terça-feira, 27 de maio de 2025

Por classificar na vila de Ansião o portal da capela de Santo Agostinho

Crónica publicada no Jornal Serras de Ansião em março de 2025

Aos 10 anos, em tardes de sábado e domingo, algumas ve4zes fixz o turno de 4 H, no PBX do correio, a ganho de 15$00 da Srª D. Maria Augusta Morgado. 
Sem rádio, nem habilidade para usar o telefone à borla, abria a janela para idolatrar o belo portal de arte lavrante.  


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Mal sonhava que fora capela da estalagem, estimo de 1700, pelo risco dos cunhais, jus ao portal da Misericórdia.

                   

Imóvel particular, de interesse municipal,  por classificar, vindo à luz num registo decifrado pelo Dr. Pedro França, cuja cortesia agradeço "Aos vinte e oito de março de mil e setecentos e trinta e cinco faleceu na estalagem de Santo Agostinho desta vila de Ansião um homem de caminho que disse se chamava Luís de Melo e ser casado e correio de Sua Majestade que Deus guarde. Faleceu sacramentado e foi sepultado na igreja, de que fiz este assento D. Jerónimo da Encarnação”
Capela mencionada na Noticia da Comarca de Coimbra, da villa de Ancião em 1721; Cappella que instituiu Manoel Freire Gameiro nesta villa e o dito administrador asiste em Torres Novas”. Onde tem descendência na arte de curtir couros. Orago dos Cónegos Regrantes do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra; “Misericordia he doerse homem da coyta e miseria de seu prouximo e christaão”. 
As memórias paroquiais referem 3 ermitas, “ o cargo oficial de ermitão então responsável pela comunidade, com a incumbência de fazer as hóstias e de as cozer”.

A sul do adro da matriz  foi chão da Misericórdia de Ansião, não sabemso se recebido por diação. Foi aforado com terreno no tardoz, ao falecido Provedor ad Misericórdia António Furtado Silveira , cujo genro Joaquim Figueiredo Perdigão, gpagou parte das di vidas em atraso vindas há mais de 20 anos. Seguida da estalagem e capela que também foi  património da Misericórdia de Ansião. Cuja vicissitude depois de 1870, é desconhecida a sua transação, venda em hasta pública ou usurpação.

Por volta dos anos 20, do séc. XX, a capela foi vendida ao meu avoengo José Joaquim de Bastos Guimarães . Resta da capela o portal e óculo após a requalificação para morada do seu filho César Augusto, presidente da Junta de Freguesia, falecido sem herdeiros. A sua mãe, viúva, D. Augusta Guimarães, arrendou a taberna da estalagem, e o tardoz para loja de pneus, com acesso pelo r/c da casa por porta lateral nos fundos, hoje janela. O sobrado foi alugado em janeiro de 1940, aos noivos Srª Maria Silvina Caseiro e Alexandre Rodrigues, conhecido por “Plim. Julga-se depois vendida ao Sr. Gualdino do Martim Vaqueiro, quem mais tarde vende a casa aos inquilinos, e graças à sua filha Srª D. Fernanda, a conheci. 

O prédio guarda paredes grossas, calçada de calhaus rolados, pedra larga, quiçá, parte da ara do altar, e houve uma grande pia de pedra redonda, o chafurdo de patos, alvitra fora da cavalariça. Hoje barracão, com entrada pelo portão de ferro forjado que entesta a sul no prédio que fora a capela, na Rua Dr. António Salazar.

Património de interesse concelhio a preservar e não destruir!

terça-feira, 20 de maio de 2025

A Casa da Câmara na Cabeça do Bairro em Ansião

Crónica resumida pulblicada no Jornal Serras de Ansião em maio de 2025

O Largo do Bairro é um sítio estratégico rasgado na Pré Historia que os romanos reutilizaram continuado na época medieval.  Implantado num pequeno alto estratégico, guarda um poço de chafurdo teve uma cisterna, indicia habitat romano, sem classificação, a que se junta parte de mural de caliço, sem vestigios de policromia e fragmentos de tegula. 

Lamentavelmente nos últimos 50 anos  a envolvente do Largo do Bairro foi sendo aos poucos completamente descaracterizado e esquecido o seu rico património histórico. Calcetado perdeu a beleza do saibro branco do terreiro, reconstruções , onde se mantem a traça antiga q e outras não. 

Foto: À esquerda a casa que foi estalagem da minha família, ao centro a Casa do Administrador do Concelho guarda lintel de 1680, e à direita a Casa da Câmara de Ansião, na beira do caminho aberto para sediar a Vintena vindo do Cimo da Rua pelo Ribeiro da Vide.

Cresci no Bairro de Santo António a ouvir falar do Tribunal na casa altiva de sobrado rasgada ao meio por uma porta de avental, o r/c com portal beijado de átrio quadrado em lajedo debruado a degrau gasto rematado na frente com duas colunas quadradas de pedra miúda à sombra de parreiras.

Evocar razões para a sua instituição na Cabeça do Bairro

Nos finais da centúria de 500 o burgo de Ansião sito a poente sofreu forte influência de titãs descendentes judaicos moradores a nascente, na atual vila, os influenciadores da mudança do burgo.

Reedificaram uma segunda matriz de Ansião, em 1593, e reativaram um troço romano ramal da estrada real, pelo  baixio das Lameiras, vindo a proporcionar em 1648 a construção da Ponte da Cal, seguindo pela Rua Direita à matriz, onde os viandantes tinham ao seu dispor uma nova estalagem seguindo para sul pelo Cimo da Rua, Empeados, Venda do Negro e Alvaiázere. 


