sábado, 23 de maio de 2020

O Feriado Municipal de Ansião, a sua história !


Com a implantação da República foram anulados feriados religiosos, sendo criado o Feriado Municipal. 
Em Ansião foi citado por César Nogueira, num dos seus livros «o ponto de paragem depois da despega era na taberna do Piloto, no r/c sul do solar do Cimo da Rua, na década de 30, do séc. XX, onde, ao que se dizia, o eminente Pascoal José de Mello Freire dos Reis terá nascido em 6 de abril de 1738, que justificou por muitos anos o feriado municipal de Ansião.»

Desconhecendo-se o ano que foi deliberado em Ansião, homenagear um dos seus filhos, o considerado mais Ilustre, jurisconsulto em Leis . Muito contribui a falta de aposta na digitalização do velho arquivo municipal. 

Pese a boa vontade em ultrapassar a burocracia de preencher requerimento para investigar o livro de atas em arquivo, debalde, a falta de staf habilitado a decifrar caligrafias, ditou insucesso. Já a digitalização facilitava  todos os que mais querem enxergar sobre o passado de Ansião, por hoje haver gente especialista que se predispõe, na cibernética,  a ajudar terceiros nestas andanças culturais.


Falando do excerto de César Nogueira, não é certo se Pascoal dos Reis, nasceu nesse solar, dito dos Soares Barbosa.  Provável no tempo, como esta casa, mais antiga que o solar dos Soares Barbosa, a entestar a estrada atual do Cimo da Rua, onde tenha nascido. Conhecida por casa da Ti Zulmira, que no interior tem uma grande escada em pedra.

                                      A primeira escolha do feriado municipal 

Se abone ter caído em descrédito, pela falta de apoio em iniciativa associada, sendo inevitável se vir a perder, já que era um dia morto, sem romagem de saudade ao cemitério, por estar sepultado em Lisboa, além do equívoco lançado na notícia na imprensa, de José Luiz de Macedo no século XIX - já não vigorar nenhum seu descendente em Ansião. E, assim culminar desterrado em esmorecida memória. De glória, apenas agraciado na toponímia na rua onde mandou edificar um solar, que não viu acabado e, na Escola C+S – debalde, atestado pela metade - Pascoal Melo Freire, a jus em 1889 em Lisboa - Rua Pascoal de Melo. A falta do apelido Reis - grave dolo aos seus descendentes, jamais a ele se identificar, agora sábios, em ribalta!

A este propósito,  relacionar  o parentesco do Sr. José Maria Marques dos Reis, morador na sua quinta do Martim Vaqueiro. O conheci desde sempre, como a sua sua irmã, Ti Maria, vizinha dos meus pais. O filho dela, da minha idade, já falecido, o Chico Borges, era  retrato fiel  deste tio e tanta vez em conversa lhe dizia - se tivesse tido um filho se calhar não o seria tão parecido como o seu sobrinho...ao jus da alta silhueta,  olhar pequeno e brilhante, quiçá mistura de genes celtas e italianos, e de carater reservado .O Zé Maria Reis, morreu solteiro, ainda lhe perguntei se chegou a conhecer o amor, e de imediato remediar e me desculpar por não ter direito de entrar na sua  privacidade - sorriu, um sorriso bonito, tímido e doce, de boa e humilde pessoa,  puro e diferente, mostrava-se desprendido de riquezas , sem qualquer etiqueta, assumia atitude e forma de encarar a vida com padrões que nem todos aceitavam, mas eu compreendia...Terrivelmente solitário, caminheiro vagaroso de passo certo, de grande inteligência. Um amigo, com quem gostava de travar conversa as muitas vezes ao Ribeiro da Vide, a quem expliquei os meandros como cheguei à origem  dos seus ascendentes. Adorou,  para me dizer mais do que  uma vez, quando andei na escola não gostava de história, não gosto de guerras mas desde que passamos a falar da história, passei a gostar e gosto muito, a Isabel fala com paixão, encanta quem a ouve ...recordo o recado que muita vez deixava pairar no ar quando temos outra aula de história?... ainda me disse da última vez  - ah a história, afinal a história é bonita e como a Isabel conseguiu com o pouco que eu lhe disse fazer tanta resenha... A notícia do seu falecimento deixou-me muito triste. A minha próxima vez em Ansião, não o vou ver em nenhum dos sítios do costume  e  uma lágrima vai escorrer de grande saudade...

O povo comemorava a Festa da Ascensão, ou Quinta Feira da Ascensão, até ao decreto 38:596 de 1952  
O decreto publica uma reforma abrangente do sistema de feriados: dois feriados civis, o 31 de janeiro e 3 de maio foram extintos e foram criados 3 feriados religiosos: Corpo de Deus, Assunção de Nossa Senhora (15 de agosto) e Todos-os-Santos (1 de novembro). 

Ansião, demorou 3 anos para decidir entre o feriado atual (quinta feira de Ascensão) que basicamente tinha sido abolido nesta data e pondera uma elite no dia 4 de julho, a favor da Rainha Santa Isabel. 

Porém,  não teve qualquer menção na Ata nº 8 de 1955. No continuado costume de pouco, quase nada ser dito  e o que é incompleto ou mal explicado e, depois quem vier que descubra...

