quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Alcunhas de Ansião

Para melhor compreender este panorama dos apelidos e suas alcunhas, pela falta de documentação medieval encontrei em  http://repositorio.ual.pt/bitstream informação retirada do Tombo de Soure e do Ega de 1508, por  limitarem  Ansião. 

Esmiuçar o fenómeno das alcunhas, dececiona ou maltrata a personalidade de alguém? 
As alcunhas retratam o passado, fazem parte da nossa história, jamais abordada pelos ditos historiadores de Ansião. Não se pode mudar o seu panorama que tiveram no passado - quer se goste ou não! 

Ainda assim como sou educada, peço desculpa se alguém acaso se sentir ofendido!

APELIDOS no Tombo de Soure
(...) os nomes de origem germânica e latina alcançam os 31%, seguidos dos nomes gregos 25%, seguindo-se os hebraicos com 7%, por último com resultados abaixo dos 3% os nomes ibéricos, franceses e italianos. Da comparação dos dois contextos anteriores, sobressai a grande “queda” dos nomes hebraicos de 28%, na enumeração de nomes por indivíduo, para 7% quando atendemos à sua diversidade, facto que reforça também a importância do nome, “João”. Seguindo a mesma ordem comparativa, salienta-se a subida de 7% para 25% dos nomes gregos, indicando a sua diversidade, mas também o seu reduzido uso, sendo a evolução dos restantes fundos pouco significativa, latinos 31% para 29%, germânicos 31% para 29%, ibéricos de 2% para 5%, sendo os restantes pouco significativos. Referimo-nos à sua etimologia, mas não descortinamos justificação óbvia para a divergência que apenas é relevante para os nomes de origem grega (latinizados).Por último no que concerne à proveniência dos nomes próprios, aluda-se ao registo de uma significativa maioria de onomatos cristãos, correspondendo ao domínio da implantação da religião de Cristo em território português, quer bibliónimos, quer hagiónimos que foram entrando no quotidiano e na aceitação dos crentes, como apresentamos graficamente. confirma a tendência já referida da utilização de nomes cristãos, bibliónimos e hagiónimos com 62%, deixando 38% para onomatos de outras proveniências.

(...) no tombo da Comenda de Soure, um leque de vinte e dois apelidos de um total de vinte e oito indivíduos que os usavam, número bastante inferior aos indivíduos detentores de patronímico (114).
Homem- Cardoso- Freire- Travassos- Botelho - Correia - Da Costa- De Aguiar- De Almeida - De Azevedo - De Matos - Do Rego - Drago - Lucas -Mexia- Pereira-Pessoa- Ribeiro-Serrão -Telo-Varela - Vieira
No entanto, ao abordarmos no gráfico nº 12 a comparação entre apelidos (50%) e patronímicos (50%) pela sua diversidade, observamos o nítido acréscimo de importância na utilização dos primeiros, admitimos que tal facto seja indicador da gradual evolução dos apelidos.
Os indivíduos referidos no tombo da Comenda de Soure apresentam-se como residentes, ou com atividades circunscritas a essa delimitação territorial; no entanto, existem diversas indicações toponímicas apostas a nome sugerindo deslocações/migrações que, em algum momento interagiram ou se fixaram neste espaço, exemplos como: Álvaro Pires de Buarcos, Francisco de Azambuja, Gil de Gante, João o Moço de Azambuja, João de Ansião, João de Lisboa e Martim da Covilhã, sugerem que num dado momento, saíram da sua terra natal para se fixarem na região sourense, Aires de Almada, juiz dos feitos do Rei, que consta no tombo como tendo passado uma carta selada com o selo da chancelaria da corte; João Coelho, tabelião de Viseu, consta como tendo feito alvará de condenação e Pêro de Gouveia consta como tendo assinado sentença ao alcaide-mor Manuel da Silva; por entendermos que as referências no tombo a estes três indivíduos não comprovam a sua fixação na região. Os resultados obtidos têm como fonte apenas os nomes com indicação toponímica, descritos no Tombo da Comenda de Soure. (Gante é nome conhecido em Portugal, começando por João de Gante, pai de D. Filipa).A migração nacional, um primeiro que se estende até aos 50 km e outro entre os 100 e os 200 km, por último de dimensão internacional surge o caso de Gante na atual Bélgica, no entanto ressalvamos que esta informação é apenas indicadora, sugerindo migrações ocorridas na época, mas insuficiente para caracterizar com rigor estas movimentações populacionais. O nome Gante está entre nós desde o séc. XIV, pelo menos A 1840 KM.

(...)O patronímico ou menos notoriamente o matronímico, resultantes dos nomes próprios dos progenitores, solução que perdurará até ao início do século XVI, evoluindo então para a utilização dos apelidos que, conferiu uma maior importância ao nome de família em desfavor do nome próprio dos progenitores. e onomatos relacionados com: toponímia, profissão e alcunha, recursos utilizados na diferenciação de cada indivíduo. 
O “mundo” das alcunhas / anechins foi, na Idade Média, fértil e imaginativo, que por sua vez estavam relacionadas com coisas tão diversas como profissões, características físicas ou deficiências, comportamentos, etc. 

(...) O licenciado Aires de Almada, Diogo Pires, barbeiro de Vila Nova de Anços, João, escrivão das sisas de Lisboa, Rodrigo Anes, juiz da Anta e o Sapateiro de Paleão, possuem ao mesmo tempo adjunção tópica e ofício.

Ligados à agricultura e ao pastoreio esteja relacionado com sua irrelevância no que respeitava à sua identificação imediata, subsistindo como assalariados sazonais com pequenos rendimentos e a quem por norma não eram confiadas terras. Situação que é de alguma maneira reforçada quando atentamos nos indivíduos identificados no tombo de 1508, com indicações de ofício, e que possuem bens, sendo na sua maioria ocupações reveladoras do seu estatuto social; enumeram-se atividades como os cargos de escrivão, clérigo, cavaleiro, juiz, vigário, barbeiro, contador, abade, alcaide-mor, almoxarife, besteiro, coudel, comendador, conselheiro do Rei, notário, ouvidor, tabelião, visitador da Ordem de Cristo e ofícios como os de ferreiro, pomareiro, caminheiro, capelão, ferrador, lavrador, marceiro, meirinho, tecelão, tosador, alfaiate, sapateiro, lavrador, marceiro, meirinho, teceção,(...) Em Soure Pêro d´ Asseca sogro de Simão de Andrade, vendeu em data posterior a 1508 um assentamento de casas e seu quintal; salienta-se nesta relação familiar a venda de um bem registado em nome do genro omitindo o nome da filha e deixando transparecer a dominância do género masculino.
Na rua da Olaria Velha existiam casas, um jardim e um curral que foram pertença de Manuel da Silva e passaram para seu filho João da Silva, verificando-se a passagem do apelido “Silva” entre duas gerações.

(...) Diogo Homem, filho de João Rodrigues Homem, antigo contador de Coimbra e neto de Doutor Rodrigo Homem( a hipótese devido à passagem do nome próprio a patronímico “Rodrigo” para “Rodrigues” e à utilização do apelido “Homem) traz aforada uma herdade junto da vila de Soure. Confirmando-se neste caso a passagem do apelido “Homem” entre três gerações.

(...) o alcunhário de 1715, da autoria de Pascoal Ribeiro Coutinho, que poderia ocupar esse “lugar”; contudo, o conhecimento de tal obra deve-se apenas à referência de Barbosa Machado, sendo o seu paradeiro desconhecido; a este facto acrescentam-se até à atualidade raros trabalhos académicos e poucos artigos em publicações periódicas sobre o tema. José Leite de Vasconcelos caracteriza o onomato “alcunha”, como “palavra volante”, nome de natureza não definitiva, podendo ou não acompanhar toda a vida do alcunhado, facto distintivo quando comparado com os restantes onomatos. A alcunha possui, tal como todos os onomatos que se apõem ao nome próprio, a finalidade de evitar as homonímias e, possuindo maior liberdade de expressão, ultrapassa as regras mais rígidas a que estão sujeitos os patronímicos e os apelidos, resultam da criativa imaginação popular e podem ser conduzidas para nomes mais “duradouros”, ganhando o estatuto de apelidos .

