Almada - termo proveniente das palavras árabes Al-Madan - a Mina - havia exploração de ouro pelos árabes numa jazida na Adiça, a caminho da Lagoa de Albufeira - O dia da cidade celebra-se a 24 de junho em honra de S.João Baptista - o mesmo
dia que D. Afonso Henriques conquistou o burgo aos mouros em 1147.
S. João engalanada |
A vila também foi pertença dos Ingleses - de D. Leonor Mascarenhas, e da casa de Bragança. Honrou-se amiúde com a visita quer de monarcas, quer de nobres, por estas terras deixaram palacetes e solares em grandes Quintas - a que chamavam - a outra Banda ou Lisboa oriental em meados do século XVIII.
A igreja de S. Tiago - edificada no início do século XIII fora das muralhas do castelo - num período de aumento demográfico da vila . Em 1724, a igreja foi “reedificada” - viria a ser mais tarde novamente - respeitando a abóbada de nervuras, pós-manuelina, que cobre a capela-mor, não interferindo também no corpo da nave, que manteve o revestimento integral de azulejos de padrão, da primeira metade do século XVII, de todo o património existente na altura foi a que menos sofreu com o terramoto de 1755. Resistiram os monumentais painéis da capela-mor, encomendados entre 1730 e 1740, descrevem dois momentos capitais da lenda do orago da freguesia, apresentando do lado da epístola a Trasladação do corpo de São Tiago e do lado do evangelho São Tiago combatendo os mouros na batalha de Clavijo.A capela mor é lindíssima. O tecto é rematado por rosáceas de calcário, e ao meio a Cruz de Malta e a dos Templários, a ordem a que pertencia. Urge necessidade de acudir à ermida com obras de manutenção: torre do campanário de pedra a desintegrar-se, igual com a abóbada onde está a pia batismal, paredes com humidade, chão com remendos de madeira inestética altos, perigosos...confesso, a tela moderna encomendada ao mesmo autor de outras do género na capela do Cristo Rei não se coaduna com a antiguidade aqui patente, no meu ver o altar em degraus com o Santo no pedestal era mais adequado à época. Há outras belas imagens - S. Tiago; S.Jorge; Nossa Senhora da Conceição e,...
A minha dedução de forte possibilidade em que se tornou o ritual ancestral em pagão...
Corria o anos de 1872 - atesta o azulejo da frontaria da Quinta de S.João da Ramalha - propriedade da família Abranches, ainda o conheci pequeno e bem bonito, há anos foi substituído por este painel que cobre a cimeira do portão . Gente devota, desejava abundância nas colheitas - uvas e frutas - o mesmo voto que a Quinta do Pombal ( oferta do Marquês a uma das suas amantes) que com ela entesta, além de outras .
Lógico que tal pedido se fizesse suar ao prior no convite da imagem do Santo padroeiro vir em romaria de procissão à Quinta com o seu nome, sendo esta fora de portas de Almada, o jeito seria o Santo ficar na sua capelinha , o que muito honraria sobretudo as senhoras que aí oravam diariamente - a que se juntou o néctar de boa casta aqui produzido como oferenda para as missas do prior, gastronomia de festa rija - boa amêijoa à Bulhão Pato apanhada no Porto Brandão e, filhoses de bom trigo moído nos moinhos do Monte de Caparica, quem sabe também hospedaria - no dia seguinte a procissão saia da capelinha de Santo Antão em direção ao Pragal na única estrada de ligação - Costa de Caparica a Almada - entrava na vila à Quinta dos Espartários também com uma belíssima capela dedicada a S. Sebastião, mais à frente na agora rua Capitão Leitão passava ao palácio dos Marqueses de Fronteira...não sei a localização ( o edifício da Câmara com a torre é o que restou da antiga igreja de Santa Maria do Castelo aquando do terramoto)e seguia em direção à igreja de S. Tiago, assim os donos e vizinhos se sentiam abençoados, e do prior de barriga, e carroça cheia: vinho;azeite e figos fartos aqui chamados pelo nome do SANTO, nem se fala.
