Lisboa jamais foi a cidade onde quis viver e onde me quis perder… Pelo amor a Coimbra, a terra minha amada, e em fase tardia o
almejado e sonhado Porto, a escolha certa!
Mas Lisboa acaba por ser a cidade que me acolheu na década de 80,
onde comecei a trabalhar na Avª da Liberdade, no Banco Pinto
Sotto Mayor, para em poucos meses me fazer chegar ao coração da Rua do Ouro,
foram 12 anos, curiosamente o meu número aziago... Um tempo de vida apressada a cumprir horários, sempre em passo
corrido do rio para o barco e vice versa, numa idade de vaidades, sem olhar para quase nada...
A temperança quis acentuar com o passar dos anos a minha especial
atenção a dar à cidade, interesse que cresce a cada dia
nos últimos dez anos ... Porque gosto de ser generosa com quem me faz feliz, não me canso de mostrar Lisboa.Seja nestes últimos tempos por estar mais livre, em idade madura,
mas também por sentir da parte da autarquia o
movimento acelerado giratório em torno da revitalização
do seu património, mas também quero acreditar que o seja pelas mensagens denunciantes por parte de gente atenta com criticas construtivas que neste agora aqui se mostra veiculo fácil , solvidas em tempo quase recorde-, resulto de não ser apenas coincidência, mas antes haver alguém empenhado, dotado de bom senso e atento a Lisboa, com cargo de poder e vontade em distinguir a urgência de fazer bem feito -, a poda da "oliveira do Saramago" (esteve quase a secar) buraco a norte do cais das Colunas(deixado depois das obras), buraco de acesso a um cais, sem sinalização a caminho do Cais do Sodré que se mostrava perigoso e,...Não pode ser como disse só coincidência, da minha parte só lamento não auferir-, e disso sinto merecia, pelo olhar atento a Lisboa e aos seus buracos!
Ainda são muitos os imóveis em abandono pela cidade, mas outros tantos a ser intervencionados, quarteirões pombalinos inteiros, na certeza em prevalecer a riqueza destes edifícios de valor arquitetónico herdado, tão a meu gosto, pelas imponentes fachadas de varandas debruadas a ferro forjado, ornadas de portas grandes e pequenas, janelas, janelões e óculos, tamanhas obras de cantaria, em infinitas paredes repletas de bela azulejaria em monocromia ou policromia!
Ainda são muitos os imóveis em abandono pela cidade, mas outros tantos a ser intervencionados, quarteirões pombalinos inteiros, na certeza em prevalecer a riqueza destes edifícios de valor arquitetónico herdado, tão a meu gosto, pelas imponentes fachadas de varandas debruadas a ferro forjado, ornadas de portas grandes e pequenas, janelas, janelões e óculos, tamanhas obras de cantaria, em infinitas paredes repletas de bela azulejaria em monocromia ou policromia!
O mesmo ritual que se assiste no quotidiano nos bairros
típicos, plantados pelas colinas, de casinhas minúsculas, de
beleza ingénua de quarto esconso, encravadas
por entre escadinhas, ruelas e travessas com Alminhas, ou oratório em azulejo,
para nos largos se abrirem igrejas e nelas nunca faltam onde nunca faltam belos silhares -, aqui
vive gente modesta e simples, que se mistura em harmonia com novos
inquilinos estrangeiros,lhes acham graça no cultivo da horta
biológica em caixotes e embalagens, ao sol a crescer nas parcas varandas estreitas,
de duplo beirado, tendo o Tejo como companhia, na certeza de manter a
silhueta, por tanto subir e descer escadas "tiro" para se chegarem à
mansarda, cave, ou pátio, onde se respira e canta o fado em cada esquina,
e vive intensamente os festejos do Santo António, sem faltarem altares, obras de velhas e crianças, sentadas no chão na calçada ao sol, esperam ansiosas pela esmolinha " Senhora
dê um tostãozinho para o Santo António" por entre desfile de
bancas corridas improvisadas
de madeira, cobertas a plástico, que as instalam em
cada canto, e por todo o lado avio de sardinhas e taças de arroz doce...Num vaivém de
gentes, para cima e para baixo, de copos nas mãos, e altifalantes de
música aos berros, gente perdida em nevoeiros de fumo a peixe e manjerico,
de rostos esbatidos em sorrisos e gracejos, abarrotam de tamanha alegria!
Aqui nesta Lisboa ouvi de um colega de seu nome -, Imauz,
como sendo mulher abençoada de genes fenícios, confesso jamais esqueci o elogio, fato
que me deixa hilariante de vaidade (?), porque sinto que, tal como os
fenícios definiam Lisboa -, segundo uma teoria de Bochart não
comprovada, Lisboa é neste agora o meu Porto Seguro ("Allis Ubbo").