Alcunhas de Soure no tombo de 1508 
Diogo Gonçalves Bebe Água( necessidade de a beber por sofrer sem saber de diabetes ou não gostar de vinho)
Álvaro Gonçalves Bem lhe Vai, foi vizinho de um terreno da Ordem de Cristo, na Granja do Ulmeiro. Ao que parece a alcunha não é pejorativa, podendo caracterizar um indivíduo a quem a vida vai correndo de feição, uma pessoa com sorte na vida.

CAIADO 
Alcunha de Pêro, escrivão de profissão, deriva do latim canare, aludindo ao branco da cal, sugerindo um individuo de tez branca como a cal, facto que pode estar relacionado com o seu ofício e as muitas horas despendidas na elaboração da escrita a coberto da luz solar. 

CALADO 
Alcunha enunciada em dois indivíduos, já falecidos em 1508 e que deixaram bens aos seus herdeiros; este onomato não possui sentido verdadeiramente malicioso, indicando alguém reservado ou parco em palavras, sendo um dos casos que se supõe ter passado a apelido com facilidade. Notamos a proximidade geográfica entre Álvaro Eanes Calado e Rodrigo Anes Calado, identificando ainda nas proximidades uma vinha nomeada por vinha da Calada, fazendo supor a possível relação familiar entre os dois indivíduos e de uma terceira pessoa no feminino.

CASADO 
Pedro Eanes Casado tinha nos arredores da vila de Soure, próximo da herdade da Caramoa, um olival e um chão. O apodo suscitou dúvidas acerca da sua caracterização como alcunha, contudo a ausência do nome da mulher, reforça de alguma forma a ideia.

CIRQUITO 
Álvaro Eanes Cirquito de Alencarça, é um nome complexo, possuidor de quatro onomatos, nome próprio, patronímico, alcunha e indicação toponímica, situação pouco comum no documento e que se justifica pela presença de homonímias no lugar de Alencarça de Cima, assinalando-se nomes como: Álvaro Eanes Vassalo, Álvaro Anes, outro Álvaro Anes de Alencarça e o dito Álvaro Eanes Cirquito de Alencarça. A procura de significado para a alcunha “cirquito” não revelou frutuosa, contudo ficamos com a ideia de que tal alcunha possa estar relacionada com a capela de Nossa Senhora do Círculo aí situada, tradicionalmente nomeada por Senhora do Circo, tal como o foi na adjunção tópica de Afonso do Circo no tombo da visitação de Ega.

COZIDO
Curiosamente, a imaginação popular ao atribuir alcunha a Diogo Gonçalves Cozido , reconfirmou o seu ofício de alfaiate, este em 1508 teria sido foreiro no lugar da Requeixada, termo da vila de Soure; assim Diogo Afonso Cozido Alfaiate possuiu no seu nome, alcunha e indicação de profissão que estavam intimamente relacionados.

DRAGO
Pêro Drago  , cavaleiro da Ordem de Santiago, foi foreiro em segunda pessoa de um pardieiro na vila de Soure, assim como de uma granja perto de Soure em primeira pessoa, num prazo de três pessoas, tendo ainda perto da dita vila uma sesmaria; Drago provêm do latim draco, nome alusivo a dragão animal fabuloso, facto que provavelmente está relacionado com, o estatuto de Pêro Drago, como cavaleiro da Ordem de Santiago, identificamos ainda Maria Draga, (variante feminina do onomato Drago), nas imediações da vila de Soure, sendo provável a relação familiar com Pêro Drago; J.L. Vasconcelos alude ao onomato Drago como apelido, mencionando: “também não me parece impossível que os apelidos Serpe e Drago resultassem de alcunhas provindas da procissão do Corpo de Deus, onde entravam d´antes o Drago e a Serpe” .

GAITEIRO
Do Gaiteiro não se conhece o nome, este onomato é usado para referir o seu filho como “filho do Gaiteiro” , sendo que este possuía terra ou bens em São Mateus no termo de Soure. Gaiteiro é alcunha atribuída a um indivíduo festeiro, folião, que chama a atenção por ser vistoso ou possuir muita energia (fôlego) .

GALEGO 
João Galego do casal que, na feitura do tombo da visitação já teria falecido, deixou herdeiros, cuja herança se localizava em Vale de Flores nos arredores de Soure. João possui no seu nome duas indicações toponímicas: “galego” como indicador da sua origem, a Galiza, e “do casal”, fazendo referência provável, à sua morada nas proximidades de Soure; porém o facto de coexistirem duas referências de lugar dá enfâse, a outro significado da alcunha “galego”, associada a trabalho árduo que provavelmente caracterizava João Galego do Casal .

GRANDE
João Grande foi nome de um porto nos arredores de Soure, subsistindo a dúvida acerca da existência de um indivíduo de nome João Grande, o significado da alcunha é de teor físico, fazendo referência ao tamanho da pessoa.

GROSSO
Estevão Grosso teve aparentemente um vale nos arredores da vila de Soure, tal como o exemplo anterior, também neste caso persiste a dúvida quanto à posse deste vale, ou se o nome será o próprio nome do vale por Estevão lá ter vivido; sendo também uma alcunha de teor físico aludindo a homem forte e entroncado.

MEIRINHO
Nomeava o cargo de oficial de justiça, subsistindo a dúvida se este onomato foi considerado como indicador de profissão ou alcunha; no caso de João Meirinho, o facto de ter beneficiado do aforamento feito pelo alcaide mor de uma porção de paul em Paleão no termo de Soure, possa ser indicador da sua relação com o dito alcaide-mor e consequentemente da sua profissão como meirinho. No entanto é na falta de patronímico que nos fundamentamos para o considerar como alcunha.

MOÇO
Na Granja do Ulmeiro, nos Rodelos, encontramos João o Moço de Azambuja, foreiro de um campo de cultivo, salientamos o carácter “volátil” da alcunha, ou seja, a lógica de atribuição, perde-se à medida em que João fosse envelhecendo.
PÃO ALVO João Afonso Pão Alvo morador na rua de Giraldo Afonso, uma das ruas foreiras da vila de Soure; arriscamos relacionar a alcunha “pão alvo” com o possível facto de João Afonso ser calvo e de tez muito clara.

PORRELHÃO 
Próximo de São Mateus identificamos Álvaro Dias de alcunha Porrelhão, onomato agreste podendo possuir diversos significados, sugerimos que o apodo em questão possa derivar de: “porra”, definindo pau nodoso, forte e grosso e mais pesado na ponta; ou a porrilhão de etimologia ”porra” + terminologia “milhão”, aludindo a grande quantidade; assim como a “porretas” ou “porrada” que seriam termos utilizados para descrever alhos porros em guisado, em caldo ou em salada, derivando provavelmente do latim porrecta e porrata . Deduzimos que a atribuição desta alcunha tenha a intenção de caracterizar uma pessoa rude e agressiva.

RIGUEIRO 
Vasco Rigueiro teve terra no lugar de Paleão no termo de Soure. A alcunha Rigueiro sugere “regueiro” admitindo-se que, Vasco Rigueiro morava próximo de um curso de água ou aí tinha a sua terra.

ROSADA 
(O) De etimologia semelhante, enumeram-se duas alcunhas, Rosado e da Rosada, contudo os seus significados são notoriamente diferentes, assim Gonçalo Afonso Rosado, por hipótese, terá sido um indivíduo de tez rosada, pelos trabalhos do campo ou pela quantidade de bebidas
alcoólicas ingeridas; já Gonçalo Anes da Rosada , antigo morador na vila de Soure, e cuja alcunha indica um possível parentesco com uma mulher de pele rosada, contudo existe ainda outra hipótese provável, relacionada com o facto de Gonçalo Anes, ter morado na Rua da Rosada em Soure, vizinho de João Afonso Giraldo e de Catarina Anes sua mulher.

SECO 
Pêro Seco foi foreiro de um canal junto da levada que seguia para os moinhos da vila de Soure. Segundo J. L. Vasconcelos o onomato “Seco” pode ser oriundo de Milão, como apelido italiano, sendo que a família deve ter-se estabelecido na região de Coimbra onde conhecemos vários indivíduos desde o século XVI .

