Na sexta feira passada só tínhamos agenda a partir das 4,30 para estar com os nossos netos. Antes de almoço dirigi convite ao meu marido para a visita ao Museu da GNR, ao Carmo. Gostei imenso, está muito bem conseguido esteticamente e documentado historicamente. O acesso do átrio ao r/c para o 1º andar é feito pela escada de alguns degraus que pertencia à capela, ao cimo não seja o melhor, ou a carpete está enrolada, ou há um desnível que se sente e com pouca luz pode ainda alguém cair e se aleijar. E sim, é pena não se ver nada da estrutura do que foi o sitio da capela, o seu altar por exemplo, ou há e não dei conta... Apenas parcos fragmentos de pedras...e algum espólio de escavações efetuados há anos.
Em anos de calmaria no Mundo quando reina a Paz, sem se ouvir falar em terrorismo, por altura do 25 de abril até ao dia da GNR a 3 de maio , o Quartel Geral abre ao público para se ver a sala onde esteve o Prof Marcelo Caetano e a varanda para o Rossio revestida a silhares azulejares.
Silhares azulejares no átrio da entrada datam do início do século XX 1901 de Lisboa (?)
Armas Heráldicas da GNR em bronze.Escudo com uma espada antiga ladeada por dois dragões afrontados, elmo militar, correias, paquife, virol e no timbre de um dragão do escudo empunhando na garra direita uma espada antiga.Circundando o escudo , o Colar da Ordem Militar da Torre e Espada.
Sino de cobre proveniente do relógio da torre sineira do Quartel do Carmo
Fragmentos de pilastra e frisos de portal de pedra do antigo convento do Carmo destruído pelo terramoto de 1755
Escada de acesso à capela interina do Convento do Carmo, construída após o terramoto de 1755 para substituir a derrocada Igreja do Carmo, mantendo essa função até ao início do século XIX.
O Condestável Nuno Álvares Pereira decidiu erigir o Convento do Carmo depois de garantir a independência nacional , na crise 1383-1385, no seguimento das vitórias nas batalhas de Aljubarrota e Valverde, em apoio ao Mestre de Avis.
A primeira pedra foi colocada em 1389 e em 1397 D.Nuno entregou o povoamento do Convento à Ordem do Carmo, braço espiritual dos monges
guerreiros da Ordem do Hospital.
Dom Nuno Álvares Pereira morreu numa pequena cela do Convento do Carmo.
Relicário de Dom Nuno Álvares Pereira onde foram depositados os seus
restos mortais em 1895, provenientes da Igreja do Convento. Madeira
revestida a veludo vermelho , com galão em ouro e duas placas em prata
de autor desconhecido
Chicote e Cilício. Instrumentos de penitência, disciplina e auto
flagelação utilizados desde a Idade Média como ato de purificação entre
os religiosos, incluindo a Ordem do Carmo.
Após a morte do Condestável em 1 de abril de 1431, o Convento continuou a orientação da sua fundação.A decadência inicia-se após o terramoto de 1755, que nem os Carmelitas conseguiram suster.Pelo Intendente Pina Manique, em 1801, regista-se a ocupação militar do antigo convento do Carmo. Após as extinções das Ordens Religiosas, em 1834, este espaço serviu como Quartel da Guarda Municipal de Lisboa, herdeira da Guarda Real da Polícia de Lisboa e outros diferentes fins.
A partir de 1845 o antigo Convento do Carmo passou a Comando-Geral da Guarda Municipal de Lisboa, tendo sucessivamente, salvaguardado essa posição.Desde 1868 passou a funcionar como Comando-Geral das Guardas Municipais de Lisboa e do Porto.
Com o fim da Monarquia em 5 de outubro de 1910, foram extintas as Guardas Municipais de Lisboa e do Porto, surgindo com a República, as transitórias Guardas Republicanas de Lisboa e do Porto.
Meio ano depois, por decreto de 3 de maio, a Guarda Repúblicana alargou-se a todo o território nacional com a designação de Guarda Nacional Republicana, continuando o seu comando Geral a funcionar no Quartel do Carmo.
1803 |
Ancião- a minha terra onde tenho raízes era nesse tempo escrito com "C"
O meu marido tinha perfil perfeito para GNR, homem de cariz inteligente, cumpridor assíduo, gosta de se ocupar no trabalho, carácter sério, e jamais corrupto nem lambe botas.
