Hoje o feriado foi gozado no destino em conhecer o Padrão do Senhor Roubado sito no terminus da Calçada de Carriche, a caminho de Odivelas, por onde desde sempre passei a caminho da A8, sem jamais me apear. O melhor transporte é o Metro e depois contornar para nascente em caminhada uns 150 metros. Incrível o monumento encontra-se encafuado na confluência de estradas de grande tráfego, num baixio, só um olhar atento o distingue, e é pena, merecia ter mais destaque!
FontanárioNão sei se a sua construção data de 1936, ou recuperado nesta data que se encontra mais à frente no mural com a estrada.
Fonte que saciou muita sede aos viandantes debruada com muros relevados em azul celeste terminando com caracóis no encaixe de bancos em pedra, obra da câmara de 1936.
Jardim sem manutenção, as árvores a necessitar de poda, não há flores e o contentor supostamente dos semáforos aqui fica inestético e sem graça. O espaço merecia requalificação e proibição de estacionamento junto aos muros que escondem os bancos. O Padrão merece um espaldar que explique a sua origem aos turistas que aqui deviam teimar parar.
Padrão ao Senhor Roubado com calçada basáltica.
Construído em 1744 após uma trágica
história passada com a Inquisição-, em 1671 a igreja do convento de Odivelas foi
saqueada, tendo todas as casas sido revistadas que se estendeu nos dias
seguintes a Lisboa e ao resto do País. Os inquisidores não faziam por
menos.
Um mês depois do roubo num silvado foi encontrado parte do roubo, no local onde viria a ser construído o Padrão. Seriam vários os suspeitos do roubo, tendo sido apenas o António Ferreira, um pobre rapaz miserável, apanhado por uma criada a roubar galinhas no Mosteiro de S. Dinis que tinha consigo além de outros pertences, uma Cruz de um vaso dourado do Santíssimo. O rapaz foi levado a Lisboa onde confessou a sua culpa no roubo da igreja. No dia 23 de Novembro 1671 foi sentenciado. Arrastado pelas ruas de Lisboa até à praça do Rossio onde lhe foram decepadas ambas as mãos e queimadas à sua frente, morreu por garroteamento, e o corpo foi queimado.Remate da cobertura do Padrão
Lamentavelmente as inscrições na pedra não se conseguem ler devido à cera das velas e à falta de limpeza do monumento.
"Aqui ocultou a ingratidão
Do maior roubo a insolência
Mas levou a clemência
A memória do perdão.
Do maior roubo a insolência
Mas levou a clemência
A memória do perdão.
Este piedoso padrão
Com eterna dor se leia
Aqui um atroz ladrão
Às duas da noite e meia
Os céus enterrou no chão.
Com eterna dor se leia
Aqui um atroz ladrão
Às duas da noite e meia
Os céus enterrou no chão.
Caso de Odivelas – Ano de 1671"
Púlpito
Negro com o derrame de cera de velas e não devia.
Toda a história foi retratada em 12
painéis de azulejos ao estilo de banda desenhada, com rodapé em azulejo avulso, com motivos florais, mas que lamentavelmente se
encontram muito mal tratados no tardoz do Padrão do Senhor Roubado. Todo o espaço merecia atenção especial, sendo dignificado, dando-lhe o valor que teve no passado em não esquecer o horror da Inquisição.
Porta entaipada que fazia a ligação com o esmoliadouro do Senhor Roubado, edificado com as esmolas
dos fiéis da Igreja do Lumiar, que foi destruída pelo Terramoto de
1755.
"Em 1744 passou pelo local o irmão Paulo dos Santos, pedreiro,
pertencente à congregação dos Descalços de S. Paulo Ermitão, que ao
inteirar-se do acontecimento decidiu erguer ali um padrão. Tendo feito
diligências junto do dono do terreno (Luís Paulo da Silva e Azevedo)
consegui que as obras fossem feitas, sendo os trabalhos iniciados no
dia 14 de Maio de 1744.
No entanto o monumento tinha como projeto final um basílica que nunca viria a ser construída.
Sobre este facto pode ler-se no pilar direito do monumento, a inscrição:
“Para se levantar este santíssimo padrão do Senhor Roubado, no ano de
1744 deu licença Luís Paulino da Silva e Azevedo, senhor da terra entre
as duas estradas”.
Saboreamos umas sardinhas assadas na brasa com boa
batata e salada. O vinho era forte. O melhor foi queimar calorias.
Subimos a Calçada de Carriche que atravessámos para conhecer a
Ameixoeira.
Os cabeços arredondados dos montes, este em particular ao longo do dorso mostra muralha com ameias e uma guarita ao meio, faria parte de quita ou organismo público (?).
Em Janeiro de 2023Nova imagem. Os azulejos foram retirados e colocados réplicas
No púlpito do Senhor Roubado, para o mundo!
No púlpito do Senhor Roubado, para o mundo!
A última vez que aqui estive foi em 2017,estava em abandono.
Fiz uma cronica, coincidência ou não, foi intervencionado em 2018, os azulejos foram retirados e substituídos por réplicas, bem feitas que contam a cena do roubo da igreja de Odivelas.
Curiosamente, só hoje reparei na lateral a nascente, a mensagem de quem mandou fazer o padrão Luís Paulino da Silva Azevedo senhor da Terra entre as duas estradas.
Não sei onde foram guardados os azulejos antigos.
A fonte está a precisar de manutenção
Painel azulejar com pintura avulsa ,lateral a nascente
FONTES
http://odivelas.com/2010/01/14/sr-roubado-historia/
http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/72753
http://odivelas.com/2010/01/14/sr-roubado-historia/
http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/72753