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sábado, 14 de dezembro de 2013

Estremoz estreia sem glória na feira de velharias, saldou-se em júbilo Montemor o Novo

Quis o despertador não falhar no acordar-me na hora prevista 3,45 H para me estrear na feira de velharias de Estremoz. Verdade, verdadinha não me custou levantar.  
  • Ao chegar à garagem reparámos num grupo de "moinantes" sentados num banco junto da vedação da Escola, um outro de pé que até se deslocou para ver o que fazíamos... Ao sair reparei que chegavam umas "gajas" que se juntaram a eles pelas 4,30 H...pensei para com os meus botões "será que as mães não se importam de elas andarem na rua àquela hora?" O mesmo com os universitários na praia do Meco na noite seguinte...qualquer ignorante (?) sabe que o mar é perigoso, é para respeitar e no Meco -, basta olhar a beira mar na orla de rebentação como é brutal o afundamento e a força do regredir das ondas, o mesmo noutras praias desde Leiria , Figueira e... para já não falar que de 7 em 7 há uma onda maior...não viram o filme Papillon...
Será que estavam bem?...Partiram desta vida estupidamente em agonia e sofrimento,  na flor da idade -, os seus pais e amigos como ficam ? Uma dor que jamais sara! E porquê? Supostamente pelo prazer do desafio em testar o perigo? Difícil é entender o barulho das ondas abismal, na noite alta -, incitar neles adrenalina bastante no querer sentir a espuma a saltar agreste nos seus rostos...tantos, e nenhum deles revelou coerência e bom senso de tão grande perigo -,que se traduziu num fim de semana nefasto...há anos vi despedaçar-se no Cabo Espichel um barco nigeriano-,todos os tripulantes nunca apareceram, o ultimo viu-o  de mão presa num ferro com a outra a tentar pegar no cabo do helicóptero...sem êxito, veio uma vaga enorme que o derrubou, e levou para nunca mais ser visto...até se falou que as sapateiras passaram a andar gordas...comem tudo...nefasto não? Prefiro pensar na teoria de Lavoisier "nada se perde tudo se transforma"...
Espero que os corpos aparecem para as famílias fazerem o funeral e iniciarem o luto. Que descansem em paz!
  • Há trabalho de casa no incentivar a respeitar o perigo, e a identifica-lo! 
Porque mesmo com cautelas há acidentes.

  • O que sei -, na volta constatei que o portão da garagem da minha vizinha do lado recentemente mudado, tinha sido vandalizado...com aquelas latas de tinta que descaradamente ainda teimaram em deixar em cima da caixa de electricidade com duas garrafas de cerveja... o meu marido no papel de "Almeida" as levou  para o caixote do lixo, antes que esta noite as partissem, pior seria ter de apanhar os vidros...como outras vezes já aconteceu!
  • A partir de Montemor  o Novo comecei a ver aqui, e ali ,chuva de estrelas cadentes em flecha fulminantes, estupidamente esqueci-me que era mote de pedir desejos... 
Tempo ameno na  viagem, pior na chegada com frio , apesar de bem agasalhada e muita humidade.

  • A cidade apresenta-se na planície alentejana de grande imponência em termos históricos e arquitectónicos onde o mármore  é rey...
Minas de extração a céu aberto com clareiras, e na sua roda um jaz amontoado de  pedras com toneladas descoradas pelo tempo, também penedos esventrados a fazer lembrar um porco aberto pendurado no chamaril -, de entranhas a escorrer em cristais sem brilho, baços, casca de cebola, em jeito de borbulhas, sendo que todo ele, o mármore -, em jeito de ciranda...à procura de melhor oportunidade, do que jazer num  penar infinito, ao Deus dará!
  • Há muito casario emblemático, as portas da cidade  são deslumbrantes!

