sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Chão de Couce palco de pregão das Criaditas dos Pobres ou das Irmãs Clarissas do Desagravo?

Concelho de Ansião, no distrito de Leiria, tomando o caminho na vila de Chão de Couce para a Moita Redonda, ao Furadouro, do lado esquerdo antes da fonte nas bordas do sopé da Nexebra após a regateira que se forma mais acima ao endireito das Calhas, existia na década de 30 uma casita térrea do Ti Violante(?) tinha um passeio pela frente na direção do caminho, hoje estrada. Desta casa fala a minha mãe, do pouco que se lembra desse tempo criança e também a minha sogra, recordações das vezes que lá foram acompanhadas pelas suas mães. A minha avó Maria da Luz para dar esmolas, pois as "beatas" viviam delas e dos viveres da época, a minha sogra com a mãe levavam lenha, batatas e feijão. Lembram-se  nesse tempo de serem três mulheres ou quatro, estando a mais velha entrevada. Faziam as hóstias para a missa que frequentavam diariamente, viviam de caridade vestidas de preto com lenço na cabeça.
Felizmente a minha mãe por o pai ser paneiro sazonal no Alentejo, e na região nas feiras anuais e no mercado semanal, tinha  em casa na Moita Redonda mercearia, loja de panos e taberna, por isso a minha avó as agraciava com dinheiro. Ambas se lembram que eram chamadas por "beatas"...quando passavam pelas pessoas era uso o seu cumprimento  dizer - Bendito Louvado Seja  - a que respondiam -O Santíssimo Sacramento. Diz a minha sogra Ermelinda, que uma se chamava Maria Serôdio, num tempo que nada se perguntava, não sabem como ali foram parar e como acabaram...quiçá foram morrendo por lá...ainda deve existir  a casita ou o que dela resta. O meu tio José Veríssimo, disse-me que também se lembra de garoto da casa e das "beatas". Anos mais tarde foi vendida a um seu familiar, ao que parece a mulher que a limpou foi atingida por uma doença provocada pelos ratos, pois estaria fechada há anos, maleita aziaga que mais tarde supostamente a levou à morte...
A minha mãe ainda se recorda que naquele tempo uma rapariga fugiu da casa dos pais, desconhece o motivo porque se veio a abrigar nesta casa, onde viria depois aparecer o seu pai dela armado de espingarda para a resgatar, tendo lhe aparecido a beata responsável pela casa, e sem medo algum o enfrenta de mãos afincadas nas ancas e lhe diz " se me quiser matar mate-me, só tenho esta vida"... tamanha coragem conseguiu demover o homem ao apelo de que a conversar é que as pessoas se entendem...
criaditas_dos_pobres
Citando a Diocese de Aveiro
"Irmãs Criaditas dos Pobres , falar das "criaditas" é falar de Maria Carolina, a quinta filha do Doutor Sousa Gomes, professor da Universidade de Coimbra. Desde cedo sentiu o apelo a dedicar a sua vida aos mais pobres. "… Perdia-se sobretudo pelos becos da velha cidade de Coimbra onde a paredes meias viviam estudantes e famílias pobres, carregadas de filhos. Era a "vicentina" que havia entrado nas Conferências logo que elas reviveram em Coimbra com a chegada de França do P. Luís Lopes de Melo…". É ela a "Mãe" das Criaditas, a sua pioneira.A 1 de Novembro de 1923 deixa a casa materna na Rua da Matemática e aceita dirigir o "Asilo da Infância Desvalida". A ela junta-se mais tarde Maria Clementina, a "Irmãzinha Emmanuel" como lhe chamavam, nascida e baptizada em Aveiro na paróquia da Glória. Junta-se depois a Perpétua Silva que era empregada do asilo. E agora, sim, "… as três já podiam ir por esses becos e vielas tratar da vidinha de tantos filhos de Deus que não O conheciam como Pai".
E a Previdência lá foi encaminhando as coisas para que se tornasse realidade aquilo que todas ansiavam: ser "pobres criaditas dos Pobres". Deixam o asilo que passou a ser uma escola oficializada e arrendam a sua primeira casa, bem modesta situada nas escadas do Quebra-Costas junto ao Largo da Sé Velha, na parte alta da cidade, igualmente entre gente pobre. "Levavam, apenas, um fogão de ferro e a grande panela para fazer o "jantar dos Pobres" no Natal e na Páscoa e dois sacos de aparas para o primeiro lume. Mas a grande riqueza era a imagem do Coração de Jesus levada nos braços pela "Mãe" para abrir a primeira casa das criaditas. Por tradição, ficaria a ser sempre o Fundador das comunidades. Em 1931 já a pequena comunidade se encontra na Rua da Ilha, nº 16 numa pequena parte de uma casa antiga. E foi ali que fizeram a sua casa e depois montaram uma creche para atender os filhos das famílias mais pobres. Ainda hoje ali estão."
As criaditas dos Pobres em Aveiro
"Depois da Diocese restaurada em 1938, D. João Evangelista de Lima Vidal pensou em criar nesta Diocese as "Florinhas o Vouga" como já o tinha feito em Lisboa e Vila Real destinada à protecção e amparo das crianças do sexo feminino, abandonadas pelas ruas e expostas aos maiores perigos. Para tomar conta da obra lembrou-se das criaditas que chegaram a Aveiro em 6 de outubro de 1940. Diz assim o P. Melo: "O frio – físico e moral – que vos há-de ter torturado ao chegar sem uma pessoa conhecida a esperar-vos, sem um banco em casa para vos sentardes, com toda a casa a monte, despensa vazia, lareira apagada, sem lume nem luz, toda essa solidão… dizia-vos quanto é Pai Aquele que está nos céus…" E, começou o trabalho   pelas famílias mais pobres. Hoje, muito mais diminuídas em número de Irmãs e enriquecidas em idade, habitam na nossa paróquia da Vera Cruz na Rua António da Benta em número de três.
Em 15 de Maio de 1932, Domingo do Espírito Santo, o Bispo de Coimbra D. Manuel Luís Coelho da Silva aprovou as primeiras Constituições onde definia em latim o nome por que seriam conhecidas: Parvulae Ancillae Christi (criaditas dos Pobres). E acrescentava: “deviam formar uma pequena família cujo chefe é Cristo presente no mistério do altar, na pessoa da “Mãe”, nos pobres, nos benfeitores, nas Irmãs e no director Espiritual. O seu lar devia ser a Igreja Paroquial, a casa dos pobres onde servem e a própria comunidade".