Em crer, a elite laica dos titãs influenciadores começou por se reunir a sul do adro da matriz, não sabemos se em casa ou na rua, assim foram os indícios de reuniões de "homens bons" antes da estalagem que por volta de 700 teve capela a Santo Agostinho. 
Debalde, não tenham alicerçado as queixas dos viandantes ao pedregoso caminho que estafava animais e pessoas, em prol da estrada real pelo Vale do Mosteiro, mais favoravel. 
Em 1647 o estalajadeiro João Freire o Novo, edificou no morro do Ribeiro da Vide, a capela a Santo António, patrono dos viandantes, que fora instituída em 1603 pelo seu pai João Freire o Velho. 
Presume ainda que seria o foreiro da Quinta do Bairro, onde ao seu limite ao início do Cimo da Rua, rasgou um novo caminho  direto ao baldio do Ribeiro da Vide para o Largo do Bairro, onde já se podia retomar a estrada real de melhor piso. Veio a proporcionar um fluxo de viandantes e peregrinos concentrados no terreiro do Largo do Bairro com duas estalagens. Cujo movimento originava conflitos e roubos. Em crer, foi o motivo principal da implantação do poder da Vintena na Cabeça do Bairro no combate à má fama e saques, num tempo que as pessoas se faziam transportar com libras de ouro, e até mortes, pelos esqueletos encontrados nos caboucos para fazer uma casa na década de 50, do séc. XX, que fora a cavalariça da estalagem da Ti Maria da Torre. 

Pedido de passaporte com a naturalidade Cabeça do Bairro
Para já a única fonte coeva que indicia a sua localização.

Passaporte de Justina da Conceição
1905-10-24 Idade: 31 anos
Filiação: Manuel José de Sousa / Joaquina da Conceição
Naturalidade: Cabeça do Bairro / Ansião
Residência: Rascoia / Avelar / Ansião
Destino: Moçâmedes / África
Observações: Acompanhada de sua filha Amélia, de 1 ano.

O que nos revela este passaporte? Mulher, mãe solteira, foi referida num livro no arquivo municipal. A sua familia deixou Ansião, era foreira da Misericórdia. A casa onde viveram  no Largo do Bairro é a primeira na esquerda da foto acima, veio a ser comprada pela minha familia onde funcionou uma estalagem .


Excerto sobre as Casas da Camara em  https://run.unl.pt/bitstream/10362/7299/1/
"A História ensina-nos que o órgão máximo do muito jovem poder concelhio, ainda em formação, era a assembleia de vizinhos ou homens - bons do concelho. Estas assembleias tinham lugar em sítios informais e improvisados, bem conhecidos de todos e consagrados e legitimados pelo uso e pela tradição. A pouco e pouco, porém, os homens-bons e sobretudo os oficiais ou agentes do concelho começam a reunir-se e a decidir em espaços fechados e cobertos e, a partir de meados do século XIV, em casas sobradadas - as casas ou paços do concelho. Dava-se então início ao amplo e longo processo de monumentalização do poder local, que se constituiu na construção sistemática dessas casas - as casas da câmara - em todos os concelhos portugueses, processo que alcança o reinado de D.Manuel I ( 1495-1521). A tipologia "casa da câmara" foi modelada para responder às funções essenciais de abrigar, numa casa normalmente de dois pisos e sob um telhado comum, uma sala para as audiências, uma, uma câmara para as vereações e uma cadeia para os presos- aquelas localizadas no seu piso nobre, esta no piso térreo. A nobilitação da casa da Câmara era proporcionada pelo brasão com o escudo do Reino de Portugal, pintado ou esculpido na sua fachada principal. No topo ou ao lado da mesma fachada localizava-se quase sempre a torre ou o campanário de suporte ao sino da câmara.Tendo a velha arquitetura concelhia portuguesa sido igualmente ignorada pela historiografia tradicional, as antigas casas da câmara constituem um território de investigação praticamente virgem (...)A expressão casa da Câmara identifica uma propriedade urbana que, fazendo parte dos bens do concelho, constitui uma casa especial: uma casa enobrecida com um sobrado (que a distingue da maioria das casas comuns da cidade ou vila sede do concelho); uma casa nobilitada porque ostenta na fachada os símbolos do poder concelhio ou real (que a distinguem das demais casas nobres); uma casa, enfim, que detém quase sempre uma localização privilegiada, na praça, na rua principal, junto à Matriz ou à Misericórdia local – ou então (como acontece em certas regiões) num sítio desabitado e isolado mas mais ou menos equidistante dos diversos lugares dispersos que integram quer a vila “cabeça de concelho”, quer o termo do Concelho respectivo. Sede do poder local, a casa da câmara não só assinala como simboliza o concelho e o seu centro urbano (...) A expressão casa da câmara significa que esta é a casa do concelho que, para lá das diferenças já assinaladas que a distinguem das demais casas urbanas, tem, sobre todas elas, uma câmara mais ou menos reservada, onde se reúnem os vizinhos, os notáveis, os representantes ou os eleitos do concelho, a quem cabe a boa gestão dos bens respectivos, a resolução dos problemas colectivos em certos domínios e a defesa dos interesses da comunidade, de acordo com o estabelecido na lei. Tipologia arquitectónica também comum, que tivemos oportunidade de restituir e discutir ao longo do presente estudo e que consistia essencialmente, recorde-se, numa casa sobradada de dois pisos que abrigava, sob um mesmo telhado, a sala de audiências e a câmara das vereações no seu piso nobre e, no seu piso térreo, directamente por baixo da sala da audiência, a cadeia concelhia onde se recolhiam os presos e para a qual se entrava por vezes apenas por um alçapão, rasgado no sobrado da audiência, formando neste caso uma enxovia, desprovida de porta mas sempre guarnecida de pelo menos uma janela. Independentemente da região, da época de construção ou dos recursos técnicos, financeiros e artístico-culturais disponíveis nos diversos concelhos no momento histórico da respectiva construção, as nossas velhas casas da câmara, na sua eficiência tipológica, na sua qualidade construtiva, na sua singeleza formal e na sua beleza irredutível, proporcionam um corpus construído de uma qualidade e de uma dignidade arquitectónica ímpares. A visita intensiva aos velhos concelhos portugueses mostrou abundantemente que, tal como a melhor arquitectura portuguesa das melhores épocas – à semelhança, por exemplo, da arquitectura da Ribeira de Lisboa, que aqui se recorda com saudade – também a arquitectura concelhia e, em particular, a das casas da câmara, a seu modo despojadas e sobretudo muito despretensiosas, se materializa “em formas geométricas que não necessitam de articulações espaciais elaboradas nem de grandes superfícies extensivamente esculpidas”, características em que, para Rafael Moreira, “reside, talvez, o carácter mais castiço e o natural bom gosto da arquitectura nacional” Filhas da terra – e da pedra e demais materiais, bem com das tecnologias disponíveis na região – as velhas casas da câmara beneficiaram num grau superlativo do pragmatismo e da experiência construtiva que caracterizam o melhor da arquitectura portuguesa tradicional." 

