Entusiasmada por colegas na feira de velharias de Figueiró dos Vinhos rumei no 1º sábado do mês a Coimbra para fazer a feira SEM REGRAS no adro do Convento de Santa Clara.
Levei a minha mãe que gosta destas andanças.Cheguei antes das oito da manhã seguindo as coordenadas trilhando uma estrada secundária de terra batida com buracos cheios de água , num repente entrei no relvado adjacente ao Convento, subi uma rampa atrás de outro carro, deparei-me com o recinto completamente cheio de vendedores tive de ir abancar ao fundo na calçada na curva da estrada.
- Constatei tratar-se de uma feira da ladra onde na maioria é gente de todas as idades a vender roupas e sapatos em 2ª mão. Há outras bancas com espólio de heranças e bens de casa que no momento se desfazem para superar dificuldades, fatalmente o que ouvi de alguns.
Havia uma meia dúzia de bancas com mercadoria boa -, e até algumas com preços extraordinários para negócio, mas não ia com espírito para compras, mais para vender, e vendi pouco, porque os vendedores de ocasião vendem tudo ao desbarato -, tudo o que recebem é sempre lucro-, e com isso estragam as vendas dos colegas com o mesmo artigo...não me contive e tal transmiti ao colega que estava ao meu lado quando o vi vender um candeeiro de petróleo por 5€ -, há 15 dias só uma chaminé de bicos custou-me 8...
- Falei com muitos colegas, cada vez vou conhecendo mais...Sr Zé, D. Helena e Tony todos de Pombal, Jorge de Coimbra, e um casal novo na sua 3ª feira - Paulo Pinho homem bem parecido vestido de negro a fazer jus à barba e aos cabelos ondulados meio compridos, adora fotografia -, tirou algumas no recinto a preto e branco,- a esposa Agnes de Monção nascida no estrangeiro provavelmente filha de emigrantes, senhora lindíssima que poderia ter sido Miss Portugal tal a beleza exótica e pele porcelana -, vinham da cidade da Feira num jipe vermelho para venda de stoks de roupa de grande qualidade e outros artigos ,- comprei-lhe um par de calças que adoro. Casal muito simpático e afável com 19 anos de relação, de aparência mui jovem e moderna, simples, agradáveis na conversa, sempre atentos em aprenderem mais -, o Paulo confidenciou-me "hoje aprendi muito nesta feira" sem sofismas de gente de cabeça oca, antes gente boa, educada, descomplicada que dá prazer manter amizade. Adorei conhece-los fosse pela conversa ou pela partilha de histórias...dizia o Paulo "o meu pai faleceu não tive tempo de lhe dizer o quanto gostava dele e,..."no final da feira o Paulo mostrou-se muito gentil ao oferecer-se para me tirar o carro...quando o estacionei nem reparei que pela frente não era uma rampa como me pareceu, antes uma escadaria com degraus largos...devagarinho roda a roda o tirou, ainda ajudou a arrumar os caixotes. Julgo no domingo iam para a feira de Miranda do Corvo.
- Na minha frente montaram estaminé duas raparigas com roupa em 2ª mão, ao fim de uma hora por nenhum freguês lhes perguntar fosse o que fosse levantaram a tenda e partiram...estavam cheias de sono da nigt...
- A outra ao lado trouxe duas caixas com vasinhos em cerâmica, neles plantas de salsa, reles, amarelada, e mui frágil a cair com o sol...sentada na calçada esperava freguesas...só enfeirou um, desolada levantou arraiais, pirou-se da feira.
Ao meu lado ficou a Tatiana de Poiares rapariga gira e modernaça mas de língua afiada para asneiras e que asneiras, até arrepiava ... "chisa penico" porque sendo bonita e simpática as asneiras assim ditas a torto e a direito não se coadunam, no meu parecer.
- recebeu a visita de uma irmã que trabalha numa pastelaria na hora do almoço que lhe trouxe pastéis de nata, haveria depois de me confidenciar " não resisti saborear antes da piza, estavam tão quentinhos"...
- Sem se estrear, e eu com 15€ realizados diz-me "se de manhã quando cheguei me dissesse que só facturava 15 € fod... s...nem valia a pena ter vindo, mas agora se os facturasse fod... s...já dava para o gasóleo..."
- Tenho o hábito nas feiras de ir namorando peças na ideia de trazer alguma comigo no balanço preço e encantamento.
- Comprei este penico a um casal de Coimbra simpático em massa malegueira de fácil atribuição o seu fabrico a Coimbra a finais do século XIX para enriquecer a minha coleção, não tinha nenhum destes.
- Também não resisti a comprar ao Miguel que conheci na feira três exemplares em miniatura -, uma paixão - dois pratos falantes alusivos ao Amor e outro alusivo a casario.A senhora que estava com ele disse-me que o pai foi pintor numa última fábrica a laborar no Terreiro da Erva que encerrou portas em 1992 da Viúva Alfredo Oliveira.
- Teimosei na eventualidade dos pratinhos serem fabrico de Alcobaça, o de casario de José Reis e os outros da lavra dos filhos do Manuel da Bernarda que vieram a dar origem, à OAL...ia -me esfolando viva...
Deixei de comprar uma travessa pequena e um covilhete em cantão popular ...estou chateadíssima, esqueci-me do meu bom amigo Arnaldo um amante fervoroso deste motivo.
Vi um cabaz em miniatura em verga pintado a laranja...uma máquina de costura minúscula antiga, vidros casca de cebola em bom estado, terrinas, tinteiro e,...
- Um dos pratinhos falantes já tem dono vai para a minha filha que adorou...talqualmente adorou o de casario!
Estava chateada -, o sol aquecia, saí de casa vestida para frio gélido segundo o boletim meteorológico...destilei e de que maneira
Não vêem a minha cara!
Uma feira sem paixões de mayor sem vontade de repetir... senti haver pouco dinheiro nas bolsas, só compravam coisas a 1 , 2 e 3 €...as minhas malas foram um sucesso -, só custavam 5€ e não saíram!
Depois há colegas que para ter bons lugares chegam pelas quatro da matina...
Tirei o ensinamento desta feira:
- Boa para comprar para colecionar e revenda
- Boa para vender lixo atulhado nos sótãos e,...
- Como estava junto da estrada pararam alguns condutores a perguntar quando se realizava...fui assim de certo modo zeladora do certame!