quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Limpeza de terrenos sem qualquer retorno, como fazer para entregar ao Estado?

Vivemos mais tempo em Almada. Temos courelas no concelho de Ansião, inseridas no Pinhal interior.
Em 2019 a obrigatoriedade de se pedir autorização no site da GNR para fazer queimas, o que chamamos  borralheiras. Tem de se preencher um formulário com os nossos dado, sobre a localização - abre um mapa para o utente identificar o local. Automaticamente dita as coordenadas e fica a aguardar autorização.

Sem mais se saber como se deve proceder todo aquele que não está disposto a limpar, porque não tem saúde, nem pode mandar a outros pela carestia, por fraco retorno ou pouco da madeira com courelas em pousio, sem mais informação sobre emparcelamento ou  vontade de entrega  ao Estado?
Matéria fulcral a ser legislada  rapidamente.
No ano passado na minha estadia em junho em Ansião andei com o meu marido em limpezas de terrenos, a cortar silvas emaranhadas sob um calor abrasador; em Ansião na Lameira ,  no Salgueiro e na Mó em Chão de Couce, só vimos outros com tratores  a cortar erva na Mó, com enxada nas mãos apenas nós...
Muita gente nada se incomodou com as coimas. Não é por acaso que este ano subiram de preço.
Constatei o perimetro dos 50 metros à volta de casas sem limpeza na Moita Redonda, junto da casa do meu marido, onde nada aparentemente aconteceu...
Salgueiro em Ansião a minha herança
Ao passar pela propriedade que foi do meu avô paterno demos conta que tinha sido cortada a erva, logo me lembrei que tinha sido o Paulo Rato, que ainda nos fez o favor de pôr veneno nas silvas que progrediam junto dos muros a entestar com a estrada e no rebordo do poço, e se eram grandes, na entrada uma vigorosa se mostrava verde a invadir a oliveira...Odisseia de trabalho em manhã de muito calor com blocos de cimento do muro caídos enrolados com pedras e  lixo entranhado no silvedo que as pessoas e alunos, sem educação nem respeito pelos outros atiram para terreno rural em prol de o deixar no próximo contentor de lixo; garrafas de plástico, latas, vidros, plásticos e... Um balde de lata dos grandes cheio que fui despejar no caixote do lixo, e já não é a primeira vez!
Ansião com  gente a passar pela estrada sem conceito de cidadania nem tão pouco educação!
Recolha de lixo...
 Só fotografei a propriedade depois de limpa
 O meu marido de volta do tanque de pedra onde havia um emaranhado de silvas secas, aqui já no final...
Transpirei tanto que os olhos ardiam com o sal na mistura com a poeira que me deixou a cara mascarada como se fosse maquilhagem...Não vejo gente da nossa mocidade a sujar as mãos, a ficar com os braços e pernas arranhadas a trabalhar em limpezas rurais sob calor, antes os vejo a andar de carro para trás e para a frente, sentados em esplanadas dos cafés a exibir unhas tratadas e de gel ornadas de  penteados oxigenados e outros à militar, todos  a esfumaçar, a beber, com telemóvel nas mãos...
Muitos donos de courelas como nós que delas não tratam, tão pouco se ralam!
 Os montes de silvas
Mó em Chão de Couce
Herança do meu marido que foi do seu avô António Coimbra  na beira da estrada um lote com cepas, olival e a casita que foi em xisto e o alargamento da estrada a fizeram em tijolo. O ano passado aqui andámos a roçar a frente da propriedade e a sua lateral onde havia muita silva de silvão e das normais enroladas nas videiras onde deixámos um monstruoso monte ovalado para queimar ...
Já é a segunda vez que o ex- presidente da JF de Chão de Couce, o Sr. João Medeiros se chega até nós e nos distingue com um cumprimento em conversa de circunstância - limpeza e prevenção! 
Apanhei o lixo, plásticos e garrafas deliberadamente a pouca gente que passa a pé na estrada ou trabalhadores da serralharia atiram para o terreno...  as apanhei para deixar no contentor!
Picoto da Nexebra 
Subimos a pé a serra de Nexebra para ver os marcos das courelas agora mais visíveis pelo grande incêndio pela Páscoa, o fogo não seguiu a direito porque a morfologia do terreno de costados  ingrímes deixou um emaranhado de clareiras que não se queimaram em contraponto o azar de outras dizimadas pelo fogo como as minhas...
Afloramentos rochosos que se encontram ao longo do cume longitudinal da Nexebra
Vista dos afloramentos rochosos da Nexebra que se alongam  numa extensão grande
Grande ousadia levar a minha mãe que subiu a serra e a desceu ao Santainho pela nossa propriedade pelo meio de chão queimado e não se desorientou, mas antes no Pinhal do Sérgio ia-se perdendo ao julgar que a mina de S. João era logo ali e na realidade tinha ainda dois grandes costados para a alcançar...Tive de lhe explicar que com a idade a desorientação é normal, pelo que se tem de parar e pensar!
Dizer adeus ao picoto da Nexebra,  admirados como aqui nada ardeu...
Dó d'alma perceber e entender os donos das pequenas courelas  na escala de valores com a venda da madeira os que ganham menos, para a sorte ser dos madeireiros, celuloses e parcerias para com a madeira menos nobre  se fazerem paletes e derivados.
Para ainda haver alguns proprietários vendem o que não é seu, por falta de conhecimento das extremas ou não (?) e outros por o IMI ser irrisório nem se dão a esse trabalho e deixam a floresta ao Deus dará porque tudo nesta vida dá trabalho em acertar a disponibilidade com o madeireiro para ir mostrar as courelas sendo certo que tem de saber as extremas em cenários loucos sem acessibilidades ...
Vista da Nexebra para poente no contraste do incêndio com o verde na Páscoa
 Vista para sul
Depois do inferno do fogo a vida renasce com flores na beira da estrada, que não sei o nome, mas delas me lembro na primavera ver em Ansião e aqui na Nexebra se mostram lindas!
Trabalho árduo de durabilidade fraca, em meses tudo volta ao mesmo, ou pior, quanto mais se corta mais crescem silvas, canas e mato!
Um desatino!
Quem nos acode?

