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quinta-feira, 19 de março de 2015

Feira de velharias na praia do sol de Costa de Caparica

Praia do sol, onde não faltam atributos; comboio Transpraia, surf, golfinhos, pesca, feira de velharias, artesanato, gastronomia e festivais de música, iniciativas a chamar o turismo de massas.
"BEM VINDO SEJA QUEM VIER POR BEM"
Dos primórdios deste lugar o que se sabe...
"No logar da Costa, d'esta freguezia de Caparica esteve (julgo que em 1823 ou 1824 D. João VI, hospedando-se na única casa de pedra que alli então havia (todas as mais eram cabanas da palha) "No 
e tanto gostou da caldeirada que alli lhe deram, que fez o cosinheiro (dono da casa) mestre das caldeiradas (!) com a renda de 800 réis diários em quanlo vivo."
Cabanas de madeira cobertas a colmo e pescadores de calça arregaçada e barrete
Foto do Guia Turístico de Portugal de 1934 da Costa de Caparica.

"Por um ai- Jesus ! Maria!

Oue o barco se não voltava!

Nossa Senhora do Cabo!,

Nossa Senhora da Guia!

Salvou-se toda a companha,

E também la pescaria!

Foi a Senhora do Cabo!…

Foi a Senhora da Guia!

As ondas, com a tormenta,

Entraram pelo Juncal

Lá vão os tectos de colmo,

Na fúria do vendaval

Nossa Senhora do Cabo!

Nossa Senhora da Guia!

Mãe de afflictos peccadores,

Vale-nos, Virgem Maria!"


"A Praia do Sol recebia o Círio( Nossa Senhora do Cabo Espichel) com arraial em 1937, consta, o mais bonito de toda a história dos Círios.As festas duravam 3 semanas no mês de Maio.Desde o jardim até à Igreja velha e Convento, as ruas eram iluminadas com lâmpadas nas árvores, enfeitadas com flores de papel, balões de diversas cores e bandeiras agitadas pelo vento.A fama dos Círios da Costa de Caparica tinha-se espalhado por todo o concelho de Almada.Milhares de pessoas vinham ao arraial, divertindo-se em vários jogos, onde também não faltavam os belos petiscos, a prateada sardinha assada, o carapau pelim frito, petingas de alhada, a fritada de bifanas e febras de porco, sempre acompanhadas da pinga avermelhada.Não faltavam também as barracas das farturas onde se vendiam as queijadas, bolos sortidos e o delicioso torrão de Alicante.
No Domingo, após o almoço, a multidão esperava o sinal do Círio no largo do jardim e quando este se avistava na Boca do Grilo, homens e mulheres de farpela de festa com lindos cânticos na voz e rezando com devoção, apressavam-se a ir ao seu encontro.
No Círio, dois anjinhos de calça branca e polainas da mesma cor, montados em cavalos brancos, levando cada um deles uma bandeira alusiva à imagem da Virgem Maria.Os cânticos faziam-se ouvir, os anjinhos subiam a um palco improvisado no alto da Boca do Grilo para declamar loas à Costa de Caparica.Cantadas as loas, os fiéis desciam a Boca do Grilo, acenando com lenços brancos e flores.A multidão emocionada fazia parar o Círio no largo do Jardim e cantando ossanas encaminhavam-se a rezar até à Igreja Velha onde se ouvia o alegre repicar dos sinos.A banda da música, com o mestre Quirino à frente, anunciava a chegada do Círio à Costa.
Os festejos da Costa, com a sua igreja branca, praia enorme e largo Oceano, eram de relevante beleza: a volta da procissão pela praia, a benção do mar, os nove andores conduzidos por mestres, arrais e espadilheiros transformavam-se num lindo barco onde iam os Doze Apóstolos com S. Pedro à espadilha.


