Sentir-se vivo e dono de alguma saúde é sempre tempo para se começar o que quer que seja no dizer ao jus do ditado popular. O meu marido estreou-se no dia do 62º aniversário na safra da apanha da azeitona na sua propriedade da Mó, em Chão de Couce. Não subiu a nenhuma oliveira, nem sequer o cogita nem quero saber o porquê-, o ato de varejar e podar em equilíbrio em cima de ramos escorregadios e com musgo, só para gente de perna firme, ágil, rápido, prático e sapiência de corte, sendo que se perde nos entretantos na conversa de moleza sem pressa, porque é trabalhador de timing ao retardador, apesar de perfecionista...
A indumentária para a safra passa por roupa prática e confortável-, fatos de treino gastos no tempo, impermeáveis, botas de cano alto de borracha, luvas e chapéu.
A chuva foi uma constante com boas abertas.Gostei de a apreciar da cave da casa com vista para o quintal, por aqui também chamada de loja, onde se guardavam as arcas de milho e do trigo, a arca salgadeira, as talhas do azeite, o tanque de fazer o vinho e a um canto a adega, com os pipos no palanque, ainda se guardavam as alfaias agrícolas; enxadas, arados, charrua, foice, tesoura de poda, serrotes e,...
Mudei a porta mas teimei em deixar nela o arame feito pelo avó do meu marido em jeito de aldraba...
Na Mó, vi jeito de não conseguir fazer o almoço, depois da bucha às 10 H começou a chover e o fogareiro onde assou a chouriça, quase se apagou, não sei como tive força para me aguentar sem esbroncar, porque os fósforos macios não ardiam, nem tão pouco a lenha molhada, vali-me de ter levado uma enxada e o meu marido ter feito uma vala para se abrir a porta entupida de lama por falta de valeta na berma da estrada de acesso à casita para me recolher da chuva copiosa e refazer a fogueira no chão, mas sem chaminé, era fumo que nada se via, só choramingava, ainda por cima com uma vista inflamada por me ter batido um ramo... as batatas a murro algumas queimaram, pouco me valeu o papel de alumínio...menos mau foi assar o bacalhau, porque levei carvão e a trempe... no final a punheta de bacalhau, ficou agradável à vista no prato grande a lembrar como era antigamente as palanganas que se apresentavam ao rancho, sendo que dela todos picavam com um garfo, foi regada com muito azeite fervente em alhos e coberta com cebola portuguesa às rodelas finas.
Cantamos os parabéns com sol a raiar e os casacos a enxugar com as luvas, saboreando o cafezinho, um mil folhas e tigeladas que comprei de manhã na pastelaria de paredes meias com a minha casa de Ansião, e vinho do Porto, a primeira garrafa que me apareceu quando em pressa me cheguei ao bar da sala.
Desta feita agora na Lameira em Ansião numa propriedade com 6.000 metros minha e da minha irmã
Gosto das propriedades que os carros entram terra dentro sem prejuízo de pisarem a relva alta...
No quintal da casa da minha mãe ao entardecer
Lagar de azeite de Vale de Boi
Já conhecia um Lagar de Azeite para simples troca de azeitona por azeite onde fui ao Almoster há dois anos, mas este ano foi a minha primeira vez para trazer o meu azeite.
O eleito foi no Lugar de Vale de Boi , escolha sem acaso, com o caso de ter um troço de calçada romana catalogado, mas infelizmente abandonado ao Deus dará, sem sinalização, nem limpeza, vinha com pressa nem parei para de novo o fotografar.
Já conhecia um Lagar de Azeite para simples troca de azeitona por azeite onde fui ao Almoster há dois anos, mas este ano foi a minha primeira vez para trazer o meu azeite.
O eleito foi no Lugar de Vale de Boi , escolha sem acaso, com o caso de ter um troço de calçada romana catalogado, mas infelizmente abandonado ao Deus dará, sem sinalização, nem limpeza, vinha com pressa nem parei para de novo o fotografar.
O dono do lagar o Sr Artur, homem simpatiquíssimo, deixou-me fotografar à vontade o Lagar antigo.
Lagar moderno.
Eram toneladas de azeitona em cima de paletes, em tratores, por tudo o que é sítio, em cheganças um camião ultra sofisticado de cisterna, sem pressas se torna dono da estrada até lhe abrirem caminho para carregar o engaço, os detritos que ficam depois de extraído o azeite da azeitona para fazer rações.
A minha produção foram 500 quilos. Dei um olival bastante carregado ao meu compadre, pela ajuda que nos prestou, e já foi muita azafama. Produziu 10 L por 50 quilos, se estivesse bem madura poderia ter dado 15% .
Entre molhas, constipação, descida de tensão, "boca rebentada" com a febre, no quintal da minha mãe, combalida,sendo que ninguém se aventurava a subir às 4 oliveiras, que remédio outro não tive senão depois de estendida a manta de subir, mas com dificuldade por terem sido mal podadas se mostravam cheias de lenha-, com calma fiz o estudo dos ramos e fui cortando, abrindo espaço, que me valeu elogio da minha mãe dizendo da primeira, que parecia uma roseira, no dia seguinte apareceu a minha irmã que no hábito põe defeitos em tudo, mas desta vez disse que estavam bem podadas.
