O dia acordou encoberto para me fazer ao caminho de Pombal onde mal cheguei constatei "para mal dos meus pecados" ... não era dia de feira!
Há muito que deixei de ligar aos dias da semana, muito menos saber a semana do mês -, equivoco em duplicado, ora vejam!
Há muito que deixei de ligar aos dias da semana, muito menos saber a semana do mês -, equivoco em duplicado, ora vejam!
Puxei pelo caderninho( que não está atualizado...) tinha escrito feira no Louriçal ( que parece só acontece a 15 de agosto...). Estanho a meio caminho tomei a estrada, antes da zona industrial comecei a ver imenso fumo...debalde segundos depois constatei ser nevoeiro e dos grandes.Chegada a custo ao Louriçal, não deslumbrava vivalma-, salvou-se do zero pelo pobre do homem encostado na ombreira da porta da igreja do convento... Obrigada a seguir a seta azul entrei pela vila onde parei junto a uma rotunda onde de novo analisei o caderninho-, dia de feira em Leiria, diz-me a minha mãe que convidara para companhia " então se estamos aqui vamos até lá" fomos sempre com nevoeiro, nunca tinha entrado na cidade vinda da Figueira da Foz-, instigava-me " só avenidas novas, achas que consegues dar com a feira?" respondi que sim, bastava seguir o rio. Assim foi, deparei-me com os feirantes na arrumação dos estaminés no recinto do Jardim Luís de Camões onde cheguei pelas 9.15.
Parei o carro junto do marco de pedra de antanho com a sinalização para a Figueira da Foz.Perguntei a um colega se o organizador da feira já estaria no local-, responde-me que ainda não o tinha visto, nisto insisti como era a sua fisionomia ?
- Responde-me "tem cabelo comprido e usa óculos"...
O certo era tomar a lógica do final da feira-, foi para lá que me encaminhei, ao meio do calçadão vi um grupo de pessoas, entre elas algumas minhas conhecidas-, vi logo que andavam com o organizador para distribuição de lugares. Cheguei-me a eles, disse ao que vinha, diz-me logo " a senhora está credenciada?" respondi de imediato, claro que sim... diz uma das "Paulas" aqui o Sr Joaquim nunca deixa um vendedor sem lugar, não é como em Setúbal que dizem logo que não há lugares...
Esperei pela minha atribuição. Atrevida , disse-lhe o que já contei sobre a sua fisionomia...responde-me "os barbeiros também tem de ganhar dinheiro e os óculos com a pressa esqueci-me deles..."
Curioso é refletir e pensar na credenciação de feirante. Quantos os feirantes que lá estavam sem a ter?
Alguns-, disso sei e bem!
O Joaquim que vive em Fátima, deu-me o mote onde poderia estacionar o carro no cimo da colina, e aponta, sou bem mandada lembrei-me vagamente da zona nova quando aqui vim ao casamento da minha prima Isabelinha com o Quim em 73 - , nela alugaram um apartamento.Consegui arranjar um lugar sem pagar, pus-me a descer a colina só parei para registar fotos de duas casas que adorei a arquitetura .
Mal chegada ao Rossio registei a foto do tardoz da primeira casa com um bucólico alpendre em circular tipo romano... |
Adoro a cobertura em ardósia, a imitar escamas, e o mirante uma delícia |
Uma parede com história sustentada à espera de melhores dias... |
Frontaria de fachada com belo portal sustentada por vigas de ferro |
O que estas fotos dizem, fazem parte das minhas recordações de criança
O jardim -, dentro dele e dos lados desenvolve-se a feira cumulativamente com algum artesanato.
O colega desta banca tinha "ares de azedo"...estava a ver que não me dava autorização para fotografar estas peças belíssimas da Marinha Grande
Reencontrei a Fátima de S. Martinho do Porto falava ao telemóvel com a cunhada Isabel a quem endereçei um beijinho...a sua banca sempre com peças a preços convidativos, fiquei com pena de não ter trazido um prato vazado pintado com um pássaro em azul. Ao lado a banca do Luís que pela tarde ainda não se tinha estriado... Encontrei um colega novo acompanhado com o filho, faziam sucesso com a venda de canivetes, a quem comprei uma bacia de faiança e umas tampas de terrina. Partiu uns quatro pratos mal acondicionados na caixa de bananas...vi muita gente conhecida, mais de metade!
Banca do Joaquim , fiquei contente por saber que já arranjou trabalho |
Banca do Félix, rapaz simpático que conheci na feira.Homem interessado em saber e partilhar.Dirigiu-me convite um dia que passe por Alqueidão da Serra para levar o meu marido para uma almoçarada. Ao lado o Sr Manuel e a esposa Ti Helena , ao lado um colega novo, na frente um casal com muita idade mas muito careiros, contudo ofereceu-me um crucifixo de terço.
Parte do meu estaminé de chão...logo de manhã apareceu-me um freguês meu conhecido que vi pela 1ª vez em Tomar, voltaria a vê-lo em Torres Novas e agora aqui. Um fanático por velharias a um euro, desta vez trouxe a mulher e o filho...diz-me logo " já sou seu cliente de Tomar..." pois sei que sim-, então hoje o que vai? nem me lembro mais o que comprou, ainda rondou os naperons minorcas para as peleias de madeira e os azulejos, mas eram caros para ele...disse-me que está a forrar uma parede só em azul.
Banca do Jorge de Coimbra ,sempre com muitos atoalhados e bordados Castelo Branco
Banco de Portugal |
Na banca das "Paulas" fotografei os pratos . O do brasão assinado Carvalhinho, os outros em Cantão Popular evidenciam fabrico do norte( vieram todos do espólio da mesma casa)
Deixei a minha mãe na banca e fui vadiar à descoberta da cidade, deparei-me com este grande painel e um excerto do Crime do Padre Amaro na parte histórica.
Adorei o glamour do carro dos noivos uma Citroen Dyane, a contrastar com a frota dos convidados de alta gama que passaram por mim numa ruela estreita, enquanto os empregados ( mãe e filho) com vassouras nas mãos varriam o adro coberto de pétalas de rosas e quilos de arroz...
Amei o slogan na faixa pintada a branco! |
Degradação do património no centro histórico, uma pintura que nos chama a atenção...
Telhas vidradas em verde tal como nas torres do castelo de Porto de Mós
Rodrigues Lobo enquanto homem e escritor frequentador do Rossio de Leiria e do bucolismo do rio Lis -, a praça que a cidade haveria de eternizar com o seu nome-, hoje renovada onde as pessoas interagem com espetáculos e outras atividades.
O Lis a deslizar suavemente, em regato.
Voltaria a ir à banca do Félix para fazer uma compra em faiança ratinha, algures na foto debaixo.
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Prato da Viúva Alfredo Oliveira de Coimbra. Réplica da pintura reporta aos aranhões e reservas do século XVI/II. Gostei dos versos.
Foi com este olhar que me pus ao caminho para ir buscar o carro sob um sol escaldante...
Dei comigo a balbuciar -, Que só os beijos te tapem a boca!
Fontes:
Wikipédia