Casa da Câmara da Vintena de Ansião na Cabeça do Bairro

Ainda hoje conserva a estrutura inicial, geométrica de sobrado, tendo sido apenas alterada a fachada no r/c o antigo portal para duas portas, e o sobrado com porta de avental agora janelas . A nascente havia uma porta, hoje entaipada, com lintel de 1697? Acesso ao curral do concelho .  Na frente ainda recordo o portal  que foi alterado pelo dono "Carlos Pego" para fazer uma oficina anulou o átrio de piso lajeado  e as duas grandes colunas quadradas de pedra miúda, já não havia telheiro. A poente a casa é cega onde tem casas adoçadas que estimo foram dos almotacés, aferidores, dos generos alimentícios. A norte também com barracões adoçados onde havia um pequeno alpendre a servir de cavalariça, entesta num barracão herança do meu pai de paredes grossas, numa delas restos de caliço com duas portas.  

A Vintena de Ansião 
Aparece nas memórias paroquiais num registo de 1626 a par da Vintena da Sarzedela. 
Nas memórias paroquiais Anciam he villa da Commarca de Coimbra , com câmara, juizes ordinários, vereadores, escrivãos , (governador?) e almocatéis...a vila e tres lugares de termo com 175 fogos
Juízes de Vintena
«Pouco se sabe das atribuições cometidas a estes humildes oficiais populares, também designados por juízes pedâneos e juízes de aldeia, sucessores dos vigários e mamposteiros medievais, que eram eleitos pelas câmaras e exerciam as suas funções nas aldeias, lugares, terras ou povos do termo do concelho. No século XVIII, a sua designação recaía, não sobre os homens abastados, como determinavam as Ordenações, mas sobre homens pobres e até criados de servir como procuradores do povo, representavam ao senado todos os casos que importavam ao bem comum. A sua modesta jurisdição limitava-se ao julgamento de pequenas questões relacionadas com a polícia dos campos e à contravenção das posturas camarárias, nunca abrangendo as causas relativas a bens de raiz. Assim, certas freguesias registavam um só juiz. Noutras freguesias existiam dois ou mais juízes pedâneos, de acordo com a população das terras. O juiz vinteneiro podia, ainda, ter um jurado e um escrivão para assentar as coimas. Os juízes de vintena, aqui como em todo o Reino, regra geral, não auferiam quaisquer propinas ou salários pelas suas funções.»
Juízo da Almotaçaria
«Os almotacés eram oficiais concelhios que tinham a seu cargo o abastecimento dos géneros alimentícios, a fiscalização dos preços, dos pesos e medidas, dos açougues e mercados, dos salários dos ofícios e jornais, a limpeza da cidade, enfim, as funções de policiamento económico da vila. Os almotacés tinham alçada até 600 réis para julgarem, em processo sumário, os feitos em matéria das suas atribuições, nomeadamente as questões levantadas sobre construção de muros, quintais, casas, telhados, portas, janelas, serventia de águas, etc., podendo o povo, das suas decisões, apelar para a Câmara. Acima de 600 réis, o julgamento cabia ao Senado, que julgava sem apelo nem agravo.»
Almotacés
«Indicam-se os procedimentos muito engenhosos para o seu recrutamento e eleição e a natureza das suas importantes funções de controlo do abastecimento público dos bens de consumo corrente, alimentar e não alimentar . Controlam ainda, entre outras coisas, os padrões de pesos e medidas e a higiene pública . Além disso, exige-se-lhe que “seja ainda bem deligente em guardar os Almotacees, e açougues, e praças em tal guisa, que nom entrem nos açougues, nem tomem a carne, e pescado, e as outras cousas, que aa praça vierem, per força e sem dinheiro.»                                                     
Juízo dos Órfãos
«No juízo dos órfãos processavam-se os inventários dos órfãos, ausentes e mentecaptos, e corriam as causas que lhes diziam respeito. Além do juiz dos órfãos, eleito encarregado de velar pelos interesses de incapazes, dementes, ausentes, pobres, órfãos, pessoas coletivas e outros que careciam de proteção social, existiam também neste organismo quatro escrivães, todos com ofícios de propriedade.»
Vereadores                                                              
«Ham de veer, e saber,e requerer todollos beens do Concelho, assy propriedades, e herdades, cazas, foros, se somaproveitados, como devem, e os que acharem mal aproveitados, fazellos adubar e correger”; competia-lhes ainda gerir e administrar as rendas do Concelho . Competiam-lhe também as importantíssimas funções relacionadas com as obras públicas no concelho, nomeadamente a construção e reparação dessas infinitas fontes, pontes e calçadas, cujo enunciado, constante na documentação da época, assume quase um valor simbólico do poder e das competências das vereações. A eles compete, de acordo com a lei  “saber como os caminhos, fontes, e chafarizes, pontes, e calçadas, e muros, e barreiras som repairados; e os que cumprir de se fazer, e adubar, e correger, mandallas fazer, e repairar; e abir os caminhos, e testadas em tal guisa, que possam bem servir por elles”. Enfim, “esses Vereadores com os Juizes julguaram todollos feitos das injurias verbaaes [...]; e do livramento, que derem, nom darom pera Nós apellaçom, nem aggravo: e assy livrarom todollos feitos de furtos, que alguuns fezerem ataa conthia de cinquo libras de moeda antigua, ou de cinquo desta, que ora corre .Verificarão finalmente “se se guardam as Hordenaçooens, e Posturas os Vereadores teem carreguo de todo o regimento da terra, e das obras do Concelho, e qualquer cousa, que poderem saber, e entender, porque a terra, e moradores della possam bem viver, e em esto ham de trabalhar; e se souberem, que se fazem na terra malfeitorias, ou que nom he guardada per justiça, como deve, requeiraõ os Juizes que tornem hi, e se o fazer nom quizerem, fazello saber ao Corregedor da Comarca, e a Nós».                                              
Juizes hordenairos com os homee ns boõs
«Teem o regimento da Cidade, ou Villa, elles ambos quando poderem, ao menos huum, hiraõ aa quuarta feira, e ao sabado sempre aa Rellaçom da Camara, pera com os outros hordenarem o que entenderem por prol cummunal, e por direito, e justiça”. Além disso, determina-se que «sem delonga farom cada dia Audiencia aos feitos dos presos, e lhes darom livramento».

