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segunda-feira, 15 de abril de 2013

Voltei à feira de velharias de Azeitão em dia de calor como se fosse verão

Ouvi dizer no recinto que o  palacete altaneiro ao cimo do  jardim da vila de Azeitão esteve à venda por um milhão e meio de euros...Ouvi falar do antiquário que daqui tirou uma grande mesa...Do palacete não sei se o imóvel mudou de dono!
A feira espraia -se  na sua frontaria apresentava-se pelas nove horas num andarilho de gentes, velharias, artesanato, clientes e mirones de ocasião.
 
Ao longe descortinei a D. Lúcia  com uma comitiva de gente atrás dela na espera de lugar para  abancar, onde me juntei. Mais uma vez pude constatar com agrado que não me enganei  quando escrevi sobre o perfil desta zeladora no sentido da  sua notória diplomacia -, cariz calmo e profissionalismo com que presenteou a contento, todos os presentes . Tive a oportunidade de observar um caso de negligencia na usurpação do limite de um dos espaços onde mostrou muita classe ao explicar a situação, depois ainda lhes disse..."deixem estar, já montaram tudo, mas tem de perceber que a banca se monta de nº a nº ,e não se pode ultrapassar, pois já ocupam o lugar para outro colega." No caso tratava-se de pessoas que andam nestas andanças à pouco... Supostamente ainda não se deram conta de meandros e regras porque fazem outras feiras onde a organização não é rigorosa pelo número restrito de feirantes .
  • Há quase um ano sem voltar, ainda se lembrar do meu apelido, no mínimo achei enternecedor!
Acabei por ficar na entrada principal onde sempre fiquei das outras vezes. Ajudou-me nos caixotes o Paulinho de Setúbal - um gentilmen...
Na boca de colegas apareceram excursões de "Miranda pronunciado em sotaque espanhol..." sob o meu espanto a pensar em Miranda do Corvo ou do Douro -, diz-me o colega de artesanato que estava ao meu lado "Mira e anda"...Passeiam e nada  ou pouco compram , porque o que aqui se vende é quase tudo transacionado entre colegas...
  • Não vale a pena levar livros...O que tenho sentido!
Há gente que gosta de comprar lixo (?) entenda-se objetos estranhos, aparentemente sem utilidade alguma e,...Francamente estranho o fenómeno -, mas entre o chamado lixo em estaminés de chão  sempre se encontram preciosidades, e depois ninguém tem nada com isso, apenas o saliento por achar interessante no desenvolvimento de monografia temática, no deslindar  perfis de clientes de velharias.
  • Senti haver vendedores que não devem estar credenciados, neste agora neste negócio para sobreviver à crise, vendem ao desbarato a colegas para faturar... Os ouviria em final de feira a penar entre dentes, em desabafos sentidos de honestidade...
 A feira não correu mal...Apareceu o Sr Eng de Setúbal, procurava uma garrafa em "casca de cebola" por ter partido a dele, também apareceu um casal muito simpático que se está fidelizando cliente, desta feita levaram um prato com decoração floral ao centro e estrelas na aba com bicos azuis no rebordo de Aveiro.
  • O homem da feira  para mim eleito de seu nome Zé Manel que já conhecia de outras feiras mas nesta onde falámos mais. De realçar o seu porte atlético, alentejano, de belo chapéu à cowboy , muito simpático com humor. Dizia-me "sou filho de mãe russa e pai inglês"...perante o meu olhar de espanto rematou " a minha mãe tem apelido, russa -, e o meu pai alcunha do inglês, acabou por ficar no meu nome, das minhas duas filhas e agora no nome dos netos..." curiosa perguntei-lhe o porquê...diz-me" era arruçado de cabelos, olho azul e boa figura como eu, que saí de olhos e cabelos à minha mãe tal como o meu irmão"...
Falou-me das migas à alentejana que na frigideira devem saltar com força para sair pela chaminé a correr para as apanhar na porta da cozinha...
Tabelei conversas com a D. São esposa do Aroucha que confessou ter vendido umas medalhas, pouco mais de 20 € faturados, melhor se safou o Moreira a vender lixoos que até se surpreendeu...
  • O Sr Carlos trazia uma bela camisa em tons rosa  na véspera na feira da Moita e de tarde na da Amora faturou  bem,  até a mulher estranhou...Também fiquei feliz por ele.
  • O Rogério com  o estendal de ferro velho comprou uma panela de 3 pés rota que disse ir remendar...
  • Na banca da D. Helena a mais chique, e de artigo caro tal como a da D. Carolina e do Sr Pedro e,...
  • Remato com o artesão das vergas, a Carla que reencontrei depois de Alcochete, o Sr Peres e o Sr António que teimam ficar na banda de fora do recinto.
Travei conversa com o "cigano António" de Portalegre com parte da sua banca prostrada no chão-, a quem perguntei pelas melhoras do pai Orlando, reparei que gostou, aproveitei para lhe  dirigir cumprimentos e rápidas melhoras, na certeza de me guardar o prato com o "peixe em tons azul melado que se lhe partiu no tripé "passados meses será que ainda sabe dele?
  • Senti o Santiago em baixo, nem piropos me agraciou como de costume, tinha três peças das Caldas muito interessantes a bom preço: um cão em pose; um galo paliteiro e uma caneca com bicos tipo ananás e flor abaixo do bico.
O Paulindo de óculos em aro branco e chapelinho na cabeça com ares de  hippie com a esposa Clara safaram-se com a venda do carrinho vermelho a um colecionador.


Na banca da D. Carolina fotografei um prato em tons verde para  comparar com um meu muito semelhante que julgo atesta autenticidade de Coimbra. Nesta banca há muitas e boas peças!
Na banca do Vitor fotografei duas travessas e molheira da Fábrica Sacavém.
Descobri este prato com motivo romântico com o palácio S. Marcos em Veneza da fábrica de Alcântara.
 
Na banca do Sr Pedro fotografei uma travessa em tons séptia que pode ser Sacavém ou Vista Alegre antes da porcelana, quando faziam experiências em pó de pedra, fazia-me um bom preço...
Redescobri a Ana Luísa Barros , esteve comigo há quase um ano, vende artesanato que ela própria faz.
  • Noutra banca de velharias conheci a Fátima  com o marido onde pedi para fotografar um grande prato de faiança de Coimbra gateado..Não pude trazer achei carote...
 
Travei conversa com uma senhora de olhar lindíssimo e de extraordinária apresentação  vestida de camisola azul bebé com florzinhas -, D. Maria do Carmo que se fazia acompanhar de outra amiga igualmente bela, D. Helena...perdoem se não são estes os seus nome, nesta feira contatei várias pessoas  e corro o risco de lapso de memória...confidenciou-me gostar de pintura.
  • relatou-me um triste episódio com uns colegas meus que lhe encomendaram uns restauros em tempo... no pagamento houve desacatos de má fé por parte deles...
Gostei francamente da senhora que me pareceu delicada, inteligente e muito sensível. Deixei em aberto a hipótese de levar da próxima vez  duas peças para ver se as consegue restaurar. 
  • Deixei Azeitão com os pés amassados de cansaço tal o calor, apesar dos sapatos da Lacoste com sola em cabedal ...o uso continuado de saltos altos durante 30 anos deformaram os meus ossinhos  dos pés delicados de origem fenícia...do que me restava de mais belo na minha fisionomia desses genes de longínqua dinastia!
Comprei um prato de bolo em vidro com 4 pezinhos, amoroso, e uma toalha enorme em linho com bordado a  tear, monograma a vermelho e renda no colega Moreira que me fez um bom desconto.

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