Amanheceu o dia com sol, pouco depois das 7,30 da matina na autoestrada
do sul no ramal da Amora vi refletidas no espelho as luzes das motas Harley em alinhamento a 120, ordeiros - foi preciso o meu marido infringir o limite nos 140 ao Micra carregado para captar as fotos...
Também o sonante roncar dos tubos de escape.
Madrugaram cedo da concentração de Cascais, desde sexta feira, saíram rumo a casa, pela matrícula - Holanda.
Pouco mais
de uma dezena, de todas as cores: a solo: no masculino, e feminino; ainda
casais, e apoio logístico-carrinha forrada a autocolantes...
Amei a cor desta Harley...
Fez-me lembrar a minha adolescência - um Opel Manta lindo, pintado nesta cor - nele viajei pela primeira vez até ao Algarve: vi burros a puxar carroças, figueiras, alfarrobeiras e o hotel de Montechoro, junto a este um galinheiro a fazer-lhe extrema...coisa que me deixou a pensar!
Fiquei muito encantada com esta surpresa - sempre gostei das Harley-Davidson!
Jamais me aventuraria a guiar uma, medricas do caraças, nisto, porque noutras coisas sou bem afoita!
Fez-me lembrar a minha adolescência - um Opel Manta lindo, pintado nesta cor - nele viajei pela primeira vez até ao Algarve: vi burros a puxar carroças, figueiras, alfarrobeiras e o hotel de Montechoro, junto a este um galinheiro a fazer-lhe extrema...coisa que me deixou a pensar!
Fiquei muito encantada com esta surpresa - sempre gostei das Harley-Davidson!
Jamais me aventuraria a guiar uma, medricas do caraças, nisto, porque noutras coisas sou bem afoita!
Perdi-as de vista ao mudar de rota a caminho de Alcochete para a estreia na sua feira de velharias e artesanato.Um pandemónio, as novas e velhas estradas com rotundas enormes, e má sinalética - um horror - perdemo-nos em voltas e voltinhas - inventei há muitos anos um termo para cenas mirabolantes "Coynamaynn street" num repente estávamos no meio dos terrenos agrícolas quase a rondar as salinas do Samouco - antes atravessámos uma longa estrada ladeada por vedação, na berma pedestais em cimento triangulares pintados de amarelo com letras - de metro a metro...deve ter algum significado - do lado direito uma sequência de casinhas tipo bairro popular, ao fundo em frente do esteiro e do sapal deparei com o grande batatal arrancado com o trator - as batatas cobriam a terra à espera de apanha rápida...o sol a raiar forte, o seu inimigo!
No meu julgar antes da recessão se instalar foram feitos grandes empreendimentos no Montijo e Alcochete. Irreconhecível a explosão habitacional em S. Francisco - fiquei com a nítida sensação de se tratar de um condomínio fechado - num repente engole a estrada antiga - perdemo-nos nas estradinhas novas que mais parecem labirintos: sobe, desce, rotundas , becos, jardins, casario velho, novo, agrícolas e, ...falta sem dúvida uma avenida sem entraves que ligue estas duas lindas terras - ainda é tempo - tanto o campo ainda vazio. Assim haja força e vontade em a fazer, possivelmente obra parada julgo pelo abrandamento da economia - mas que faz falta, não haja dúvida. Na volta havíamos de nos voltar a perder, já íamos a caminho da Atalaia quando reparei no azulejo da Quinta de Palhavã, ainda nos exaltámos, houve desculpas, Deus ajudou no desaguisado, quando finalmente teimei no meu poder de orientação, ainda ouvi "ainda vamos parar a Lisboa pela ponte Vasco da Gama"...estava certa na minha intuição, a sinalética é que deixa muito a desejar - coitados dos mais inexperientes e turistas - daqui para se dirigirem a Lisboa dispõem de três variantes : Vasco da Gama, Vila Franca de Xira e ponte 25 de abril.Ontem não houve feira no Pinhal Novo. Em Alcochete a organização está entregue aos Bombeiros, apareceram mais feirantes, ainda outros que comigo tinham estado na véspera em Setúbal - o bombeiro rapaz novo, mostrava-se incapaz para acudir a todos, com dificuldade em analisar o organograma feito à mão...não fosse o expediente da Fernanda, batida em feiras em aligeirar a distribuição dos lugares, perdia-se tempo. Montei o estaminé na frente da banca do João Santiago - feirante desde 68 - uma vida - dos colegas, o mais velho - homem simpático, afável, educado que conheço da minha primeira feira na Costa de Caparica no feriado de Novembro - ontem o dia que se conversou mais, de sorriso maroto disse-me "gosto de ti, és uma mulher muito intuitiva e não voltes a tratar-me por senhor - esse está no céu!". Emprestou-me uma banca que eu gostava de ter uma igual, robusta e muito fácil de transportar em relação às minhas mesas pesadíssimas "para mal dos meus pecados"...