Citando o Amigo do Povo da Paroquia de Ansião pelo Padre Manuel Ventura Pinho


"Esta é uma congregação religiosa fundada na nossa diocese, tal como as Clarissas do Desagravo!
As criaditas dos Pobres foram fundadas em Coimbra, junto da Sé Velha, a 1 de Novembro de 1924 por Maria Carolina de Sousa Gomes. Elas insistem em que se escreva “criaditas” com “c” minúsculo e “Pobres” com “P” maiúsculo; só isso diz tudo acerca delas e do seu carisma: elas consideram-se muito pequenas diante de Cristo, que está presente no Pobre a servir.
Maria Carolina se destacou na época não só pelo seu valor científico-académico mas também por ter sido um dos homens que se assumiram como católicos na Primeira República, um tempo em que não era fácil afirmar-se católico!
Maria Carolina nasceu, assim, numa família numerosa, profundamente cristã e grandemente interessada pelos problemas sociais, também em contacto com a miséria física e moral da velha cidade de Coimbra. Esta experiência apertava-lhe o coração e foi-lhe fazendo crescer o desejo de dedicar toda a sua vida ao serviço dos Pobres, ocupando-se deles nas suas próprias casas.
As criaditas dos Pobres distinguem-se facilmente pelo seu hábito de xadrezinho, do mesmo tecido das antigas criadas de servir. Também ficaram famosos os seus coloridos cortinados de retalhos, uma antiga forma de reciclagem: aliando a pobreza com o asseio, para elas nada se estraga. Tal e qual como as antigas criadas, elas vão a casa dos Pobres ajudando um pouco em tudo: mais do que levar esmolas elas servem os pobres, lavando e esfregando, mas também ensinando normas de economia doméstica e higiene, ajudando e ensinando a cuidar de bebés, etc…
As criaditas dos Pobres lidam com muito tipo de gente, porque o pobre nem sempre é o “coitadinho” inocente que imaginamos; mas é tal a sinceridade da sua pobreza humilde e a importância social da sua ação, que são sempre respeitadas. Elas entram e são bem acolhidas e respeitadas em certos bairros problemáticos onde a polícia, por vezes, tem dificuldade em entrar, como atestam alguns testemunhos.
Atualmente, as criaditas dos Pobres estão presentes em Coimbra, na rua da Ilha, em Côja e já se estenderam até aos Açores e Brasil (Nordeste, Chapadinha)."

