Manhã solarenga em passeio pela Anadia. O concelho remonta aos primórdios do povoamento do homem no tempo do paleolítico, neolítico e idade do ferro -, sendo que ainda em estudo, no entanto na idade romana, bem documentada, com vestígios e artefatos encontrados em muitas freguesias, por aqui passar a estrada que ligava Olissipo, nome dado a Lisboa pelos Fenícios a Cale que é o Porto.
Anadia a capital da Bairrada uma região de extensos vales e montes abrigados onde a expressão "boas águas, melhores vinhos é rainha".Dizem que o nome vêem de uma mulher Ana Dias que vinha vender vinho junto da estrada a quem passava, ficando o nome Anadia.
- Em miúda o meu pai tinha o hábito de encomendar das Caves da Anadia e outras vezes da Mealhada uma malinha feita de raspas de pinheiro com letras vermelhas, e dentro vinha uma coleção de bons vinhos espirituosos.Tenho duas ainda.
Esta foi fotografa na Curia.
Ao estacionar sob um calor abrasador-, parecia que estava em Campo Maior em pleno Alentejo. Parei o olhar nas andorinhas empoleiradas estrategicamente no remate do telhado, abrigadas-, melhor poleiro impossível, supostamente o edifício ao ser elaborado na maquete não foi pensado neste pormenor...
Belas montras com artigos reciclados e...
Estamos por terras de bom azulejo
A boa bolacha americana que comi na colónia da Gala do Dr Bissaya Barreto
Gostei do vermelho carmesim da pintura da porta e do puxador
Fontanário e lavadouro que fotografei o quadro no Museu
Atualmente o espaço onde ainda corre água
Falta de manutenção nas águas inquinadas cheias de limos que mais parecem novelos---
No centro deparei-me com esta certeza!
Monumento aos soldados perdidos na 1ª guerra
Igreja
Museu José Luciano de Castro instalado no Palacete Seabra de Castro-, propriedade da Santa Casa da Misericórdia da Anadia.
José Luciano de Castro Pereira Corte Real nasceu em Oliveirinha perto de Aveiro em 1834 e faleceu na Anadia em 1914. Licenciado em Direito em Coimbra, foi um iminente estadista Português com vários cargos importantes no Governo, tendo sido Presidente do Conselho de Ministros na última fase da Monarquia, além de jornalista, deputado e ministro, o seu nome está ligado a várias reformas.
O espólio do Museu é constituído por um significativo conjunto de obras de Arte e obras de interesse histórico-, do que restou das doações feitas em vida e em testamento pelas filhas, que eram solteiras.Por isso a nota presente de falta de mobiliário por ter sido doado.
Aqui se misturam objetos de família e pessoais do distinto Conselheiro, nomeadamente relativos à sua vida pública e nas coleções: pintura; desenho e gravura; vidros; objetos de ourivesaria e de terapêutica, condecorações, numismática; traje(civil e oficial ) livros, documentos em papel e uma coleção diversificada de cartões e convites alusivos a acontecimentos da vida politico-social do donatário.
A Rainha D. Amélia foi uma distinta pintora. Alguns desenhos e aguarelas aqui expostas são retiradas dos volumes da Mesdessins que a Rainha D. Amélia fez chegar à família de José Luciano de Castro que, mesmo no exílio, nunca esquecera.Belos poemas decorados com pinturas da rainha D. Amélia .
Lamentavelmente a visita foi há tempos, não retirei apontamentos e as fotos não sendo nítidas, não consigo relatar a beleza dos poemas que na altura reti serem de autores de renome.
A Capela de Sant'Ana encontra-se no alçado esquerdo do palacete, mandada construir em 46 por uma das filhas -, Júlia Seabra de Castro que morreu sem a ver acabada, sendo a sua benção (inauguração) ter ocorrido no 1º aniversário da sua morte.
Os silhares de azulejos são dessa época, pormenor ao mais incauto pode parecer dos finais do século XIX ou inicio de XX, apenas são réplicas.
Sendo que dentro do palacete já existia, numa das dependências, um pequeno oratório para uso da família.
Aspeto da sala com a lareira ladeada pelos bancos
Condecorações
Brasão
Pequena garrafeira da casa com duas garrafas desse tempo.
Mais alguns ilustres da Anadia
Manuel Alves o poeta popular
Mário Duarte, que trabalhou para que o futebol se desenvolvesse em Portugal. Falecido em Aveiro tem o seu nome gravado no Estádio Municipal da cidade.
Fausto Sampaio, anadiense, nascido em Alféloas em 4 de Abril de 1893. Pintor surdo-mudo, que com muita perseverança conseguiu singrar no meio artístico.
Esta tela é dele
Estes azulejos são do tempo da construção do palacete dos finais século XIX
Belos tetos estucados com requinte
Aguarelas das filhas do conselheiro
A minha mãe sentada a dar a bênção ou a discursar...Cansada!
O jardim do palacete no tardoz
O cicerone-, além de simpático revelou-se um amante destas coisas da história e dos papéis, falou pormenorizadamente e explicou o seu trabalho desde sempre, sendo um guia entusiasmado, humilde, bom falante, uma graça o Sr João...espero não o ter batizado de novo, um bem haja pelo carinho e interesse demonstrado a visita!
Foi uma honra ouvir os seus testemunhos-, pena tenho eu de não ter tomado notas, com tantas visitas num mês que gosto de relatar em crónicas, alguma coisa tinha de me esquecer, fato que lamento.
Dois corpos ligados por um esguio com escadaria
Belos painéis de azulejos da Viúva Lamego
Temas alusivos ao Santo António
Lamentável constatar este abandono no centro da cidade
A cadeia que era um belo edifico foi demolido para alargar o centro e abrir novas ruas...
As pessoas muito simpáticas. Fizemos compras e de volta à estrada porque o calor era demais!
Também o Tony, do Benfica, é assíduo da sua terra natal!