SOUSINO 
Pedro Eanes Sousino , tabelião público da “vila dos Redondos”, terra de Santa Cruz (esta designação refere a invocação da sua igreja paroquial), consta no documento como tendo feito carta de aforamento de uma porção de terra a Roque Vieira e sua mulher Leonor Machada. Redondos, povoação do Concelho da Figueira da Foz, ficava perto de Buarcos e foi couto do Mosteiro de Coimbra.

TRABALHO 
Vasco Trabalho teve em Benfeita um terreno situado junto de vinhas da Ordem de Cristo; a alcunha não 
oferece muitas dúvidas, estaria relacionada com o facto de Vasco ter ganho a fama de bom trabalhador.

TRALHÃO 
Nos arredores da vila de Soure, foi referido um João Tralhão, possuidor de terras nos barros de Caparrota. Tralhão talvez possa derivar de tralha, o que pode significar: rede de pesca utilizada por um único indivíduo, ou conjunto de utensílios para a lavoura; Viterbo identifica o termo “Tralhado”, cujo significando seria, traslado, cópia de um exemplar

VASSALO
Álvaro Eanes Vassalo , morador em Alencarça de Cima, a norte da Vila de Soure, detentor de terra no dito lugar. A alcunha Vassalo pode caracterizar um indivíduo submisso ou na gíria popular um “pau mandado”.

VATOU 
Fernando Vatou, detentor de bens em São Mateus, mas para esta alcunha não descortinamos um significado.

VINAGRE 
Nos arredores de Soure em vale de Flores existiu um indivíduo conhecido unicamente por Vinagre, detentor de terra nesse local. A alcunha na nossa perspetiva estará relacionada com o “azedume” da pessoa; este apodo foi também utilizado como apelido na região de Lisboa . Acerca da atividade de alguns indivíduos mencionados no tombo da visitação de Soure encontrámos outras referências em documentação diversa, que nos permitem conhecer melhor aspetos da sua ação e do meio em que se inseriam e com o qual necessariamente se relacionavam. 

Alcunhas no Tombo de Ega
Álvaro Franco , já falecido em 1508, foi em nossa opinião detentor da alcunha “embrião” posteriormente adotada como apelido.

Alcunha o apodo Freire, justificando que o onomato surge a seguir ao nome próprio, sendo que para referir a pertença a uma ordem religiosa seria mais comum a utilização do título de Frade. Assim os casos de: Álvaro Freire, foreiro do casal da Maia no lugar de Cadaval, Comenda de Ega, Gonçalo Freire, casado e irmão de João Freire , João Freire, filho de Tomé Gonçalves, João Freire identificado no Freixial e João Freire pai de Álvaro Eanes, terão possuído a alcunha freire por motivos extra-religiosos, como por exemplo, o facto dos seus progenitores masculinos terem exercido nos ofícios da fé Cristã.

João Afonso "Galego" e João Galego, detentores da mesma alcunha, cujo significado faz referência a trabalhos pesados, prenunciando que ambos teriam a cargo de forma frequente este género de trabalhos; o apodo pode também reportar a origem do indivíduo (Galiza). GUERREIRO É através do tombo da visitação de Pedro de Sousa que concluímos que Rodrigo Afonso Guerreiro e o Guerreiro de Campigem, são o mesmo indivíduo, a alcunha está relacionada com aspectos militares, podendo-se considerar que Rodrigo Afonso Guerreiro tenha participado em alguma batalha ou campanha militar.
Fernando (Dom Fr.) Sousa Comendador de Ega e de Dornes Filho de Gonçalo de Sousa Foreiro de 4 casais e quintal junto à ribeira Ega, Dornes, termo de Torres Novas, Aroeira, termo de Santarém, campo de Tõoes (Toxe), Termo de Penela e o “casal da Mostra”, no termo de Penela.

As minhas recordações de alcunhas em Ansião

Antigamente era comum alguém que migrava para outra terra passar a ser conhecido pelo seu nome acrescentado da terra da sua origem, a mais sonante, desvalorizando a aldeia, ou vila, em prol de usar sempre nome de cidade. A exemplo Coimbra a prol de Ansião.

Alcunhas que em muitos se fidelizou em apelido, para se distinguirem dos demais. Até ao séc. XX havia muita gente registada apenas com dois nomes próprios e outros com apelido muito vulgar (estou a lembrar-me do apelido Freire, em Ansião), para se distinguirem lhe juntaram a alcunha ( quando não era pejorativa)  como apelido. Há anos numa viagem ao Alentejo a Sousel onde almocei com a minha mãe perguntei ao empregado, homem de farta idade se acaso se lembrava  nos finais de 1940 de um vendedor na rota de paneiro chamado José Lucas, arruçado e olhos verdes. Para nossa surpresa outro da idade da minha mãe que também almoçava nos dizer- ele tinha o hábito de deixar a carroça com o macho ali numa estalagem que já não existe, trazia uma mala com as amostras, eu era pequenito já andava com o meu pai  também vendedor, ele aqui era conhecido por "Zé de Coimbra"...tendo apelido Lucas e Coimbra, a terra onde comprava a fazenda para venda, por ser a mais sonante na região em detrimento da aldeia de onde vinha; Mouta Redonda, Pousaflores ou  do concelho, Ansião.

Com a implantação da Republica a obrigação de acrescentarem um apelido ao nome . Muitas alcunhas foram mote a registo de apelido.

Em Ansião no início da centúria de 600, nos registos paroquiais encontrei Manuel Roriz, também dito Bicho, de alcunha. A alcunha Bicho, carrega estigma fugidio, de bichos que mal pressentem alguém, fogem. Ditou outra alcunha ainda viva - Caixeiro, será alcunha do bicho, que mal presente se esconde?

A alcunha Calado, próprio do povo judeu aportado a Ansião na centúria de 500, fugido de Espanha. Fartos de guerras e com medo de serem denunciados à Inquisição, por práticas da fé judaica, feitiçaria e outras. Se aparece no tombo de 1508, em Soure, deve ser esta a sua origem.

A alcunha Valente, alguém no concelho se destacou em algo extraordinário nos finais de 800 para se fidelizar em apelido e disparar em muitas  famílias

Alcunha  Lavados, não sei o que significa, trazida do Vale de Boi, Santiago da Guarda, pelos ascendentes do Dr. Manuel Dias , o seu pai ali nascido casou em Manguinhas.

Alcunha Piloto, do " Sr. Zé Piloto" de Ansião, de apelido Coutinho. Piloto era nome de um cão de uma vizinha que namorou, contou-me a filha Bina, quando um dia lhe perguntei a razão, disse que o pai adorava a alcunha.

Alvitrar a origem de outras alcunhas:

Ruço, dado pelos cabelos louros

Ruivo, dado pelos cabelos ruivos

Marnifas, desconheço

Cauteleiro fardado

Trinta, era a alcunha do pai de António Marques

Mudo

Mouco

Ti João do sol posto

Ti João das notas

Rato

Ilhoa ,origem na ilha da Madeira, morou no Casal das Peras

Ligadas a ofícios: Ferrador, serralheiro, sapateiro, correeiro, alfaiate, moleiro , lavrante ( trabalhava a pedra), aparadoras de bebés (parteiras) no meu tempo as irmãs Lucrécias.

Dos burros, pelo negocio do pai que transacionava burros - "a Irene e a Mena dos burros"

Alcunha Mocho, apelido Valente , ganha pelo sotaque do Sr. Oliveira , comerciante da vila, da beira alta, ao chamá-lo moço, se entendia moucho (banco) e assim se fidelizou.

Alcunha Reala, da Isaura Gomes  alusiva ao apelido do pai Real.

Vinte e nove, o nº da lanchonete que teve no Brasil

No Bairro

Pego, cujo apelido era Silva.

Alcunhas com origem ao local onde nasceram:

O meu avô Zé do Bairro, José Rodrigues Valente e o Ti Francisco da vinha, o local onde morava era Vinha, pai do Zé carates, desconheço a origem da alcunha.

Serralha, eram judeus

Galega, origem da Galiza ( as minhas primas cujo pai era do Casal das Peras)

Formigo, um ramo Freire das Cavadas .

Canhoto 

Na verdade muitas alcunhas fidelizaram-se em apelido como Parolo - alude a pejorativo, mas tenha sido deturpado de Parola, palavra italiana, a origem do individuo judeu asquenaz aqui aportado e no tempo se fidelizou no masculino Parolo, vivo em Ansião .