  • O castelo e a Pousada da Rainha Santa Isabel
  • Os espanhóis sabiam na minha vontade de me estrear, por isso poucos apareceram !
  • Os poucos que se mostraram procuravam peças abaixo do preço...uns fudricas, apesar de bem vestidos, a imagem que me deixaram  só comparável à dos chineses farejadores de feiras, oportunistas na procura de peças antigas a baixo preço  que vêem, revêem, mordem  com o olhar e até com os dentes ...para enviarem para a China para reproduções, no melhor serem vendidas a altos preços...No tempo da Companhia das Índias toda a produção de porcelana veio para a Europa, parece que  agora a querem de volta...Também ucranianos procuram latões, candeeiros e... para revenda na Ucrânia.
  • Mal chegada ainda de noite só ouvia perus... "gru gru,gruuuuu...." na outra feira dos vendedores agrícolas , que se faz em paralelo com a de velharias.
Mal o dia se levantou era gente e mais gente com os perus presos pelas asas para a ceia do Natal que embebedam com aguardente para o amolecer, e dar sabor à carne, outros com galos em caixotes com as cabeças de fora.
O Peres começou a tirar os caixotes da carrinha ainda ao lusco fusco, estava vento, o espelho da cómoda caiu umas 3 vezes -, até que o encostou à porta com um jarrão tipo romano e em cima dele um cesto de loiças e vidros...ao tirar uma jarra de vidro da Marinha Grande finais do século XIX...ainda mais bela do que esta e mais pequena sem ser lapidada.

Peça lindíssima. Repara que na viagem por não vir acondicionada tinha rachado junto da pega -, coisa insignificante, a peça no todo era linda...nem me deu tempo de lhe a comprar ou pedir, num ato inusitado diante de nós a joga ao ar, no imediato se estatela no chão em mil pedaços...partiu-me o coração, fiquei sem pinga de sangue...
  • Acabei por perceber que tudo o que seja vidros e esteja partido para ele é azar!
No final da feira havia de partir um cálice e uma boneca de porcelana...No entanto pediu-me a cola para colar um atravessa gateada inglesa que se tinha desintegrado e uma estatueta que se lhe partiu com o vento...O homem anda doente em 3 meses engordou mais de 20 quilos...e o humor não é dos melhores!
  • Vi alguma faiança que me encheu "as medidas".
A faiança boa, intacta  em pratos grandes com mais de 30 cm de diâmetros, rondava os 370 €-, Bandeira , Estremoz e Coimbra .
Havia um grande prato com os talheres e o peixe cortado ao centro atribuído a Bandeira , no tardoz tinha pintado a azul cobalto  MA .Outro de Estremoz com "cabelos" , lindo.

  • Se pudesse tinha trazido este "ratinho" com flores de linho.