No meu julgar antes da recessão se instalar foram feitos grandes empreendimentos no Montijo e Alcochete. Irreconhecível a explosão habitacional em S. Francisco - fiquei com a nítida sensação de se tratar de um condomínio fechado - num repente engole a estrada antiga - perdemo-nos nas estradinhas novas que mais parecem labirintos: sobe, desce, rotundas , becos, jardins, casario velho, novo, agrícolas e, ...falta sem dúvida uma avenida sem entraves que ligue estas duas lindas terras - ainda é tempo - tanto o campo ainda vazio. Assim haja força e vontade em a fazer, possivelmente obra parada julgo pelo abrandamento da economia - mas que faz falta, não haja dúvida. Na volta havíamos de nos voltar a perder, já íamos a caminho da Atalaia quando reparei no azulejo da Quinta de Palhavã, ainda nos exaltámos, houve desculpas, Deus ajudou no desaguisado, quando finalmente teimei no meu poder de orientação, ainda ouvi "ainda vamos parar a Lisboa pela ponte Vasco da Gama"...estava certa na minha intuição, a sinalética é que deixa muito a desejar - coitados dos mais inexperientes e turistas - daqui para se dirigirem a Lisboa dispõem de três variantes : Vasco da Gama, Vila Franca de Xira e ponte 25 de abril.Ontem não houve feira no Pinhal Novo. Em Alcochete a organização está entregue aos Bombeiros, apareceram mais feirantes, ainda outros que comigo tinham estado na véspera em Setúbal - o bombeiro rapaz novo, mostrava-se incapaz para acudir a todos, com dificuldade em analisar o organograma feito à mão...não fosse o expediente da Fernanda, batida em feiras em aligeirar a distribuição dos lugares, perdia-se tempo. Montei o estaminé na frente da banca do João Santiago - feirante desde 68 - uma vida - dos colegas, o mais velho - homem simpático, afável, educado que conheço da minha primeira feira na Costa de Caparica no feriado de Novembro - ontem o dia que se conversou mais, de sorriso maroto disse-me "gosto de ti, és uma mulher muito intuitiva e não voltes a tratar-me por senhor - esse está no céu!". Emprestou-me uma banca que eu gostava de ter uma igual, robusta e muito fácil de transportar em relação às minhas mesas pesadíssimas "para mal dos meus pecados"...
Estreei-me com a venda de jarrinhas "casca de cebola" a uma linda senhora loira acompanhada de uma amiga ruiva, sardenta de olhar doce - Maria Policarpo. A conversa levou-me a falar do blog, a Cíntia atenta - o nome da bela senhora loira - diz-me " não me diga que o blog é o Lérias onde tenho aprendido tanto?..." pois estava certa no nome, agora sobre a aprendizagem, gostei de ouvir confesso. Ao se incutir o gosto nas velharias de quem nos lê, acredito hajam mais pessoas interessadas em valorizar e até, em as adquirir...acabou por fazer mais compras noutras bancas. Falámos ainda dos sites de leilões das aldrabices e dos enganos -que os há - acredito que um dos sucessos de vendas resulta de algumas pessoas não se predisporem a ir às feiras - julgam que não é do seu estatuto - ora as feiras são milenares, vivas, autenticas, intemporais. Deixei de fazer compras on line , tão pouco perco tempos a ver páginas dos artigos - comprei um penico que trazia a asa colada com fita cola, um prato grande que chegou pequeno, ainda acerbas apostas no hora do fecho dos leilões, debalde perde-se a peça porque inexplicavelmente outros interesses maiores se alevantam, na maioria são uma carestia e aparece muito lixo!