Livro nº6 atas da Câmara Municipal de 10/11/1953 a 18/05/1957

Ata nº8 Feriado Municipal 1955

Aos doze de abril de mil novecentos e cinquenta e cinco nesta Vila de Ansião, e sala das sessões da Câmara Municipal, no edifício dos Paços do Concelho (…)

(…) Seguidamente porque a revisão de feriados operada pelo decreto número trinta e oito mil quinhentos e noventa e seis ( Decreto nº 38596), de quatro de janeiro de mil novecentos e cinquenta e dois, veio abolir o feriado anual municipal que até então havia neste concelho, e porque se verifica a necessidade, a exemplo do que sucede noutros concelhos, de escolher e fixar entre as datas das festas tradicionais e características locais, o dia mais próprio para este efeito, a Câmara de acordo todas as entidades e actividades existentes, no uso das atribuições que lhe pertencem nos termos do décimo terceiro do artigo quarenta e oito do código administrativo, delibera por unanimidade fixar o dia de Quinta-feira da Ascensão para feriado anual municipal neste Concelho, por ser a data por tradição mais festiva, em que todas as famílias ricas, remediadas e pobres se deslocam em massa a três localidades sempre, estas denominadas “Nossa Senhora do Penedo, “Alto da Camporez” e “Venda Nova”, dentro da área do Concelho, e ali em boa harmonia se confraternizam alegremente “no dia mais feliz da sua vida” como é costume dizer-se na voz do povo. Mais deliberou a Câmara que esta deliberação seja submetida à apreciação de sua Excelência o Senhor Ministro do Interior, para efeito do artigo quatro do já citado decreto número trinta e oito mil quinhentos e noventa e seis (…)

Presidente de Câmara – Elísio Mendes de Oliveira

1973 o Decreto nº 262/73 de 26 de maio, artigo 1º

Autoriza a Câmara Municipal a considerar o feriado Municipal o dia de Quinta-feira da Ascensão.

Presidente de Câmara – Américo Gaspar

Reflexão


A escolha em 1955 do feriado municipal em Ansião, o atual, resulta após a celebração da Páscoa, no 39 dias seguintes, o apogeu de celebrar o Dia da Ascensão - a subida aos Céus de Jesus. 
No entanto esta festa foi pelo povo assimilada  no tempo de celebrar o Dia da Espiga ou Quinta Feira da Espiga.  Culto enraizado no Cristianismo, associado à tradição de culturas e rituais pagãos; celtas e romanos . Assim temos herança vinda dos celtas, os primeiros povoadores e depois dos romanos e mais tarde com judeus asquenazes que ainda hoje na Sérvia tem o culto de coroas de flores . 
Na região de Ansião eram as Maias, flores amarelas que florescem no inicio de maio, em consagração à natureza e à fé de afastar pragas nas sementeiras, para virem a ter  boas colheitas e da proteção de doenças nos seus animais . 
Recordo de ver Cruzes de flores espetadas nos campos lavrados e de ramos de maias pendurados nos ferrolhos dos currais . 

Adágios associados 
 “os passarinhos não vão ao ninho; o queijo, feito nesse dia, é medicamento contra as sezões (febres); não se cortava o pasto para os gados porque as ervas sangrariam e os currais enchiam-se de carraças; o vento, que soprar à uma hora da tarde, soprará todo o Verão.” 

A Igreja veio a eleger a crença da proveniência divina de todas as origens eternizada no Hino Àscendit Deus in jubilatione , et Dominus in voce tubae. Alleluia.

Autorização do feriado municipal

O atual feriado municipal  de Ansião, tal como mais de 9 municípios aconteceram à revelia da interpretação da  Lei, sendo extinta em 1952. O  hiato de 18 anos, só em 1973, foi aprovado em Diário do Governo. Era então Presidente o Sr. Américo Gaspar.

O início do ritual do Dia da Espiga no concelho de Ansião?

Perdido no tempo as memórias de ranchos armados de concertinas de Avelar, Aguda, Chão de Couce e Pousaflores; a pé, ou em carros de animais enfeitados com coroas de flores, confluíam ao ponto de encontro no Bairro, de Chão de Couce, a caminho da concentração na Venda Nova, já no limite de Alvaiázere, onde se faziam chegar os de Maças de D. Maria às clareiras de carvalhal. Nada mais que pura manifestação pública, intrínseca na génese alegre e musical do povo das antigas Cinco Vilas, a mostrar afirmação e poder, prestigiando a Igreja, abanada com a República, sabendo conjugar o “sagrado” e o arraial “profano”. 

Em 1895, o concelho de Ansião afirma-se aos atuais limites pela anexação; Chão de Couce, Avelar e Pousaflores. Credível, este culto popular se reacendeu  ou afirmou em novo ponto de encontro, agora central - ao Alto do Camporês. 


Temos a notícia de 1945, que o comerciante do Fundo da Rua, Virgílio Rodrigues Valente, erigiu uma capelinha a NªSª do Penedo, na berma da estrada, a poente do ramal do Maxial, por motivos pessoais. 