Citando uma entrevista do correio de Coimbra em 2006
"A Maria Carolina saiu da sua casa para ira para casa do Dr. Elysio de Moura. A nossa fundadora esteve primeiramente a tomar conta de crianças. A nossa congregação só passou a existir oficialmente muitos anos depois, mas marcamos essa data, porque foi a data que a Irmã Maria Carolina saiu da sua casa e já existia este carisma de querer auxiliar os mais desfavorecidos. A congregação foi aberta oficialmente em 1966.
Como nasceu a vossa obra?
A nossa obra nasceu das Conferências Vicentinas em Coimbra. A nossa fundadora antes de ser Criadita dos Pobres já participava juntamente com a mãe nas conferências vicentinas e iam à casa dos pobres fazer trabalhos… Mais tarde, ela achou, por bem, que seriam necessárias vicentinas a tempo inteiro. E foi por isso que juntamente com outras irmãs formou esta congregação.
Como nasceu a Cozinha Económica?
"A Sociedade Protetora das Cozinhas Económicas de Lisboa foi criada em 1893, por Maria Luísa de Sousa Holstein Beck, duquesa de Palmela, para ajudar a população carenciada com refeições a preços módicos."
"Vinte e cinco anos depois, e com o agravamento das condições de vida causado pela I Guerra Mundial, foi criada a Sopa dos Pobres pelo então Presidente, Sidónio Pais, que ficou também conhecida como a "Sopa do Sidónio". 
 
Em Coimbra a Cozinha Económica nasceu em 1933. Como o nome também indica tem por objetivo servir economicamente e dignamente uma refeição forte, saborosa e abundante. Para pessoas que trabalhavam e não podiam comer tão bem, podiam vir aqui, e obterem uma refeição a um preço simbólico e boa.
Antigamente muitos estudantes que hoje são doutores, médicos ou professores, comeram aqui na Cozinha e dizem hoje que devem o seu curso à Cozinha Económica. Até há pouco anos atrás ainda se juntavam neste mesmo sítio para comerem todos uma refeição afim de confraternizarem e recordarem os seus tempos difíceis de estudante. E pagavam o triplo do dinheiro que dariam na altura enquanto estudantes.
Ao princípio quando servíamos aqui as refeições apercebiamo-nos que algumas pessoas comiam só sopa. Depois de falar com elas e saber porque razões comiam só sopa, víamos que existia grandes tragédias naquelas famílias. Havia pessoas que poupavam ao máximo para poderem ter mais um bocadinho para os filhos. Através deste serviço mergulhamos no mundo dessas famílias…
A Cozinha Económica atravessa algumas dificuldades monetárias. A Irmã Lucinda, responsável pelas Criaditas dos Pobres em Coimbra reconhece esta dura realidade. Esteve nas origens da fundação da Cozinha Económica. São reconhecidas carinhosamente por "madres de Teresa de Calcutá" da cidade. Não gostam muito de falar daquilo que fazem, muito menos com os jornalistas. Levam o Evangelho à prática. Servem cerca de 500 refeições por dia, 30 por cento dessas refeições são gratuitas. A comparticipação dada pela Segurança Social é de apenas um euro e cinco cêntimos por refeição. O que tem valido, tem sido a generosidade de muitas pessoas e ajuda do Banco Alimentar Contra a Fome.
A Irmã Lucinda numa entrevista gentilmente cedida ao "Correio" fala-nos de novas formas de pobreza existentes na nossa cidade que aumentam de dia para dia.
As Criaditas dos Pobres, como qualquer outra congregação, sentem a falta de vocações. Há 17 anos que não possuem uma única noviça. Estarão as nossas criaditas em vias de extinção?
Em que locais da cidade vocês se encontram?
Aqui na cidade estamos só na Rua da Ilha, junto a Sé Velha, onde até o ano passado tivemos um jardim-de-infância e uns tempos livres que entregamos depois a Caritas porque já não tínhamos possibilidades de continuar. E estamos na Baixa, na Cozinha Económica, onde servimos cerca de 500 refeições diárias a um preço simbólico."