O bonito fogo de artifício rasgava os céus da Costa e estala no ar.Chegavam os galeões algarvios embandeirados a apitar em homenagem às velhas e inocentes artes de Xávega. À tardinha, os pescadores rezando e pedindo protecção do novo ano à Senhora do Cabo, retiravam-se em cânticos , acenando lenços, na esperança de encontrarem a paz sem fim…"
A Casa da Coroa na Costa de Caparica, que ainda conheci, entretanto há anos demolida, tendo sido retirado o brasão que estará guardado em Almada(?) devia ser reposto na terra de onde foi e é, da Costa!
Panorama da Costa  de Caparica a partir dos Capuchos
A subida para os Capuchos, na altura a única estrada  da  "Subida da Boca"
Convento dos Capuchos na Caparica
O progresso de estância turística não vingou como inicialmente projetado, disso quem ficou a perder foi o povo que gosta da Costa de Caparica e turistas .Seguiram-se outras iniciativas, umas melhores que outras, sendo que o maior problema seja o avanço do mar, com as suas drásticas consequências. O programa Pólis não resultou a 100%...Continua ainda a falta de visão e atitude a comandar esta terra que o devia e  podia ser de excelência, por estar às portas da capital.
O comboio Transpraia  foi inaugurado na década de 60
Haveres que boa gente leva para o areal 
Escolas de surf, campeonatos e amadores 
Golfinhos sempre em passeata
A arte da pesca xávega ao entardecer
O  meu comandante, obra cerâmica de Bordalo Pinheiro , que tira o chapéu!
No domingo a Costa da Caparica apresentava-se com muita gente em caminhada na frente do mar. 
Havia um campeonato de surf e ciclistas na pista e fora dela, também cães e, outros nos exercícios nas máquinas de ginástica. 
A Feira de Velharias no novo espaço...Ao longo do lancil largo da entrada  junto do lote entaipado para o futuro hotel(?).A minha primeira vez em visita do recinto novo.Quem também a percorria o presidente da Junta de Freguesia de Almada. 
Um dos vendedores mais carismáticos que conheço há anos nestas andanças, seja pela conduta séria, honesta de silhueta sempre impecável, também pela boa educação e cavalheirismo -, o Sr Peres, homem conhecedor dos metais preciosos, por ter sido ofício de uma vida que o obrigou ao abandono, pelos assaltos e grandes prejuízos. Na sua banca sempre comprei peças-,  boa faiança, latões, vidros e de tudo e nada seja velharia ou antiguidade do inusitado que apareça, até um escaparate de madeira lhe comprei e,...Também  pessoa de cariz generoso, ofertou-me de um lote que trazia num grande saco, um grande chapéu de palha de aba larga que uso no verão.Para não falar na simpatia de preços, sendo que se estreia comigo amiúde na feira de Setúbal , mal recebe o dinheiro na mão, com a outra de imediato se benze ao jus da bajulação da  boa sorte lhe correr de jeito e maneira com as vendas a contento, e a mim também...
No domingo apresentou-se assim de "papillon" o  lacinho de gravata da toilette elegante, muito feliz por o seu Benfica ter na véspera feito grande  show  que assistiu num Café depois da Feira de Estremoz.. Ao perguntar a razão de vestir camisa verde, diz-me" para o Sporting hoje também ganhar"...Sendo eu sportinguista de gema, deixei-me no sorriso hilariante pela sua cordialidade, nem outra coisa seria de esperar deste homem de grande coração.
Na sua banca uma bela peça de coleção,  molheira da Vista Alegre.
Comprei uma estatueta do estudante de Coimbra.
Numa feira enfeitada com o chapéu que o Sr Peres me ofereceu
Paulinho Filipe, de Setúbal

António, da Costa de Caparica
Demorei na conversa e em cumprimentos ao Arocha e esposa D.São da Quinta do Anjo. 