De crer que a escolha do sítio em rota da acostumada romaria em Dia de Espiga, por nela ser habitual forasteiro. E a inspiração ou divina, ou mérito próprio, sabendo que neste dia tinha gente para pagar a sua promessa. Conta a minha mãe que no dia de quinta feira de Ascensão o rancho saia de Ansião, e ao chegar à capelinha, ele abria a porta e distribuía papos-secos aos cachopos e vinho aos adultos, à laia do ancestral bodo aos pobres incrementado pela Rainha Santa Isabel e do pãozinho a Santo António, ainda costume na nossa terra. Os cachopos, sôfregos com o pão alvo, ficavam felizes, em geral só comiam broa. Logo depois o rancho seguia ao som de banjo e de canas rachadas, engalanadas a fitas de seda até  à imediação atual da Ti Matilde. Poisadoiro alto do Reguengo do Camporês que foi dos Corte Real, sob um talude – afirmava-se grande a planura estéril, salpicada a calhaus, oliveiras raquíticas, vinhas e leiras de trigais, vestidos de flores campestres, a depenicar piquenique; petingas de escabeche, bacalhau albardado, queijo, chouriça, aguardente de ameixa burca e cavacas. Bem arraçoados, a modo de dizer “barriga cheia” em hora de sacudir a manta e abrir terreiro a bailarico para arranjar namoro que a muitos ditou casamento, ao som do acordeão; do Fariseu, o da Serrada da Mata, o da Teodora do Furadouro, o Ti Zé Simões do Cabecinho, o Silvita da Pereira, Ti João Silva do Pinhal Terreiro, o Fernando Lopes do Casal Viegas e, outros.

Contudo, é-nos desconhecida se esta tradição em comandita, também fazia chegar gente de Santiago da Guarda e do Alvorge. No livro de Jaime Tomás, não é abordada, só refere um adágio.

Depois do falecimento em 1959 de Virgílio Rodrigues Valente esta tradição ao Camporês, se tenha extinguido, por ele ter sido um forte impulsionador, e o mesmo ao novo ponto de encontro, na sua capelinha. O ritual em comandita acabou desvanecido pelos campos. Em meados de 60, os adolescentes do Bairro de Santo António, onde me incluía, em idade da inocência, pediam a carroça e o burro da Ti Virgínia André, e à sua boleira partiam alegres pelo Carvalhal até entrar em campo florido fazer o seu piquenique e depois apanhar a espiga. O adeus à festa da Espiga, no costume de pendurar o ramo  na porta da cozinha, com uma moeda entalada para afiançar as riquezas invocadas no ramo para toda a família, que se substituía por um novo, no dia da espiga, do ano seguinte. Desvaneceu-se ainda mais com a globalização do 25 de abril, em prol da saída do concelho com o novo hábito de almoçar fora, quando o feriado devia ser vivido cá dentro, se desprestigiando a essência e o frenesim que representa um piquenique, a folia colectiva por juntar várias faixas etárias, afinal, o espírito agregador da tradição!


O preceito do ramo:
A espiga deve ser de trigo, centeio ou cevada que na simbologia popular representa - o pão nosso de cada dia que nunca falte na nossa casa nem na de todos. 
O raminho de oliveira, o azeite para comer, a luz de alumiar e a Paz, entre os homens. 
As gavinhas das videiras com cachos, ao vinho e alegria, a folia merecida do povo. 
Compõe o ramalhete papoilas a vida e o amor que deve existir entre as pessoas .
Os malmequeres amarelos a riqueza do ouro e da prata.
O alecrim, a saúde e da força que se augura para todos.

O meu ramo da Espiga de 2021
Foi apanhado entre o Monte de Caparica e Almada.
A oliveira, na Quinta de S. Francisco de Borja. Os malmequeres, espigas e flores azuis, na quinta de S. Miguel, que foi dos Condes dos Arcos. A videira  na quinta do Pombal em Almada e as papoilas, só haviam na quinta dos Crastros em Almada, a lembrar ascendentes no Espinhal e Ansião.
Alecrim, foi apanhado de uma varanda, na quinta da Fonte, Almada.

Sugere-se proposta de futuro

Há quem acredite que a Mudança politica em Ansião aposta e trabalha em sistema de equipa, definindo estratégias e objetivos claros aos desafios que se apresentam. Tenho dúvidas, pela alegada falta de coragem e de entusiasmo em mexer sequer tocar em dogmas, ao repto do compromisso assumido em campanha eleitoral - fazer sempre o melhor, envolvendo todos. 

A nova aposta de medalhar quem se destaca a todo aquele(a) que de alguma forma valorizou o concelho, é medida importante, o mesmo não se pode dizer sobre os critérios de escolhas, que se revelam por si só uma amálgama politica, sem substancia...quando há gente que foi decisiva a divulgar a cultura concelhia e ainda está esquecida!  E outros em dupla agraciados, enfim não há critério sério, ao empenho cultural, afinal o tópico!


Revitalizar o feriado municipal de Ansião, entretanto esmorecido, devia ser ensejo maior, o trazer de novo à ribalta e brilho, em proposta aliciante jamais antes assim idolatrada na premissa de manter a tradição e a carga cultural do passado, indo ao encontro do público-alvo, todas as faixas etárias do concelho de Ansião. Ao recordar a doce memória do povo alegre, de veia musical e de beleza intemporal que representa tão bem as antigas Cinco Vilas que valorizaram o atual concelho de Ansião.

Em linhas gerais aplaudo a iniciativa  inovadora, tomando como pilar basilar repor dignamente o ritual do Dia da Espiga, o Feriado Municipal de Ansião, vestido de nova roupagem. No sugestivo convite a fomentar encontro do agrado a todos os seus munícipes, ao favorecer em definitivo, o sítio do Senhor do Bonfim, hoje adormecido no bom despertar anual, com  pompa e circunstância ao jus e eco do que foi a festa inaugural após o 25 de abril, de grande arraial abrilhantado com o musical de Frei Vicente  e da escritora Odette de Sant Maurice com as suas netas - Inês e Maria Medeiros, da sua filha Maria Armanda, casada com o Maestro Vitorino de Almeida, com raízes em Maças de D. Maria, no sineiro francês, Lavache. 