"Quarenta anos depois do 25 de Abril, Portugal regressou ao modelo da Sopa dos Pobres e da Cozinha Económica com as atuais cantinas comunitárias, um cenário que o presidente da Cáritas julgava não voltar a acontecer."
O que falta saber ? Se em Chão de Couce  se instalaram naquela casa as Criaditas dos Pobres a fazer o seu trabalho de apoio à comunidade ou Irmãs Clarissas do Desagravo, sendo o seu Convento sito no Louriçal a escassos 30 km(?) ou nenhuma delas e seriam outras(?).
Quem mais souber partilhar o que sabe, só engrandece!


FONTES

Oral da minha mãe, sogra Ermelinda e do irmão José Veríssimo
http://www.diocese-aveiro.pt/paroquiaveracruz/?p=6302
http://www.oamigodopovo.com/criaditas666.asp
http://correiodecoimbra.blogspot.pt/2006/12/irm-lucinda-das-criaditas-em.html
http://ionline.sapo.pt/316622

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Beco dos Birbantes ao Hospital S.José em Lisboa

Ainda a passear pela Calçada de Sant'Ana prendi o olhar numa varanda com a bandeira do Sporting...
Beco dos Birbantes -Sinónimo de birbante - patife, traste, biltre, velhaco... 
Entrei pela Calçada Nova do Colégio-, dado pelo  Colégio Novo de Santo Antão, que foi jesuíta, cuja cerca passa muito perto da calçada e a contorna até ao entroncamento com a rua onde nasceu e funciona hoje o Hospital de S.José.

