quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ruínas e verde na vila da Trafaria

Vila de traça antiga, alguns belos exemplares de casas, algumas tipo chalets.Depois do 25 de Abril assistiu-se a uma grande desordenação, abandono e aberrações. Tudo em prol do progresso que agora apesar de tarde se nota renascer em querer manter e preservar ainda o que de bom a vila nos proporciona.
Fotografei a ruína e o verde
Ruínas de uma antiga fábrica e do alto forno ainda de pé.
Pinheiro bravo no circuito de manutenção, onde existem muitos mansos e no tempo das pinhas são invadidos por escadas em inox para as roubarem e venderem os pinhões.
Gatito espreita o sol através da rede demasiado velha
Moinho em ferro e folha de Flandes abandonado...
Ruínas de igreja...
Outro perfil da igreja
Mais outra perspectiva da igreja. Entabuado o adro de barracas, carros, jipe, antenas parabólicas, ainda restos de calçada basáltica. Como é possível a Junta de Freguesia teimar em não ver esta deplorável imagem?
Bem que poderia ser restaurada para benefício da população, em vez dos modernos edifícios quadrados de cimento armado de janelas corridas e painéis de publicidade rectangulares...
Frios, sem história. Este carregado de simbolismos, reaproveitado tem tanto potencial, se tem!
Há que lhe acudir, antes que se perca.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Casa da Câmara de Chão de Couce no concelho de Ansião

A falta cultural ao passado das Casas das Câmaras das Vintenas, permitiu o seu quase total esquecimento.
Relembrar as ruínas da Casa da Câmara de Chão de Couce, onde foi encontrado um Livro das Receitas e Despesas da Câmara de Pousaflores, para o período que decorre entre 1766 e 1808. 

Numa das minhas idas a trabalhos rurais a caminho da Mouta Redonda, na vez de cortar na Serra do Mouro a caminho de Lisboinha, segui em frente para Chão de Couce e decidi parar!
Feliz por tantas vezes pensar aqui parar...e fotografar
Para a posteriedade, pois o espaço foi requalificado e perdeu-se! Ficam as memorias das fotos!
 Porta ao nível do r/c encimada ao lintel com meia lua em tijoleira
Plano superior à casa virado a sul. Acesso por uns improvisados degraus que possivelmente fariam parte do imóvel cuja frente a nascente não existe. Ombreiras de janelas? jazem em jeito de escada.


No plano superior logo encostado ao imóvel encontra-se um tanque quadrado, vazio com esgoto provisório para o plano abaixo na entrada da casa. 
Enquadrado num ambiente de prado, plano de gaveto, cariz bucólico num dos lados vegetação com canas da Índia. 
 Adorei o cenário bucólico, doce com o costado ao fundo até ao outeiro do souto de castanheiro francês, da Quinta de Cima.
A merecer escavação arqueologica, para saber se o habitat romano foi aqui ou na Quinta de Cima com deslocalização de materiais.
 
Citar José Estanqueiro Rocha " Tantas vezes subi estes degraus, para fechar ou abrir a água que abastecia o tanque e servia para regar vários talhões cultivados. O terreno neste patamar superior onde está o tanque e as persistentes canas da índia, foi cultivado pela minha falecida e saudosa mãe, (a ti Gracinda), em regime de arrendamento ao Sr. Moreira de Sousa, durante mais de trinta anos. Saudades!"
Parede com piais em pedra da antiga casa da Câmara de Chão de Couce
 
Outra porta com o tradicional triângulo em "v" acima do lintel, herança visigótica
 Só paredes, esta no interior
 
O interior visível ainda restos de estuque com cal
 
Parede exterior, a pedra cilíndrica, alvitra tambor romano, e não teve furo ao centro onde era preceito cravejar argola em ferro para prender os animais. No caso , está limpa, inspira ter sido romana ali requalificada.
Admito entre o palco da quinta de Cima e aqui houve um habitat romano, já que a nascente onde foi o corredor romano da via XVI, militar, de Antonino, de inverno para evitar as águas do Barqueiro,  derivou um ramal que serviu outro habitat romano e em época medieval foi o palco da Quinta da Mouta de Bela ( onde nas ruinas também vislumbrei pedars romanas requalificadas), seguia pela Ladeira, onde houve um poçod e chafurdo, Quinta de Cima, onde teve uma fonte de mergulho, hoje mina para o lavadouro, Borda da Mata, Vale Cego, Pereiro, Pobral ( fonte) Pousaflores e Maças de Caminho.

A casa da primitiva Quinta da Cerca em Chão de Couce

A minha avó Maria da Luz que viveu na aldeia de Moita Redonda falava muito nas senhoras da Quinta da Cerca. Nada sei sobre a Quinta da Cerca e das ditas senhoras, mas gostaria.
O que resta da casa solarenga, ruínas, ando há anos para fotografar, sobretudo a chaminé, umas das minhas predileções é fotografar chaminés .
A sede da Comarca das Cinco Vilas, vista do céu
Em frente das ruínas da Casa da câmara, de Chão de Couce.
Aconteceu agora com tempo...
Perfil da casa da Quinta da Cerca virada a poente
Pormenor da guarita com grades
Chaminé da Casa de traça elegante e grandiosa
Outro pormenor da chaminé, vista de lado poente
Outra vista da casa