Local seguro e aprazível seria  compromisso de o manter o resto do ano, para piqueniques e caminhadas, com sugestão no verão na rentabilidade do bar aberto em terreiro  limpo e asseado. Com aposta em passadiço da encosta para a Ponte Galiz, hoje de acessibilidade morta pelo IC 8,pela valia extraordinária favorecida pela sua localização, em encosta altaneira, sobranceira aos pés do Nabão, que deve ser limpo, com vistas abrangentes sobre a vila nascente e o IC8 . Em definitivo a projeção do corredor até aos Poios , dando a conhecer aos visitantes a mais antiga atividade de Ansião, a moenga nos Moinhos João da Serra, resta a sua ponte de laje de pé direito e ainda a levada , para se entender a sua funcionalidade tida no passado com a água desviada do Nabão, para alimentar o moinho e depois de cumprir a sua função, voltava de novo à ribeira e, mais outra vez e, outra e, tantas as vezes quantos moinhos houvessem como lagares e pisões até Tomar. 

Ainda o ex libris do açude aos Mouchões e as suas tamargueiras,  na frente do costado das Grutas do Calais, e de outra ponte castiça para em reviravolta  tomar o corredor da via romana à Lagoa do Castelo, que deve ser limpa  e de novo a descida ao Senhor do Bonfim. 

Sendo expectável vir a merecer a confiança e aceitação dos seus donatários - Igreja e Bombeiros Voluntários de Ansião - na parceria a estabelecer,  a meu ver deve a ser tomada pelo Poder Público, no cumprimento deste grande objetivo, revitalizar uma tradição em estonteante apoteose e merecido estrelato, quiçá no futuro conjeturar Candidatura às Sete Maravilhas da Cultura Popular, pelo contexto da paisagem natural de particular beleza que as pinheiras e os carvalhos seculares lhe conferem e acrescentam identidade ao seu valor histórico e sentimental do que foi a Quinta da Boa Vista. Ainda a iniciativa em  desentupir o poço, que foi atulhado por falta de conhecimento histórico do local, e pode ser o acesso ao túnel que ainda é falado na boca do povo, e podia ligar ao vulgo mosteiro, e não terem sido arcos de volta perfeita, como outros falam, pelo desnível no terreno, não me parece plausível.

Fatal desejo vangloriar e respeitar heranças herdadas, por serem detentoras de Património Imaterial, de muita importância e aos valores etnográficos, usos, costumes e crenças dos nossos avoengos. 


Acresce a definição de pelouros e responsabilidades, com sugestão aos Bombeiros Voluntários na limpeza dos espaços e podas, escolha do Sarau Musical e do funcionamento do Bar e o pelouro da Igreja, com os preparativos da celebração de Missa campal. A Câmara no justo e habitual compromisso de manter as acessibilidades condignas e transitáveis, com publicitação do evento e ao apelo da concentração na frente dos Paços do Concelho, estimulando a levar farnel, todos a caminho do Senhor do Bonfim. 


Coragem a revitalizar o Senhor do Bonfim, por hora em letargia, miradouro emblemático, idílico e histórico, ideal para apanhar a espiga, piquenique, missa campal e confraternização de todas as faixas etárias. Com determinação a consolidação de identidades creditícias no lema - Todos juntos somos mais Fortes – a parceria com a Fábrica da Igreja e a Associação dos Bombeiros Voluntários de Ansião - os donatários da Capela do Senhor do Bonfim, ao jus e eco se fidelizar – Sítio de Todos os Ansianenses!

terça-feira, 19 de maio de 2020

Arquitectura civil e religiosa de varandas séc. XVII/I em Ansião

Sugestão nascida com a partilha  de uma bela casa que ainda conserva  extraordinária varanda de forma rectilínea em grade partilhada pela Prof. Anabela Mendes da Cumeeira, no Grupo Ansião. No seu julgar podia tratar-se  de exemplar  único na região em desplantar a memoria das que já partilhara em crónicas  com outras partilhadas por Membros . Em resulto uma boa aposta com denotado interesse pelo património cultural do concelho de Ansião aqui se pretende compilar.
Em Ansião os lavrantes, o nome como os conhecia,  esculpiam na pedra a escopro e martelo, além de ombreiras e lintéis para portas, portões e janelas, pias para o azeite e outras pequenas para os animais. Demorei tempo para perceber  o significado da  palavra canteiro - afinal outro  nome como também eram conhecidos, e que lamentavelmente por incultura naquele tempo, associava aos canteiros do jardim, até perceber a raiz da palavra  - cantaria. Em Ansião, o foram escultores de pedra, em linhas sóbrias, como antes os arcos góticos que conheci e hoje apenas resta um, a continuidade a um design de formas rectilíneas, simples, em grade ou avental , com estética elegante a retratar um tempo áureo caracteristico em Ansião e antes sem o ter sido aflorado, e o distingui ainda  em Pussos e no Espinhal. Ainda existem alguns exemplares a merecer preservação da sua traça pois fazem parte da nossa identidade cultural e muito ajudam a conhecer mais do que foi o seu passado.E de quem nestas casas morou.
Em alerta
A arte da cantaria em Ansião a merecer atenção para não se perder este  património cultural que se deve manter, testemunhos de um passado  e jamais o ser  alterado ou desvirtuado, por isso a Câmara o deve proteger , inventariar e fiscalizar, com proposta no futuro em fomentar uma Oficina de Cantaria em Ansião, enquanto temos artistas de canteiro!