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Escampado de S.Miguel em Ansião


A 9 de janeiro de 1314 há um aforamento feito pelo Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra ao Casal e Escampado.
O Escampado de S. Miguel atestado na toponímia pela capela com este orago.
Nos Escampados ainda prevalece na paisagem a arquitetura ancestral do povo que o habitou em paralelo com a eloquência da sua ruína.

Genealogia
Apelidos ainda vivos: Freire, Dias, Lopes, Serra, Caixeiro, André e,...
Saldanha , perdido, julgo.
Falta apurar os apelidos;
Do pai da Ti Júlia que casou com o tio do meu pai António do Bairro, que era gente abonada.
Do pai da mãe da Elvira André.
Família de Alípio recentemente falecido , apelido?
O apelido "Rodrigues" aparece referenciado em 1721 com Manoel Rodrigues administrador da capela de S. Miguel daqui natural e nos livros paroquiais de 1751 aparece gente com este apelido morador no Escampado da Costa, para hoje apenas ser conhecido como Costa. O apelido Rodrigues que o carrego tenha herança na Costa onde herdámos uma grande propriedade, eu e a minha irmã.

Janelas
Em madeira com minúsculo caixilho, que foi de vidro . Não se devia perder.
Como seria antever a aurora ou o lusco fusco do fim do dia através de um janelo tão pequeno? Seria para poupar o vidro mais caro que a madeira, timidez ou pelo carisma reservado das gentes ?
Mais uma grande achega ao passado deixada por Álvaro Silva
A janela com um pequeno caixilho de que mostra a foto chama-se na minha terra no Alto Minho "escotilha" tal como nos barcos, é anterior à generalização do vidro em meados do século XIX.
Vem aclarar a origem dos povoadores vindos do norte e na ligação ao mar - escotilha. Mais um grande contributo para o engrandecimento do passado de Ansião.
Piais  em pedra
A ladear a janela para as flores
Frestas estreitas
Piais e varandim em pedra 
Argola em pedra para prender os animais
Capela de S. Miguel
Foto antiga
No seu tardoz e na esquerda restam ruínas de casario
Nas Memória Paroquiais  aparece referência numa Informação de 1721 uma capela que instituiu Martinho Saldanha do Escampado, é administrador dela Manoel Rodrigues do dito lugar; manda dizer 20 missas cada ano.
Julgo que tenha sido esta capela em que a família "Saldanha" tivesse vivido no casario no seu tardoz?
Julgo que este apelido "Saldanha" já não existe no Escampado mas existiu num dos Casais - Brás ou Viegas?
Vista do tardoz do adro e da capela o que resta do casario que teria sido da família Saldanha que instituiu a capela?
No lintel a data de 1749 e o campanário do sino despojado dele por roubo

Ruínas  no tardoz do adro da centúria de 600 com prateleiras de pedra dentro das paredes
Na frente da capela a casa que foi da família "Serra",avós maternos do meu amigo Dr Carlos Cotrim. Acima da porta tem uma moldura com a data que não decorei mas recordo ser da 1ª década do séc. XX
Seguindo a estrada par norte
Em parte derrubado o casario para suposto alargamento da estrada?
Outra janela de madeira com caixilho minúsculo, há muitos anos foi esta janela a segunda que me fascinou, a outra conheci em miúda no Escampado de Santa Marta.
Em agonia uma roda de um carro de bois...
Um buraco no telhado- a beleza que a ruína exala!
Carvalhos seculares ainda persistem na paisagem dos Escampados
Um grande tanque em pedra
Os líquenes enegrecidos a bordar a pedra...

Distingui ao lado e pelo tardoz do frondoso carvalho para poente e norte ao fundo de um quintal volumosos muros de pedra seca,e outros já emersos em vegetação, não sei o que ali existiu no passado em  sitio altaneiro onde a norte parece em penhasco, alguém sabe mais? Teria sido aqui onde os arqueólogos andaram para determinar um castro de ocupação da Idade do Ferro?
No tardoz da capela para nascente encontrei um complexo ruinal que foi recentemente limpo e por isso o distingui de longe com um quelho de ligação para a estrada principal e outro para a Costa e  Senhor do Bonfim.
Um suporte em pedra, assim outros conheci nuns barracões no tardoz do que foi a Casa da Câmara.

Quelho de ligação da estrada principal 
Apresenta reentrância horizontal acima do lintel da porta outra caracteristica da arquitectura ancestral
Para não se perderem as memórias das pedras e das gentes!

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