Conversei como Daniel com as suas latas para colecionadores, sempre gentil, o Vitor (GNR)  de rosto feliz tinha acabado de vender um camiseiro de boa madeira que tinha levado ao Montijo, o Paulino cowboy sentado esperava freguesia, um de Sintra com estaminé pelo chão com coisas boas a um euro,  as sócias "Paulas" com bons livros, interrompi a conversa do João, marido da Carla que se recompõe da operação ao pé, onde comprei um cálice da Vista Alegre, na banca do Vitor e da companheira,  comprei uma pequena e graciosa caixa de madeira para a costura, oferta para a minha filha, e no Mário vi muita coisa mas nada me agradou, gostei da conversa " isto aqui é estorreira maldita no pico do calor a bater os 40 graus, neste chão preto, ninguém aguenta, não se podem pôr chapéus de sol, só com base, o candeeiro tem a luz fundida, quando os colegas da ponta arrumam tem de andar com candeia a alumiar...
Não há sanitários e o terrado continua uma carestia.Concordo plenamente nos alertas!
  • Só faturar digo eu em remate, os novos pagam a dobrar, mensalmente um dinheirão, sem condições!
Quando se altera o terreiro do certame, antes se  deveria acautelar pormenores, e não apenas pensar no lucro fácil .Porque o local não é o ideal, quem sabe se melhor seria  na larga escadaria desnivelada que faz a ligação da rotunda para a praia, no espaço onde foi outrora o "Barbas", sendo bastante larga mostra-se simpática para acolher o certame na variante dos lados, com bancas ordenadas, ficando o meio aberto para livre circulação de gentes.
A sorte grande seria o ajuste da Junta de Freguesia no jogo do equilíbrio paisagístico com a colocação de telheiros, com esteiras ou lonas de recolher por causa das intemperes e, no armazém bancas de empréstimo que os vendedores até à véspera da Feira teriam obrigação de marcar lugar. 
Falta ainda instalar sanitários públicos de lavagem automática, como em Azeitão e Montijo.
O motivo cantão popular sempre de brilho no meu olhar. Os pratinhos assinados "Cavaco" comprei-os nesta Feira há anos.Um deles ofereci a um amigo.
Apesar do meu estar aborrecido, nem fotos tirei como habitual, na minha cabeça bailava a falta de cordialidade ,sensatez  e seriedade, no negócio pré acordado num site de vendas, referente a esta travessa e terrina. Se fosse mulher de má índole bem que lhe rogava brutal praga, que a merecia carregar, porque o que me  fez não é digno de conduta de gente de bem!
Sendo a Costa de Caparica um lugar de excelência com muito turismo, o certame da Feira das Velharias deveria apresentar-se elegante, como noutros congéneres, nomeadamente como na Feira de Belém, um bom exemplo a ser seguido com Bancas iguais em tamanho e com toldos .
Nada que  impeça se degustar uma boa caldeirada...ou umas ameijoas "à Bulhão Pato".
Vistas na Costa de Caparica sobre a Linha do Estoril, Sintra, Cabo Espichel e a arriba fóssil...
Tamanha imensidão de mar infindável, controlado pelo Forte de S. Julião da Barra, aqui se avistam paquetes e outros barcos em velocidade cruzeiro e ainda de pesca.
Local ideal para caminhar, correr, sonhar, vibrar em emoções na vontade de se perder mesmo ..sempre me perco na  minha medíocre poesia !
... Amo  contemplar a  vastidão do mar
Deslindar mistérios da bruma  e carneirinhos das ondas
Ou mar chão, de boa aragem com escaldão a sol
Bulício  na praia de gentes a chapinhar!

Nuvens castelo em vaivém  esvoaçantes gaivotas
Desordem total a balbúrdia  de gritos infernal !
Desplanta emoções fortes  sentidas  em desnorte
Coração abalroado à deriva  em dor!

Resquícios de amor vivido no areal
Jaz sonho desfeito em fanicos  e agonia
naufrago esvaído desfeito na maresia  do vento
Sob a crista da onda e brisa  a espuma salgada!

 Déspota desamor tortura triste um dia perdido 
 Norte seja  de novo almejar encontro
Perdida paixão, acreditar ainda o laivo!

Nem que seja  sentir fagulha doce a mel
 No pestanejar do seu quente olhar!
Porque quem  ama  sente a razão
em entender tamanha emoção!

Ao molhe  o certo é abrir o mexilhão...
  Engodo seja a pescaria  do brincalhão
Haja mulher que ame o colo do  fajardo mendaz ?

Fontes:
http://www.freguesias.pt/portal/lendas_freguesia.php?cod=150303
http://almada-virtual-museum.blogspot.pt/2014/05/freguesia-de-caparica-no-seculo-xix.html
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