A casa do Administrador do Concelho

Na requalificação ad casa foi retirado o lintel da porta de 1680 que foi mantido no chão do Largo do Bairro uns 30 anos, hoje guardado na eira.

                       

A casa do Regedor ou Administrador do Concelho 

«hum Procurador do Concelho, Vereadores, Escrivão da Câmera, hum Tabelião, hum Alcayde »

Casa reedificada nos anos 60, do séc. XX, para o casamento do primo Chico Silva e Augusta do Alqueidão. Recordo a  ruína de traça arquitetónica em quadrado onde os meus tios guardavam a palha para o burra Gerica.Na frente do Largo tinha um grande banco em pedra.  A nascente um corredor  na divisão com a Casa da Câmara, que tem adoçada casas corridas com duas portas. Ou foi a Casa do « Capitão mór com huma Companhia da Ordenança » ou dos almocatés. 

Seguida a norte no tardoz  cavalariças,  alpendre, eira de pedra e cisterna há poucos anos entupida. A poente do quintal resquícios de um muro grosso primitivo em formato de "L"  delimita a casa da Administração do Concelho por outro corredor mais estreito. 

                                     

Capela de Santo António

Inicialmente a sua frontaria foi para nascente e após a República foi ampliada com frontaria para norte e agraciada com o escadatório e bancos altos laterais.

          

Santo António
 Laje na entrada da sacristia para a capela com a data esculpida
1647

A estalagem da  minha família
A poente de gaveto, apresenta arquitetura semelhante à Casa da Câmara.
Ainda a conheci em pedra crua, muito velha, herança do marido da "tia Maria do Moreira" , meu familiar. os  pais do meu primo Adriano Valente, alcunha (Mocho) quando a adquiriram na reconstrução encontraram enroscado numa parede um pedido de passaporte de apelido Sousa para África. 

Passaporte de Abílio de Sousa

1905-04-01 Idade: 28 anos

Filiação: Paternidade não mencionada / Maria da Conceição

Naturalidade: Bairro /  Ansião

Residência: Torre de Vale de Todos / Ansião

Destino: Santos / Brasil

Filho de pai incógnito presume com ligação à última estalajadeira a Ti Maria da Torre,  veio a perdurar no tempo a gíria conhecida por ter casado com um homem da Torre (Vale de Todos) de apelido Silva, sendo naquele tempo habitual chamar à mulher o nome do marido no feminino ou da terra de onde era natural, como neste caso.

Passaporte de Maria da Conceição

1904-08-01 a 1904-08-01 Idade: 37 anos

Filiação: Lino de Sousa / Guilhermina Rosa

Naturalidade: Ansião

Residência: Ansião

Destino: Santos / Brasil

Observações: Acompanhado de seus filhos, Albertina, de 15 anos, Artur, de 11 anos e Maria, de 9 anos.

Antigo foreiro da Misericórdia, à laia de outros devedores que montaram estalagens à premissa de passarem a receber os pobres com "Carta de Guia" e assim ressarcir o passivo à Misericordia. Seguido de um golpe obscuro de conflitos onde alegadamente foram escriturados  bens da Misericordia em seu nome. O que evidencia, pois se não tinha dinehiro e realizou capital para emigrar, ao vender ao meu avoengo António Joaquim de Bastos Guimarães, chegado ao Bairro para trabalhar no Tribunal como Oficial de Diligências. 
O meu primo remodelou o casario na mesma traça alta e estreita. 
No r/c tinha uma porta e uma pequena janela, poiso  na adolescência do meu rádio de cassetes a pilhas, para os bailaricos.
                  

Barracão na lateral  com corredor

A  casa a nascente tem um corredor estreito na ligação a um barracão ao fundo onde se fazia pão.          

Pela frente a poente foi uma oficina de ferrador, dos meus avoengos vindos de Tornado, Alvaiázere.

A estalagem de Santo António

A Vintena era viva em 1669 onde  pernoitou a comitiva do príncipe Cosme de Médicis. Graças às minhas  vivências no Bairro e amante do que foi o seu rico passado, consegui decifrar a aguarela imortalizada por Pier Baldi, a primeira imagem icónica de Ansião com a Casa da Câmara. 
Resta dessa ancestralidade da estalagem, nos eu tardoz um contraforte a nascente e pela frente uma porta, o atual portão era entrada franca para a cavalariça. À conversa com o saudoso Zé Maria Reis, já na casa dos 90 anos, de corpo e cabeça sã, vivia na sua quinta no Martim Vaqueiro, cujo pai "Reis" era natural da Ameixieira, que herdara muito terreno na que fora a Quinta do Bairro, onde em novo vinha com o seu amigo Simões, veio a emigrar para o Brasil, cavar vinha que entestava no Largo do Bairro. Para o almoço ajeitavam-se na ruína que fora a cozinha da estalagem, na velha lareira . Recorda-se de um episódio que jamais esqueceu; havia na parede acima encravada parte de uma púcara onde julgou teria sido guardado o dinheiro...ficou admirado quando lhe respondi que servia para conservar carne ou peixe ou a massa mãe para cozer o pão,  pela fresquidão do vidrado. Já vira duas encastradas numa parede no sobrado da casa de pedra da "Tina do parolo" e outra numa ruina  na Ameixieira.


