Nas imediações do Museu de Arte Antiga, na sua lateral, no sentido oposto existe um fontanário de pedra antigo, subi ao cimo para reparar numa placa azulejar num edifício que dá o mote em descer a rua. Atrevimento em conhecer o que resta da Fábrica Constância às Janelas Verde.
Fundada em 1836 laborou até 2001 inicialmente conhecida por "Fábrica dos Marianos"
por se ter instalado no antigo Convento dos Marianos, também pelo nome de "Fábrica das
Janelas Verdes".
- No entanto, a sua denominação oficial era "Companhia Fabril de Louça" nome que seria definitivamente alterado para Fábrica Constância, em 1842 sita na Rua de S. Domingos à Lapa nas Janelas Verdes.
- Nesta fábrica foram produzidos alguns dos azulejos que decoram o Palácio da Pena, em Sintra, e muitos dos azulejos relevados Arte Nova que decoram algumas fachadas de edifícios lisboetas (ex: fachada e interior de um prédio na Rua das Janelas Verdes).
- Durante esse período, a fábrica recebeu diversas medalhas de ouro e o Grand Prix, nas exposições internacionais de Paris, Rio de Janeiro, Sevilha, entre outras.
Nela colaboraram diversos artistas, destacando-se o ceramista boémio Wenceslau Cifka (séc. XIX) e João Abel Manta, que a escolheu para a execução do paredão monumental da Av. Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
- Aqui também foram executados os azulejos que revestem o Oceanário de Lisboa, de autoria de Ivan Chermayef.
- Maria de Portugal pintou faiança com trechos escritos e azulejos
- Muitos OUTROS artistas plásticos realizaram trabalhos de pintura nesta fábrica, tais como: Paulo Matos; Lima de Freitas; José A. Jorge Pinto; R. Calado; Luís Pinto Coelho; Francisco Relógio e Chartres de Almeida.
- Além da execução dos seus próprios modelos, a fábrica dedicou-se à reprodução de composições antigas e a encomendas, tanto nacionais como estrangeiras.
Não passam despercebidos na rua do Museu de Arte Antiga dois prédios revestidos na fachada com belos azulejos desta fábrica que no imediato me catapultaram para a fábrica Bordalo Pinheiro nas Caldas pela exuberante ornamentação de
azulejos polícromos e relevados com motivos geométricos e vegetalistas Arte
Nova, da autoria de Viriato Silva.Também o interior-caixa de escada e
fogos-apresenta portentosa decoração azulejar,quer Arte Nova,quer de inspiração
hispano-mourisca,e mesmo naturalista.Os prédios foram mandados construir por Miguel José
Sequeira,um dos proprietários da Fábrica Cerâmica Constância,onde foram
executados os azulejos.
Tenho especial interesse em transcrever parte do gentil comentário de PAULO MATOS que foi pintor na fábrica : " Mas também por ter sido pintor naquela fábrica, onde pintei inúmeros painéis e grandes obras, como foi o caso dos painéis para a Estação do Rossio de Lima de Freitas, com quem tive o privilégio de o acompanhar na execução e pintura durante aproximadamente dois anos. É portanto com muito orgulho que as memórias da cerâmica, do mestre Lima de Freitas, e o Rossio me ficaram intimamente ligadas."E dos links enviados gentilmente que só enriquecem a crónica.
http://pintazul.wordpress.com/2014/02/04/cerâmica-constancia-1836-2001/Vídeos sobre a Cerâmica Constância no tempo de Battistini, com o próprio em ação no final do 1º video.
- Nos restantes dois vídeos a fábrica em laboração com métodos e processos diferentes finais do séc. XX, com a conclusão da Expo98.
http://pintazul.wordpress.com/2014/01/20/os-desenhos-de-battsistini/
- O meu bem haja PAULO MATOS pela cortesia e partilha , de alto valor credetício que muito me honra e todos os apaixonados pela temática.
- Também me abordou a D. Isabel apaixonada pela loiça e azulejos com assinatura pela tia avó Maria de Portugal.
- Nau de Santa Maria de Leopoldo Battistini, séc. XIX, da extinta fábrica Cerâmica Constância
- http://pintazul.wordpress.com/
Outra marca em cruz |