Vinha de mais uma voltinha à casa de banho - um reparo - deviam ter um zelador para alertar os serviços camarários , não custa nada o pessoal da manutenção tratar destes espaços - falta um trinco na porta, papel e sabão azul e branco - os jornais no desembrulha e embrulha encarde as mãos...
Acabei por me perder no papel de zeladora ... o meu olhar avistou ao longe uma casa alta com uma tira de azulejos grandes - Arte Nova - serão de Aveiro? com remates a Coruchéus - nome dado aos terminais que podem ter vários formatos: Pianhas; urnas; fogachos ou fogaréus; vasos; pinhas; figuras humanas; o mundo e,...de muitos telhados caraterísticas das terras ribeirinhas do Tejo: Vila Franca de Xira, Alhandra, Paço d'Arcos, Almada, Moita; Setúbal e,...Alcochete. A foto da direita foi tirada na véspera em Setúbal da minha banca. Quem me lê sabe que adoro azulejaria.Os terminais são coruchéus - Mundo- intervalados por outros em forma de pinha.
Alcochete
Terra cuja fundação atribuída a 850 A. C. foi tornada vila com D. JoãoII, aqui nasceu o o rei D. Manuel I em maio de 1469 - o meu mês - e, mais tarde este lhe viria a conceder o foral em 1515. Foi a Cíntia que me avivou o nome - coruchéus - quando depois do almoço a voltei a encontrar e lhe contei a minha odisseia, trazia ela uma grande travessa que tinha sido da sua avó oferta do avô que trabalhou na Companhia Nacional de Navegação. Percebi logo que era inglesa sem ver o tardoz, marca azul esborratada e, ainda uma marca gravada na pasta. A minha amiga Leonor Ceia há tempos ofereceu-me uma série de objetos pertença uns da sua querida avó, outros da sua querida mãe - destaco duas travessas grandes com a mesma bordadura igual à da Cíntia e, os mesmos dourados nas pegas - foi o Santiago que me alertou - um dos donos da fábrica de Sacavém - Gilbert(?) foi também dono de outras fábricas de loiça : Vista Alegre e da inglesa onde foi feita a travessa da Cíntia - sendo que as minhas julgo serem VA - têm o mesmo formato e acabamento só diferem na estampa. Agora o inimaginável. A Cíntia ofereceu-me a sua travessa herança da sua querida avó.
Fiquei extasiada, sem palavras para articular - sei que a abracei - agraciei com dois beijinhos apesar de ela dizer que se sentia engripada - uma atitude que jamais vou esquecer!
Vinha de mais uma voltinha à casa de banho - um reparo - deviam ter um zelador para alertar os serviços camarários , não custa nada o pessoal da manutenção tratar destes espaços - falta um trinco na porta, papel e sabão azul e branco - os jornais no desembrulha e embrulha encarde as mãos...
Acabei por me perder no papel de zeladora ... o meu olhar avistou ao longe uma casa alta com uma tira de azulejos grandes - Arte Nova - serão de Aveiro? com remates a Coruchéus - nome dado aos terminais que podem ter vários formatos: Pianhas; urnas; fogachos ou fogaréus; vasos; pinhas; figuras humanas; o mundo e,...de muitos telhados caraterísticas das terras ribeirinhas do Tejo: Vila Franca de Xira, Alhandra, Paço d'Arcos, Almada, Moita; Setúbal e,...Alcochete. A foto da direita foi tirada na véspera em Setúbal da minha banca. Quem me lê sabe que adoro azulejaria.Os terminais são coruchéus - Mundo- intervalados por outros em forma de pinha.