Rara a semana que não parta a caminho de Lisboa, onde sempre
revejo novos olhares, cheiros, descobertas, e gentes, nesta cidade que me deixa
completamente rendida, mais apaixonada e perdida, na vontade de aqui em
definitivo morar, valores e paixões, teimosamente exalto no testemunho, nas minhas cronicas. Mas nunca, jamais, me perdi na cidade, sempre tive a noção das
coordenadas. Sustos, só apenas um em 80, ao querer atravessar a Avª 24 de julho
então de quatro vias com o eléctrico, de onde desci para na minha frente
ficar engasgada com a beleza de um edifício de boas cantarias finas, julgo
estilo manuelino, (neste agora em fase de conclusão um grande edifício, julgo EDP, onde espero sejam repostas na fachada, ou então noutro local) na altura era um barracão, onde acabei por ir trabalhar nos
CTT...Absolutamente cega nas vistas, percalço por segundos, senti
medo " de ser passada a ferro"...
Tanta vez a passar a Rua do Alecrim, só terça-feira a descer, os
painéis de azulejo à porta chamaram a minha atenção no convite direto para
entrar. Um Museu!
A loja abre-se em dois brutais salões num dos mais fantásticos antiquários de azulejos do séc. XVI e XVII, com hispano-árabes, pombalinos, até aos mais contemporâneos. Fundada em 2010, espaço fabuloso seja a certeza absoluta de
amantes aqui encontrem abundância de objetos do passado, para se perderem na panóplia de azulejos, em
azul e branco, amarelo e verde, e em policromia...
A preços fora de questão para País em recessão...100 a 150 € !
A loja abre-se em dois brutais salões num dos mais fantásticos antiquários de azulejos do séc. XVI e XVII, com hispano-árabes, pombalinos, até aos mais contemporâneos.
A preços fora de questão para País em recessão...100 a 150 € !
O que levanta supostamente um grave problema-, o justo equilíbrio do certo e do errado, no inevitável ser possível desaparecer mais património, na mira de se ganhar dinheiro fácil, em momentos de recessão, pessoas de laços desenraizados dos valores do nacionalismo!Dispersas peças em pedra, almofarizes de vários tamanhos, painéis de azulejos de estilos e épocas diversas em todos os tamanhos, albarradas, e também uma novidade de painéis feitos com fragmentos de azulejos partidos, colocados a esmo-, uma nova arte contemporânea, muito em voga na decoração de casas minimalistas por 800€...Afinal tantas preços!
Pinhas de todos os tamanhos (as primeiras na mesa em branco com as
folhas em azul e da mesma cor debruadas pelo dorso da casca, assinadas "Santos
Mártires Aveiro" sempre que se fala nestas peças, o hábito de
se atribuir fabrico ao norte; Devezas, a Santo António do Vale
da Piedade, e afinal Aveiro também as produziu. Estátuas de porte imponente em bom
esmalte branco que constam no catálogo da Fábrica das Devezas; Jarrões de
tampa em jeito de vasos, ornados a grinaldas de vários tamanhos-, peças
em faiança que foram de platibandas de casas e prédios, aqui se mostram em
exposição deliciosa tão perto do nosso olhar, sendo que desde sempre apreciadas
nas alturas...
Não falta a cerâmica de Bordalo Pinheiro, das Caldas, muito
presente com os famosos "pratos à la palisse" na
simbiose à mistura com outra cerâmica contemporânea, que
conheci nos anos 70, em cores fortes a sangue vermelho intenso e escorridos.
Uma terrina de faiança de produção Coimbrã, pintada com flores,
serve para guardar pertences, que assim na montra ilude que seja para venda...
Um belo exemplar da Fábrica do Rato-, um cão-, obra-prima que se
pode adquirir pela módica quantia de 5.000€, cujo pedestal em esmalte branco de
laivos a azul, em marmoreado, o animal de pêlo relevado, bestialmente bem
conseguido, e ainda mais bem pintado, ao meio da testa uma mancha em branco,
mais parecia o animal estar vivo!
Claro a fábrica onde se formavam os pintores!
Muito azulejo relevado fabrico do norte-, Massarelos e outras fábricas, ainda revestem muito
casario , património a preservar, na Ribeira do Porto, Anadia, Ovar,Torre de Moncorvo e,...
Azulejos de padrão hispano árabes ou mudéjar. Corda seca.Séc. XV- XVI. Havia um painel de quatro azulejos desta época,reconheci do último leilão, julgo do Correio Velho, em verde, aliás nunca vi nada igual, pela sobriedade, magníficos.As pinhas da direita Santos Mártires de Aveiro
Amarelos e azuis e brancos...
Um mundo de escolhas de muita qualidade
Quadros, mobiliário,ferro,bibelôs, descubra por si...
Como se constata não só nos azulejos se esgota
o mundo da d'Orey Tiles, sendo também uma referência nas faianças, e no restauro
de azulejos, dos seus painéis.
Um mundo de singulares azulejos mudéjares (ou hispano-mouriscos) e painéis indianos, que tantas vezes o visitante confunde com azulejos portugueses...