O meu marido lembra-se nos anos 60 de ver a procissão passar ao Pancão - depois de passar o palio e os peregrinos fechava-se com uma carroça e nela homens bêbados a entoar música com canas - havia quem lhe chamasse - Procissão dos Bêbados -
Fui peregrina na procissão em 79, depois de casar vim morar no concelho. Lembro-me da capelinha muito velhinha, tudo em redor canavial, com caminhos em terra batida. Havia homens bêbados que colhiam canas com o canivete e delas faziam flautas ao rachar uma das pontas para fazer soar música , em cantoria seguiam no fim da procissão a cambalear ...a procissão demorava quase 3 horas, além do andor do Santo, havia outro, - que deveria ser o da Santa(?) com os anos por falta de homens capazes de o carregar este culto abandonado...e, não devia!
Nesse tempo a procissão que saia da capelinha da Ramalha era conhecida por - Procissão das Canas - Também eu me recordo de na espera da procissão se armar em cortejo me abeirar do canavial, com a unha cortava a ponta de uma fresca - durante o percurso a enrolava e trazia comigo, a guardava até ao ano seguinte dentro da minha vitrine de recordações, jarrinha minúscula de pau-preto, onde se juntavam outros raminhos igualmente colhidos de outros lados com a mesma satisfação.
Poucos foram os anos, deu-se uma grande expansão urbanística, das canas nem rizomas, e o nome nem mais se fala, ficou apenas na tradição agora conhecida - Procissão da Ramalha.
Lembro-me de ouvir dizer ao povo desses tempos e ainda hoje aos mais velhos que o falam à boca cheia
" O Santo vem dormir uma noite com a Santa da Ramalha"...
Pergunta-se, mas como, se a capela tem orago de Santo Antão?
Santas...nenhumas...há gente que fala numa... não sei agora o nome...uma boa questão!
Corria o anos de 1872 - atesta o azulejo da frontaria da Quinta de S.João da Ramalha - propriedade da família Abranches, ainda o conheci pequeno e bem bonito, há anos foi substituído por este painel que cobre a cimeira do portão . Gente devota, desejava abundância nas colheitas - uvas e frutas - o mesmo voto que a Quinta do Pombal ( oferta do Marquês a uma das suas amantes) que com ela entesta, além de outras .
Lógico que tal pedido se fizesse suar ao prior no convite da imagem do Santo padroeiro vir em romaria de procissão à Quinta com o seu nome, sendo esta fora de portas de Almada, o jeito seria o Santo ficar na sua capelinha , o que muito honraria sobretudo as senhoras que aí oravam diariamente - a que se juntou o néctar de boa casta aqui produzido como oferenda para as missas do prior, gastronomia de festa rija - boa amêijoa à Bulhão Pato apanhada no Porto Brandão e, filhoses de bom trigo moído nos moinhos do Monte de Caparica, quem sabe também hospedaria - no dia seguinte a procissão saia da capelinha de Santo Antão em direção ao Pragal na única estrada de ligação - Costa de Caparica a Almada - entrava na vila à Quinta dos Espartários também com uma belíssima capela dedicada a S. Sebastião, mais à frente na agora rua Capitão Leitão passava ao palácio dos Marqueses de Fronteira...não sei a localização ( o edifício da Câmara com a torre é o que restou da antiga igreja de Santa Maria do Castelo aquando do terramoto)e seguia em direção à igreja de S. Tiago, assim os donos e vizinhos se sentiam abençoados, e do prior de barriga, e carroça cheia: vinho;azeite e figos fartos aqui chamados pelo nome do SANTO, nem se fala.
O meu marido lembra-se nos anos 60 de ver a procissão passar ao Pancão - depois de passar o palio e os peregrinos fechava-se com uma carroça e nela homens bêbados a entoar música com canas - havia quem lhe chamasse - Procissão dos Bêbados -
Fui peregrina na procissão em 79, depois de casar vim morar no concelho. Lembro-me da capelinha muito velhinha, tudo em redor canavial, com caminhos em terra batida. Havia homens bêbados que colhiam canas com o canivete e delas faziam flautas ao rachar uma das pontas para fazer soar música , em cantoria seguiam no fim da procissão a cambalear ...a procissão demorava quase 3 horas, além do andor do Santo, havia outro, - que deveria ser o da Santa(?) com os anos por falta de homens capazes de o carregar este culto abandonado...e, não devia!