O casual comentário que hoje formulei a  uma nova foto do grande amigo João Patrício
Qual ar introspectivo, o seja com pensamento na Serra de Ucha, do que foram os seus moinhos de vento, das gentes da Barroca e de Lisboinha, porque estes, com herança da moenga na ribeira, na Mouta Redonda. Notável o ar de intelectualidade. O que desplanta em descobrir mais sobre a cultura que amamos, para em deleite a vontade de continuar, debalde as pataniscas esperam-se , caso não fosse a tarefa e o apetite apressado em as saborear, sabe Deus onde ia parar sem jamais deixar de falar de Pousafoles e hoje Pousaflores, de Lisboa a pequena e hoje Lisboinha, e da Mouta Redonda com o sufixo dos primórdios, em Ansião, instituídos na toponímia. Excelência tanto saber, e tu meu mentor! Obrigado.
Responde - Apenas direi que:" tu ofereces à Poesia,de uma forma muito densa,toda a tradição e um património que são raros, que de certa forma mais se confunde com o mundo,o real e o quotidiano".

Depois da leitura tão extaziante e profunda entre conterrâneos a falar das raízes  e  sua  cultura  a mostra de belíssimos exemplares de traça tradicional na região
Deixados por gente abastada.Algumas casas em derrocada, o que se lastima. Casas de grande volumetria com loja o curral em baixo para aquecer com o bafo a casa no inverno, assim se aprendia em tempo de escola, com sobrado a que se acedia por balcão (escadaria e varanda) em geral telhado, uma característica do casario judaico.Na Beira Baixa, em Medelim, tem sido preservadas encontram-se catalogadas mais de 250.No concelho de Ansião, por falta de conhecimento histórico e cultural, mais uma vez a sair da base de conforto para mais falar das comunidades judaicas aqui aportadas, com amostragem de alguns testemunhos com balcões suportados por colunas de varandins rectilíneos criando espaços abertos tipo grade ou fechadas por pedras de avental.

A Arte do que foi a Cantaria em Ansião, com resquícios em seus  descendentes que trabalharam no Mosteiro de Aljubarrota e dos Jerónimos.

A arte de trabalhar a pedra é antiga com apontamentos romanos e moçárabes. As suas ruínas deixadas  foram reutilizados em novas requalificações - a primeira estalagem com capela no vulgo mosteiro,  a actual  matriz de Ansião de 1593, derruba a natureza da construção de raiz , na feliz descoberta,  a sua adjudicação, com menção ao que havia, a Fundação da Casa da Misericórdia nas primeiras décadas de 600, e a ermida de Nossa Senhora da Conceição com o seu portal gótico, o testemunho vivo mais antigo do concelho . Em 1702 foi edificada de raiz a sua actual  capela. O padrão que o Senado de Ansião mandou levantar em 1686 ao Senhor da vila  - Dom Luís de Menezes, igualmente de raiz  e a Ponte da Cal , alegria a descoberta da sua adjudicação em 1648, a auspiciar os  tanques de chafurdo, o nome por que os chamo e antes ninguém e ainda a certeza do mestre ter bebido inspiração noutro ali existente do habitat catalogado romano. A ampliação da ermida na  Constantina em 1623 em dar início ao  fausto e riqueza , com as belas colunas de suporte à galilé - ou não e serão também reutilizadas, fica a sua abordagem para outra crónica.

Capela da Constantina  1623
A exuberância do belo com a galilé do alpendrado em plenitude a arte da cantaria em Ansião!

Capela de S Bráz
Onde o adeus ao deitar do sol é dos mais belos em contexto de arquitectura cultural
Perdido o  talento de fotografo em Ansião?  
Aqui neste local com uma boa máquina, que não tenho, oferece uma multiplicidade de fotos e de cores a quem tenha  perfil para o belo, no seu expoente máximo e mente sempre atenta. Debalde em letargia  para até hoje ter sido  desperdiçado em vídeos, em apresentações turísticas, e bem podia, pela grande plenitude em franco ambiente religioso e cultural e não apenas e somente  na serra da Portela... Outros  se aprocheguem e digam se não  estou certa!
Granja,, Santiago da Guarda
A arquitectura dos arcos reporta semelhança para o convento de Penela de Santo António fundado em 1578, contudo, o conjunto das construções (igreja, área residencial e anexos) datam do séc. XVIII , imóvel particular dista poucos quilómetros (15) da Granja.
Sem ninguém a alvitrar ter sido edificado sob uma ruína moçárabe, por outras evidências, e agora não partilho.
Bússola do Tempo: Paço da Granja em Santiago da Guarda, Ansião
Ateanha
As colunas suportam o telheiro sem saber se debaixo do reboco é pedra
Capela da Ribeira de Alcalamouque 
O  púlpito na rua com  inscrição e  data de 1689
Segundo as Memórias Paroquiais (...) A herdade de Alcalamouque por carta testamentária de Soeiro Gonçalves, de março de 1142, uma das mais antigas referências documentais a terras que actualmente integram o concelho de Ansião. (...) No "Promptuario das terras de Portugal", de 1689, de Vicente Ribeiro de Meireles, o lugar de Alcalamouque, consta, igualmente, como uma das localidades do termo da "Villa do Rabaçal, " (...) Em 1747 - 1751 padre Luís Cardoso tem uma Ermida dedicada a S João Batista.
Verossímil que esta capela foi instituída pelo jesuíta Dr António Santos Coutinho de Ansião, na extrema norte do seu Morgadio, à imediação do Rabaçal e não a da Junqueira, aliás não existe confirmação de nenhum, apenas o testemunho documental que foi feita na imediação do Rabaçal. O Mestre, deixou Ansião, depois de acabada a capela da Misericórdia em 1702 e de ter  instituído um Morgadio com  duas capelas aos seus limites, a sul e a norte , embora o padre que deixou a noticia, naõ foi muito explicito e até se enganou noutra observação para dizer não destacou o merecida atenção e o devia. O facto do Mestre ter falecido em 1704 sem paga ao seu administrador que vivia na Guarda, tenha sido reutilizada para o serviço público, para tarde coa extinção dos morgadios, o acabaria por vir a decretar,  o que apraz dizer e ainda acrescentar quando deixou Ansião a caminho do Santuário da Lapa em Viseu, onde veio a falecer, aqui se apeou para orar demoradamente e alegorizar  a sua obra!
Já passei na sua frente, mas não tirei foto, o alpendre é soberbo suportado por meias colunas.
Brutal graciosidade do seu púlpito exterior ex libris no concelho de Ansião
Encontrei  na Covilhã e Orca, Castelo Branco...mas devem haver mais 
Capela da Ribeira de Alcalamouque
Capela da Venda do Negro
A  capela nas várias reestruturações alvitra a dificuldade em  saber se o telheiro fazia parte, tudo aventa que sim, porque em locais de romagem as tinham para abrigo dos romeiros. O reboco não mostra se as paredes são de avental ou pedra normal.

