sábado, 14 de janeiro de 2023

Grito cultural à introspeção ao património público e religioso, no concelho de Ansião

 Resumo publicado no Jornal Serras de Ansião, em janeiro de 2023

Apelo de Ano Novo, aos membros do Conselho Municipal de Cultura; um órgão colegial de natureza consultiva, informativa e de articulação e cooperação para as questões relacionadas com a cultura no Concelho. No dever de unir a Missão Autárquica, Juntas de Freguesia, Associações concelhias  e a Igreja, enfim todos de mãos dadas, a remar no mesmo sentido cultural a  compromisso de trabalho de rede,  zelo e respeito, ao legado herdado, a deixar aos vindouros ! 

A destronar o slogan  - A riqueza de Ansião reside na multiplicidade da sua herança arquitectónica, histórica, cultural e de génese popular.  

Mas, na prática quem lhe acode? Já que o sucesso premeia projetos a requerer muita atenção, total eficácia, à pretensa rondar excelência ,  sem lugar a crítica !

Abominar nessa incrível lacuna perplexidades no quotidiano: o promotor da manutenção da Ponte da Cal, delegou obra de limpeza, pese os avisos da grafite obscena, sob o arco norte – a obra foi executada pela metade. Ação imediata é limpar - a nado - à cautela, prevenir vir à tona com a TVI na feira dos pinhões! A culpa não pode morrer solteira. A juntar o cidadão comum, que não exerce o seu dever cívico de reportar vandalismo. Assumo a minha culpa, ao remover a crítica acutilante da crónica de junho à Ponte da Cal - em fé, era certo asseio, para a festa de S. Pedro…Ingénua ao rigor dos outros, caí no engano!

Pintura obscena vai para 2 anos...faz pensar!

Como antes sugeri a reposição do quadro do Conselheiro António José da Silva, no Salão Nobre. De imediato foi acatada a sugestão com igual trato o quadro de Pascoal de Mello Freire dos Reis. No porém, em pressa, sem alegado equacionar do seu envio ao Laboratório José de Figueiredo, a entidade creditícia, que realiza intervenção de estudo e conservação. Quedou o finado resulto noutra aposta,  sem interesse em levantar o seu estudo, já que os quadros, são único espólio de pintura, na alçada municipal, tendo sido pintados, após a morte dos signatários. Seria ponto assente. A repto - sobressai em brilho a minha sugestão da grandiosa moldura. O restauro do quadro do Conselheiro, projeta a veste litúrgica por cima da batina - o  sobrepeliz, a estoupa grosseira , em prol ao craquelê ganho nos mais de 100 anos que impôs na velha pintura  imitar  rendilhado, e portanto mais agradável à vista! A lembrar os sobrepeliz usados em procissões de altas rendas e rendilhados. O restaurador não gostou da minha critica nas redes sociais, e atacou com instauração de processo judicial. Gosto de gente com sangue na guelra, mas, todos temos direito a opinar em cidadania. E em cultura não me acanho. Como tenho o direito de dizer que não gosto do restauro, na minha ótica,  teria sido melhor aposta o Instituto referido. Fiz menção ao que senti, quando apreciei os quadros restaurados a choque o dourado da moldura a contraste o branco estoupa... O quadro exala a sua linhagem de belos olhos azuis, cabelo preto encrespado, grandes orelhas, e perfeitas mãos, ao clamor do cruzamento de gerações.

Quadro quando o enxerguei no arquivo municipal

Sem falar da letargia cultural, ainda sem alcançar sucesso, pese a dupla menção publicada, a solicitar a regularização da placa da toponímia da Rua Jeronymo Soares Barboza. Afronta o património a aberração,  sem o órgão responsável se incomodar e mandar remover a placa de metal, como de reparar os danos nos buracos, repondo a dignidade da placa de pedra, que pelo valor histórico e o nome do agraciado de batismo deve prevalecer, para contar a nossa história!

                                   

Recordo os anos de culto na Igreja e Ansião, sem entender porquês, a mirar os azulejos e, em todos via diferenças. Elevo estima aos seus representantes do passado e, ao Sr. Padre João Fernando. O que não invalida solicitar satisfação cívica no meu direito de cidadania, às condutas de restauro a decorrer no seu património e espólio religioso - apanágio a sensibilizar cultura e à falta dela! 

Penhoro  este meu jeito de falar sem me causar transtorno, já que não sou insegura, cega, gaga, nem hipócrita e, ainda sem rival na cultura e ao amor a Ansião!