A última estalagem no Largo do Bairro?
Não sabemos se foi a estalajadeira Ti Maria da Torre, falecida com mais de 100 anos´, na década de 50, do século XX, ou a estalagem da minha familia da Ti Maria Zé Guimarães.
Numa delas pernoitou em 1866, o bisavô de José Norton - comentário tecido numa crónica temática neste blog , naturalmente lida num caderno de notas do bisavô .
Na requalificação da estalagem da Ti Maria da torre foram encontradas luzernas em terracota guardadas no vão da escadaria de madeira na casa do " António Trinta" que o Padre José Eduardo levou para catalogação em Coimbra...e saão da época medieval.

A prisão masculina
Na Cabeça do Bairro a localização da cadeia foi atípica, não foi instalada no r/c da Casa da Câmara, e sim a nascente do Largo na saída para sul, adoçada à primitiva estalagem. Um edifício autónomo, térreo,  modesto, com grade na janela, na beira da estrada real, jus de outras "hum sitio certo, a beira da estrada real em que os presos podem suplicar esmolas aos transeuntes". 
Distingue-se o seu sítio na foto na esquerda onde está o portão escuro. Adoçada a norte com a estalagem. Supostamente as latrinas em alvenaria ainda se devem encontrar no local entupidas (?).
Em determinada altura houve a necessidade de separar homens dasmulheres,  que começaram a cometer crimes, com a necessidade de nascer uma nova prisão feminina.
                            
A prisão feminina
«Casa da cadea (que em muitas terras contempla uma cadea de molheres».
No Largo da antiga Cabeça do Bairro a nascente, ao meio,  a cadeia feminina com  janela e grade .
Quando foi adquirida pelo Sr. Raul Borges, recordo que a alteou ao nível da outra a norte que também era dele. Desde então os imóveis estão na mesma.
Muita dificuldade para interpretar o lintel da prisão, pela panoplia de numeração. O que evidencia foi reutilizado. Assim, na Páscoa de 2017 levei um esfregão e limpei os líquenes, e a data aventava  1777 , mas, pairava a sensação que ao meio existe um símbolo "H" ligado aos jesuítas da Granja, Santiago da Guarda. Depois noutra vez, ao entardecer, o sol ajudou a clarificar , o lintel foi reutilizado  quiça da antiga estalagem, mas não há dúvia é de 1777. 
Janela com gradeamento cuja portada apodreceu...Nunca aqui entrei, já pedi à dona para visitar na expectativa de encontrar a latrina. A visualização dO espaço que foi lúgubre onde padeceram mulheres desprotegidas das benesses das esmolas em relação aos homens!
                                           
Casa do Guarda, o carcereiro
 «d’habitação ao Guarda»
A casa adoçada a norte apresenta um lintel em moldura com o ano de  1777 , evidencia ter sido a casa  do Guarda, já que se apresneta adoçada à  prisão feminina, om o mesmo ano no lintel. 

Nos anos 50, do séc XX foi aquisição pelo Sr.Paulino, oriundo de Barcelos, dizia-se vindo de prisão em prisão até acabar na de Ansião.Tinha mulher em Barcelos ao saber que estava doente nos anos 60, do séc XX, onde o conheci a viver com a neta Rosalina, mais velha do que eu, andámos na 4ª classe, ainda somos amigas, decidiu vender a casa oferecendo-a ao vizinho o Sr. Raul Borges, que não tendo todo o dinheiro foi a "Ti Carma Russo" que lhe "abriu os olhos" para não a deixar de comprar que lhe emprestava dinheiro se precisasse. 
Acontece que a esposa do cesteiro Paulino, melhorou, e com saudades de Ansião regressa ao seu Bairro, e  não tendo casa, compra uma a sul da prisão que fora da estalagem de Santo António. é hoje a  casal da Elisa e do Cunha , quem lhes deu apoio a quem doou a casa.

O curral do Concelho
O foreiro António Fernandes da Misericórdia, com foro de dois alqueires de azeite por ano,  presume ter sido o tomador dos animais perdidos do curral do concelho. Quiçá morou no tardoz da Casa da Câmara, num casario , que é dos meus apis, teve frontaria para norte , já a conheci sem parede e com rede, servia de galinheiro, a parede a poente tinha uma porta seguida de abside; grande prateleira de pedra que servia de ninho, onde ia buscar os ovos. Após a extinção do cargo com a instauração da Comarca, geria negócio caprino e ovino que lhe valeu a alcunha “Carneiro”.
                           
O declínio estalajadeiro  
Associado à saída do poder da Vintena do Bairro e do golpe perpetuado aos bens da Misericórdia de Ansião, alegadamente por foreiros e mesarios ao escriturar os bens aforados em conluio com o tabelião Joaquim Mendes Lima, a fome grassava no seio do povo que se viu de um dia para o outro sem as ajudas acostumadas da Misericórdia,  nem do hospital, sendo forçado a emigrar .

O apelido Serralha viveu antes de emigrar na que fora a prisão feminina, são descendentes judaicos, familiares do Levi. O Serralha foi latoeiro onde hoje é uma garagem numa casa desativada a poente da Rua Polibio Gomes dos Santos

Passaporte de António de Jesus

1908-01-17 Idade: 34 anos

Filiação: Joaquim Rodrigues Serralha / Ana de Jesus

Naturalidade: Bairro / Ansião

Residência: Bairro / Ansião

Destino: Santos / Brasil

Observações: Escreve


Passaporte de António Rodrigues Serralha

1912-12-20Idade: Não mencionada

Filiação: Joaquim Rodrigues Serralha / Ana de Jesus

Naturalidade: Bairro / Ansião

Residência: Pombal

Destino: São Paulo ( Brasil )

Observações: Levando sua mulher Maria dos Santos de 37 anos , e seus filhos Matilo de 18 anos, Francisco de 16 anos, Rufino de 12 anos, José de 10 anos, Virgínia de 9 anos, Idalina de 8 anos, Izidro de 5, José de 4, Isabel de 2 e Maria de 1.