Impressionante aldeia com parcelas de chão inculto para em brutal contraste enfestar a parede sul da capela couval galego, a tapar as janelas laterais a que se sobe por escadaria vulgar a tijolo a cimento, sem a preocupação aparente, em colidir com a estética da  antiga - a monumental !
Um verdadeiro atentado ao património histórico e cultural!
Em sensatez seria apologia, a fasquia de terreno vir a ser comprado ou doado com  honra atestada em lápide, além de mostrar a vaidade  merecida que se reveste o acto de filantropo a reflexão ao contexto do que deve ser a cultura e a preservação dos valores herdados no grande conhecimento aos demais essa grande visão  cultural que a cada dia se deve enaltecer mais.

A estalagem da Venda do Negro com o seu varandim telhado suportado por colunas
Referida em excerto pitoresto que vale a pena ler, retirado do Livro Notícias e Memórias Paroquiais  "Em maio de 1568 Segismondo Cavalli, passou nesta estrada cujo secretário Lunardo Otthobon escreveu " assaz duas láguas pedragosas que medeiam Alvaiázere e Ansião se encontravam "tres ou quatro tabernas desagradáveis" (hosterie scontentissime).Estaria certamente a referir-se a vendas, que Rafael Bluteua, no Vocábulo Portuguez, definiu como "taberna de estrada ou estalagem de campo". 
Bartolomé de Villalba y Estana, em 1575, teve a desdita de ir almoçar à Venda do Negro. A verrinosa descrição poética que escreveu sobre esta venda, bem pode ficar perpetuada na vasta literatura crítica europeia sobre a má qualidade das estalagens ibéricas.Esfomeado como estava, não lhe restou tentar melhor sorte do que ir dormir a uma estalagem de Alvaiázere. 
Na obra El Pelegrino Curioso celebrizou num poema satírico que aproveita a negritude do nome do estabelecimento para escurecer mordazmente esta "tan negra posada".
A la Venta del Negro hemos llegado
y negro el pan, y negros los manteles,
el caldo negro y el cabron chamuscado,
y negros de la guespeda aranbeles.
En negro punto aqui hemos llegado,
y más tener ventera cascabeles,
puerca, negra, suzia y torojada,librenos Dios de tan negra posada.

A minha simplista tradução
Há Venda do Negro havemos chegado 
E negro o pão, e negros os panos,
o caldo negro e a carne chamuscada,
E negros a santa companhia.
Neste ponto negro aqui havemos chegado,
E má cara cascavel do estalajadeiro,
Porca, negra, suja e desarrumada, livre-nos Deus de tão negra pousada.
Cortesia a partilha  de Anabela Mendes em Figueiras de S João
Esta casa  é de Maria Rosa Marques que a herdou de seu pai Adriano Marques.

Extraordinário alpendrado suportado por cimalha elegante suportado por cinco colunas facetadas com varandim rectilíneo aberto, janela de avental e pedra na lateral para a sardinheira. 
Não é usual ver esculpido na região o algarismo 7 desta forma artística, antes mais arcaico, que engana a lembrar um 1.
Cortesia da partilha de Fernando Mendes  em Torre de Vale de Todos
A casa foi de Albertino Freire, marido de uma senhora chamada Ilda, cuja filha foi para o Brasil. A data 1708, a pedra já não está no seu local (estava na fachada junto à estrada que se foi degradando). O "8" havia sido esculpido de forma mais retilínea ou seja um X a que "taparam" os topos...Alpendrado com cimalha de pedra suportado por 8 colunas , o varandim fechado por pedras de avental