 Desconheço o nome deste palácio de gaveto (?) em total abandono

Neste prédio reparei em duas pedras para vasos a ladear a janela , uma tradição portuguesa
Uma grande chaminé, desconheço se foi de padaria ou olaria
A chaminé extrema com  o que resta da Torre de Santa'Ana que dela aqui se reconhecem ainda vestígios
Descida com vista sobre outra colina, a do castelo de S.Jorge
Não encontrei o Relógio de Sol que existe nesta rua...
Passou por mim este senhor, não sei se brasileiro ou cabo verdiano, que me dirigiu as boas tardes- em Lisboa, deixou-me de boca aberta!
Entrada do portal do Hospital de S.José. Situado no Campo de Sant’Ana, sobranceiro ao Rossio, o Colégio de Santo Antão-o-Novo, classificado como imóvel de interesse público pelo Dec-Lei 8/83, de 24 de Janeiro, seria completado com uma grandiosa Igreja, iniciada em 1613 e terminada em 31 de Julho de 1652, dia de Santo Inácio de Loyola ( o fundador da companhia jesuíta) e uma formosíssima sacristia, ambas devidas maioritariamente às liberalidades da Condessa de Linhares, D. Filipa de Sá. 
A sacristia, da autoria do Arq. João Antunes construída entre 1696 e 1700 ainda hoje existe praticamente intacta, é monumento nacional pelo Dec.- Lei 22 502, de 10 de Maio de 1933, e é a atual capela do Hospital de S. José.
Arco comemorativo da vitória sobre Massena( invasões francesas)
Fachada sul de acesso à Biblioteca e Salão Nobre é decorada na frontaria por estátuas de 7 Apóstolos  provenientes da Igreja destruída do Colégio Novo de Santo Antão pelo terramoto de 1755 , as estátuas foram  feitas por artesãos italianos, quando as torres caíram no século XIX aproveitam as pedras para pedestal das mesmas. 
 O átrio da entrada mostra-se quinado e abobadado com pinturas onde a cor tijolo é dominante
Todo o espaço e eacadatório é revestido a painéis azulejares do século XVIII que contam histórias de cenas de caça e batalhas.
O Hospital de Todos os Santos mandado construir por D.João II em 1492 foi sofrendo percalços, a 27 de Outubro de 1601deu-se um dos grandes incêndios que destruíram quadros dos Reis de Portugal e as pinturas a fresco maneiristas. Outro incêndio deu-se a  10 de agosto de 1750 e o terceiro e último, a 1 de novembro de 1755 no incêndio resultante do terramoto de Lisboa. 
A ironia foi a de que o Hospital Real de Todos os Santos foi destruído no seu próprio dia, o dia de Todos os Santos.
Este Hospital foi localizado no sitio onde hoje é a Praça da Figueira.Os doentes sobreviventes foram transferidos para o Colégio de Santo Antão que tinha sido a casa principal dos Jesuítas que lhes tinha sido confiscada pelo decreto do Marquês de Pombal, sendo assim aqui criado o Hospital Real de São José.
Foto da maquete do Hospital de Todos os Santos de fachada estilo Manuelino 1492-1759
A maquete deste Hospital


 Um vaso em faiança do Hospital de Todos-os-Santos com a sigla 'OS' (Omnia Sanctorum)
O átrio com escadatório nobre de largos degraus em pedra e faustos patamares com as paredes todas revestidas a belos silhares azulejares em azul e branco em ótimo estado
 
Estranhei haver pedras esculpidas que não identifiquei , supostamente faziam parte de brasões (?) estarem debaixo dum banco...
 

Existe uma grande quantidade de peças antigas em madeira nos patamares da escadaria, relativas a meios de locomoção desde a idade medieval , como as liteiras, até à primitiva cadeira de rodas em madeira.
 
Liteira do século XVIII para transporte de doentes
Escadaria nobre  do acesso ao Salão Nobre (antiga Aula da Esfera dos Jesuítas) e à Biblioteca.
 Um telescópio representado em painel azulejar do século XVIII (Aula da Esfera)
 Pormenor de um painel de azulejos do séc. XVIII do Salão Nobre do HSJ
 
 Outro motivo azulejar do salão nobre
 Biblioteca - jarros da Marinha Grande
 

No átrio da escadaria nobre não havia segurança, entrei e à revelia tirei fotos, não vi avisos para não tirar e por fim na saída sentei-me numa mesa buffett setecentista de pés torneada e disso gostei por  atrás de mim estar a lápide comemorativa ao Prof. José Gentil,  um  Baixo-relevo de Mestre João da Silva, homenagem dos seus colegas, amigos e discípulos datada de 1936!
Falta conhecer a capela instalada na antiga sacristia . Aqui entrei uma pimeira vez em 1980 com uma colega Sottomayor de Ourém que arribou a Lisboa, escorregou num passeio e bateu com a cabeça, andámos à procura de quarto com serventia de cozinha...foram uma série de horas...
Na saída pelo lado norte debaixo do arco existe um painel azulejar em policromia, o único(?) a ideia que reti ao olhar, mas os carros sempre a passar não registei foto e este grande na parede exterior da entrada.
Os espaços da envolvente a norte com um parque de estacionamento em terra batida onde outrora foi um prédio a meu ver desprestigiante a entrada que há muitos anos se encontra em abandono e desajustada ao Hospital, que é entrada importante, contudo na Rua de S.Lázaro está a sofrer melhoramentos em muitos prédios camarários.