Alcochete
Terra cuja fundação atribuída a 850 A. C. foi tornada vila com D. JoãoII, aqui nasceu o o rei D. Manuel I em maio de 1469 - o meu mês - e, mais tarde este lhe viria a conceder o foral em 1515. Foi a Cíntia que me avivou o nome - coruchéus - quando depois do almoço a voltei a encontrar e lhe contei a minha odisseia, trazia ela uma grande travessa que tinha sido da sua avó oferta do avô que trabalhou na Companhia Nacional de Navegação. Percebi logo que era inglesa sem ver o tardoz, marca azul esborratada e, ainda uma marca gravada na pasta. A minha amiga Leonor Ceia há tempos ofereceu-me uma série de objetos pertença uns da sua querida avó, outros da sua querida mãe - destaco duas travessas grandes com a mesma bordadura igual à da Cíntia e, os mesmos dourados nas pegas - foi o Santiago que me alertou - um dos donos da fábrica de Sacavém - Gilbert(?) foi também dono de outras fábricas de loiça : Vista Alegre e da inglesa onde foi feita a travessa da Cíntia - sendo que as minhas julgo serem VA - têm o mesmo formato e acabamento só diferem na estampa. Agora o inimaginável. A Cíntia ofereceu-me a sua travessa herança da sua querida avó.
Travessa oferecida pela Cíntia |
Travessa oferecida por Leonor Ceia |
Levei-a de novo à minha banca, disse-lhe "escolha qualquer coisa..." - Ato imediato responde - escolha a Isabel - só sabia que gostava de jarrinhas - a escolha recaiu numa da Fábrica Carvalhinho. Disse-me ainda que a Maria a sua irmã adotiva, ambas são filhas únicas e a Cíntia linda não tem filhos, em conversa com o meu marido este disse-me que ela lhe contou que o marido tem um príncipe com 8 anos,que ela gosta como se fosse seu . A Maria, não menos linda, não sei se os terá ... tem sim - um príncipe de 26 anos!
O que sinto - se eu vivesse em Alcochete queria ser irmã adotiva de ambas - senhoras amorosas com "muita boa onda", cultura e estórias de vida: da Maria, e dos seus antepassados quiçá descendentes da nobreza que aqui habitou - tem rosto de princesa - o palácio será que ainda resiste de pé? Fiquei sem o saber, sonho querer, um dia voltar a falar dele!O dia "fez muitas caras" - ora sol forte a encoberto, o pior foi o vento que se levantou na maré alta.Na minha volta de cortesia pela feira mais uma vez dei de caras com um colega vestido de sweat-shirt branca com golinha azul revirada para dentro "à matador", e calças de ganga a condizer com a sacola feita de outras com bolso, nos pés calçava sandálias. No meu jeito atrevido estabeleci conversa " o colega por acaso não fez a feira no sábado em Ponte de Sôr, se não era você era outro muito parecido amigo da Isabel de Carcavelos?"
O que sinto - se eu vivesse em Alcochete queria ser irmã adotiva de ambas - senhoras amorosas com "muita boa onda", cultura e estórias de vida: da Maria, e dos seus antepassados quiçá descendentes da nobreza que aqui habitou - tem rosto de princesa - o palácio será que ainda resiste de pé? Fiquei sem o saber, sonho querer, um dia voltar a falar dele!O dia "fez muitas caras" - ora sol forte a encoberto, o pior foi o vento que se levantou na maré alta.Na minha volta de cortesia pela feira mais uma vez dei de caras com um colega vestido de sweat-shirt branca com golinha azul revirada para dentro "à matador", e calças de ganga a condizer com a sacola feita de outras com bolso, nos pés calçava sandálias. No meu jeito atrevido estabeleci conversa " o colega por acaso não fez a feira no sábado em Ponte de Sôr, se não era você era outro muito parecido amigo da Isabel de Carcavelos?"