Ombreira do portão de entrada. Muito simples, possivelmente alterado quando foi feita a estrada que cortou a Quinta de Cima e esta Quinta da Cerca em direcção à serra do Mouro e ligação à vila. 
A casa foi deitada abaixo por força do desenvolvimento-, alargamento do antigo caminho dos Loureiros,para o Furadouro, com entroncamento na estrada para a Serra do Mouro.
 Vista sobre a quinta de Cima
Quanto a mim foi uma pena não apostarem no restauro, era enigmática de beleza incomum, apesar de simples, mesmo em ruínas falava numa terra arquitectónica, das mais belas do concelho, onde desponta romantismo -, a cores quentes no outono com outeiros cobertos de folhas escarlate...
Fica o testemunho!
Em 2015 o espaço limpo com a casa arrasada e posto à venda onde encontrei um poço redondo de chafurdo com escadaria em lajes sobrepostas.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Páscoa na visita a S. Simão aldeia de xisto na fajã das Fragas d'Alge

Tal como imaginei o almoço Pascal de 2009,  na minha casa rural!
A minha ma~e em jeito de orar...
Folar salgado para entrada e Leitão d'Ansião.
A minha irmã trouxe leitão acabadinho de sair do forno ( na véspera quando pretendíamos encomendar no Bigodes no Pereiro onde fomos por duas vezes - sentia-se o cheiro mas a porta essa esteve sempre fechada, já na Ansileitões não aceitavam encomendas- valeu-nos a empresa do primo Coimbra do meu marido nos Palheiros. 
A  minha irmã foi buscar a encomenda, a fila era enorme com 10 pessoas a aviar, quem apareceu sem encomendar ficou com água e cheiros a destilar na boca...Claro, a minha irmã trouxe como de costume espumante Messias bruto . Como sobremesa o arroz doce amarelinho e cremoso que a minha mãe ainda fez bem cedinho e se baldeou no caminho, mas nada que não conseguisse ajeitar...Faltavam crianças ao redor da mesa, tantos foram os enfeites com ovinhos, coelhinhos, gomas que ninguém tocou, um desperdício...Tirámos muitas fotos. 
Depois da cozinha arrumada rumámos em rota de passeio...A tarde amena e soalheira convidava a passeio pelo Pinhal Interior na redescoberta de paisagens e aldeias de xisto de cariz idílico .
As minhas flores de todas as cores  invadidas de erva, sem pedir licença  ...
Deixámos a Mouta Redonda com os lírios a chamar a Páscoa rumo a passeio à aldeia de xisto de S.Simão no concelho de Figueiró dos Vinhos, por o meu marido ainda não conhecer.
Tomámos o caminho pelo Avelar subimos a estrada do Castelo rumo ao pinhal e aqui e ali encontrámos aldeias em planaltos com vista sobre as serranias. Na ermida de S.Simão com inscrição de 1675 estacionámos o carro e fomos a pé até à aldeia no desfrute da paisagem. O restaurante estava cheio, entoámos em uníssono -, ainda bem que degustámos o nosso saboroso leitão e bebemos espumante bruto...
A minha princesa
Sob o espanto da minha filha foi um gosto revisitar a aldeia em família. 
Quase total a reconstrução do casario englobado nas aldeias de xisto.
Aventura sem igual parece que tudo foi pensado ao pormenor...Achei muito bonito, muito rústico, muito acolhedor - escadinhas, corrimões, varandas em madeira, vasos floridos, cortinas em renda, traves de madeira grossa ao jus de cimalha a segurar portas e janelas, fechaduras, algumas em madeira a imitar os antigos ferrolhos e a telha de canudo mourisca tão castiça.

Breve foi o descanso numa escada de xisto
Maravilhada com a boa reconstrução da aldeia 
Porta de um curral recuperada .Gostei sobretudo da ombreira,   um grosso tronco de madeira. A destoara a pega  da porta...

Casa de gaveto recuperada
Exterior de traça antiga, por dentro moderna, os donos de fim de semana...Adorei. 

Varandim com flores são uma constante em toda a aldeia 

Calcorreando a calçada da rua na aldeia de S. Simão no alto das Fragas de S. Simão 

Casa que foi dos pais da Prof. D. Maria José Nogueira
Casou e vive em Ansião, nasceu neste lindo quintal cheio de cameleiras, hoje pertença de uma sobrinha. Foto tirada da fonte cujo terreno o seu pai doou às gentes da aldeia. 


Porta estilo gótico da capela, possivelmente do anterior culto aqui existente


Portal da capela de S. Simão com inscrição 1675 


Perspectiva de dentro para fora 


Evidências de altar mais remoto da capela de S. Simão do lado norte 

Apontamento de uma cancela que deixa antever o jardim, escadinhas, o cântaro... 

Mais uma casa com telheiro e cancela de madeira 

A simbiose da trapologia branca no reluzente xisto 
O gatito espreita pelo varandim de madeira da casa da irmã da Mavilde do Bairro de Ansião
Sacadas, cortinas de linho, rendas, vasos, xisto...lindo 
Cancela de madeira com trinco de cordel 
Janela de calcário em avental 
Pormenor de janela sem portada, varandim, telheiro...Tudo muito doce

Alpendre da carroça e do carrinho de madeira de brincar, já lá voltei e não o vi...A casa estava à venda.Aqui termina a estrada. O carreiro a pique o caminho de descida até às Fragas na Ribeira d'Alge. O que me falta ainda fazer! 

Julgo a única casa para reconstrução onde nasceu a D. Maria Augusta Morgado, senhora que conheci muito bem -, amorosa, casou em Ansião onde viveu e foi a chefe dos Correios, pertença do seu filho mais velho que mora em Figueiró dos Vinhos!

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