A rota da Graça pelo jardim da Cerca à Mouraria no seu melhor deve ser pedonal, sendo que a envolvente na descida da Calçada, se afilam alguns carros em estacionamento com saída à Mouraria.
No final da Rua Damasceno Monteiro, em local altaneiro onde avistei pela primeira vez o jardim da Cerca da Graça, encontrei há dias uma casa de arquitetura interessante, chalet com remates acastelada, em amarelo, com uma placa " Forum Abel Varzim"-, Desenvolvimento e Solidariedade, evoca o nome de um padre do Minho, tendo-se o ano passado comemorado o cinquentenário do seu falecimento.
No seguimento da casa amarela, para nascente, um prédio cor de rosa , terminando o lote de terreno num terrado em bico com limoeiros, o que eu distingui no primeiro dia.
Vista do alto da Rua Damasceno Monteiro
Vistas fabulosas sobre Lisboa, o castelo e o Tejo
Muro de sustentação da Rua Damasceno Monteiro que vai encovar na Calçada do Monte
Na descida da Calçada do Monte, à nossa direita nasceram hortas comunitárias, de antigos agricultores em terrado alheio-, confidenciou-me um deles " olhe dantes semeava aqui junto das oliveiras e tinha melhor produção do que agora com a terra de jardim que aí puseram..."
Digo-lhe eu, olhe que se esqueceram de podar as oliveiras, estão carregadas de lenha - pois vieram aí 3 engenheiras, mas de agricultura pouco, nada saberão, só estudaram, vou ter de as avisar, porque a sombra estraga-me as colheitas...e a azeitona mal pinta caí e na calçada íngreme é um perigo para se escorregar.
Pagam cada um à roda de 100 € anual com água, por cada lote, entretanto esqueci a metragem...
Foi este bom homem que vinha de colher com o neto alguns legumes a quem perguntei pelos arcos que se viam ao fundo no limite das hortas, se eram pertença da cerca do convento-, a que me respondeu que não, eram do jardim da casa amarela, a tal que já referenciei e isso se fez luz pelo muro de sustentação termina em bico, supostamente o lote foi dividido para nele se construir o prédio cor de rosa anexado a um pequeno quintal.
Por razão que desconheço foi abandonada a estrutura do que foi um retiro bucólico (?) do chalet, por nele ainda se distinguir um pequeno edifício retangular de cariz romântico, ornado a dois arcos, e uns metros na frente no bico onde termina o terreno, suposto oratório?
O género foi muito usado no século XIX , sito em local estratégico de boas vistas, em quintas se chamava caramanchão -, estrutura quadrada ou retangular em madeira com ripado delgado em cruzamento, de cor verde ou azul, geralmente coberta com trepadeira. Em casas apalaçadas, a estrutura sendo de pedra e cal teria por certo outro nome, onde em ambos julgo se tomava chá, retiro para leitura, meditação e descanso.
Términos do jardim que foi da casa amarela, sendo que assim ficou sem valia e a tendo ainda alguma bem poderia ter sido intervencionado e integrado o novo jardim, sou eu a dizer!
Panorâmica das hortas comunitárias
Aqui existem duas entradas para a Cerca da Graça
Escarpa abaixo do miradouro Sophia Mello Breyner, bem poderia ser revestida de catos, já existem alguns, davam uma imagem mais digna à envolvente.
A caminho da saída para sul para o Caracol da Graça-, ainda um valente número de degraus...
Caracol da Graça
O jardim mostra-se uma obra bem delineada, no espaço que outrora foi pertença do Convento da Graça e mais tarde usado pelo Exército, em degradação e abandono total que desvirtuava a cidade de Lisboa na vista sobranceira ao Miradouro Sophia Mello Breyner Andersen, também conhecido por miradouro da Graça .
Estratégia bem aproveitada da alta escarpa da colina e os muros de suporte da mesma.
Ganho em espaços abertos com relvado para miúdos e graúdos jogarem à bola e outras tropelias, além do parque infantil com novas valências.
Boas escadas em bom piso, apontamentos de cobertura do piso com aparas de madeira.
O laranjal antigo reaproveitado e nele disperso parque de merendas.
Fecha à noite para evitar vandalismo.
Fecha à noite para evitar vandalismo.
Quiosque.
Como menos abonatório as acessibilidades para carrinhos de bebé e pessoas de mobilidade reduzida .Falta parque de estacionamento.
Descidas com grande inclinação na Calçada do Monte, também na saída para o Caracol da Graça o jeito são escadas com muitos lanços de degraus, seja a subir para a Graça ou a descer para a Mouraria, ainda que nesta etapa seja muito mais leve, que a outra.
A meu ver deveriam ter apostado num elevador, havendo imóveis degradados na frontaria da estrada como na foto abaixo no tardoz do jardim da Cerca.
Elevadores que funcionam dentro de um prédio e respetiva escadaria, cujo imóvel só mantêm as fachadas, como o agora recente inaugurado no Miradouro de Santa Luzia, nem de propósito ontem na minha primeira visita, estava avariado, sendo forçada a descer o caracol interior de degraus até Alfama, onde me deparei que o mesmo tinha a porta encravada-, liguei o alarme, nada mais havia para comunicar a avaria-, atende-me um homem aflito, julgando que estava encarcerada ...disse-lhe apenas que estava avariado, diz-me - dê-me o seu contato para comunicar a avaria, depois da 6 ( já passava das 7) o piquete é mais caro...desculpe, sou apenas uma turista que reparei que o equipamento não funciona e não há segurança, guarda ou coisa que o valha...no meu direito de cidadania!