 No século XIX ainda havia a alcunha em Além da Ponte - judeu.

Carretaspor puxar a carreta dos mortos nos funerais

Carriço

Cagarola

Passinha

Joanas

Sardanisca

Palaio no Escampado

Arrebela no Escampado

Paratudo na Venda do Negro

E as que mais se aqui ajuntarão.

Alcunhas curiosas que encontrei noutras terras
"Bocarra", "Carraça", "Salatres","Bicho-Verde", "Papa-Toucinho", "Mal Lavado" , "Fezes", "Guarda-Verdades", "Aranhiço", D. João de Mello de Abreu, o Calça larga. "Banza", "Bate sola", Belezas de Algés", "Barbatanas". Em 1480 João do Cerco Caga-légua de Figueiró do campo. Padre Simão Dias, por alcunha o “Papa grelos”, de 50 anos, natural e morador em Lamego – pr. n.º 1247, de Coimbra. A panóplia de variantes inspiradora da alcunha o "Papa grelos"? Desde ritual do grelo dos estudantes de Coimbra, à Confraria do grelo em Mira e ...pois deve ser isso mesmo que pensam! 


Segundo o Dr. Filipe Pinheiro de Campos Campos
Os registos cemiteriais são uma fonte primária preciosa.

Pois bem, a política de composição de nomes é tortuosa na nossa história. Se ao longo da Idade Média a criação de um sobrenome (apelido) usava em particular as regras da patronímia, a partir dos séculos XV/XVI começou a adotar-se um apelido como modo de distinguir os indivíduos (excetuam-se aqui os casos da alta nobreza em que na maior parte dos casos embora não em todos, possa surgir a conjugação de dois apelidos e raramente mais que esses). O hábito que se tornou regra foi sempre a transmissão do apelido paterno se bem que ao longo de todo o período que medeia esta época e o Código Civil de 18 de Fevereiro de 1911 não haja propriamente uma regra estabelecida. É de livre composição o nome da pessoa independentemente se os seus progenitores tenham consigo um dado apelido. Razões? Diversas. Muitas vezes há a memória familiar de um determinado nome que se pode ter perdido há duas ou três gerações atrás sendo assim uma forma de ressuscitar o nome. Outras situações prendem-se com obrigações vinculares na utilização de um dado apelido. Noutros casos prevalece o nome materno por ser oriundo de uma casa mais importante ou com um prestígio maior que o paterno. Raras vezes é usado o apelido de um padrinho para compor o nome. O surgimento de um nome que os pais não comportam consigo pode ter todas estas origens sendo a mais frequente o recurso ao apelido de um avô ou avó como forma de o perpetuar numa dada linha. Com o Código de 1911 e a obrigatoriedade de composição do nome não existe também uma regra definida - nomes que não comportam apelidos são os mais frequentes mas também aqueles que mantêm apenas o paterno. É nesta época que surgem também os nomes com 6, 7, 8 e mais apelidos uma vez que a escolha é de livre nomeação dos pais ou do registante. Apenas com os Códigos de 1932 e depois de 1958 (cinco nomes no total), as coisas começam a ter sentido. O código de 1967 volta a permitir 6 nomes no total mas, os apelidos, os existentes apenas até à geração dos avós se bem que um requerimento especial possa ser endereçado para tal e usar assim um outro nome que exista na linha direta. Situações há ainda em que, existindo filhos com nomes iguais, a diferença ficaria a residir no apelido pelo que é frequente existirem num casal uma Maria Rodrigues e uma Maria de Matos, por exemplo.

Alcunhas de Ansião  - Golias
Maria, a Golias que batiza uma filha em Ansião em 1700. A alcunha Golias poderá refereir-se à estatura ou tamanho da pessoa derivado da figura de Golias, guerreiro de Gate que a Bíblia refere tendo de estatura 2.83 metros e que teria participado na guerra entre os Filisteus e o povo de Israel tendo sido então derrotado e morto por Davi. Deste confronto surge a expressão "combate entre David e Golias". A este propósito existiram pessoas de alto porte, na região do concelho de Ansião. O meu pai tinha 1,92 e haviam outros assim igualmente altos, e um era carinhosamente chamado "João anão" , e era enorme, entroncado e alto, e cresceram em tempo que ainda não haviam iogurtes. Ao cruzamento das grandes vias romanas da principal de Conimbriga, algures entre a Cumeeira e  de novo no Rego da Murta, no concelho de Alvaiázere, existe ainda a ruína da torre do Langalhão com lenda associada a um gigante. E também existe o apelido Gigante, que carregava um amigo alentejano, que o detestava e queria retirar, porque era de facto muito alto e não gostava que as pessoas lhe o associassem . Em principio alerta a genes eslavos e celtas?  

Alcunhas em Ansião - Galhamim
Surge em Ansião com Manuel Mendes Galhamim, natural do Casal da Boavista, Santiago da Guarda, filho de Domingos Mendes e de Maria Mendes, que veio a casar em Ansião com Maria Teresa, natural do Bairro de Santo António, filha de Duarte das Neves.

Pergunta o Henrique Dias 
Interessante essa alcunha. Terá alguma coisa a ver com Galo ou Galinha?
É que eu descendo de um Manuel Mendes Galo do Casal de São Brás, filho de José Mendes Galo do Casal do Viegas (casado em Ansião em 1742), e por sua vez filho de António Mendes Galo também do Casal do Viegas.
Daí para trás nada mais sei, mas se encontrar por aí esta gente nas suas pesquisas, agradeço que me dê notícia...
Digo eu que o apelido Galhamim foi vivo em Ourém. A Maria Teresa natural do Bairro de Sto António, filha de Duarte das Neves em 1762, o que me pareceu ler no registo na curiosidade . A conversa casual nesta última estada em Ansião soube que o apelido Neves existiu no Bairro, e nas noites de inverno o pai e avó falava da vida que existiu no Bairro, onde foi centralizado o poder até ser instaurada a Comarca de Ansião.
Alcunhas em Ansião - Marnoco
Manuel João, o Moço, o Marnoco, n. nos Matos, filho de Manuel João, do Outeiro de S. Saturninho e de Domingas Freire, natural do Casal Novo, casou primeira vez com Maria Rodrigues, dos Empiados e segunda vez com Joana Maria, da Fonte Galega, com descendência de ambas.
Renato Freire da Paz
O Manuel João, o marnoco ou o moço (alcunhas) ,filho de Manuel João e de Domingas Freire que se casaram em 9.9.1691. ele era irmão da minha octavó Laureana Freire da Paz que levou o Freire da sua mãe Domingas Freire por sua vez filha de Domingas Freire( a avó materna do marnoco), a da placa a pedir rezas, da matriz de Ansião. O Paz da Laureana veio por causa dos padrinhos de casamento dela: João de Barros e sua esposa Isabel da Pax(Paz)ambos da Constantina. Uma das testemunhas de casamento da Laureana Freire da Paz e de seu irmão, o "marnoco", foi o António de São Bento Freire que era irmão do médico da vila, o Doutor Manuel da Paz Freire. Vemos aqui o Paz reforçado no casamento da mãe do marnoco.

E agora o interessante acento de casamento de Madalena Machado Coimbra Sarmento, nora de Mariana Curado da Pax(Paz)da Sarzedela, que casou a 6.11.1719 na capela da família, brasonada, integrada na quinta da família em Penela(hoje turismo rural), com o 1.o visconde de Condeixa, João Maria Colaço de Magalhães Vellasquez Sarmento, filho da dita Mariana Curado da Pax, de Sarzedela-Ansião.

Eis a cópia desse acento de casamento. Os Pax novamente, que escreviam com X em latim em vez de Z, quando ligados à aristocracia ansianense, talvez cristãos novos de Ansião. Falta investigar, o que não é nada fácil, nem bem aceite de publicar pelos seus descendentes por razões obvias.

O "marnoco" neto da ânsianense, avó dele, minha decavó, que casou no dia de são Martinho do ano de 1665 a outra Domingas Freire mãe que casou com João Rodrigues e pediu missas aos confrades de uma confraria da vila( por descobrir designação). Ela que nasceu 5 anos antes da restauração(8 de dezembro 1640)de Portugal pelo rei que retirou a coroa da sua cabeça, d. João lV e a colocou na imagem de Maria da Conceição, a padroeira do reino.