- Resposta fez-se indirecta " olhe lá, se eu não quisesse que a minha mulher soubesse que lá fui?..."Aguentei firme, sorri e desatei a contar " ontem na feira de Setúbal vi um homem que me pareceu sem duvidas ser o Richard Gere, de frente e de perfil, grisalho, magro, a mesma silhueta e olhar, não sei se tinha o dente da frente encavalitado...sei que em segundos o imaginei mais novo vestido de calças xadrez na personagem "Gigolo" na rua a dar saltinhos batendo com um pé na outra perna..."
- Resposta escorreita " ainda agora estive no norte do Brasil, as mulheres também me chamavam - Richard Gere, Cristo e,...mas olhe lá, esteve mesmo na feira de Setúbal?"
- Sim, estive.
- Eu também e não a vi. Não se lembra de ver na feira de Azeitão um homem vestido de túnica até aos pés e cabelos compridos?
- Sim , lembro, parecia um hippie vestido à árabe, tipo intelectual.
- Sou eu. Estava farto de tanto cabelo a entrar pelos olhos e pela boca... não sei quando o volto a cortar!
-Aleijarei o passo com um sorriso depois de um piropo com soslaio malandreco... estava na hora de "dar corda aos chinelos". Parei para cumprimentar o Paulo e a mulher Clara - trouxeram a nora com uma amiga - montaram uma banca de roupa e sapatos em 2ª mão - debalde não se estrearam. Mais acima estava a D. Maria de Jesus com outra amiga - tristes pouco tinham faturado - queriam despachar vidros opacos que outro colega "rodas curtas" e chapelinho tipo Robin dos Bosques com andar à pato, dizia ser murano...esqueceu-se de dizer antes - Tipo - em frente a Fernanda e o marido Fernando, cegou há tempos...invejo a paciência dela, na frente um colega de bengalinha com mobiliário e objetos bons, já no largo encontrei o Sr. António (GNR) com uma pequena prensa, julgava ele que teria comprador para ela a fazer fé na última feira que aqui vendeu uma igual, na sua frente os irmãos Luís Miguel, meu colega profissional ao quadrado e o Paulo, artista com uma banda, tinham peças na banca muito boas, algumas de raridade - estavam desanimados - ninguém tinha perguntado por dois banquinhos de pernas altas em preto a imitar patas de leão com garras douradas e estofos de seda lavrada purpura. Comprei um prato covo de faiança partido na amiga do Santiago - Carla - sobre o qual aprendi da boca dele - um prato Ti Emila. Seguramente saiu de uma fábrica entre Aveiro e Alcobaça - nome dado pelos "ciganos" que os compravam a uma feirante que teria o nome de Emília...vou fazer um post no Lérias...sobre ela haveria de ficar com dúvidas sobre a sua seriedade...sobre o preço fez-me desconto, à posterior disse -me outro, o mesmo ocorreu uma 2ª vez...não simpatizo com gente desta laia, nem um bocadinho...o seu olhar esverdeado sardão, não nega matreirice!
Horas de almoço.O Santiago foi com o amigo que o acompanha de cariz carrancudo e malcriado - cabelo estepe russa, marreco e óculos escuros à cowboy...vendedor de moedas, chateado porque não se estreara...e, que culpa tem os demais?
Fiquei a comer o meu farnel, rematei com suculentos morangos e cerejas - refestelada sentei-me a ler um romance de um dos livros da banca...apaixonante!
O meu marido foi o primeiro a regressar, ficou a tomar conta das bancas enquanto eu fui beber o meu cafezinho, junto ao rio vi o Santiago no seu passo pesado - chamou-me - fez-se para a foto que lhe tirei... diz-me satisfeito "gosto de caril que nem cornos..."