Fui escolha no II Mandato Autárquico, como membro do Conselho Municipal da Cultura. Nesse pressuposto, além da informação do restauro à paróquia, desconheço se foi lançada discussão aos membros conselheiros do I Mandato Autárquico, já que desconheço ter sido no atual, como à perspetiva ao que se poderia vir a encontrar? Constatei que a retirada dos altares pôs a descoberto antigos tronos; um em concavidade não centrado e, um segundo estruturado em arco com vestígios de policromia vermelha. Cujas ombreiras tem pedras reutilizadas. Dada a implantação da matriz em complexo ruinal, que já publiquei, agora credenciada com esta descoberta, favorável a cenário possível de pedras visigóticas, se foi ponderado averiguar? Pela herança viva nos concelhos limítrofes – em lamento Ansião, ainda sem localizar alguma…Obriga à perspetiva de se acordar para esta nova realidade, sem desperdiçar o novo património arqueológico, como saber se foi fotografado para estudo bibliográfico. Como auspicia saber se foi alvo de avaliação à sua reabilitação, com apelo a Mecenas? 

A  recolocação de um dos altares, implícita dizer, que o novo achado vai continuar ignorado e, pergunto - não incomoda a Igreja nem os paroquianos - a todos é indiferente?

Elevar o pensamento de Gervásio de Cantuária 1140 - 1210 com a Beleza resplandece a luz. No Céu contemplaremos a Beleza face a face, ali já não teremos necessidade da arte . Na terra já não podemos prescindir dela. 

Despida de franqueza, defendo o novo achado, em prol do alegado restauro a brilho pechisbeque, ao feliz erudito dourado velho. No mesmo destoa a patine, à laia do branco baço à candura angelical … A NSConceição, em roca alude minguou, pese o belo laço do vestido, já a roda não cai, em graça… Onde são úteis estes altares? Espólio, do futuro museu municipal!

Alegações de introspeção que dirijo a convite dos ansianenses, à sapiência cultural do nosso património, sem escusa de ninguém no respeito às cinzas de avoengos, na Igreja e no adro. Não há mal sem remédio, assim queira o povo mudança e, nada se perde, e tudo se transforma, em ganho e mais património!

Um povo unido é quem mais ordena. A tomada de posição, a seu clamor, sujeita a pressão, a autarquia, no avanço ao Museu – em luta vitoriosa a comando do povo de Ansião! 

Amo, nesta igreja, a escultura da capela de André Fernandes e da esposa. Dignificar as suas sepulturas,  passa por retirar a alcatifa e as manter nuas - a exaltar a riqueza da pedra!

Perdido o púlpito e o coro alto, merece carinho a arte sacra mutilada. A Igreja de Avelar expõe na ala museológica parte de um Cristo - em fé, cita ao topónimo Santo Velho. O nosso definha, sem merecido platô, alude, espólio da primitiva igreja!

Um dia hei-de morrer. No adeus à matriz amada, exijo a presença de NSD’Ó, pela graça concedida – ser mãe. Orelhas moucas, nem sonhem matar este sonho, ressuscitarei e, arrasto-os à morte de susto, cegos devotos à literacia cultural e à indolência!

                      

Obra de arte, a NSD’O foi da capela, nesta matriz, do capitão-mor Gaspar Godinho da Silva e Sequeira Mendanha, da Quinta de Sarzedas. Sem bibliografia, foi esquecida na memória do povo. Atual Sarzeda, cuja ermida NSEsperança, foi arredada para novo palco. Só choca a omissão às sepulturas da centúria de 600, da família nobre Ponce Leão. O “Inquérito Paroquial de 1758”, não refere esta ermida , revela a ineficácia e incultura de alguns padres. Tive a sorte de localizar o palco da quinta de Sarzedas, no pedido de ajuda de um colega da minha irmã dos CTT, em Coimbra, na sua pesquisa da árvore genealógica, com uma avoenga aqui nascida. Graças às manas do Porfirio Monteiro, à pergunta que as sujeitei - se guardavam lembrança na Sarzeda de ruínas, de gente nobre, quando uma delas recorda o lagar e pus-me a caminho. Será mote a outra crónica. Localizei o registo de óbito de Maria Ponces, em 1601, sepultada na sua capela da quinta de Sarzedas. Ao pressuposto que a  entidade desta família nobre que aqui viveu  não se pode perder, na nossa história. Os últimos Ponces viveram ao Canto, na vila, em Ansião. Sugiro assinalarem o sítio da ermida na calçada,  a moldura de cor diferente e, menção à família.

Ruína da Casa da Quinta de Sarzedas

A ermida era pequena e ficava defronte da casa para nascente

A nova capela de NSEsperança

                         

Fecho a rol e abominação ao facilitismo de incorporar; o galo, brega, ao alto da empena na capela da Fonte Galega. 

              

E, a pintura casteleja, no altar-mor da igreja de Pousaflores, mesmo quiçá alicerçada ao topónimo Serra do Castelo, tão longe de uma capela sistina , de céu vestida com criaturas do Reino de Deus … 

Na Igreja de Torre de Vale de Todos, a mudança da pia baptismal, influenciou a mãe da minha amiga Augusta, ao desagravo - os padres vêem e vão… É um facto, ao jus, a passagem de Missões Autárquicas!

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