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segunda-feira, 14 de março de 2011

Nazaré as memórias com a minha irmã e o Turco

Em 1973 na Nazaré a minha mãe veio trabalhar no verão no Correio, alugou uma casita integrada num pátio com anexos. 
  • Não houve Santo dia que não deixasse de manhã em cima da mesa uma nota de 100$00 para nós aviarmos com mantimentos para o almoço e jantar. Saiamos de cesta na mão direitas ao mercado.Preços e contas de cabeça porque o dinheiro era contado na carteira, trazíamos fruta carne e peixe. A nossa primeira vez que fizemos um assado.
  • O pargo reluzente na banca a bom preço olhava para nós, a peixeira bem disposta apregoou o pregão "não se esqueçam de o regar bem com azeite, bastante cebola e tomate"
De tarde na hora da sesta em cima da cama bordámos uma toalha quadrada comprada na retrosaria riscada de flores e galões a ponto cruz enquanto dava na telefonia o folhetim Simplesmente Maria...a minha mãe fez-lhe o picot no rebordo, durou anos foi a lixívia que acabou por dar cabo dela e a finou em farrapos...acabado o folhetim, e a hora da sesta que foi de bordar, faziam-se horas de sair de casa com o nosso companheiro de sempre o Turco -, cão preto de patas brancas que um dia em bebé o nosso pai nos trouxe ,tirou do bolso do casaco...pequenino.
Percorríamos a falésia ao longo dos carreiros todos palmilhados a três, ao fundo no precipício a imensidão do mar a bater nos rochedos -, nós na encosta sem medos saltando armadilhas na vegetação que escondia buracos...outras vezes andávamos de elevador até ao Sítio para ver a patada do cavalo no promontório da falésia de D. Fuas Roupinho em 1182. Ea ermida e a igreja são interessantes.
Dias que nos aventurávamos no mar a banhos. Segura na corda que havia presa mar dentro, a minha irmã mais esperta e  afoita aprendeu a nadar sozinha, eu nunca o consegui.Não se safou de apanhar um eczema na pele que demorou anos a tratar. 
Pela tardinha uma volta pela lota na praia viam-se estandartes com peixe aberto a secar ao sol de cheiro forte a maresia, moscas e muito lixo. 
As mulheres vaidosas de lenço atado atrás da cabeça, vestidas a sete saias, briosos aventais de cetim bordados a ponto castelo branco, de ar regateiro com chinelo no pé na dança do andar de abanico de traseiro para abrir o laço do avental...
O Turco doido com as cadelas...as chatices que nos deu quando andava com o cio nesta terra chamada Nazaré!

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