segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Chãos, em Ferreira do Zêzere, instiga à investigação cuidada

Reencontro em 16.05.2022, depois de meio século do conhecimento em Ansião, com a minha querida amiga de infância - Fernanda Dâmaso, e o seu marido Gilberto ali aportado, como padeiro, vindo no norte. Fui convidada do seu casamento, em Ansião. Tinha 15 anos e ela 16...Mudaram-se para Tomar e depois Chãos, onde exploraram uma padaria. Emigraram para a Bélgica. Regressaram e vivem na Travessa, em Chãos, no concelho de Ferreira do Zêzere. O seu quintal é um bom exemplo da utilização da pedra com socalcos de pedra e lajes a fazer de calçada. Tudo joga em harmonia com flores, muitas e árvores de fruto. Um encanto a sua simpatia, hospitalidade grandeza de alma. A quem a gradeço o carinho como fui recebida com o meu marido. Amei!

Como foi extensível o agradecimento e empenho do grupo, que desconhecia, com  partilha de ensinamento sobre o Vale do Brio, fornos de Cal, salpico das pedras de Moredo, da lenda da moura encantada, que viveu numa pequena gruta e, ainda ao que me permitiu deslindar sobre uma nova história, sobre pedras a contexto de algo misterioso, jamais aflorado, ao me falarem dum passado de ilhares de anos. Pois tem de ler a cronica para mais saber.

Vamos conhecer Chãos

Paraíso cársico, a sul de Ansião, o conhecia só de passagem de carro para o Agroal, em detrimento do caminho por Almoster e Freixianda, no meu tempo de miúda.  O próprio topónimo dá a dimensão do extenso vale plano que esteve submerso pelo mar há milhões de anos, na idade média deixou uma grande lagoa, designação que aparece em documentos,  no século XIX, o povo chamou de Maré. Hoje chão que faz parte da Quinta da Cortiça com romanzeiral e nogueiral.

Caminhada a partir do adro da igreja de 12 km. Grau dificuldade médio. Grupo pequeno, cultural e comunicativo, com uma criança de 5 anos que se portou lindamente. Mais um sonho realizado, a recordar o tempo romano, com corredor da via de Braga para Lisboa, que antes a norte passou por Togeira, Pontão, Chão de Couce, Alvaiázere, Rego da Murta, Torre da Murta, Avecasta, Chãos a té Tomar.

Casario com moldura em estuque inicialmente teve o nome dos donos, já perdida com a pintura 

                  

Poço carapuça

Como apontamento histórico um poço carapuça, nada mais que um poço Cisterna, que faz parte do sistema de armazenamento de água deixada pelos romanos em terra cársica. Jamais aflorados na relação e importância no passado e ainda viva no presente.

Em rota na que foi a via principal romana

Novos vizinhos estrangeiros, com bonitas requalificações em vaidade, de pedra à vista

Eira de lajes

Deslindei dois poços de chafurdo transformados em fontes

Antes destes, distingui outros dois e aqui há dois um de cada lado da estrada foram em tempo medieval chamados Poços do Alcaide

Antiga pia serve de bebedouro ao cão

Flor de acanto, cujas folhas foram retratadas na arquitetura medieval com origem grega

                        

ALMOGADEL

O patrono da capela quinhentista é a Santa Rita de Cassia

                    

Troço de calçada romana

Na derivação da via principal do Casal de Santa Iria para a Quebrada do Meio, com ponte romana na Ribeira da Murta na ligação ao litoral, Colipo em Leiria. A toponímia devia ser aletrada para Travessa da estrada romana.

         

Pedras que falam que deviam estar num espaço museológico...Para contar o passado aos vindouros

A graça de uma roda de carroça na parede

Oliveiras milenares, de maior porte que deslindo desde Condeixa até aqui

                

Topónimo  profeio, alerta para a critica aquele que só tem olhar para o erro, para o engano

Antigo lagar com colunas redondas. Aventa construção da centúria de 600
Algum casario com balcão de traça judaica

Escadaria de balcão com muro de suporte a fazer de corrimão, debruado a lajes de pedra
Riqueza assim igual só avistei em Avelar, no concelho de Ansião, na suposta ruína da Casa da Câmara e outra em Pias .

Pombal gracioso


Para oeste, a caminho da Quebrada de Cima

Enderecei parabéns a uma jovem que cortava a erva com a máquina elétrica, deixando as orquídeas. 