Alcunhas em Ansião - Pisco
Surge com João Rodrigues, o Pisco, natural do Casal do Viegas, filho de António Pires e de sua mulher Clara Rodrigues, o qual casou em 1726 com Maria Freire, natural dos Empiados de Baixo, filha de António de Carvalho e de Antónia Freire, com descendência.
Henrique Dias
O Pisco mais antigo que tenho na minha base é também um João Rodrigues (e julgo que o Pisco já fazia parte integrante do apelido), nascido nos Empiados por volta de 1670. Curiosamente também é filho de um Pires e de uma Rodrigues, a saber: Silvestre Pires e Leonor Rodrigues.
Foi casado com Isabel Simões, e teve um filho homónimo nascido nos Empiados por volta de 1700 e casado com Joana Rodrigues de C. de Couce, e foram pais (pelo menos) de Domingas Freire do Carmo e do Doutor Paulino José Rodrigues Pisco casado em 1767 em Almoster com Maria Josefa Ferreira natural da Venda da Gaita.

Alcunhas em Ansião - Louco / Pistolas
Surge a primeira com João Rodrigues Louco, casado com Ana Mendes e moradores na Sarzedela pais de Manuel Rodrigues e de José Freire, entre outros.
Há notícias do Casal do Louco em Santiago da Guarda de onde poderá ter adotado o nome. Sim na Sarzedela ,viveram na quinta da Bica dois irmãos que emigraram para o Brasil, e depois vim a descobrir que eram do Casal do Louco, Santiago.
Manuel Rodrigues Pistolas é o primeiro com esta alcunha tendo sido morador nos Netos com sua mulher Mariana Rodrigues.
De ambos os casais houve descendência.
Alcunhas em Ansião - Penteado
Surge com Manuel Rodrigues Penteado marido de Maria Rodrigues com quem foi morador na Fonte Galega e que se perpetuou por seu filho João Rodrigues Penteado, casado com Maria Freire, natural do Machial, filha de João Freire e de Maria Mendes, moradores no mesmo lugar.

 Alcunhas em Ansião - Cravinho

João Freire Cravinho, n. no Escampado e b. a 2.2.1735, filho de Caetano Freire e de sua mulher Isabel Freire. Foi casado com Ana Maria da Silva, n. na Sarzedela, b. a 17.2.1726, deixando descendência.
Existe fidelizada em apelido tal como Craveiro, este, na região de Maças de D Maria. A alcunha craveiro se afirme deriva da planta que dá cravos, ou não e, cravos eram os antigos pregos.
Cravinho, especiaria vinda do oriente.
O cravo usado na lapela do casaco ao domingo, em homem vaidoso, ou talvez não, a alcunha do homem que o retirava do andor de NSGuia e o punha na boca para se salvar na volta do forno para tirar o bolo no Avelar. 


Alcunhas de Ansião -Maneira
Manuel Rodrigues Maneira, pai e filho (1767)

Jazigo no cemitério de Ansião. 
D. Ana Augusta Maneira da Silva.
Apelido Maneira, que consta na minha árvore genealógica.  apelido faz parte da minha árvore genealógica

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Chão de Couce em Ansião o falar dos irmãos Adriano e Palmira Rego

Aclarar o rico passado de ilustres das Cinco Vilas e Ansião-, os irmãos Dr. Adriano Rego e D. Palmira Rego, na senda de os tornar eternos, aflorando testemunhos do Henrique Dias pela pesquisa da árvore genealógica e da leitura da Monografia de Chão de Couce do Dr. Manuel Augusto Dias, e do Abel Santos Silva com os signatários travou conhecimento, gesto gratuito recordar esse passado da sua infância ao falar de Pessoas quase esquecidas na história de Chão de Couce. Na terra  que também floresceu com as suas histórias de vida, a fatal desígnio lhes perpetuar memória e merecida homenagem pelas ações beneméritas oferecidas à vila com lotes de terreno das suas quintas. A  D. Palmira doou o lote para serem construídas as Escolas Primárias, e julgo o espaço do alpendrado das bancas do mercado (?) e em 1937 a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Ansião presidida pelo Dr. Adriano Rego, deliberou adjudicar o posto de transformação de rede de baixa tensão para abastecimento de electricidade a Chão de Couce, que até aí só se alumiava a petróleo.

Ansião, a terra que o Dr. Adriano Rego escolheu para se casar e montar o seu consultório, onde também veio a doar parte da quinta herdada da sogra, hoje conhecida pela Mata Municipal ao povo de Ansião. Bom, presume ser  bom homem e honesto, porque não tinha bens em Ansião. Casou, e viveu na quinta do sogro que a sua esposa e irmãos cada um herdou a sua parte que deixou para as filhas. Viuvo, casou com a cunhada de quem não teve filhos. Alegadamente a doação era a quota parte desta segunda esposa D. Lídia , num tempo que as mulheres não tinham direitos, foi ele enquanto esposo que ficou associado à doação. E aqui reside um busílis. A doação assenta a fechar o passado, ao modo como a quinta foi adquirida pelo Dr. Francisco António da Veiga, fugido de Coja, da sua fabrica de papel, por motivos politicos- seria monarquico, vindo aportar a Ansião onde passou a ser foreiro da Casa da Mesericõrdia numa quinta sediada ao Fundo da Rua com casa e capela de 1670, deixou de pagar foro em 1869. Foi perpetuado conluio alegado com outros; Regedor, provedor e tabelião, todos escrituraram bens da Mesericordia, a deixando depenada...Estimo que apos a doação da Mata Municipal Jaime Cristóvão Luís Paredes que também fez parte do suposto conluio fez a doação do  campo para se jogar à bola.

Havendo ainda familias influentes na vila de Ansião, sem qualquer doação quando a sua fortuna assenta a fortuna no pilar de alegados bens surripiados â Mesericórdia!

Em Chão de Couce, desconheço se os irmãos estão atestados na toponomia.
A não estarem o será por falta cultural do passado, pelo patrocínio de terem dado trabalho e doações . De facto não passa despercebido a gente com visão, o facto de prevalecer no tempo o esquecimento de ilustres, no masculino e feminino, a marcar a toponímia de Chão de Couce, e ainda que tardiamente, sempre a tempo de se reparar o que até hoje ninguém se dignificou no tempo em prestar honra nesta terra, ainda que a título póstumo, seja desterrado lápide com pompa e circunstância, atestado por quem de direito no desempenho do poder político. 
Porque é chocante olhar a toponímia de Chão de Couce não enxergar os seus nomes na atribuição de Ruas, onde saltam à vista nomes de cariz estranho (?) "Rua do Canto " Travessa da Era" ( sem saber se queriam escrever Hera, a trepadeira que lhe reveste o muro) ...

Citar Henrique Dias "os dirigentes políticos hoje em dia estão pouco virados para homenagear pessoas que já estão "a fazer tijolo". Por vezes nem com os vivos eles se preocupam..."

Lamento concordar, de facto assim se mostra este desafecto, as pessoas morrem, a vida continua para os vivos. O que se lamenta é não ficar exarada a história das suas histórias de vida, quando o foram de engrandecimento para a terra que os viu nascer.

Falar da linhagem do ilustre Dr. Adriano Rego e da sua irmã D. Palmira Rego nascidos em Chão de Couce, o Henrique Dias, gentilmente me endereçou "esquema com os descendentes do pai do Dr. Adriano, tal como é do seu conhecimento atual. O Dr. Adriano Augusto de Barros e Rego nasceu em Chão de Couce em 08.12.1877 tendo falecido em Ansião a 05.07.1966."

