- 39.
« em 9 de julho de 1710, foi dito pelo aludido capitão-mor que “em seu nome e de seus sócios Manoel Borges e o dito António Lopez de Siqueira como Perbemdeiros da Casa de Aveiro estava contratado com o dito João Mendes Gago que presente estava para lhe haver de arrendar e dar por arrendamento as rendas da villa de Penella e Reguengo da villa de Ançião e foros da villa de Abiul e tudo o mais pertencente a Casa de Aveiro” (...)mais huma vinha que tem o Barramco tapada sobre si com cazas ahi pegadas, mais huma sarrada com árvores onde chamão o João Galego tapada sobre si, e estas duas propriedades estam no termo da villa de Pouzaflores”.

Um descendente de Pascoal Jose Melo Freire dos Reis o  Nuno Borges dos Reis Costa  construiu a sua vivenda no mesmo local onde a sua avó materna chegou a encontrar fragmentos de alguidares em verde e a minha amiga  Tina Mendes Faveiro e a mãe Florinda, no tempo das pinhas se lembram das ruínas da casa, onde o pai de Pascoal nasceu.

Em 1795 já aparece o topónimo  Casal do Pinhal
Registo de batismo a 24.11.1795 de José , nascido a 15.11,  filho de Fernando Fernandes dos Matos e Mariana Teresa do Escampado da Lagoa, moradores no Casal do Pinhal

O toponimo  Casal Galego, chegou ao século XX, ainda na voz de proprietarios.
Prevaleceu na fidelização o toponimo Pinhal.

O Casal de João Galego, foi morada de casados dos pais de Belchior dos Reis, onde nasceu.
Talvez tenham sido os donos da taberna que ali existiu. Entrou em abandono no inicio do séc. XX, pelo novo corredor da estrada a nascente. Recordo das ruinas,  e do frondoso castanheiro.
Lembro-me em miúda ouvir falar no Casal do Galego no que restava das tábuas do soalho da taberna, a avó dos «Borracheiros» encontrou uma panela com 28 libras em ouro. Em terreno de uma mulher dos lados da Ameixieira, onde hoje o filho mora. Naquele tempo os tesouros escondiam-se em casa. Havia gente que dizia que estes judeus tinham trazido moedas em ouro...
Terrenos foram no passado da Quinta do Bairro, onde hoje ainda resistem alguns de descendentes Reis. 

Corredor romano/medieval e por fim estrada real a sul do Casal Galego
                 

Ti Narciso conhecido pelo "Lavrante"
O conheci com o genro a trabalhar a pedra. 
Memória das lembranças de os ver a partir pedra na eira atrás da casa quando ia à minha fazenda da Barroca no Carvalhal do Bairro de Santo António, com extrema com o ribeiro e o quintal dele. Um dia quando trouxeram uma nova pia para o azeite, dizia-lhe a minha mãe "espero que esta não lhe ponha ranço como a outra...", retorquiu o pobre homem ”tire-lhe a senhora a borra do fundo que mau sabor a pedra não lhe dá”
Enquanto isso, o genro agradecia o gelo que os filhos tinham vindo buscar a nossa casa feito em tabuleiros no congelador que se partia com o martelo para encher a botija redonda que traziam e levavam em corrida para a mãe que tinha sido operada ao estômago…

Casa da Ti Alzira Aureliano
Boa mulher acabou cega, o seria de diabetes(?) na minha primeira vez que senti a cegueira e seus efeitos e tanta aflição me fazia vê-la naquela casa jamais concluída na beira da estrada sem luz, sem enxergar nada. A casa ainda resiste, de encosto à parede norte a roseira de pétalas pálidas, tantas vezes colhi as suas belas rosas de conversa com ela a caminho das Cavadas e de outras fazendas na carroça puxada pela mula "Gerica" na companhia da prima Júlia do Bairro, e ali pausa com tempo para dois dedos de conversa com a pobre mulher …"atão Ti Alzira como está vossemecê hoje?" enquanto falavam abeira-me da roseira para sufragar em cheiro apressado a deliciosa fragrância rosal!