Contemplei o Tejo que beija esta terra. Lindo o quadro em pano de fundo - Lisboa - não menos bonito o varino a baloiçar nas ondinhas da brisa que se fazia sentir. Um dia, há anos, daqui deste cais parti numa fragata recuperada pela Câmara, passei pela ponte Vasco da Gama ainda a ser construída, vinham no rio plataformas grandes - nada menos que o piso - grandes guindastes as levantavam no ar e os punham no acrescento da ponte, até ficar pronta, fazia-se também a cobertura do Pavilhão Atlântico e de outros na Expo...
Caldeirada servida a bordo feita pelo timoneiro, no caldinho juntou massinhas que nos serviu em malgas sob a toalha de plástico da mesa corrida. Boas lembranças de Alcochete, da fragata e, do Tejo !
Acabei por encontrar um café tipo bistrô com loiça branca de design, colheres igual ainda réplicas de pratinhos de vidro a imitar os da VA - amorosos - nisto chega-se uma senhora com um bolo barrado a chantily coberto com morangos - saí, antes que a gulosice me tentasse para lhe pedir uma fatia, lá se ia a minha dieta!
Nova voltinha, novas conversas, voltei a cruzar com o João de Azeitão - "o Cristo" - homem de 60 primaveras, vai celebrar outra daqui a dias - a 10 de julho, caranguejo de signo...dizia-me "mas tu acreditas nessas tretas" - temperamento sensível, humano,despreocupado, bom vivan, disponível, afetuoso de paixão fácil, gosta de escrever anedotas e pensamentos que lê sem rodeios a quem o queira ouvir - gosta de fazer rir e deixar a pensar...dedica-se à cultura de plantas aromáticas - o seu negócio que vende na feira de Azeitão - o seu estaminé repleto de quinquelharia com uma máquina registadora , sobre as novas tecnologias não quer nem aprender, apesar de ter um filho professor de informática na Irlanda - gosta de falar olhos nos olhos - tirou os óculos de sol, vi um olhar doce, esverdeado, cansado e quiçá sofrido, dizia-me "há qualquer coisa em ti que me desespera...sai-me da frente...acho que é o teu sorriso..." ..
- Risada farta! Um bom piropo faz bem, alimento para o ego nesta idade madura a caminhar para a velhice tal como os objectos das bancas - velharias no meio de velharias - na despedida ainda me convidou para comer caracóis, rejeitei por não apreciar - não consigo!
- Disse em jeito de remate, porque não és viúva?Ainda hei-de ir de propósito a Setúbal só para te ver...
- Ri-me com o inusitado assim dito de relance, nunca antes assim ouvido...um lírico!
Logo eu que nem a propósito ontem decidi dedicar-me a leituras - não aprecio confesso, logo comecei por me aventurar com um romance, e a viver um real(?) como se fosse adolescente, apesar da falta de liberdade, coisa que me deixou a pensar!
Conheci também um casal muito simpático, a senhora deu-me um cartão de visita com a citação " Sê a mudança que queres ver no mundo" - Ana Maria Thomã - escreve uma coluna no jornal de Alcochete e, fazia voluntariado no Lar da 3ª idade. Desabafou - sentia-se indignada, usando as suas palavras " fui apelidada de bruxa (?)"...nome depreciativo, só pronunciado por gente de cabeça "oca" ...inevitavelmente saltou-me a vontade de falar desta forma quase ancestral de reviver as raízes e, fazer luz sobre o nevoeiro que envolve as práticas "mágicas" - de uma forma de fazer "medicina" . A magia escondia muitas vezes um conhecimento de ervas , mezinhas , rezas contra: mau olhado, cobranto, cobrão e,... passavam de geração em geração e que substituíam cuidados médicos, inexistentes nos locais recônditos do nosso interior rural. Nas beiras davam-lhe o nome - benzilhoa. Lamentável em pleno século XXI ainda se sofrer na pele além da recessão económica, desemprego, falsos amigos também a ignorância cultural e falta de largueza de horizontes de um sarrafo de gente que não se reciclou, parou no tempo - esperando pacificamente o seu destino - a morte. De louvar a sua nobre intenção - fazer-se ouvir na mensagem e na partilha das estórias de vida - sem rodeios nem fantasmas - a causa para o despedimento do serviço voluntário sustentou-se na argumentação - sem argumento - deveria fazer voluntariado acompanhada. Sem comentários. Perante o que ouvi e sem querer tirar partido - entristeci em o saber, impensável, admitir que nesta terra de caras para o Tejo, acorda todos os dias a sentir a capital, hajam pessoas com dificuldade em assumir a globalização, refugiando-se em telenovelas e religiosidade, não admitem mais conhecimento...seria bom se fosse só aqui, puro engano - em todo o lado - Portugal apesar de quase 40 anos de liberdade continua muito iletrado, adverso a ser activo e moderno!
