Foto tirada da Eira da Pedra sobre as vistas sobre a Igreja de Pousaflores e a serra do Anjo da Guarda
A minha mãe de cabeça baixa em oração...dizia-me "ficou tanta coisa para perguntar aos meus pais e avós"...
Lápide funerária de um padre no passeio público
Lindo o enfeite de algumas campas de terra rasa a lembrar a pintura Naif
Aprecio campas de grade em ferro forjado
O meu avô repousa em campa rasa quase ao fundo do cemitério, ao meio de duas enfeitadas, perdura no tempo a jarra comprada há anos numa feira de velharias de Algés, em que levei a minha mãe e a vimos nova num estaminé de chão, o vendedor, um rapaz espigado, se desfazia de bens superfulos de casa dos pais por terem falecido, ainda lhe comprei um espanador que veio do navio Vera Cruz onde o pai trabalhava.
Depois da rasia do jardim da casa da minha mãe na apanha de flores para a campa do meu pai no cemitério de Ansião, só restou a trepadeira de belas flores azuis com que enfeitei a jarra do meu avô e sobre o leito espalhei pétalas de rosa, porque na verdade o que mais interessa é a intenção, a visita e jamais o esquecimento, apesar de não o ter conhecido, dele sempre me falou muito bem a minha mãe.
Único jazigo neste cemitério com dois bustos na fachada
Neste dormitório da morte existem campas de valor arquitectónico.
Umas tratadas outras em total abandono...que constrange o coração!
Saímos na direção do cemitério novo, na frente da sua bela casa com os raios de sol em pedra a raiar nas paredes, entrava no seu Mercedes, o António Simões, confesso não sei se era a sua irmã Fátima, que me cumprimentou já no cemitério, palpitei que fosse uma irmã mais nova (?) só conheço melhor os seus irmãos, o Miguel e o António. Mas a verdade é que era ela-, afinal me pareceu muito mais nova do que as fotos pelo face documentam. Haveria de lhe deixar um comentário "Assim sendo desculpa não ter falado contigo, estive na conversa com o Leonel Fernandes da Moita Redonda, e uma irmã que vive em Condeixa, em nova foi bordadeira, até me confundiu com a minha cunhada, ao dizer que me tinha bordado o enxoval, a que respondi praseirosamente- antes fosse, que o meu foi bem mais pobre bordado pela Adélia da Portela ,em comparação com o que bordou para a minha cunhada..." ainda confidenciou que se lembra bem de ir à loja dos meus avós ao Vale comprar o aviado para casa, vinha pelo caminho com o saco a brincar, também do meu avô Zé Lucas ter falecido, teria uns 8 anos, a sua mãe a mandou que fosse levar lá a casa umas fitas brancas para que lhe atassem os pés-, a que responde a minha mãe, era hábito nesse tempo atarem os pés aos defuntos e no ânus punham um carolo de milho...
Após as despedidas tinha em mente seguir pelo antigo caminho de ligação de Chão de Couce a Pousaflores na direção do Pobral, à direita, logo depois de umas casas-, num ano destes a minha mãe ao andar a pé com a minha filha por aqui atreveu-se e roubou umas flores que se espraiavam no muro para levar para a campa do pai, naquilo chega-se a dona que a maltrata e só se acalma quando se apresenta e diz para quem são as flores, e desata a falar, " bem conheci os seus pais de quem era amiga " solta em sorrisos até deu mais flores... e este ano não havia uma flor, será que já faleceu?
Ao afrouxar o andamento para me preparar para mudar de direção, senti receio de ainda ficar empanada, o certo foi decidir seguir em frente.O que fiz.
O certo era o caminho ser largo o bastante e limpo na ligação ao cemitério velho, sendo ancestral, além de dar ênfase ao Cruzeiro que nele existe e ainda não conheço!