Nesse tempo a procissão que saia da capelinha da Ramalha era conhecida por - Procissão das Canas - Também eu me recordo de na espera da procissão se armar em cortejo me abeirar do canavial, com a unha cortava a ponta de uma fresca - durante o percurso a enrolava e trazia comigo, a guardava até ao ano seguinte dentro da minha vitrine de recordações, jarrinha minúscula de pau-preto, onde se juntavam outros raminhos igualmente colhidos de outros lados com a mesma satisfação.
Poucos foram os anos, deu-se uma grande expansão urbanística, das canas nem rizomas, e o nome nem mais se fala, ficou apenas na tradição agora conhecida - Procissão da Ramalha.
Lembro-me de ouvir dizer ao povo desses tempos e ainda hoje aos mais velhos que o falam à boca cheia
" O Santo vem dormir uma noite com a Santa da Ramalha"...
Pergunta-se, mas como, se a capela tem orago de Santo Antão?
Santas...nenhumas...há gente que fala numa... não sei agora o nome...uma boa questão!
Hoje, felizmente a capela encontra-se recuperada...contudo a necessitar de vistoria urgente a parede de ligação à casa apresenta sérias infiltrações de humidade que estão a dar cabo da pintura a imitar marmoreados - muito graciosos.As telas são bonitas. Toda a capelinha é encantadora.
Havia
arraiais em Almada velha um pouco por todo o lado. A sardinha no arraial do Partido Comunista tinha acabado. A noite estava agradável, no Jardim do
Castelo era aprazível a calmaria da noite amena. Comi pela primeira vez
"sardinha no pão"numa taberna - percebi o gosto de tal petisco.Bebi vinho
tinto do bom, e ainda comi uma fartura.Dei um gostinho ao pé no
bailarico, sem dançar.
Fogo de artifício |
Hoje - dia do padroeiro - a procissão saiu com atraso da Ramalha - digo eu - fez espera das gentes da autarquia e convivas, alegre almoço em dia feriado da cidade habitual no Pavilhão do Feijó, debalde entusiasmados com a almoçarada rija - esqueceram outras festas da cidade - não vi que alguém comparecesse ao ritual de levar o Santo de volta a casa...já passavam das 8 horas quando a procissão terminou - mal o Santo assentou no pial do portal da ermida deu mote a outra tradição - as flores do andor são para o povo - o prior avisa antes o Santo entra e só dentro da ermida é despido pelos escuteiros e acólitos, sem dó nem piedade - fica nuzinho de fazer pena... cravos e gladíolos vermelhos são depois por eles ofertados aos peregrinos que esperam ansiosamente na porta...em atropelos esticam os braços e arrepanham as flores uns dos outros - um frenesim - os homens da Irmandade são os primeiros, mal poisam o andor surripiam os boquets de florzinhas amarelas e ramos fartos de cravos - em voz alta para calar os demais boquiabertos, entoam - merecemos - carregámos com o andor ontem e hoje. Claro que sim. O fausto cacho de uvas - símbolo da Quinta da Ramalha de outros tempos, não sei quem o come - também o mesmo simbolismo da coroa ornada de várias frutas, que segue na procissão na frente do andor carregada por duas raparigas enfiada num varão de madeira - dá graça imensurável pelo colorido e simbolismo de riqueza que aqui existiu - e só acabou com a expansão urbanística, é sempre leiloada na porta da ermida - rematada por 50€ - um costume, graciosa enfeitada com: pêssegos, ameixas, figos grandes pretos de S. João, cerejas, pêras, nêsperas e,...por entre folhagem de hera e outras verduras.
Este ano ganhei três cravos e um raminho de verdura!
Este ano ganhei três cravos e um raminho de verdura!