Segunda feira em rota de passeio depois do almoço com a nossa filha e netos, foi muito prazeroso o relembrar do tempo que também ela foi bebé e do Feijó onde vivíamos o hábito aos fins de semana em tomar a descida na arriba lateral a poente onde hoje é a Avª Arsenal do Alfeite seguindo trilhos de carreirinhos sulcados no terreno de argila amarela sempre mergulhados pelo aroma que se sentia forte a esteva e rosmaninho, também das pinheiras de frondosas copas verdes e alguns sobreiros, pelas mãos o carrinho sempre a mudar a rosca da sobrinha por causa do sol não lhe bater na cara.
Ao tempo o espaço em vias de expropriação, mas ainda com alguns moradores mais teimosos, aconteceu num sábado na nossa rota eleita sempre de mochila às costas com a manta, o transístor e o farnel que degustávamos numa clareira debaixo da copa de uma pinheira que me lembrava as que tinha na propriedade da Costa da Fonte em Ansião, pelo chão mar repleto de cascas de pinhões que faziam cócegas no deitar para depois de estômago confortado de novo partir e deambular sempre por trilhos diferentes no prazer em desbravar o vasto descampado com ribanceiras esventradas semeadas de calhaus rolados mostrando ao léu as potentes raízes suspensas das pinheiras, nada mais do que um corrimão na descida ou subida para em cheganças às imediações do Bairro do Chegadinho se abrir em infinita parovela vestida de verde , o campo improvisado de futebol da cahopada, outrora campo de milho ou trigo, onde havia um lago com canas e a casa da quinta, grande em formato quadrado em aparente ruína abrigo de cabo verdianos .
Um belo dia salta-nos a ladrar um cão que trás o dono e ali nos enxovalha "o que andam aqui a fazer em propriedade privada, não viram a tabuleta? ", respondi que julgava que as quintas estariam já expropriadas para a câmara fazer um parque-, amoleceu a ira dizendo " aqueles filhos da puta da câmara querem isto por uma tuta e meia, mas não é para fazer parque nenhum, vão é fazer vivendas de luxo para eles e amigos..."
Pois enganou-se redondamente este pobre homem amargurado que vivia nuns casebres coberto a a lataria e em redor era só erva e da alta...
O Parque da Paz é um sítio muito agradável, espaçoso onde o verde é rei, que engrandece Almada e as suas gentes para o usufruírem em plenitude. Claro que ainda falta fazer mais alguma coisa. A manutenção mostra-se escassa, as podas quanto a mim continuam a ser mal efetuadas, as pinheiras de copa muito baixa, os plátanos a crescer para o céu, sítios com erva alta, silvas, torna alguns circuitos mais fechados onde se receia andar por se mostrar medroso. Apesar da segurança.
O quiosque uma mais valia, coincidência ou não foi ideia lançada por mim há anos aqui neste meio.
Podia ter mais flores e plantas aromáticas. Podia ter mais árvores de fruto para as crianças aprenderem a conhecer quando aqui vem brincar.Podiam aposta em vender no Parque a fruta a preço simbólico e o mesmo com o excedente da madeira das podas para as lareiras.Porque a horta comunitária tarda em arrancar. Podiam ter bicicletas para aluguer e um mecânico para a sua manutenção e claro tem espaço que nunca mais acaba porque não apetrechar com uma piscina a céu aberto para os dias quentes de verão?
Está para breve a ligação ao Parque do Pragal por ponte pedonal, já suspensa, faltando contudo as acessibilidades, ainda por terminar, o que faz imensa falta sobretudo para os carrinhos das crianças, sendo agora a quem se apresenta de norte, a única entrada possível pela rotunda antes do campo de futebol da Cova da Piedade, felizmente também esta zona foi intervencionada, sendo que ainda faltam alguns hetares em poisio ao longo da estrada até ao centro sul onde outrora era o interface dos Expressos.
Amo esta paisagem salpicada por portas abertas em granito
Registo para a posterioridade, para mais tarde voltar a recordar.