Quinta feira a manhã acordou com tempo enevoado a que muitos chamam cacimba , o que não amorteceu o mote em teimar sair de casa, a caminho da Trafaria.
Uma bela buganvília redobrada em carmesim, uma das minhas cores predileta!
Uma bela buganvília redobrada em carmesim, uma das minhas cores predileta!
A vila é castiça com algum casario emblemático ao estilo século XIX; casas modestas, chalets, muitas com revestimento a azulejos, telhados em platibanda, decorados com faiança; vasos , pinhas, balaustres e estatuetas.
Chalet do tipo da Alsácia do casal francês Combemale que aqui morou, o marido era engenheiro, instalou a Fábrica de Dinamite na Trafaria.
Igreja pintada de amarelo suave com apontamentos em brancoChalet do tipo da Alsácia do casal francês Combemale que aqui morou, o marido era engenheiro, instalou a Fábrica de Dinamite na Trafaria.
Pedi à minha filha para traduzir a numeração romana-, resposta na muge!
Após o 25 de abril no fim da mata nacional já no areal a poente foi sendo absorvido por anexos, que há anos quis conhecer, lembro que tudo me chocou o olhar naquele paraíso dunal em contraste com o costado de pinheiro manso, a quilométricos do Tejo, seriam uns 3? Por se mostrar enxovalhado de barracas, com telhados de zinco, portas e janelos em platex, latas em policromia e mistura de plásticos, no convívio com cães em matilha ao sol deitados e senhores nas parcas placas de cimento em cima da areia a delinear o caminho da avenida na espelunca e monos de lixo por entre estendais de paus com roupa e carros de alta cilindrada...Já na vila o ambiente é muito pacato, apenas os silos incomodam com o barulho e o tráfego desmesurado dos camions no vaivém contínuo.
O chuvisco apanhou-nos no passeio Ribeirinho-, olhei a capital em montra perdida à beira do Tejo, envolta em névoa cerrada ,melhor mote para aparecer o nosso D. Sebastião e nos salvar de gente que não sabe mandar...
Andantes a saborear a calmaria pelo passeio público onde também jazem barcos de arrasto a bivalves todos nesta cor laranja, palmeiras em agonia e areias deixadas pelas marés vivas...
No pior?
A mafia das empresas que lucram milhões e ninguém lhes dita COIMAS-, no abuso dos cabos eléctricos e telefónicos, em cruzamento a torto e a direito, sem qualquer estética no horizonte, a mim chocam e muito o meu olhar!
Triste em agonia a beijar o Tejo o Lazareto com o quartel e a capela de Nossa Senhora da Saúde, apenas a Cruz, as janelas de arco quebrado e os fogaréus em pedra se destacam no alto.Vista do quartel
Ao fundo em cima do muro de pedra onde estavam as baterias
Melhor placa seria em azulejo? |
O tempo que sonhei com o Pai Natal em que punha cartas numa Caixa vermelha igualzinha...Debalde nunca me deu resposta , deixei de acreditar nele, pior gostar do vermelho! |
Ao alto da cimalha o painel azulejar com a bandeira do Brasil, não sei se o dono enriqueceu no país, uma forte probabilidade(?).
Quem lhe acode?
Aldrabas prendem sempre o meu olhar-, sinto em nostalgia, a força das mãos que nelas seguraramA graça do peitoral das janelas, simboliza na minha cabeça o apoio dos braços das raparigas a namorar ...
Belo portão em ferro forjado pela graça das iniciais do nome do dono da casa
Uma estatueta que numa mão segura uma roda dentada, supostamente o trabalho do dono da casa.
Lamento profundo do abandono total desta igreja, em ruína total.
Reparei no cimo da elevação uma brutal vivenda minimalista de comprimento a perder de vista com arcadas e vista deslumbrante de 180º, acredito seja fabulosa, da administração da Esso(?)
O que resta de um chalet em madeira
O piquenique foi no parque junto da GNR, na Mata Nacional, junto da antiga casa do guarda florestal.
O Vicente adorou, vaidoso com uma pulseira que a Maria lhe fez em Ansião.
O piquenique pensado em "cima do joelho", para alegria da minha Dina, saldou-se num bom arroz de tomate e pimentos com pataniscas e pastéis de bacalhau, boa salada de alface, tomate, pepino, pimento e cebola portuguesa, vinho tinto, pão de centeio, pêssegos do lavrado da minha mãe, gelado de chocolate café, que levo sempre o termo.
O afeto partilhado na companhia é hilariante até nos animais.
O casal de pombos no passeio, juntinhos. Amei!