O saber não ocupa lugar - muito menos abertura para qualquer tema de conversa por mais mediático que seja, falta a estas pessoas teimosia para se manter de mente sã e corpo saudável, apesar da idade do BI. A aposta nos dias que correm incentiva envelhecer com qualidade de vida, mantendo a mente activa inclusive na aprendizagem das novas tecnologias, e exercício físico dentro e fora de água. Entrosámos abordagem sobre ioga, viagens, memórias, e loiça...contou-me que tem um prato de loiça de Sacavém com a torre de Belém em azul que era da sogra apesar desta se ter divorciado do filho há 30 anos. Um ano destes o recebe em casa cheio de filhoses que o sobrinho desta foi incumbido da sua entrega. Ao agradecer a gentileza da oferta perguntou se podia ficar com o prato a que a sogra respondeu - sim - só tinha de lhe arranjar um substituto para ela apresentar na mesa o cozido...ao companheiro dei uma aula sobre a VA na sua produção de vidro por falta de caulino em 1824, enquanto ela atendia o telemóvel, homem de cabelos grisalhos, também me fez lembrar alguém - o Dr Pedro Ribeiro irmão do meu cunhado, os mesmos belos e serenos olhos azuis - adorei o estatuto de professora, por minutos!
Conheci também um casal muito simpático, a senhora deu-me um cartão de visita com a citação " Sê a mudança que queres ver no mundo" - Ana Maria Thomã - escreve uma coluna no jornal de Alcochete e, fazia voluntariado no Lar da 3ª idade. Desabafou - sentia-se indignada, usando as suas palavras " fui apelidada de bruxa (?)"...nome depreciativo, só pronunciado por gente de cabeça "oca" ...inevitavelmente saltou-me a vontade de falar desta forma quase ancestral de reviver as raízes e, fazer luz sobre o nevoeiro que envolve as práticas "mágicas" - de uma forma de fazer "medicina" . A magia escondia muitas vezes um conhecimento de ervas , mezinhas , rezas contra: mau olhado, cobranto, cobrão e,... passavam de geração em geração e que substituíam cuidados médicos, inexistentes nos locais recônditos do nosso interior rural. Nas beiras davam-lhe o nome - benzilhoa. Lamentável em pleno século XXI ainda se sofrer na pele além da recessão económica, desemprego, falsos amigos também a ignorância cultural e falta de largueza de horizontes de um sarrafo de gente que não se reciclou, parou no tempo - esperando pacificamente o seu destino - a morte. De louvar a sua nobre intenção - fazer-se ouvir na mensagem e na partilha das estórias de vida - sem rodeios nem fantasmas - a causa para o despedimento do serviço voluntário sustentou-se na argumentação - sem argumento - deveria fazer voluntariado acompanhada. Sem comentários. Perante o que ouvi e sem querer tirar partido - entristeci em o saber, impensável, admitir que nesta terra de caras para o Tejo, acorda todos os dias a sentir a capital, hajam pessoas com dificuldade em assumir a globalização, refugiando-se em telenovelas e religiosidade, não admitem mais conhecimento...seria bom se fosse só aqui, puro engano - em todo o lado - Portugal apesar de quase 40 anos de liberdade continua muito iletrado, adverso a ser activo e moderno!