Citar Henrique Dias  " o Dr. Manuel Augusto Dias no Estudo Monográfico de Chão de Couce, fala do Dr Adriano Rego em diversas páginas, a saber:
55,115,116,120,128,163,193,199,222,223,252,281,299,361,371 a 373,390,404.
Tenho o 1º volume de "Ansianenses Ilustres" livro (atualmente esgotado), do historiador Dr. Manuel Augusto Dias, que lhe dedica cerca de treze páginas onde consta a sua fotografia e respectiva biografia. Tem inclusive a foto da casa onde ele nasceu em Chão de Couce. Quanto ao Dr. Adriano o seu ramo paterno (Rego) tem origens em Figueiró dos Vinhos, passando depois ao Avelar e por fim a Chão de Couce.
E sim, foram Senhores da Quinta de Baixo e da de Cima, da Quinta da Rosa, etc...
As avós paterna e materna têm raízes em Maçãs de Dona Maria e o avô materno em Alvaiázere.
Tenho alguns parentescos com ele. 
O mais chegado é o casal Manuel Antunes e Veríssima Maria das Neves, meus sétimos avós.
Eis alguns dos seus ascendentes. Deixo-lhe algumas notas soltas que juntei: Primo de Alberto Rego, da Quinta de Cima, e cunhado de Januário Fernandes de Sousa Ribeiro.
Julgo os Livros não fazem qualquer menção à referência do Capitão-Mor de Chão de Couce, quando se verifica a existência de um enorme relacionamento entre as famílias dos Capitães-Mor das diversas localidades .
Com a extinção da Casa do Infantado em 1834, D. Pedro IV concedeu a Quinta de Cima ao Sargento-Mor das Antigas Ordenanças das Cinco Vilas e Cavaleiro da Ordem de Cristo, António Lopes do Rego. Desta forma a Quinta de Cima entrou na posse desta importante família."

Descobri que o souto de castanheiros, o dito pinhal do boticario na Nexebra, hoje eucaliptal,  entre outros bens eram os outeiros na Mouta Redonda,  desirmanados, não faziam parte do chão da Quinta de Cima, eram da Fazenda Nacional. Foram na voz do povo arrepenhados pelo antigo capitão mor no seu cavalo branco...tudo o que avistou apanhou, não feliz com a doação da quinta ainda agregou mais...

Por não ter lido o Estudo Monográfico do Dr. Manuel  Augusto Dias, avento que os pais do Dr. Alberto Rego e do Dr. Adriano Rego seriam irmãos, nascidos na Quinta de Cima .
Quinta de Cima
Pressupõe tenha sido na mesma Quinta de Cima onde nasceu Augusto Lopes do Rego que em 1843 viria a casar com Hermínia Cândida da Costa Soares de Barros Machado de Alvaiázere, tendo três filhos:
  • Eduardo Augusto de Barros Rego nascido em 1874
  • Adriano Augusto de Barros Rego nascido em 1877
  • Palmira Cândida de Barros e Rego nascida em 1880 
Em 1891, enviúva Teodora Augusta Costa Rego com um filho menor; José António Lopes da Costa Feio. 
Em 1892, morre o seu irmão António Lopes do Rego da Quinta de Cima. 
Em 1900, Eduardo Lopes Rego com 26 anos, e pede passaporte para Angola , possivelmente solteiro, de onde supostamente não voltou , por o esquema não ter data do seu falecimento . Presume, ou ele ou a tia quem vendeu a Quinta do Outeiro da Mó, a José António Coimbra. A filoxera nas vinhas tenha diminuido a receita da quinta e por isso a venda.
Citar Henrique Dias " O pai do Dr. Adriano e da sua irmã D. Palmira foi um importante proprietário. Faleceu, tendo deixado o filho órfão aos 15 anos, tendo sido um tio, Juiz na Comarca da Nazaré, que se responsabilizou pela sua educação. Terminou o curso de Medicina em 1904."

Passaporte de Eduardo Augusto de Barros e Rego  
1900-12-31
Idade: 26 anos
Filiação: Augusto Lopes do Rego / Hermínia Cândida de Barros Machado
Naturalidade: Chão de Couce / Ansião
Residência: Chão de Couce / Ansião
Destino: Angola / África

Citar Abel Santos Silva " Cresci na Quinta da D.Palmira Rego, casa antiga ao género de palacete muito bonita, com muitos quadros da família, cheguei a estar com a D.Palmira à lareira .
Era criança , ela gostava muito de mim, morava com uma empregada dos lados de Almoster. Esta casa foi vendida pelos herdeiros ao Sr.Alberto António, conhecido por Alberto do Canto, e a Escola de Chão de Couce foi terreno doado pela própria".

Os irmãos Rego poderão ter nascido nesta casa de traça solarenga , ostenta no lintel a data de 1857, cuja escadaria em meia lua uma das mais belas ainda preservada nas Cinco Vilas, a fotografei há uns dois anos, sita ao cimo da rua defronte do Pelourinho na direção do tardoz da Igreja, ao tempo conhecida como "Quinta da D.Palmira" onde em grande parte foi feita uma urbanização.
Desconheço se a quinta outrora teve um nome (?).
Citar Abel Santos Silva " O meu avó Abílio Coelho morador na Serra de Mouro-, o Feitor de sempre das Quintas em Chão de Couce; do Dr. Adriano e da D. Palmira, os quais depositaram nele inteira confiança para gerir todos os poderes para fazer, comprar, e vender. O Dr. Adriano tinha muitos bens em Chão de Couce , herdou uma Quinta que não tinha casa de habitação onde havia uma grande adega, com uma parte de terreno de amanho e outra de vinha que dela fazia milhares de litros de vinho. Esta Quinta era a seguir à casa do Sr.Manuel Rato, que trabalhou na Sapataria Gaspar em Ansião, e casou com uma filha do falecido Adriano Marques . A quinta começava junto à casa dele tem pela frente duas casas baixas e um portão, seguindo ao longo da estrada até a Quinta da Rosa, fazendo com ela estrema . Mais tarde uma parte desta Quinta foi loteada com algumas vivendas, a outra parte junto à estrada vai ter ao cruzamento do Bairro. O Dr. Adriano Rego tinha outra Quinta junto à Quinta da Rosa, vendida também pelos herdeiros ao Sr. Alberto Coimbra.
Lembro-me em pequeno passar por casa do Dr. Adriano em Ansião, para levar coisas, com o meu avó. Já não me lembro muito bem, se uma parte da Quinta da Cerca, pertencia também ao Dr. Adriano (?). Ainda tinha uma outra Quinta a caminho da Mó com o limite na Nexebra, onde tinha outra grande vinha, mais tarde vendida pela família do Dr. Adriano ao Sr. João Ferreira, onde já tinha uma casa que vedou uma parte e lhe deu o nome primitivo - Quinta das Eiras."
 
"Tendo cedido uma parte de terreno no seu tardoz junto ao sopé da serra Nexebra para ser construído o Centro Paroquial."
Ao Furadouro a estrada para a Nexebra na bifurcação à Fonte do Cano para a Mó na quinta das Eiras, tem pela frente um grande terreno, outrora de vinha, agora se mostra de cepas limpo, supostamente por lotear (?), mas em tempo de antanho teria sido terreiro de milho, regado com água da mina da Nexebra, que lhe deu o nome - Eiras, para o milho secar ao sol, algures aqui deviam haver.O meu marido herdou um lote na Mó que foi do seu bisavó Alfredo Coimbra, há dois anos em caminhada demos conta desta Quinta das Eiras, aproveitei para conhecer o Centro Paroquial, onde mais acima descobri a conduta em pedra da mina de água com resquícios de imponência, pertença da quinta das Eiras.
Atualmente parte da  Quinta das Eiras que foi do Dr. Adriano Rego.
Citar Abel Santos Silva "A D. Palmira casou com Januário Fernandes de Sousa Ribeiro e teve pelo menos dois filhos, a Maria Lucília e o Adriano. Deste último conheço uma vasta prole. Conheci os dois filhos .Também fui algumas vezes a casa da D. Lucília."
O Dr.Adriano Rego exerceu a sua profissão de médico na Figueira da Foz, recordo da minha mãe me contar que a sua filha, a Sra D. Maria Amélia Rego lhe confidenciou que naquele tempo ele se deslocava a Quiaios montado em cavalo branco, a sua praia eleita, onde acabou por comprar um lote quase em final da linha de construção para sul para ser implantada uma casa pré fabricada em madeira para as férias da família, que cheguei a conhecer.
Citar Henrique Dias excerto da Monografia do Dr. Manuel Dias " O Dr. Adriano Rego havia de se mudar para Elvas, tendo vindo para Ansião em 03-06-1908 onde exerceu a profissão de médico no seu consultório, mandado construir entre a sua casa e o seu romântico jardim . Retirou-se da profissão ao fim de 32 anos em 25-09-1940. Foi "Sócio Fundador do Grupo dos Onze na Primeira República, Cooperativa de distribuir bens de consumo.Foi Presidente da Comissão Administrativa (1933-1938). E foi Presidente da Câmara de Ansião (1941-1946)."
Um dedicado Homem prestador de serviço público em prol da comunidade!
Apesar da minha parca memória do Dr. Adriano Rego, nem do seu funeral ocorrido quando tinha 9 anos, talvez por ser altura de verão estando de férias na Figueira da Foz, um hábito de todos os anos, teria sido o último, porque a partir dos 10 anos comecei a frequentar a Colónia Balnear Dr Bissaya Barreto na Gala. Conheci no entanto a sua filha a Sra D. Maria Amélia Rego, ao tempo divorciada do Dr. Amado, pai dos seus cinco filhos (?). Foi a primeira pessoa que conheci neste estado civil até então o desconhecia. O Dr. Amado era natural do Pinhão, de família rica, julgo vinhateira do Douro, recordo o seu consultório médico ao Fundo da Rua, na Rua de Pombal, em casa castiça ao género de chalet , outra assim igual existia ao lado onde morava o Arcipestre, homem que também conheci, lamentavelmente ambas foram demolidas para se fazer no local um mamarracho arquitectónico. O funeral do Dr. Amado por ter sido falado durante uma semana tenha sido naquele tempo o que mais me marcou a memória, em Ansião.
Na verdade espero que não se perca na história de Chão de Couce  a referência da família Rego, o mesmo em Ansião, cumulativamente com a família Veiga-, ambas unidas por laços de casamento, mas por terem sido importantes no passado histórico destas vilas pela ação benemérita, ambos com descendência, se destacaram nos anais da história em relação a outros, sobejamente em igual ou maior riqueza, e sem descendência direta, sendo o que doaram para o povo do concelho, não tenha tido o mesmo brilho, ainda a tempo de também algum brilhar eloquentemente, vindo a surpreender!