Casa da "Maria entrevada"
Já não existe, foi requalificada numa nova.A Maria de alcunha - a entrevada,  foi vítima de um aparatoso acidente doméstico quando trabalhava como mulher-a-dias na casa do Sr. Oliveira na vila. Grávida, subia a escada de madeira com um cântaro de água e se desequilibrou e caiu desamparada, fraturando a coluna. Entrevada ficou para sempre, assim se dizia num tempo que não se faziam seguros de acidentes pessoais, porque existir até existiam. Não se compreende em gente abonada, tal sabedoria não abonar a segurança dos seus trabalhadores, nem tão pouco entender reparar o acidente de outra forma, pelo contrário foram duros e de amargas palavras, sobretudo para a vitima e para as suas filhas na escola, quando a filha professora as via chorar. As poucas vezes que conversei com a Maria entrevada, foi na cozinha junto ao lume onde a vi rastejar para o atiçar… Afetuosa era demais a mãe das minhas amigas, mulher de parcos recursos teve brio em obsequiar a oferta do pasto da Ferranha para as ovelhas, mandando as suas filhas a minha casa trazer a oferenda, açúcar, arroz ...
Mulher bondosa, sofrida, não merecia tanto azar nesta vida!Que Deus não se tenha esquecido de lhe ter dado  e continue a dar a boa vida eterna!
Mãe das minhas amigas de escola a Idalina e a  Helena, o Júlio,  mais novo.
O marido da "Maria entrevada" Abílio Carvalho era do Bairro, costumava ir ao Alentejo à ceifa. Um ano a camioneta deixou-o ao Ribeiro da Vide quando eu ia a passar, onde se mostra orgulhoso com as oferendas que trazia para ali me mostrar - oh cachopa olha o chapéu que trouxe do Alentejo - que abre em pleno verão em pano azul de aba enorme e ainda um grande pão, dizia olha que dura 7 dias...


Casa da  "Ti Ana Sapateira" 
A mãe da " Maria entrevada", naquele tempo as mágoas e tristezas da vida afogavam-se no que havia- o vinho. Diziam os vizinhos que gostava da pinguita e se abastecia na adega do vizinho Augusto Lopes e Ti Eufrofina, a quem chamávamos Porfina, os seus filhos malandros, misturavam água que ela não notava, ainda lhe faziam outras tropelias, sim porque a Emília era levada da breca…
Reminiscências da arquitectura romana/visigóticas da sua casa
A empena em V invertido para sustentar a parede acima da porta  na berma da que foi a estrada real. 
 A pedra com buraco onde se prendiam os animais - burros e mulas
Já não me lembro como se chamava a mulher que aqui viveu seria Isilda? 
Tinha a filha em Lisboa. A poente da casa, no pinhal haviam ruínas de uma casa antiga, explica que os antigos povoadores que aqui se fixaram ao longo da estrada real, não fizeram as suas casas na sua beira e antes no alto.
Casa da prima " Ermelinda canhoto" 
Casa da irmã da minha avó paterna a tia  Maria da Luz Canhoto
Outras gentes

O Ti Augusto Lopes e Ti Eufrofina
Tinham no quintal um poço de chafurdo

A Ti Jezulinda 
Mulher alta do Casal Soeiro, carismática no meandro das crendices e das poções mágicas…Tirou-me o cobranto.

A Ti Ermelinda e o Ti Neco
Quando tinha os netos de férias estes perdiam-se nas brincadeiras no Largo do Bairro, mal a noite caia punha-lhes o candeeiro a petróleo na janela, assim o Zé Manel e a Cristina não perdiam o caminho de casa…

Mais gente do Carvalhal: Arlindo e Helena; Celeste, Emília, António e Lídia Lopes; Prima Luzita do "Canhoto" e irmãos; António, Filipe e Mário e,
No Pinhal: Helena e Fernando, altos e bonitos; Henrique, Joaquim, Mário, Gracinda, Maria, do Ti " Borracheiro" ( alcunha derivada de fazer borrachos para o vinho); Adelaide e,

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