Mas tive um contratempo, vi jeito de desmaiar , pela descida abrupta da tensão senti jeito de poder cair de uma oliveira, mas o pior foi a limpeza do limpador para o entregar a quem fez o favor de o emprestar, o Arlindo Moreira, que foi meu colega no Externato, sendo em folha de Flandres, deveria ter as pontas rebitadas, mas sendo da marca "Lena" foi fácil perceber o acabamento de fabrico em série tipo chinês... o que sei tirou-me um "bife" à mão esquerda em forma de triângulo ficando a pele presa apenas por um dos lados, valeu-me a velocidade de sedimentação que estando boa perdi pouco sangue, devidamente desinfetada com betadine, a minha mãe foi enfermeira fazendo o penso, pôs uma ligadura de gaze que prendeu com uma pulseira que fazia pressão no ferimento, fato aparentemente irrelevante foi sábio, pois a pele agarrou, o ferimento está cicatrizado e com o tempo acredito mal se vai notar.
A cesta de verga para o Vicente para o ano, deve levar umas 100 gramas, no meu tempo o meu pai mandava fazer umas pequenas que levavam meio quilo, ao Zé Mau, em Além da Ponte, em abono da verdade era Aquém da Ponte em Ansião.
Andava à venda na banca a 3€ e ninguém lhe achou graça...e afinal tem a graça de antanho em verga a duas cores, graciosa.
Tenho por vezes o hábito de postar no face e depois aqui desenvolver a temática, nesse pressuposto um comentário de uma amiga que complementa esta azáfama da azeitona.
Mas tive um contratempo, vi jeito de desmaiar , pela descida abrupta da tensão senti jeito de poder cair de uma oliveira, mas o pior foi a limpeza do limpador para o entregar a quem fez o favor de o emprestar, o Arlindo Moreira, que foi meu colega no Externato, sendo em folha de Flandres, deveria ter as pontas rebitadas, mas sendo da marca "Lena" foi fácil perceber o acabamento de fabrico em série tipo chinês... o que sei tirou-me um "bife" à mão esquerda em forma de triângulo ficando a pele presa apenas por um dos lados, valeu-me a velocidade de sedimentação que estando boa perdi pouco sangue, devidamente desinfetada com betadine, a minha mãe foi enfermeira fazendo o penso, pôs uma ligadura de gaze que prendeu com uma pulseira que fazia pressão no ferimento, fato aparentemente irrelevante foi sábio, pois a pele agarrou, o ferimento está cicatrizado e com o tempo acredito mal se vai notar.
A cesta de verga para o Vicente para o ano, deve levar umas 100 gramas, no meu tempo o meu pai mandava fazer umas pequenas que levavam meio quilo, ao Zé Mau, em Além da Ponte, em abono da verdade era Aquém da Ponte em Ansião.
Andava à venda na banca a 3€ e ninguém lhe achou graça...e afinal tem a graça de antanho em verga a duas cores, graciosa.
Tenho por vezes o hábito de postar no face e depois aqui desenvolver a temática, nesse pressuposto um comentário de uma amiga que complementa esta azáfama da azeitona.
"Li o teu romance. Eu também já vivi um semelhante, de umas oliveiras que tenho num terreno que comprei em Pousaflores, mas, no ano seguinte, o meu marido agarrou no dinheiro e disse: " Vai buscar o azeite ao lagar!" Agora, percebes o porquê, não é verdade?"
Respondi -Obrigada pela cortesia da leitura e partilha da tua experiência. De fato tens razão, não compensa, mas eu gosto da azáfama, sinto uma liberdade incrível estar numa propriedade que é minha, olhar o céu e sentir "isto é meu" vivência infinitamente maravilhosa em plena natureza, e depois o fato de ter de me desenrascar a fazer várias tarefas - , polivalência que adoro seja a versatilidade; senhora na rua, mulher em casa, e saloia no campo...
Outro comentário
Respondi -Obrigada pela cortesia da leitura e partilha da tua experiência. De fato tens razão, não compensa, mas eu gosto da azáfama, sinto uma liberdade incrível estar numa propriedade que é minha, olhar o céu e sentir "isto é meu" vivência infinitamente maravilhosa em plena natureza, e depois o fato de ter de me desenrascar a fazer várias tarefas - , polivalência que adoro seja a versatilidade; senhora na rua, mulher em casa, e saloia no campo...
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"Esse azeite vai ter um sabor diferente de outros azeites. E a lembranca do trabalho que deu ate chegar ao lagar e se tornar azeite. Apanhar azeitona na nossa terra ainda não e fácil!"
Pura verdade. Sendo que hoje já existem mantas leves, de grande dimensão, e dantes eram em serapilheira que se punham sobrepostas no chão e depois molhadas era um horror de peso... O mesmo das escadas agora leves em inox, dantes em madeira, pesadas e algumas com degraus podres.
Agora sobe-se à oliveira e corta-se a lenha que está a mais, depois na manta são batidos para soltar a azeitona, já não se vareja como antigamente, que estraga a árvore, assim fica a oliveira logo podada. Por isso o trabalho está facilitado.
Pura verdade. Sendo que hoje já existem mantas leves, de grande dimensão, e dantes eram em serapilheira que se punham sobrepostas no chão e depois molhadas era um horror de peso... O mesmo das escadas agora leves em inox, dantes em madeira, pesadas e algumas com degraus podres.
Agora sobe-se à oliveira e corta-se a lenha que está a mais, depois na manta são batidos para soltar a azeitona, já não se vareja como antigamente, que estraga a árvore, assim fica a oliveira logo podada. Por isso o trabalho está facilitado.