No pior, constatei a falta de organização do certame. 
  • Só aparece o fiscal para cobrar o espaço -, no meu caso adverti-me para não voltar, sem antes me inscrever nos serviços da câmara -, com a retórica " tem de esperar porque os serviços estão atrasados, só agora estão a dar despacho ao mês de outubro"...ouvi de outro colega que a lista já passa dos 70...
Bem -, na verdade sempre ouvi dizer que no Alentejo é sempre lentidão...fato que constatei com grande pena minha -, para mim o Alentejo, e alentejanos-, só foi o meu primeiro grande amor nesta minha vida -, então não me lembrei do Arménio quando vi a laca do Sabugueiro antes de Arraiolos ?...Sorri ao recordar as suas graciosas botas alentejanas encerradas...Que Deus o tenha em paz!
  • Imaginem a prosa da lata do fiscal a fiscalizar ...não volte!
Ora sendo coletada, pagante de impostos , e no caso havendo lugares vagos,  não faturam porque não sabem fazer dinheiro...Só pode ser imbecilidade (?) porque então o terreiro seria gratuito, como numa grande maioria de terras-, que me perdoem a crítica , a meu ver  pretende ser construtiva!
Sinceramente tenho dúvidas que o pelouro adstrito ao tema, não deva acolher na estrutura da chefia, pessoa, com perfil para o defender como  bem merecia -, no sentir o filão de potencial negócio -, avaliando o tempo da existência do certame, e a falta de proactividade em fazer melhor -, sendo uma cidade turística deveria ser tratada com mais esmero e dedicação... 
Estamos no século XXI  e não no século XIX. 
Julgo agora estão a fazer casas de banho públicas. Pelos tapumes não vislumbrei como serão, se à antiga em betão e cal...No caso de sanitários públicos, o melhor para a população que os utiliza são os modernos blocos em cimento armado, em feitio de ovo, onde se introduz uma moeda de 50 cêntimos, depois da utilização fecha para ser automaticamente desinfetada. Já as outras, se não tiverem um funcionário para as manter limpas, e mesmo assim deixam dúvidas,  é um poço de infecções!
  • Urge urgência na marcação dos lugares -,que o podem ser no lancil do parque de estacionamento, deixando entradas para o público passar,já do outro lado a colocação de marcos em mármore, não choca o jardim, muito menos pode melindrar o espaço se for feito com lógica, bom senso  e harmonia. Os espaços devem-se pautar por vários tamanhos: grandes, médios, e pequenos intervalados para satisfação de todos, deixando o corredor livre ao meio, para o público passar, e não como se viu com panos por todo o lado, e bancas sem organização, que não respeitam a dianteira da banca dos colegas, algumas ao sê-lo deliberadamente puxadas para a frente, cortam a visão da feira, pior -, condicionam o público no seu visionamento e andamento, e nesse pressuposto outras bancas ficam sem ser vistas -,e não é correto!
  • Não devia ser permitida a entrada de veículos no espaço, destroem a relva, até estacionam em cima dela...Nesse pressuposto os lugares junto do parque de estacionamento deveriam ser mais caros que os outros na parte da frente.
Paguei por um espaço irrisório 3,30 "ditado a olho" quando a maioria com 10 mts a 40 com com panos estendidos atrás, pela frente e no meio, pagaram o mesmo...recibos sem nome, apenas a sua entrega!
  • Não há método, nem sistema, nem bitola, só fiscal, mais nada!
Os vendedores antigos mesmo que estejam meses sem aparecer, quando aparecem, tem o seu lugar garantido. Coisa impensável, do outro mundo -, só justificada pela falta de estatutos da própria feira, que em todas as outras no País, desde que faltem 3 vezes consecutivas perdem o lugar cativo!
  • Não gostei deste desleixo desleixado, muito menos da lábia do fiscal... 
E eu que andei meses a pensar em me estrear, a ponderar as conversas, melhor o coração de bons colegas, que sempre me acarinharam e incentivaram a fazer Estremoz -, Peres, Carlos, Laureano, Manel Ourives e até os "ciganos" António, e do pai o Sr Orlando, no caso até me dispensavam espaço  se acaso não houvesse, para eu abancar!
O forasteiro feirante desde que credenciado devia ser recebido com respeito por um funcionário destacado pela autarquia -, com o dever de atribuir lugares vagos no organograma do recinto, e sempre pela ordem de chegada,  após estes estarem completos sobram os lugares fixos de quem nesse dia falte, e não compareça até há hora limite fixada, por exemplo ( 8 H ) -, que uma vez ultrapassada seriam distribuídos imediatamente aos restantes feirantes.
  • Saí de Estremoz desiludida. Saldo-se com a compra de um pão genuíno. 
O meu estar, o mesmo que dizer fiquei com a "telha"... nem tão pouco o ensopado de borrego a que me tinha proposto degustar, o quis mais!
  • No caminho perto de Igrejinha, sob o sol radioso,alguns prados verdes, aqui e além blocos arredondados graníticos, pequeno choupal e vaquinhas brancas a pastar transportaram-me à paisagem  romântica "bocage" do Minho... e claro ao meu amigo JM... 

O melhor mesmo saldou-se com a brutal bifana em Montemor o Novo... no café da Rodoviária!

  • Espaireci ao contemplar a iminente ruína do Convento de S. Francisco...
  • Pedras sob as janelas -, piais, uma tradição portuguesa. Se não lhe acudirem a que caiu e está no chão pode bem desaparecer...
  • Inadmissível o algeroz de lata que puseram na gárgula -,o desaguadouro de escoamento de águas pluviais dos telhados, em formato saliente de animal em granito.
  • Disse adeus ao convento na esperança que alguém da câmara o  dignifique  em tempo.
  • Adorei as carpetes que as folhas dos plátanos faziam pelos passeios a cores quentes amarelos, dourados , castanhos a  tingir cerise...

  • Amazing...Montemor o Novo!
Ao ver pedras e outros materiais ao abandono, num repente lembrei-me dum príncipe... Desafogo meu ele não se lembrou de mim!
Debalde não fui de "modas e  afiambrei-me" a algo que estava ali à mão!
  • Um defeito de resolver tudo de forma prática!
  • Sorte a minha que em Montemor encontrei a telha...que tinha perdido em Estremoz...

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