Citar Henrique Dias " Sei que o Dr. Adriano Rego teve duas filhas; Maria Isabel Rego casada com o Dr. Álvaro Lopes de Faria, que foi Conservador do Registo Predial de Leiria, e Maria Amélia Rego casada com o Dr. António Amado Cardoso de Freitas. Acontece que não tenho conhecimento se o Dr. Adriano teve mais filhos, sendo que casou duas vezes, pelo que daqui para baixo não conheço mais geração, pelo que deixo essa tarefa para os seus descendentes."
Do meu conhecimento o Dr. Adriano Rego teve duas filhas do primeiro casamento, após o falecimento da esposa se voltou a casar em 2ªas núpcias com a sua cunhada Lídia Veiga, de quem não teve descendência. Pelo que seja fácil acreditar tenha sido em tempo da sua vereação camarária ou não (?) que procedeu à escritura de doação de parte da Quinta da família da sogra Veiga, a rondar o ribeiro a mata para nascente.Alvitrando este pensar, sem saber quando faleceu a 2ª esposa, a D. Lídia Veiga, por não ter havido filhos, tenha sido a doação dirigida ao Povo de Ansião, na vontade em perpetuar a memória desta senhora, doando a sua quota parte da herança da quinta (?). O que me faz sentido pensar, sendo  gesto gratuito, fraterno, de boa índole e coração, sendo que tinha descendência da primeira esposa!
Nesta foto do lado esquerdo ao cimo a casa alta, a casa da D.Maria Isabel Rego
Citar Abel Santos Silva " Conheci muito bem o Dr. Adriano, só me lembro da filha Maria Isabel que casou com o Dr. Álvaro Lopes de Faria, a filha médica casou com o Dr. Henrique (s) Lopes , este senhor era filho de um sapateiro da Venda dos Olivais ou Carvalhal perto dos Cabaços. A Dra uma senhora alta estava na altura no Hospital de Torres Novas e ele na Golegã onde tinha um consultório, sendo que também trabalhava no Hospital. O nome dela não me recordo."
A segunda filha do Dr. Adriano, a D.Maria Isabel Rego pelo casamento foi construída uma casa na frente do antigo Externato. Sempre me recordo de a ver fechada, embora tivesse chegado a espreitar pelos vidros da grade da porta onde distingui um átrio forrado a madeira, casa ao estilo entre o "Português Suave e Art Deco". Entretanto há anos vendida sita de gaveto com a nova variante da vila para a Mata.
Prevalece na boca do povo os ditos de cariz popular ...
"Tudo vai atrás de quem o deixou"
"Se queres comprar bom e barato, compra a quem herdou que nunca lhe custou".

Atualmente em Ansião encontram-se à venda as duas casas de cariz solarengo assinalado no lote acima a vermelho que foram pertença do Dr. Adriano Rego, herdadas pelos netos.
O que o futuro reserva para este casario emblemático?
O tempo o ditará!
Casa dos herdeiros de Matilde Veiga
Sita no gaveto ao Fundo da Rua com janelas de avental de cariz solarengo e capela, onde viveu o Dr. Francisco António da Veiga
Na casa do meio com lintel de 1852  viveu  a sua filha  D. Matilde Veiga com o Dr.Domingos Botelho de Queiroz, médico vindo de Vila Real, supostamente primo do Eça de Queiroz , por quem não simpatizaria ou não queria rivalizar vaidade ,  assim se justifica o facto de não ter dado o seu apelido às filhas, em prol de "Botelho" (?). A filha primogénita recebeu o mesmo nome da mãe-, Matilde Veiga Botelho, viria a casar com o Dr. Adriano Rego, sendo adoçada a sul uma casa mais alta . 
A foto abaixo mostra a diferença da casa primitiva mais baixa e a mais alta do Dr. Adriano Rego com a parede revestida a placas de ardósia.
Casa sogra e do genro Dr. Adriano Rego
O lintel da casa mais antiga ostenta a data 1852
Desconheço o nome primitivo desta quinta na vila da família Veiga, Quinta dos Cedros ? 
Vinha da margem sul da ribeira do Nabão, extremava com o Moinho das Moutars e a sul com a Quinta da Fonte.