Escampado de Santa Marta
Conheci esta bela casa em criança na romagem em véspera do Domingo de Ramos, com a comandita do Bairro de Santo António, onde se apanhava alecrim para o ramo.Recordo a janela de avental, ainda se percebe a graciosidade do caixilho minúsculo na portada de madeira amarela, tanto me fascinou pela pouca luz que deixaria entrar... Imagem que me acompanhou até hoje, a julgar como seria noutros tempos a vida das pessoas que aqui viveram, tinham de ser abastadas. Tenha sido nesta casa que foi instituída outra capela em Santa Marta, abordada nas MP, e dela não se acha rasto...
Voltei depois de muitos anos  para reviver as boas lembranças de criança deparei-me com o alpendre em derrocada, no pior triste,  tremi a foto...as colunas tinham desaparecido, disseram-me que o dono as tinha tirado, antes que as roubassem..O caminho da capela actual para aqui com o chão de grandes lages, numa delas havia uma Cruz incisa. Da penúltima vez  os entulhos e as ervas não se distinguia,  ainda assim a consegui localizar, porque sabia onde era,  não registei foto, porque não levei máquina , mais tarde voltei,  o caminho tinha sido roteado para Albarrol...Na frente da casa havia no caminho grandes pedras, como se fossem peças lego, acima e abaixo entaladas na terra, poderiam  ser  de um troço romano...
Caro Daniel Marques será que não podes tirar uma foto actual melhor que esta minha?
A que foi a Estalagem da Misericórdia do Alvorge  1709
Alvorge
Varanda de avental e colunas a suportar telheiro

Ameixieira
Balcão corrido por muro
Técnica mais barata com  janelo pequeno, traça ao estilo pobre
Falta conhecer  ao pé do cemitério o que resta do casario da família Serra, que foi do tempo dos primórdios da quinta da Ameixieira.
Lagarteira
Silvina Gomes
Eu conheço uma casa do mesmo estilo, com uma varanda de pedra,na Lagarteira, não sei a quem pertence atualmente,mas quando lá passo, gosto de ver a arte antiga, fica numa rua no interior, quem vai dá Fonte Carvalho, para cima, fica na segunda rua à direita, não sei o nome da rua, passo por aí muitas vezes quando estou na Ribeira do Açor, e vou visitar a minha cunhada Filomena Gomes.Aqui lhe envio as fotos das respectivas varandas, antigas, que tirei esta tarde na Lagarteira, são varandas de duas casas, próximas uma da outra, e uma janela de outra casa, também da mesma rua, que têm a data de 1440, a minha cunhada Filomena, acompanhou me, ela sabe a história de algumas casas, ela nasceu e cresceu,e casou,na Lagarteira,e vive ali ao lado,eu não conheço a história,eu nasci e cresci na freguesia de Ansião!eu não sou uma boa fotografa,mas procurei fazer o melhor que pude em algumas o sol estava a dar-me na cara,e não consegui fazer melhor, fico feliz por contribuir para ajudar a encontrar um pouco da História do concelho da nossa terra Ansião,do qual sou uma fã incondicional.
Eu é que agradeço a extraordinária partilha. Bem haja.
Janela  com lintel de  1440
Balcão alpendrado com varanda de janelas de avental
Outra casa de janela de avental e balcão com telheiro alpendrado por colunas  perdars de avental em rodapé.
 Outra casa de balcão alpendrado com janelas de avental

 Lagarteira
Casa  que fotografei perto da igreja a requalificação retirou-lhe a traça  ancestral. A bungabília é antiquíssima, a espécie que mais aguenta qualquer agrura, não permite visualizar o balcão.







Netos
Casa de 1716, em derrocada.
Lajeado com  telheiro suportado por colunas.
                     
NETOS o agora em junho  de 2020
Colunas  retiradas por segurança em 2015. Estão guardadas.

 Sustentaram a cimento a quina da parede para não se perder a Cruz em pedra

 O avental da janela muito partido...
Ansião
Solar da Quinta das Lagoas, de todas a  varanda mais  grandiosa
                       
                          
                                                

Lintel com a data 1874, sem se saber se a varanda é mais antiga, mas não deslindei outra data

                       

Constantina
Casa da família Vaz no tardoz da capela de Nossa Senhora da Paz 

Ansião
Tardoz do solar mandado construir por Luís de Mello, o Engº Miguel Portela descobriu a adjudicação da obra aos canteiros, mas na minha opinião era a casa para Pascoal Mello Freire dos Reis, na Rua Oliveira Salazar
Hoje de dois proprietários distintos.O muro é alto, no meu tempo foi ali feita uma pequena casa à multa de noite...o que se dizia, em chão alheio, mas como sou curiosa ainda assim deslindei, um pouco da varanda, afinal cantaria na continuação da escadaria interior do Clube dos Caçadores.
A nova chaminé tira o brilho à varanda.