Passaporte de Luís Marques

1909-03-0 6 Idade: Não mencionada

Filiação: Paternidade não mencionada / Clara da Conceição

Naturalidade: Quinta do Bairro  / Ansião / Ansião

Residência: Quinta do Bairro / Ansião / Ansião

Destino: Santos / Brasil

Observações: Quinta do Bairro não consta como pertencendo a Abiúl. Porque é Ansião

Escreve


Passaporte de Manuel Mendes Martinho

1906-03-22 Idade: 24 anos

Filiação: José Mendes Martinho / Victorino de Jesus

Naturalidade: Vale do Mosteiro / Ansião

Residência: Bairro de Santo António / Ansião

Destino: Rio de Janeiro / Brasil


Os pedidos de passaporte abaixo Freire da Paz, evidenciam ter sido o último juiz no tribunal na Cabeça do Baixo que emigrou com 71 anos com um filho.


Passaporte de Manuel Freire da Paz

1906-04-27 Idade: 71 anos

Filiação: Inácio Freire / Maria Teresa

Naturalidade: Ansião

Residência: Ansião

Destino: São Paulo / Brasil

Este passaporte revela que emigrou aos 71 anos, será que seria esta a idade?  e apenas diz que é natural de Ansião, aventa ser sobrinho do que se segue


Passaporte de Alberto Freire da Paz

1909-01-18 Idade: 22 anos
Filiação: António Freire da Paz / Isidória Augusta
Naturalidade: Bairro de Santo António / Ansião
Residência: Ansião
Destino: Santos / Brasil
Observações: Acompanhado de sua mulher.

Escreve 

Isidóia Augusta ficou a viver na Casa da câmara.  minha prima São Silva ainda se lembrava dela, foi  viúva do último Juiz de Paz  na Cabeça do Bairro. Tinha outro filho conhecido por "António pataca" primeiro calceteiro que se conhece em Ansião, quem ensinou a arte ao vizinho Manuel Mortinho. 

Do mesmo modo não sabemos como transacionou a velha casa da câmara  e a norte uns talhos nos quintais do Bairro. O meu avô "Zé do Bairro"comprou-lhe  um junto do poço de chafurdo, por estar  encravado no quintal. Teria havido alguma contenda entre o casal para o marido e um filho emigrar, e o outro filho quiça morrera, para  ela fazer doação da antiga casa da câmara e um lote à mulher do " Ti Ferreiro" do Cimo da Rua. O lote foi adquirido pelos meus apis no inicio dos anos 60 do séc. XX, com a especulação da emigração para França a peso de oiro...Como vendeu a casa ao "Carlos Pego".

A instauração da Comarca na vila

Em 1875 o Conselheiro António José da Silva transferiu a Casa da Câmara do Bairro, para a vila, paar a casa que fora do Senhor de Ansião Dom Luís de Menezes. 

Na foto de 1915 dos Paços do Concelho é visível ao meio da cimalha o brasão com o Escudo de Portugal que estimo foi transferido da Casa da Câmara, mal esculpido, jus o brasão da sepultura na Igreja da Misericórdia, quiçá, obra do mesmo canteiro, sem aposta de recolocação na ampliação em 1937 e pela aprovação governamental do novo brasão de Ansião em 1935. Só nos anos 60 do séc. XX passou a ostentar o brasão em mármore com as romãs esculpido pelo lavrante Ezequiel Carvalho da Sarzedela, esquecido sem agraciamento na toponímia, quando devia ser agraciado!

Fontes


Cadernos de Estudos Leirienses nº 9
https://run.unl.pt/bitstream/10362/7299/1/Tese Casas da Camara Vol I.pdf
Arquivo distrital de Leiria, passaportes
https://run.unl.pt/bitstream/10362/7299/1/Tese%20Casas%20da%20Camara%20Vol%20I.pdf
https://geneall.net/pt/forum/161201/elementos-sobre-os-descendentes-do-cronista-joao-de-barros-falecido-em-pombal/
Cadernos de Estudos Leirienses nº 9
https://run.unl.pt/bitstream/10362/7299/1/Tese Casas da Camara Vol I.pdf
Arquivo distrital de Leiria, passaportesTestemunhos da Elisa e da Alice Mendes, do Adriano Valente e da esposa, da prima Júlia, irmã São, e da cunhada Augusta, da "Mena Trinta", da D Albertina, da São Borges dos Reis e do tio Zé Maria e Carlos Cotri e Auguata Tarouca.

quarta-feira, 30 de abril de 2025

Vivi o Apagão no Metro na Quinta das Conchas, em Lisboa

Piquei o bilhete e logo o sistema de iluminação foi acionado, revela que há manutenção, já o meu andar também com o sistema ao fim de uns anos deixou de acender. De imediato o funcionário do Metro desceu ao patamar para avisar o público, e nós fomos avisando quem entrava. Já na rua disseram-nos que era um apagão a nível europeu. Outro dizia que era sabotagem por haver greve da CP onde trabalhou 5 anos, porque os sindicatos são do PCP, etc...uma alucinada vinda da horta gabava o marido que trabalhava na embaixada dos EUA, ond etinham um bunker...dizia que tinha sido um avião que tinha caído numa central elétrica em França...Já o meu marido só estava interessado em almoçar.
Apanhamos o 1º autocarro para as Galinheiras, nem sabemos onde fica, saímos ao cimo da Calçada de Carriche para seguir para o Senhor Roubado, onde gostamos de almoçar. Percebemos que não havia comunicações, com mensagens estranhas. Depois de 15 mn conseguimos falar com a nossa filha e só depois de uma hora com a minha mãe e irmã. O que nos deixou mui tranquilos. Já na Calçada de Carriche percebemos que não havia semáforos e as bombas de gasolina não podiam abastecer os clientes, foi um Deus nos acuda para passar a via a correr, com carros a vir da rotubnda de Odivelas a abrir na piriska...o dono do restaurante não sabia se fechava ou servia almoços. Decidimos ficar, saboreei um bom bife de atum, só não havia café, vali-me do bom queijo da Soalheira com uma fatia de marmelada, há falta de chocolate Dubai...De saída percebemos que os autocarros para o Rossio vinham superlotados, nem paravam, decidimos seguir para o Campo Grande e ainad me sentei ao lado de um senhor com quem tabelei conversa, falamos do Ventura, da origem dos eu apelido, cristão novo, andou no seminário, que vive em 30 metrso quadrados, afinal depois já são 70, e afinal a casa é da esposa. Ora tendo ela raizes em Alvaiazere, será interessante perceber os meandros de riqueza familiar , alegadamente da laia de um alegado ministro, também da terra, debalde varreu-se da memória o seu  nome... sobre o candidato à Presidência da República, decididamente não gosta do almirante , até explicou, mas, eu gosto, até reforçei que me lembra o grande Ramalho Eanes, gostou da comparação. Expliquei a mania e gosto de observar as pessoas, perceber a sua origem; revejo o tamanho das orelhas, narizes, boca, olhos, cabelos, altura,  estupfato diz-me - nunca pensei nisso, é interessante perceber as origens, os genes mais antigos como diz estão sempre vincados. E acrescenta tenho genes italianos, rematei na centuria de 700 vieram familais da Toscania para Portugal para ensinar o ciclo do bicho da seda e sua produção, com fabricas em Chacim em Bragança, Tomar, etc, uma pandemia chamada Gatina dizimou os bichos da seda ficaram toponimos, à laia de Amora, aposta na  produção de seda pelos Senhorios. Rematou os meus avós vieram de Malta, desatei em o galar, bem afeiçoado de boa estatura sem peneiras decidida disse-lhe, deixei-o vaidoso e agradeceu, saindo sorridente...