A melhor maneira de conhecer esta bela e
singular forma de arte tradicional Portuguesa, é caminhar pela cidade, visitar
igrejas, ou visitar o Museu do azulejo, no Convento da Madre Deus.
Na continuidade desta arte, para não a
deixar morrer, existem ainda fábricas que reproduzem réplicas de azulejos
antigos com muita qualidade: Fábrica Sant'Anna , e Fábrica da Viúva
Lamego, entre muitas outras olarias, Azeitão e em Lisboa. No meu pensar a
aquisição certa para se adquirirem exemplares-, porque os azulejos
verdadeiros deveriam permanecer nos seus locais, onde um dia foram
encastrados, à laia da requalificação dos imóveis antigos que tem a obrigatoriedade
de permanecerem com as fachadas originais, e na falta de azulejos são
obrigados a mandar reproduzir iguais-, embora se note pelas cores
atuais, substanciais diferenças, ainda assim mantêm-se
na requalificação a traça azulejar.O certo!
Na terça feira tantas vezes a caminho da
feira da ladra, desde que nasceu o meu neto, fico-me perdida pelas bóreas do
norte da cidade...Para depois de volta a casa em caminhada, desta vez a subida
ao Chiado descendo a Rua do Alecrim o meu olhar se perder, outra vez, tanta vez
por Lisboa!
Azulejos com a espiga numa padaria do Martim Moniz. |
Azulejaria da antiga fábrica Viúva Lamego e platibanda do prédio em remate da antiga fábrica forrada a azulejos
No largo do Intendente quase de cara lavada, este prédio aguarda a sua vez.
Painel na Portugália na Almirante Reis
Caminhando pela Graça...
Contraste do azulejo antigo com o moderno,minúsculo como se fossem peças de dominó.
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Bairro das Colónias, platibanda em balaústre e fachada em azulejo |
Loja Benetton ao Rossio, no seu interior revela um belo painel de azulejos a esmo na parede frontal que ladeia a escadaria interior. Muitos da Fábrica Sacavém.
Não faltam azulejos padrão, séc XVIII, XIX e XX em livre harmonia e policromia
Cara do anjinho , na recordação do miradouro do Convento de Almada, hoje Seminário
Constrange-me a falta de ética, a perda de valores que são realmente nossos, que todos devíamos ter a obrigação de honrar e orgulho em manter, e não o contrario com a crescente saída, todos os dias do País, a caminho do estrangeiro, a estes preços só gente estrangeira,de bom gosto leva estas preciosidades.
O certo passa pelas réplicas certificadas, como uso na Grécia e outros paraísos turísticos, salvo melhor opinar?
Se os Museus se agilizassem na harmonia do mesmo objetivo comum-, parceria com gente que gosta de percorrer feiras, sendo abençoada de feelling a varejar com faro peças especificas, e as adquirir a preço convidativo, porque já é possível, pela obrigatoriedade de haver fatura, assim a deseje o cliente final, no combate à fuga de raridades, que enriquecem novos colecionadores de particulares e turistas.
A placa de ardósia "HORIGINAL" não sei se de propósito o erro na ortografia... |
Esconde os azulejos padrão por baixo...
Angariação de riqueza que só
engrandecia ainda mais o País, no local onde deveriam permanecer-, nos locais
ORIGINAIS e nos MUSEUS!
Mas claro os
proprietários por motivos vários se livram dos azulejos em remodelações. Muitos tem ido acabar aos vazadores de lixo, encontrei em Belas muitos fragmentos de
azulejos pombalinos...Mas também há trabalhadores que os tentam retirar com cuidado para depois venderem, há tempos de uma igreja, contou-me um operário...
Entre o ótimo
e o bom, a venda é preservação, melhor que chegar o caterpillar, derrubar o imóvel e perder-se para
sempre o espólio azulejar...
Por isso a temática neste ponto se revela um mal menor, no dito do povo um "pau de dois bicos!!"
Porque o que se constata
no mercado ambulante e circula na internet é bem diferente, "a usurpação
de património" vendido na maior parte das vezes sem registo de aquisição (?) por isso a preços
simpáticos. Ainda há pouco tempo me oferecem um grande lote de azulejos
pombalinos e arte nova por 50€, que foram património do Barreiro, simplesmente
não os comprei...
Só de pensar o que aconteceu a outro colega que um dia fez uma
boa compra de um grande lote de azulejos, e melhor venda-, que o novo dono
reproduziu painéis, que circularam para venda na internet a preços
exorbitantes. A denúncia do roubo pôs a judiciária em campo, quem sofreu foi o
primeiro comprador que tinha o papel da compra, mas os dados do vendedor eram
falsos de paradeiro desconhecido... No negócio o primeiro interveniente, quem
ganhou menos na transação, ainda teve se suportar o tribunal, custas e
honorários, na sorte dos donos nada exigirem, apenas a volta dos azulejos,
mas só receberam os que sobraram...
Fontes
Algumas fotos retiradas do google
Azulejaria portuguesa