Cortesia de Américo Cardoso


Alvorge
Varandim num solar com  reutilização  das colunas que foram  do solar dos Carneiro Figueiredo
Falta o registo de uma foto de sul para norte que se visualize a varanda noutra perspectiva, quem puder partilhar agradeço.
Cabeça Redonda 
Cortesia e partilha de Daniela Marques
A casa foi do engenheiro da Quinta de Cima de Chão de Couce, hoje pertence ao meu pai José Marques.
                                               
 Data emoldurada de 1739
Além da Ponte, Ansião
Solar do Moinho d' Além da Ponte em requalificação,  a metros foi o seu Moinho com Capela de 1696.
Tenha sido neste solar que viveu  Dom José Casimiro de Mascarenhas Velasques Sarmento e de Alarcão e Dona Maria Delfina de Lima ? 
A casa pertence a uma amiga minha de infância. Confesso quando fiquei em pânico quando aqui cheguei e dei conta da ampliação, sem perceber a imensidade descomunal de área habitável e sua  questionável valia...
As colunas do telheiro em formato redondo, não habitual, assim semelhantes, apenas na Capela da Constantina, em  levantar outra questão - o serão dessa época, ou não e, foram reutilizadas de um habitat romano em Além da Ponte,  classificado em 2010.
Não deslindei brasão.A  família nobre com origem no  Espinhal, devia ter tido.
Virei a foto porque o lintel foi reutilizado 1790 ?
Lintel com a data de 1676?
Aldeia desertificada dos Matos, Ansião
As duas primeiras fotos da família "Mendes Simões " enviadas pela  sua descendente Adelaide a quem se agradece a cortesia . 
As fotos tiradas na varanda de balcão da casa aos MATOS onde viveram os seus avós e os pais Com vizinhos que viviam mais abaixo, meu pai, e o primo Álvaro.
A casa foi de uma família abastada que aqui viveu e  teve um filho, o  Padre Manuel Jorge, a quem fizeram a capela de S Mateus, porque não teve paróquia. A casa data dos primórdios de 1700, a capela ostenta a data de 1740 e quando foi instituída por esta família do padre Jorge ele já contava 28 anos, o que equivale a dizer que nasceu em 1712.
Fotos actuais em derrocada. 

A varanda era toda aberta e no século XX foi acrescentada  por tabuado e depois por cimento

Ribeira de Alcalamouque
Casa de balcão telhado com varanda de avental
Faz parte das memórias de muitos de camioneta ou de carro para Coimbra, teria sido uma estalagem?
Avelar
A grande reflexão de um homem com paixão pela sua terra, e todas as vilas se deveriam orgulhar de assim ter alguém , deixo-vos com as palavras sábias do meu bom amigo do Avelar Raul Manuel Coelho « Num tempo em que se ouve falar de Programas de preservação dos centros históricos, voltamos, aqui, a este tema. A existência de dinheiro, no passado, serviu mais para destruir do que para recuperar. Que o presente nos traga melhor sorte. Em nossa opinião, o essencial do centro histórico da Vila de Avelar está perdido, pouco resta além do Pelourinho arredado. Destruíram-se as casas antigas, construiu-se em altura, descaracterizaram-se as fachadas, alcatroaram-se os pavimentos, ignorou-se o pódio e as ruínas da Igreja antiga, local sagrado, onde os nossos antepassados vivenciaram a sua espiritualidade, tomaram sacramentos, e se fizeram sepultar, e onde há poucos anos se construiu... mais um edifício.
Quem aqui passa, dificilmente dirá que este local foi o centro de uma Vila sede de Concelho ao longo de muitos séculos, e a centralidade de uma comunidade popular milenar. A este Espaço não foi dada a possibilidade de reflectir e testemunhar, condignamente, a história e a cultura deste Povo.
Veja-se, por exemplo, esta casa, uma das últimas a resistir no Centro Histórico; já em estado assinalável de Ruína. Não sei de quem é, mas, ainda lá está, agonizando, “empurrada” por um prédio. Seria, talvez, um bom local para ali se instalar um Posto de Cultura.
A sua configuração inspira a pensar na Casa da Câmara, que, com toda a certeza por aqui existiu, simbolizando e representando solenemente o poder popular, tal como o Grande Carvalho, dos quais alguns documentos nos falam.Já nem falo em se averiguar vestígios arqueológicos no local, nomeadamente Romanos dado que, parece-me, há algumas pistas que poderão apontar nesse sentido. O centro moderno da localidade, com a construção da nova Igreja (datada de 1767, mas só terminada meio século depois) e do Hospital, no final do século XIX, passou para o Terreiro da Guia. O Avelar crescia. Pena foi que se tivesse desprezado o Centro da Vila Antiga. Bom será, no possível, que se lhe dê a dignidade que merece (mos).»
Ansião, Moinho das Moutas
Varanda fechada com janelas de avental no gaveto para o tardoz sem visão da escadaria
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Moinho das Moutas
Em derrocada, uma tradicional casa de traça judaica sem se saber como era o balcão, apenas resiste a escada...Por dentro resta parte de uma coluna em redondo
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Loureiros
Casa de família abastada de apelido Freire que emigrou para o Brasil
O  telheiro teria ruído no século XX  quando foi adoçada a casa a sul. A chover, não parei. O  balcão com as colunas de madeira a suportar o telheiro, a sensação que retirei, serem em madeira, portanto uma modificação infeliz do que teria sido no passado, a casa no tardoz revela a sua antiguidade.

O que ainda falta ?
A casa da Quinta da Bica, na Sarzedela, julgo em vias de  requalificação. Pelo que oiço da minha mãe tinha uma varanda com morangeiros pendurados em 1950. A necessidade de registar foto antes .

No Freixo, segundo um comentário existe outra.

E de outras que porventura ainda apareçam.

Pussos, Alvaiázere
Em setembro de 2016 fotografei a segunda que conheci, no mês anterior tinha fotografado a varanda da quinta das Lagoas
 
Cortesia de Henrique Dias com o total da frontaria


Espinhal
Descobri esta capela em 2015 com galilé  com 8 colunas em pedra 



Fontes 
Livro de Memórias Paroquiais de Mário Rui Simões Rodrigues e Saul António Gomes

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