Bicicleta de patrulhamento a velha "pasteleira" usada a partir da década de 40 . No quadro o suporte com a espingarda Mauser de 1904
Recriação de uma cela militar, a porta pertenceu à antiga cela prisional existente no canto inferior a nordeste deste quartel general do Carmo. Nas paredes existem camadas de de inscrições a carvões executadas por presos desde 1875, ao tempo da Guarda Municipal de Lisboa, até 1907
A partir da ditadura militar de 1926, a GNR foi reduzida
significativamente em recursos humanos e materiais e só após o 25 de
abril de 1974, voltaria a recuperar.
PBX com cabilhas |
Recriação dum Posto da GNR nos anos 40 . O gabinete do comandante de Posto
A caserna militar
Aprendizagem e investigação - Impressões digitais
Arca em ferro proveniente do Comando Geral da Guarda Fiscal do primeira metade do século XX, utilizada nos postos da Guarda Fiscal habilitados pela Alfandega s despachar mercadorias e a cobrar determinados impostos, para guarda de valores recebidos.
Pedra de Armas da Guarda Nacional Republicana na fachada principal dos quartéis para identificação da Instituição
Peças em cerâmica comum e modelada produzidas no local recuperadas nas escavações arqueológicas no quartel em 2008
Pedra calcária do Convento do Carmo século XVII/I
Azulejos alusivos ao batismo de CristoMonarquia
Potes em faiança vidrada pintado à mão com o brasão de D.João V. Não dizem a origem. Será português, meados do século XX por altura da Exposição Mundial ocorrida em Lisboa em 1940 em que Salazar solicitou a várias fábricas para produzirem peças alusivas aos feitos dos portugueses entre outros em Lisboa Campolide, Constância, Alcobaça, Aveiro e,...produziram peças com velas das naus, brasões, atividades do povo em Portugal e Províncias Ultramarinas que Sacavém tão bem produziu com pratos de bordadura trelevada com espigas de trigo e ao centro o motivo. Este pote pode ser da Fábrica Aleluia que produziu peças com este brasão.
Foi no Carmo que se viveram os acontecimentos mais marcantes da história recente de Portugal. O Chefe do Governo, bem como outras personalidades do regime refugiaram-se no Quartel do Carmo e daqui saíram no dia 25 de abril sob prisão, após a deposição, na Chaimite "Bula" da Força de Cavalaria comandada pelo Capitão Salgueiro Maia.
Megafone de modelo singular utilizado no 25 de abril de 1974 pelo capitão Salgueiro Maia durante o cerco ao Quartel do Carmo para forçar a capitulação do regime autoritário de quase meio século em Portugal
Nesta poltrona repousou o chefe do governo Professor Marcelo Caetano, durante parte das 14 horas em que se recolheu no interior do Quartel do Carmo em Lisboa no dia 25 de abril de 1974
Retirada de todos os edifícios públicos os símbolos do Salazarismo
A espingarda semiautomática G3 de calibre 7,62 mm. Ostenta um cravo vermelho na ponta do cano simbolizando a vitória do Movimento das Forças Armadas , sobre o regime autoritário no dia 25 de abril de 1974, a imagem das espingardas empunhadas com cravos enfiados nos canos veio dar o nome à revolução que ficou conhecida como "Revolução dos Cravos".Setúbal numa feira de velharias um colega tinha à venda este chapéu que não hesitei em pôr na cabeça
Ofícios na GNRO mais simpático - A Banda Sinfónica da GNR
Fole utilizado pelos ferreiros da GNR
Visita a 3 de maio de 2019
Na rua ARMADO com a pasteleira e a espingardaPainéis azulejares da Fábrica Outeiro de Águeda- os grandes pintados em 1942 por Constantino
Escadaria com silhares azulejares
Acesso ao varandim a nascente com vista sobre Lisboa e o castelo de S Jorge
Questionou-me se nos bancos de pedra em meia lua que existem nesta varanda se alguma vez os frades se atreveram a sentar como eu...
Painéis a encimar os bancosSobre o Castelo de S Jorge
Cadeira furada com um tiro que veio da rua no 25 de abril onde era costume Marcelo Caetano se sentar- mas naquele momento não estava lá... Chaminé da lareira em brecha da Arrábida
Estuques