Trovão em janeiro, nem bom prado nem bom palheiro.
Não há luar como o de Janeiro, nem amor como o primeiro.
No dia 22 de Janeiro pelo S. Vicente alça a mão da semente.
Neve de fevereiro, presságio de mau celeiro.
No dia 24 de Fevereiro dia de S. Matias começam as enxertias.
Março, marçagão, manhã de Inverno, tarde de Verão; março marceja (chuva miudinha) pela manhã chove e à tarde calmeja; março pardo, antes enxuto que molhado.
Quem não poda até março, vindima no regaço.
Vento de março, chuva de abril, fazem o maio florir.
Em abril queima a velha o carro e o carril.
Abril águas mil. É próprio do mês de abril as águas serem às mil.
Maio pardo e ventoso faz o ano formoso.
Mês de maio, mês das flores, mês de Maria, mês dos amores.
Junho ventoso faz o ano formoso. Lavra no S. João, se queres haver pão. Sardinha de S. João já pinga no pão.
Julho mês das colheitas. Pelo S. Tiago, pinta o bago.
Agosto mês das festas.
Em setembro ardem os montes, secam as fontes.
Dia de S. Bartolomeu anda o diabo à solta.
Quem planta no São Miguel vai à horta quando quer.
Outubro quente traz o diabo no ventre.
Em outubro sê prudente, guarda o pão, guarda a semente.
No dia de S. Martinho em novembro, mata o teu porco e bebe o teu vinho.
Pelo S. Martinho vai à adega e prova o vinho.
Do Natal a Santa Luzia, cresce um palmo o dia.
Em dia de Santa Luzia cresce a noite e mingua o dia e, …
Porco sarnudo (muita carne).
Queijo pesado (não é rendilhado).
Pão leve (sinal de bem cozido).
Azeite líquido (não tem borra).
Mel coalhado (é puro).Ainda outras sabedorias, adágios que das suas bocas ouvia…
”Quando o ganho é fácil a despesa é louca”…
“Quem pouco ganha e muito gasta, se não herdou, furtou”
Com todos me acostumei na
aprendizagem de mezinhas, saberes, ditados do "borda-d’água popular” o saber das fases da lua para
sementeiras e colheitas -, ao falar com eles a mesma linguagem, criei com todos
uma empatia -, alguns desabafavam, contavam segredos, não era o facto de andar
a estudar que me tornava diferente - gostava de estar com aquelas pessoas, com
elas aprendi muito, tudo o que sei sobre a arte da lavoura e alguma coisa da
vida.
Pior foi quando cheguei a Lisboa senti o gozo diário da minha pronúncia
desses tempos “chamavam-me bimba”.
Gente desse tempo que sempre me respeitou, especialmente o Ti Alfredo da quelha da Atafona, pai da minha amiga Tina -, no quintal semeava as favas, batatas, fazia os regos a prumo para o feijão verde, verdejava a frondosa e secular nogueira. Então não me lembro tanto dele, de me ensinar a pôr as batatas no rego, com carinho me arranjava um pauzito a bitola do espaço para nascerem certas, e o mesmo cuidado a plantar alfaces, couves-galegas, beterrabas, feijão, e ainda outras sabedorias. Amigo da conversa, de tantas conversas, adorava-me, sentia, e eu a ele, por ser homem bom, abençoado de olho esverdeado, homem distinto, mais parecia um “Santo”. Havia outros trabalhadores rurais contratados pelos meus pais para tratarem de escavar a vinha; Pedro e Marcolino de Albarrol, também da mulher deste a Rosa, andou no quintal a tratar das nozes -, no tempo que eram três nogueiras, o Rafael da Garriasa também um trabalhador assíduo, e o Ti “Pau-preto ”andaram muito em tarefas pelo quintal.
Gente desse tempo que sempre me respeitou, especialmente o Ti Alfredo da quelha da Atafona, pai da minha amiga Tina -, no quintal semeava as favas, batatas, fazia os regos a prumo para o feijão verde, verdejava a frondosa e secular nogueira. Então não me lembro tanto dele, de me ensinar a pôr as batatas no rego, com carinho me arranjava um pauzito a bitola do espaço para nascerem certas, e o mesmo cuidado a plantar alfaces, couves-galegas, beterrabas, feijão, e ainda outras sabedorias. Amigo da conversa, de tantas conversas, adorava-me, sentia, e eu a ele, por ser homem bom, abençoado de olho esverdeado, homem distinto, mais parecia um “Santo”. Havia outros trabalhadores rurais contratados pelos meus pais para tratarem de escavar a vinha; Pedro e Marcolino de Albarrol, também da mulher deste a Rosa, andou no quintal a tratar das nozes -, no tempo que eram três nogueiras, o Rafael da Garriasa também um trabalhador assíduo, e o Ti “Pau-preto ”andaram muito em tarefas pelo quintal.