FONTES
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2012/06/maternidade-dr-alfredo-da-costa.html
http://www.chlc.min-saude.pt/hospital.aspx?menuid=164

terça-feira, 11 de outubro de 2016

O convento da Encarnação e os Menezes na Calçada de Sant'Ana

No Largo de S. Domingos distingue-se para norte a brutal massa do Convento da Encarnação que me deu o mote para a descoberta por outra vertente da 5ª encosta  de Lisboa, ao subir as Escadinhas  da Barroca, onde me deparei com um prédio de gaveto em abandono, entaipado, ornamentado com vasos em faiança no  remate da platibanda do telhado.
Mais à frente noutro gaveto obras num r/c de um prédio de portas abertas consegui estas fotos apenas para se distinguir numa parede descascada de estuque a típica construção "gaiola" usada após o terramoto .
 
Mais abaixo prédio de gaveto estreito com um painel azulejar, deteriorado quase impercetível a quem é dedicado...S. Marcos e S. João (?)

Calçada de Sant'Ana varandas em ferro forjado século XVII
Escadinhas ao plátano dão para ao cimo ao pátio onde nasceu Amália
"Continuando no cruzamento do Beco de São Luís da Pena, importa referir que por aqui 
passava a Cerca Fernandina, cujo arco, o Arco de Santana-, um dos Postigos da muralha foi 
demolido em 1676 para facilidade da circulação.
Do lado poente da calçada, encostada à face Norte da muralha, existiu a Ermida do Senhor Jesus 
da Salvação e Paz, demolida em 1936. Encostada à face Sul, a chamada casa da Esparragosa, 
sucessora da construção anterior, antiga residência do comerciante quinhentista com o mesmo nome.
Do lado nascente, na Calçada Nova do Colégio e nas traseiras da Rua Martim Vaz, ainda podem ser
observados, fundidos no casario, a Torre de Santana e fragmentos da muralha e de um dos seus cubelos.
                                         
O Convento da Encarnação 
Também conhecido por Mosteiro da Encarnação das Comendadeiras de São Bento de Avis, e agora Recolhimento da Encarnação, é um antigo Convento classificado como Imóvel de Interesse Público. Construído em 1630 no reinado de Filipe II de Portugal nos terrenos de D. Aleixo de Meneses que foi arcebispo de Braga  e 
Governador da Índia.
Um beco termina com um passadiço estreito que dá passagem para a rua do Convento. 
Lamentável a inundação de grafites...

As Comendadeiras da Ordem Militar de São Bento de Avis tinham  neste Convento refúgio.
Em 1643, na Igreja do Convento passou a funcionar a Irmandade das Escravas do Santíssimo
Sacramento. Em 1734 o Convento sofreu um incêndio.
O terramoto de 1755 destruiu parte do edifício, e as freiras foram realojadas no Convento de
Santo Antão. A recuperação do edifício terminou em 1758 quando as freiras regressaram.
Neste Convento tinham assento as filhas, esposas e viúvas de militares condecorados com a 
Comenda de Avis, quando aqui se encerravam tinham de oferecer uma determinada quantia em prata (?), que se diz parte dela foi sendo usada na construção do altar, todo ele muito rico em prata. 
O espaço que lhes cabia no Convento onde passariam a morar era decorado com mobiliário trazido 
pela própria e frequentemente levavam uma criada para as servir.