Prédio onde foi o consultório do Dr.Adriano Rego
 Lado sul da casa do Dr Adriano Rego defronte do jardim a seguir ficava o consultório.
Encontrei em sites imobiliários estas casas ao Fundo da Rua à venda, entretanto julgo foram retiradas.
No meu tempo de criança por altura do Carnaval houve anos que a Srª D. Maria Amélia emprestou os fatos carnavalescos usados pelas suas filhas, anos guardados em arcas no sótão a que a traça atacou, para tomarem nova vida nas mãos delicadas da minha Titi, a irmã mais velha da minha mãe, ambas os remendaram aos serões do turno da meia noite, no Correio de Ansião. Num Carnaval vesti-me de madeirense e noutro de cigana, vestindo uma saia comprida com a barra enfeitada de flores em vermelho em papel celofane ( só gente rica naquele tempo o conhecia e comprava) desfilei vaidosa à laia de cigana de cabelos longos, brilhantes da cor da asa de corvo, assim o diziam, de cesta de verga pelo braço a vender fita de nastro, linhas e alfinetes...Sempre conheci a Sra D. Maria Amélia Rego a viver na sua bela casa, alindada com um jardim e um lago, tenho a sensação que havia uma pérgula com bancos semi redondos em pedra... Ambiente bucólico e sonhador que comunguei durante 15 dias em explicações com colegas para o exame da 4ª classe, a Prof. Maria do Nascimento ao tempo hospedada nesta casa, em dia de despedida a foto numa clareira da Mata depois de se passar pela pequena ponte ao ribeiro onde havia uns barracões de pedra antigos, quando a foto o teria sido mais bela junto do lago...
Euzinha a segunda a contar da esquerda
Para há uns 30 anos ter entrado pela primeira vez na casa rasgada de grandes janelas com cortinados em renda de altos tetos, pela mão da sua filha  Alicinha, véspera de Natal, tinha trazido novidades de roupa para venda, escolhi uma fatiota em lilás, a cor da moda daquele ano no inicio da década de 80 estreada pelo Ano Novo no meu local de trabalho em Lisboa, o Banco Sotto Mayor, onde havia de despertar a ousadia de um colega de origem nobre que me aborda para dizer que a fatal cor na minha silhueta lhe aclarou os sinais evidentes do meu rosto de genes fenícios, e sem delongas os descreveu, e me deixou vaidosa...No Externato ainda tive como Professora algum tempo, julgo em Português, outra filha da Sra D.Maria Amélia Rego, lamento já não recordar o seu nome.
A casa mais antiga a conheci há poucos anos quando nela funcionou a sede do Jornal Serras de Ansião, recordo a escadaria em pedra a lembrar outra semelhante na mesma rua ao cimo, noutro solar, hoje em parte funciona o Clube dos Caçadores de Ansião.
Em Ansião, seja a excelentíssima Sra. D. Maria Amélia Rego a última Senhora de linhagem, que se distinguiu pelo saber estar, mulher de alto porte, se vestia bem, culta, decidida e de forte personalidade, que mais me impressionou. A minha mãe sempre me falou carinhosamente desta senhora, do tempo que pediu o divórcio e partiu para Coimbra onde alugou uma casa para os filhos estudarem, e ainda a sub-alugar em parte a outros estudantes. As muitas dificuldades que sofreu para conseguir "segurar as pontas" no cumprimento das contas, a despesa da renda e compras para fazer as refeições, sendo ela própria uma senhora de linhagem ali sem peneiras, cozinheira. Um dia levou a minha mãe à Quinta de Cima, pedindo a quem lá vivia para lhe a mostrar, apesar da minha mãe já a conhecer do tempo da governanta de sempre, Conceição, mulher do chauffer alcunha " Zé da quinta" de apelido Veríssimo. Ainda assim a minha mãe Ricardina, quando se recorda desta visita se deixa a falar das coisas belas que apreciou e até do quarto onde passava o mês de setembro, o pintor mestre Malhoa...
Fotos retiradas do site da venda dos imóveis, pormenor do recanto com parede em azulejo ladeada por bancos namoradeiros e escadaria em pedra para a Rua Dr. Adriano Rego.
Julgo que nos últimos 50 anos houve alguma alteração junto do lago que não o reconheço com os bancos onde me sentei durante as explicações ...
Citar Abel Santos Silva " Sei que a referida Mata em Ansião foi oferecida para parque de lazer, assisti a alguma divergência quando um executivo camarário após o 25 de abril tentou utilizar parte da Mata para outros fins!"
No meu tempo a Mata Municipal manteve-se em total abandono durante décadas. Enquanto aluna no Externato houve alturas de empurrar o carro maior que a estrada, em cor de libelinha, um Dodge  do Padre Melo, até às Bombas de Gasolina, onde por vezes acontecia a aventura em descobrir o caminho de argila esventrado de socalcos e buracos com clareiras de carvalhos e pinheiros enormes e ainda arbustos altos da família das mimosas com saída pelo Salgueiro.O poder autárquico a cumprir mandato após uns dois anos do 25 de abril aprovou decisão de construir uma garagem na Mata, tendo sido escolhido o local quase na extrema com o quintal da Sra D.Maria Amélia Rego, onde procederam ao abate de pinheiros antigos, motivo que a alarmou e sobre o qual se insurgiu pelo tamanho despropósito, senhora abençoada de voz e liderança sendo dona da razão, se falou ao tempo que os intimidou com providência cautelar (?) e claro foram obrigados a recuar na decisão mal tomada em assembleia. Ao tempo ficou famosa a sua frase - "Uma Coisa é uma Coisa e Outra Coisa é Outra Coisa"...Afim de remediar o sítio dos pinheiros abatidos foi planeada à posterior a construção de uma piscina a céu aberto, anos mais tarde por ali terem ocorrido acidentes, recaiu nova decisão de ser entupida e construída uma nova em pavilhão fechado, quando as duas podiam perfeitamente coexistir desde que houvesse segurança nas vedações...
No meu tempo de miúda no ritual de procissões; Dia de Ramos, Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora da Conceição, a Sra D.Maria Amélia sempre abriu as janelas e as decorou com belas colchas a fazer de pendões, na vontade em manter a tradição numa casa que sempre a distingui solar...
Senhora de humor e divertimento, nos últimos anos de vida era assídua em excursões, altura que conviveu mais de perto com a minha mãe, que lhe ensinou o tango argentino.
Recordo de ter substituído o telhado e de se lamentar que a obra não ficou em condições...
Adorava de a ver vestida pelo Natal com o seu belo casaco preto em pelo encaracolado, astracã, uma deusa!
Foto do jardim com calçada e canteiros, ao estilo romântico fechado por varandim em ferro forjado encastrado em colunas de pedra onde se encontra o poço.
O belo e rico chão, de Chão de Couce, terra deveras inspiradora por incutir encanto a gente sonhadora como eu para enxergar uma freguesia repletao de Quintas, habitado por gente com apleidos; Craveiro; Feio; Pimentel ; Castro, Ventura; Medeiros; Gaspar (oriundos de Romila, Almoster); Sousa; Canôva; Rego, e de tantos outros apelidos descendentes da emblemática e a mais antiga Quinta de Cima, Quinta da Mouta Bela, Quinta da Amieira e Quinta da Mouta do Lobo. Por sua vez se desanexaram outras em heranças; Quinta de Baixo, Quinta da Cerca; Quinta do Salgueiral; Quinta da Sarrada da Mata Quinta das Eiras, etc,...Plausível afirmar que Chão de Couce foi um chão predominante de vinhendo onde se produziu um vinho medieval , cujas boas cepas ainda delas restam bons exemplares. 
Vinhas na  Mó que foi de Alfredo Coimbra, o bisavó do meu marido, não esqueço a produção de vinho palheto, gasoso a chorar pelo copo, e na boca escorregava saboroso como outro difícil assim encontrar casta, atualmente em poisio, há 2 anos, por não ter havido moléstia apanhei cachos de fazer inveja a outras vinhas cultivadas no Outeiro da Mó, tratadas e de cachos enfezadas!
Produção de uvas da Mó
Vinha no Outeiro da Mó a olhar a Nexebra
Voltar a referir o ditado português "Tudo vai atrás de quem o deixa"...
O grande chão de terrado com vinhedos de Chão de Couce foi dando lugar a salpico de urbanizações, em nada favorecem a típica e castiça vila, até a descaraterizam na  sua bela traça arquitetónica que Chão de Couce soube num tempo manter, e que ainda lhe dá o título de ser a mais bela vila das Cinco Vilas e Ansião, a que se junta o fatal salpico de poisio, fruto desta mudança tenham sido factores de perda da tamanha aposta  da vinha no século XIX , a meu ver aposta em terrado de planura, em prol do costado nascente e poente da Nexebra de chão xistoso ao ter sido roteado por carreiros e leirões, como no Douro, isso sim, teria sido o seu tesouro nas Cinco Vilas!
Haja  alguém de inspiração e vontade bastante que consiga agregar pequenos proprietários e banir o eucalipto ao jus a rivalizar luta ferranha à vizinha cidade de Ourém, que prestigia o seu passado, ao ter consagrado o seu vinho medieval na Lei desde 11 de Fevereiro de 2005, enquanto vinho de qualidade produzido em região determinada (V.Q.P.R.D.), com largas centenas de vitivinicultores registados no concelho.
Entristecedor e frustrante reconhecer a consequente falta de cultura assente no poleiro das Cinco Vilas e Ansião, que não abre horizontes, não aclara ideias na defesa do património, esquece o valor das suas gentes e o passado rico que nesta terra se viveu sendo que tristemente os esquece, maltrata, sem lhes dignificar a glória merecida!


FONTES
Agradecimento especial ao Abel Santos Silva e Henrique Dias
Referência à Monografia de Chão de Couce do Dr Manuel Augusto Dias
http://www.freguesiachaodecouce.pt/home.php?t=curi&mostraartigo=sim&codartigo=24&t=curi
https://pt.wikipedia.org/wiki/Our%C3%A9m_(Portugal)
http://geneall.net/pt/forum/2096/teixeira-de-castro-de-chao-de-couce/
https://casa.sapo.pt/Moradia-T6-ou-superior-Venda-Ansiao-Ansiao-tem.Piscinas-4c0d345e-8984-11e6-9d7e-00155d644625.html?pn=3
https://digitalis-dsp.uc.pt/html/10316.2/22956/Preview.pdf
http://digitarq.adlra.arquivos.pt/details?id=1069538

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