Ainda a passear pela Calçada de Sant'Ana prendi o olhar numa varanda com a bandeira do Sporting...
Entrei pela Calçada Nova do Colégio-, dado pelo Colégio Novo de Santo Antão, que foi jesuíta, cuja cerca passa muito perto da calçada e a contorna até ao entroncamento com a rua onde nasceu e funciona hoje o Hospital de S.José.
Desconheço o nome deste palácio de gaveto (?) em total abandono
Neste prédio reparei em duas pedras para vasos a ladear a janela , uma tradição portuguesa
Uma grande chaminé, desconheço se foi de padaria ou olaria
Descida com vista sobre outra colina, a do castelo de S.Jorge
Não encontrei o Relógio de Sol que existe nesta rua...
Passou por mim este senhor, não sei se brasileiro ou cabo verdiano, que me dirigiu as boas tardes- em Lisboa, deixou-me de boca aberta!
Entrada do portal do Hospital de S.José. Situado no Campo de Sant’Ana, sobranceiro ao Rossio, o Colégio
de Santo Antão-o-Novo, classificado como imóvel de interesse público
pelo Dec-Lei 8/83, de 24 de Janeiro, seria completado com uma grandiosa Igreja, iniciada em 1613 e terminada em 31 de Julho de 1652, dia de
Santo Inácio de Loyola ( o fundador da companhia jesuíta) e uma formosíssima sacristia, ambas devidas
maioritariamente às liberalidades da Condessa de Linhares, D. Filipa de
Sá.
A sacristia, da autoria do Arq. João Antunes construída entre 1696 e 1700 ainda hoje existe praticamente intacta, é monumento nacional pelo Dec.- Lei 22 502, de 10 de Maio de 1933, e é a atual capela do Hospital de S. José.
Arco comemorativo da vitória sobre Massena( invasões francesas)
Fachada sul de acesso à Biblioteca e Salão Nobre é decorada na frontaria por estátuas de 7 Apóstolos provenientes da Igreja
destruída do Colégio Novo de Santo Antão pelo terramoto de 1755 , as estátuas foram feitas por artesãos italianos, quando as torres caíram no século XIX aproveitam as pedras para pedestal das mesmas.
O átrio da entrada mostra-se quinado e abobadado com pinturas onde a cor tijolo é dominante
Todo o espaço e eacadatório é revestido a painéis azulejares do século XVIII que contam histórias de cenas de caça e batalhas.
O Hospital de Todos os Santos mandado construir por D.João II em 1492 foi sofrendo percalços, a 27 de Outubro de 1601deu-se um dos grandes incêndios que destruíram quadros dos Reis de Portugal e as pinturas a fresco maneiristas. Outro incêndio deu-se a 10 de agosto de 1750 e o terceiro e último, a 1 de novembro de 1755 no incêndio resultante do terramoto de Lisboa.
A ironia foi a de que o Hospital Real de Todos os Santos foi destruído no seu próprio dia, o dia de Todos os Santos.
Este Hospital foi localizado no sitio onde hoje é a Praça da Figueira.Os doentes sobreviventes foram transferidos para o Colégio de Santo Antão que tinha sido a casa principal dos Jesuítas que lhes tinha sido confiscada pelo decreto do Marquês de Pombal, sendo assim aqui criado o Hospital Real de São José.
Foto da maquete do Hospital de Todos os Santos de fachada estilo Manuelino 1492-1759
A maquete deste Hospital
Um vaso em faiança do Hospital de Todos-os-Santos com a sigla 'OS' (Omnia Sanctorum)
O átrio com escadatório nobre de largos degraus em pedra e faustos patamares com as paredes todas revestidas a belos silhares azulejares em azul e branco em ótimo estado
Estranhei haver pedras esculpidas que não identifiquei , supostamente faziam parte de brasões (?) estarem debaixo dum banco...
Existe uma grande quantidade de peças antigas em madeira nos patamares da escadaria, relativas a meios de locomoção desde a idade medieval , como as liteiras, até à primitiva cadeira de rodas em madeira.
Liteira do século XVIII para transporte de doentes
Escadaria nobre do acesso ao Salão Nobre (antiga Aula da Esfera dos Jesuítas) e à Biblioteca.
Um telescópio representado em painel azulejar do século XVIII (Aula da Esfera)Pormenor de um painel de azulejos do séc. XVIII do Salão Nobre do HSJ
Outro motivo azulejar do salão nobre
Biblioteca - jarros da Marinha Grande
No átrio da escadaria nobre não havia segurança, entrei e à revelia tirei fotos, não vi avisos para não tirar e por fim na saída sentei-me numa mesa buffett setecentista de pés torneada e disso gostei por atrás de mim estar a lápide comemorativa ao Prof. José Gentil, um Baixo-relevo de Mestre João da Silva, homenagem dos seus colegas, amigos e discípulos datada de 1936!
Falta conhecer a capela instalada na antiga sacristia . Aqui entrei uma pimeira vez em 1980 com uma colega Sottomayor de Ourém que arribou a Lisboa, escorregou num passeio e bateu com a cabeça, andámos à procura de quarto com serventia de cozinha...foram uma série de horas...
Na saída pelo lado norte debaixo do arco existe um painel azulejar em policromia, o único(?) a ideia que reti ao olhar, mas os carros sempre a passar não registei foto e este grande na parede exterior da entrada.
Os espaços da envolvente a norte com um parque de estacionamento em terra batida onde outrora foi um prédio a meu ver desprestigiante a entrada que há muitos anos se encontra em abandono e desajustada ao Hospital, que é entrada importante, contudo na Rua de S.Lázaro está a sofrer melhoramentos em muitos prédios camarários.
FONTES
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2012/06/maternidade-dr-alfredo-da-costa.html
http://www.chlc.min-saude.pt/hospital.aspx?menuid=164