Já na rua eram centenas de milhares de pessoas vindas de todos os lados, entre estudantes e outros saídos dos empregos, todos a andar  mui ordeiramente, pareciam formigas a passar nas estradas sem semáforos, onde não se ouviam apitos, nem travagens, todos ordeiros, o que sinceramente registei com agrado. O meu marido queria apanhar o autocarro para Almada, disse-lhe que não saia de Lisboa sem ver a nossa filha e os cachopos, entramos noutro autocarro e percebemos que abriu a porta de saída para facilitar a entrada . Paragem na Praça do Chile, e a pé até o Jardim do Caracol, onde fui ver a horta, está a ficar bonita, havia gente à sombra do pinheiro na conversa e outros no miradouro a apreciar a paisagem, sem sobressaltos, todos calmos até que ouvi os cachopos a brincar no jardim de casa e os quis surpreender ao aparecer pelo local imprevisto diretamente pelo jardim publico para o deles e de boca aberta finalmente abraços, e relaxei na cama suspensa brasileira a ouvir um radio a pilhas que um filho da D. Amélia, vizinha da minha filha trouxe, com tanta azáfama nem pensei que era possivel saber as noticias a pilhas... Até que chega o meu genro e já com a família em casa, decidimos vir para Almada a pé até o Cais do Sodré. Na companhia da minha filha e da Laura, a neta mais velha, queriam ter a certeza que havia barcos, no meio do caminho comprei uma garrafa de água ainda estava fresca, os bebedouros públicos tinham fila para encher garrafas, as pastelarias abertas às escuras com muito bolo nas montras, os turistas sentados nas esplanadas de rua e de hotéis, tudo parecia estar tranquilo. Chegados ao barco, sem picagem de bilhetes, iam saindo sem cumprir horários, a única diferença sentida na negativa foi em Cacilhas, com autocarros parados para dar passagem e houve  pessoas a bater nas portas e não abriram para a Costa de Caparica e Charneca, o que nos pareceu atitude imensamente crua. Apanhámos um que ia para a Trafaria com saída em Almada. Mais uns passos totalizaram neste dia do apagão 13, 6 Km, onde os calções foi a marca da vestimenta do dia, pelo muito calor,  já a arfar, de rastos, ainda tivemos que subir as escadas do prédio até ao 8ª andar, à luz da lanterna do telemóvel... Soubemos à noite que o nosso vizinho ficou preso no elevador onde aguardou mais de meia hora para sair. Julgo que o problema é a campainha, cujo som sonoro é fraco, mas também é verdade de todos que estavam em casa ninguém saiu ao patamar para perceber se havia gente nos elevadores. E isto é atitude egoísta. No nosso caso o prédio tem a chave para subir ou descer o elevador na casa das maquinas, sistema que devia haver em todos os prédios, com aviso no hall de entrada, e não serem os bombeiros a acudir a imensas chamadas de pedidos de ajuda...ninguém pensa nestes imprevistos onde os condóminos também tem de ser mais conscienciosos, e não estar dependentes da salvação de outrem, que podem fazer falta maior a outros.

Apreensiva e degastada com estaria a decorrer a logística nos hospitais, pois passei a manhã no Pulido Valente, ainda com luz, e nos lares, só descansei ao ouvir o velhinho transístor a pilhas que serviu o meu marido na tropa, a comunicação ao País pelo Senhor Primeiro Ministro. Gostei francamente da sua voz, das palavras que usou e da tranquilidade que transmitiu ao demonstrar as decisões encetadas em conselho de ministros reunido desde as 13 horas; a suspensão de bilhetes nos autocarros e barcos, o abastecimento de gasóleo para os geradores dos hospitais que consomem muitos litros por hora, o Santa Maria gastou mais de 3.000 litros, A maternidade Alfredo da Costa, com o transito o combustivel tardava chegar já tinham agendado solicitar combustivel aos carros,  o controlo nos aeroportos, só com chegadas, refeições e o escoamento dos passageiros. Assisti a poucas fotos, ainda assim um fazia o registo de filas de caixas Multibanco, só vi três, por acaso não reparei qual foi o banco escolhido para acionarem os multibancos. Não registei pois tinha pouca bateria, é a minha primeira crónica, extensa sem uma foto. Enfim um rol imensurável de tomadas de governamentação que foram decisivas e  importantes para o civismo ter decorrido com normalidade.
Odisseia vivida na minha elevada idade, já passei por várias crises; vivi o fascismo, o tremor de terra em 1969, o 25 de abril, a chegada de milhares de indivíduos das províncias ultramarinas que bloqueavam a entrada no mercado de trabalho, recordo o concurso para os CTT eram na década de 70 do séc. XX, mais de 40.000, e os que entraram na Banca sem nunca lá terem trabalhado, bastou alguém que lá trabalhou justificar que tinha sido trabalhador...a falta de transportes nos anos 80, do séc. XX, onde os passageiros eram gente "enlatada", tão bem recordo no Terreiro do Paço, como barcos e comboios velhos... a taxa para comprar casa era de 15%, o dinheiro que sobrava era escasso para se viver, e aos poucos Portugal e a economia foi evoluindo, os salários aumentaram, a vida melhorou para alguns, sobretudo para quem está na politica. O pior mesmo é a corrupção, escândalos a somar a escândalos, incrementados por individuos de indole visionária, descendentes de judeus zelotes, gente que não olha a meios para atingir os fins, roubam vergonhosamente o Estado e a todos nós que somos cumpridores dos nossos impostos e obrigações. Não é justo! Depois vivemos a pandemia, todos bem se lembram, e agora o Apagão. Quem paga os prejuizos? Não vamos ser nós o cidadão comum?