Os maiores exemplares da orquídea piramidal, que deslindei desde Ansião, Alvaiázere, aqui os encontrei.

Foram distinguidas pelo grupo duas minorcas papoulas a vingar no alcatrão da estrada...

                 

Casario recuperado em pedra, lindo

Vale do Brio na rota dos fornos de Cal
Interroguei-me sobre o traçado na Quebrada de Cima, de troço difícil da estrada romana para o litoral, se mais tarde não foi descontinuado pela dificuldade , em detrimento deste caminho no Vale do Brio.
Forno de Cal de Moredo, caiado por fora e por dentro, de teto abatido
                                        
Putegas
Tufos em amarelo que nascem debaixo do sargaço, ( eu chamava esteva)  retira se a ponta de um caule e espreme se para a boca, sai um óvulo aquoso, sem sabor, noutros tempos os cachopos quando andavam com o gado, assim as saboreavam.
Paisagem verde , oh mar da minha terra, de brisa fresca, aromática, de beleza intemporal com esqueletos ressequidos hirtos e secos do último incendio, vestido a  esteva, sargaço, cristas de galo, putegas, e rosmaninho.  
As amigas, euzinha e a Fernanda Dâmaso
A excelência da pedra calcária, aqui rainha! 
Com exemplares de extraordinária dimensão e forma, a sobressair na paisagem, chamadas pedras de Moredo. 
As primeiras que conheci em criança, em Alvaiázere, faziam me lembrar a paisagem dos filmes de  Western. 

Penedo da Moura, e a Fernanda contou nos a lenda de uma que ali viveu 

                  
A meio encosta num grande Moredo distinguimos o que nos parecia à vista pegadas de dinossauros 
A minha mão junto da pegada mostra se muito idêntica, com os dedos delineados existem outras, porém, só um paleontólogo pode afirmar, à partida pode ser da erosão da água nos milhões de anos.
Alertam as grandes pedras terem sido movimentadas por gigantes...
Teria sido uma sepultura de um gigante?
Em primeira mão refletir sobre a cavidade que se mostra através do buraco e das pedras afiladas e outras em laje, quiçá, estamos perante uma sepultura com câmara, que foi vandalizada?! A auspicio de investigação. Porque a região foi propensa a lendas medievais sobre gigantes - temos os irmãozinhos germanelos no Rabaçal, Penela e, o gigante da Torre da Murta, em Ferreira do Zêzere. Diz-nos a história que os Gigantes do Mediterrâneo, existiram com 4 metros , há sepulturas na ilha de Malta . E foram mencionados pelos romanos antes da erupção do Vesúvio. Também sabemos que eram mercadores e chegaram até á península ibérica. O cruzamento de gerações proporcionou mutações, o que se conclui ao aventar medirem à volta de 3 metros na idade média . 
                    
A erosão da água em milhões de anos...
Caminhos ancestrais ladeados por muros e pedra seca
Teria sido este caminho a nova alternativa do corredor romano para o litoral?

Igreja 

Instiga que foi implantada num habitat romano. Verá mais à frente

Obra de restauro de altares

                    

                    

Os altares de madeira são mais tardios, escondem o património antigo

A meu ver devia ter havido estudo arqueológico, com breve resenha bibliográfica, com intenção de restauro do património ancestral. Já os altares de madeira, graciosos, deviam ser espólio museológico, para contar a sua memoria aos vindouros.

                  

 Altares laterais a imitar 3 arcos de igrejinhas, como outro na Cumeeira, em Penela

                   

              


Rebordo do muro em pedra redondo 
Distingui em Alcabideque, o remate da meia lua que fecha o lago da nascente à semelhança
Embora o rebordo redondo feito em pedra única em  Chãos ,em Alcabideque, foi feito  com pedra miúda, cuja  arte é a mesma. Dita que o sitio da igreja pode ter sido um habitat romano.

Pináculo encimado com Cruz grega
Oliveira milenar
Casa de pedra requalificada 

O meu amigo Gilberto a tocar acordéon, uma tradição vinda de povos da antiga Grécia, no palco da Associação de Chãos.










Endereço bem haja a todos, Fernanda Dâmaso e marido Gilberto, Cátia Salgueiro, Fernando Silva, Mavilde, e a outros nesta caminhada, não menciono os nomes, por os desconhecer.
No ponto curioso, um casal, o senhor, ainda jovem, reconheceu o meu marido de o ver em Algés. O mundo é mesmo pequeno.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores

Arquivo do blog