Igreja
Atualmente o edifício da Igreja revela-se de linguagem barroca sendo gerida pela Irmandade das
Escravas do Santíssimo Sacramento, dela se fala ser muito bonita e imensamente rica-, quiçá a segunda
mais rica de Portugal, depois de a de S. Roque. 
Merece destaque no seu interior os azulejos azuis e brancos da 1ª metade do séc. XVIII, o retábulo-mor 
ornamentado em prata, atribuído a João Frederico Ludwig, as pinturas e a talha dourada da
capela-mor, e as pinturas existentes no Convento, atribuídas a Bento Coelho da Silveira e a André
Gonçalves e seus discípulos.
A Igreja do Convento da Encarnação abre ao culto ao domingo pelas 9 horas.
Falei com o segurança do Recolhimento que me informou que também abre ao público na primeira
sexta feira de cada mês, não sei a hora, possivelmente entre as 9 e as 11(?). Lamentavelmente neste
mês de outubro não abriu, a Irmã Comendadeira foi em peregrinação a Fátima com a Santa Casa...
bem podia ter deixado aviso. Quando cheguei ao largo ainda havia gente em espera a conversar, uma senhora tinha tirado um dia de férias para a visita, isto não se faz!
O Convento da Encarnação apresenta na frontaria um fausto e lindo portal abençoado de óculo com soberba grade que do centro irradia em corações de vários formatos, abrigado pelo sumptuoso alpendre talhado em pedra com muito requinte e arte .
O INEM tinha sido chamado ao local. 
Deu-me o mote para espreitar a entrada à revelia, ao fundo na parede distingui uma tapeçaria de fundo 
preto com o Brasão de Avis  bordado a dourado, ladeada por duas pinturas, supostamente uma delas será
S. Bento de Avis (?) e outra alusiva às freiras (?), na frente uma  mesa bufete  enfeitada com cachepot em faiança pintado a cartelas com flores, onde o azul e o branco  são dominantes , um cadeirão do século XVII,  e
em redor das paredes bancos corridos habituais nos átrios dos Conventos, rodapé azulejar marmoreado 
setecentista e o chão lajeado com pedras quadradas em branco alternadas com pretas,  a porta de 
madeira mostra-se imponente, com fechadura tradicional da época  em ferro encimada com uma 
"Cruz" e aldraba. Aparentemente luxuoso é apenas uma gota d'água em comparação com o átrio do 
Convento de Santo Antão, onde funciona o Hospital de S. José...
De portaria ampla, com os quadros de Bento Coelho da Silveira, o claustro maneirista, com os azulejos do séc. XVIII, a sala da Infanta D. Maria, os corredores e escadarias imponentes, cheios de história.

Claustro
Ponte_PasseioLx201301r
O portal da igreja com o brasão de armas da sua fundadora, D. Maria, filha de D. Manuel
No Largo observámos a entrada da Igreja que ainda apresenta as pedras de armas da Infanta D. Maria 
(com metade lisa – por ter morrido solteira). Trata-se da filha mais nova de D. Manuel I que foi uma princesa muito culta e tinha grandes bens." Mas o  Convento foi fundado em época anterior por sua iniciativa no Poço do Borratém, sendo que só muito mais tarde foi transferido para este lugar por ser um dos desejos que manifestou no seu testamento. Só mais tarde em 1630, esse desejo foi cumprido com a construção do Convento da Encarnação das Comendadeiras de São Bento de Avis no reinado de Filipe II de Portugal, encostando a norte a troços da muralha Fernandina-, em terrenos de Dom Aleixo de Menezes. Em 1643 é instituída a Irmandade das Escravas do Santíssimo Sacramento, sob a protecção de Nossa Senhora da Encarnação, funcionando na igreja do Convento.  
O edifício ficou parcialmente destruído com o Terramoto de 1755, o que o deixou inabitável, transferindo-se as freiras para a cerca do Convento de Santo Antão. 
As obras de recuperação terminaram em 1758, altura em que as religiosas regressaram solenemente ao seu Convento em coches reais cedidos pelo Rei Dom José.
Abrigava não só freiras provenientes de famílias fidalgas, como recolhidas, viúvas de militares ou senhoras cujos maridos andavam em guerra em nome d'el Rei. "
A sua Igreja é hoje uma notável obra de talha dourada