O saber não ocupa lugar - muito menos abertura para qualquer tema de conversa por mais mediático que seja, falta a estas pessoas teimosia para se manter de mente sã e corpo saudável, apesar da idade do BI. A aposta nos dias que correm incentiva envelhecer com qualidade de vida, mantendo a mente activa inclusive na aprendizagem das novas tecnologias, e exercício físico dentro e fora de água. Entrosámos abordagem sobre ioga, viagens, memórias, e loiça...contou-me que tem um prato de loiça de Sacavém com a torre de Belém em azul que era da sogra apesar desta se ter divorciado do filho há 30 anos. Um ano destes o recebe em casa cheio de filhoses que o sobrinho desta foi incumbido da sua entrega. Ao agradecer a gentileza da oferta perguntou se podia ficar com o prato a que a sogra respondeu - sim - só tinha de lhe arranjar um substituto para ela apresentar na mesa o cozido...ao companheiro dei uma aula sobre a VA na sua produção de vidro por falta de caulino em 1824, enquanto ela atendia o telemóvel, homem de cabelos grisalhos, também me fez lembrar alguém - o Dr Pedro Ribeiro irmão do meu cunhado, os mesmos belos e serenos olhos azuis - adorei o estatuto de professora, por minutos!
O Santiago viu-me a olhar para a sua banca - anéis de pedras - disse-me "escolhe um que te dou"- escolhi dois e pedi preço - paguei 2 € - as imperiais que tinha acabado de comprar...num sorriso maroto disse "escolheste bem, esse que puseste no dedo de madrepérola, fica-te a matar".
Não queria levantar a banca antes de faturar pelo menos 30€ - para o combustível e almoço - em voz alta fazia-se anunciar " comprem na minha banca, só me faltam 10€..."nisto apareceu um rapaz, amante de moedas, acabou por comprar, procurava uma rara de 1934 ou seria 35?Hora de arrumar caixotes - a pior parte. O Paulo tinha o Nissan entupido de velharias; malas de cartão, balde dos bombeiros, tanque em cimento em miniatura de criança para lavar a roupa, artefato de ânfora romana, lataria, livros e,...sem espaço para um banquito azul a precisar de reparação, ia deitá-lo no lixo, pedi-lho para a minha casa rural. Será sempre o banco do Paulo - assim identifico as coisas que me dão - pelo nome das pessoas que me os ofertaram. Derradeira despedida, cumprimenta-me um bombeiro de estatura pequena e com síndrome de Down, simpático, ligeiro de passos, andava a recolher as bancadas emprestadas a alguns feirantes - trabalhador me pareceu, eficiente, e educado nem se fala!
Na viagem de regresso a casa "delirava com os meus botões"...a cumplicidade da Cíntia e de uma amiga elegante que entretanto passou por nós, e do gosto das três em reciclar objetos deixados no lixo...igual ao Paulo , disse-me a sua mulher Clara que em Setúbal encontrou uma resma de livros antigos encadernados a cabedal junto do caixote do papelão, não hesitou em os levar consigo, os vendeu a bom preço...
A feira no pior - uma mulher que se abeira da minha banca vestida a rendas chinesas e cinto em plástico que lhe dobrava nas banhas a dizer para o filho " olha um saleiro" - o isto - uma peça de porcelana VA usada para inalações em termas. Triste é constatar uma tristeza cultural nas feiras - mulheres e mães iletradas - outra dizia para o marido "olha pedras parideiras" - as pedras - fósseis do Cristo Rei.. Expliquei. Do marido só ouvia " vês a senhora sabe",quando falo sobre as pedras parideiras (numa excursão ao norte as conheceram), voltou a comentar " a senhora sabe", ainda voltaria a repetir mais outra vez, quando se falou sobre o oiro alentejano nas imediações da gruta do Escoural...
cachos floridos anilados das jacarandá |