Só me falta viver um terramoto à laia de 1755, escala 8,5...Será que o País está preparado? Uma coisa é certa ontem houve muito civismo, e é isso que deve marcar toda e qualquer tragédia.

Em Democracia aplaudo quem esteve ao comando, em especial o governo, que teve nervos de aço. Para mim já foi reeleito. Vem agora as ratazanas falar disto e daquilo, falam demais, uma coisa é estar no epicentro e mandar fazer, decidir sob pressão, só quem já foi líder sabe o que isso é. O resto é falar por falar, gerir confusão para sair vencedor, quando são fracos. Afinal quem vendeu a EDP aos chinos?

A minha escolha para reflexão é uma estátua em pedra que encontrei prostrada no chão do cemitério de Avelar, freguesia de Ansião. Bela escultura que me cativou pela formusura e me transportou à cidade de Palmira, na Síria, um berço da civilização à beira da extinção, onde distinguira uma análoga num programa cultural, e forçosamente  fiquei a pensar na globalização, no caso romana,  cujo rosto angelical transporta ao humanismo que deve prevalecer em todos nós em situações desabonatórias. 

No próximo 10 de junho o povo e o governo deviam receber condecoração pelas ações de conduta e determinação demonstradas com civismo e humanismo!

quinta-feira, 24 de abril de 2025

Cerejeiras em flor no Beco, Ferreira do Zêzere

Árvores de crescimento rápido, florescem em abril
Depois dos Cabaços ao limite do concelho , agora com um bom restaurante, no alto acordei com uma grande plantação de paulownias floridas em cachos branco alilasado. Adorei.
                                        
Chegada com os meus netos à antiga escola primária do Vale do Rossio
Uma vistosa e vetusta cameleira
                 
Velhinhos fogões a lenha que aqueciam as salas e um vaso típico de terra Templária
Museu Etnográfico 
Fomos recebidos por bons anfitriões do Rancho Folclórico de Santo Amaro.
Apreciei o seu museu etnográfico onde revivi coisas que eu gosto.
Clama esta terra a excelência turística de já ser conhecida pela terra do ovo, lagostim,limoes,cerejas, castanha,cameleiras e quintas com solares da nobreza de província. Ainda tem Dornes ,Torre da Murta e tantas mais coisas para descobrir.
                
Arte da trapologia na região

Rendas, seria uma toalha de altar
Início da Caminhada
Rota das Cerejeiras no Vale do Rossio, Beco, em Ferreira do Zêzere, um microclima na Alta Estremadura, onde a cereja a nível Nacional, tem mais teor de açúcar , na voz do meu bom amigo nascido na Fonte Seca, o Sr. Mário Maria De Carvalho. 
Portanto a cereja é produção desde a terra quente transmontana que se prolonga para sul por uma faixa que acompanha o xisto e fecha aqui. Ainda Alcangosta no Fundão não a produzia vinham aqui comprar às canastas como de outras partes do Pais.

                                   
Muitas cameleiras vistosas
A primeira quinta onde entramos, julgo da  família da atriz Leonor Seixas
                                        
Protegida pela mancha de pinheiro manso

Carros antigos
Noras e roda de puxar água
Cameleiras e glicínias
Avós e netos mais velhos
Entrada da quinta ladeada por duas vetustas e seculares magnólias de folha perene
                                          
Pedras de antigo lagar
Alojamento local
Lago de água
Vista sobre a igreja do Beco
Podas para as cerejeiras não crescerem em altura para a apanha
A caminho da Fonte Seca
Outra grande casa
Muitos limoeiros
Sinalética antiga de um cruzamento
Bonitos jardins 
Por aqui mais casas com guardiões leões do que águias...
                                     
Sepulturas visigóticas escavadas em lajedo de barro vermelho esta região é de transição do calcário com o xisto.
Dornes por um canudo...a infestação do eucaliptal
A Junta de Freguesia tem o dever de manter o miradouro de vista visível, debalde entupido de eucaliptos, pelo menos a faixa de 10 metros deve ser cortada. Avistei Dornes por um canudo espelhada na água...
                                               
Reforço com bom bolo de noz e cenoura , bom café, e fruta 

Carqueja para chá e arroz

Ruina da capela a Santo António
Pedras trazidas do mosteiro dos Franciscanos que na minha teoria foi sito no atual palacete do Tojal
A minha neta Laura fez de um cacho de glícinia um brinco ...
Quiçá um nosso familiar...

Ao fundo a ruina deixada pelo fogo da casa da família do Dr. António Baião
Foi diretor da Torre do Tombo nos anos 30 do sec. XX.  Quiçá a mandou erigir à laia da torre da Murta onde o pai o fotografou vestido de templário em miúdo
Uma maternidade de caracóis no cato...
Depois do almoço , boa sopa da pedra , arroz doce e bebidas à discrição.
Belo arranjo autoria da minha boa amiga Mirita
Boa companhia dos amigos Belmira Silva Mirita e marido Carlos Silva ,Cátia Salgueiro, Luís Filipe Godinho, Fernando Silva  e uma conterrânea do Alqueidão, Ansião Renata Gomes e o Luís Henriques, entre demais.
Caminhada muito agradável em boa companhia .
Bem hajam todos que travaram conversa e sorrisos.
Gente boa, faz falta dinamizar a caminhada para adesão de publico. 
A Junta tem o dever de colaborar na logística. Como a autarquia.
Ferreira do Zêzere tem tanto para oferecer.
A mim fascina me desde criança .
Adorei.

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