Tabelámos conversa com um motorista da Santa Casa que procedia à descarga de víveres, disse que conhecia muita Igreja em Lisboa, mas nenhuma tão bonita como esta em prata...
Supostamente  pela foto também em talha dourada...
O altar-mor de 1719 apresenta várias figuras de anjos adultos e um grupo escultórico com o tema da "Anunciação". É suportado por uma base de mármores policromos, enquanto as paredes estão cobertas de painéis de azulejos azuis e brancos.
Com a extinção das ordens religiosas em 1834, a parte Conventual desapareceu, mas manteve até aos dias de hoje as funções de recolhimento de senhoras. 
Hoje no Convento funciona um Lar da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa há relativamente 
poucos anos uma convenção de utilização dada pelo Estado à SCML que aqui explora um Lar de 
Dia com apoio domiciliário, recolhimento com 30 acamados (?) e enfermaria.
Junto às traseiras do Convento da Encarnação a poente no Pátio do Salema, encostado ao tardoz do Palácio do Almada ou da Independência e da muralha Fernandina, tiveram lugar as primeiras reuniões republicanas dos 40 conjurados que precederam o advento da Independência a Portugal em 1640, expulsando os espanhóis.
Citando um excerto http://velhariasdoluis.blogspot.pt/2010/10/portal-do-convento-da-encarnacao-em.html  "enriquecido com o comentário do António"
 "Anualmente  decorre ainda uma cerimonia da Irmandade de senhoras das melhores famílias lisboetas-, as Escravas. Dizem que chegam ao Largo da Encarnação, vestidas de Chanel, em preto, cinza e branco, com colares de pérolas genuínas, muito bem penteadas, numa elegância contida, já rara nos dias de hoje. Toda a população do Bairro, que é uma mistura da velha Lisboa popular, com paquistaneses, brasileiros, chineses e ciganos romenos fica boquiaberta a olhar para aquelas senhoras muito distinguées, em cortejo à entrada da Igreja. É outra vez o contraste entre o luxo e a sordidez. Durante a cerimónia, as senhoras usam a capa da Ordem de Avis e levam as condecorações do pai ou marido, mantendo as patentes do progenitor ou esposo, segundo me afirmou o António, seguidor deste blog."
Falta saber o dia deste cerimonial!

Tenho conhecimento que a Santa Casa anualmente emite um calendário de visitas agendadas a decorrer
em cada mês do ano a vários Conventos, Recolhimentos e outros espaços, o grande problema com que
me deparei é que ao ligar o ano passado a visita já estava esgotada, ficando com a sensação nítida que
as visitas mais significativas, como a deste Convento, são marcados logo em janeiro, quando deveriam ser no mês anterior ao agendamento da mesma...
Painel azulejar em azul e branco numa fachada de um prédio, se tem nomes dos visados não se distingue por estar o varandim nele encastrado e em total aberração inestética com os fios de telecomunicações...
Na rua da Igreja do Convento dei de caras com uma lápide esculpida "MENEZES", a que não dei importância, para depois na Calçada de Sant'Ana outra  ver encastrada na frontaria de outro prédio que  pronunciei o seu nome em voz alta , acontece que naquele preciso momento entrava no prédio um casal que ao ouvir o nome  de imediato o senhor volta atrás exclama admirado "  Menezes é o meu nome, está aí escrito Menezes? "
 Na mesma rua outras casas com a mesma menção assim em placa retangular e também em redondo
Acontecimento inusitado logo ali gerou alegre e emocionante cavaqueira com o casal brasileiro que  esteve alojado neste prédio sem jamais terem reparado na pedra esculpida com o mesmo apelido de família - Menezes. Luiz Fernando Menezes, herdou do avô materno oriundo de Leiria o apelido, supostamente homem nascido em 1901 (?) apostou na imigração para o Brasil em meados do século  XX. Obviamente que negligenciei Leiria, a cidade de nome sonante e importante, que até pode ser, mas será provavelmente oriundo de uma outra terra do distrito, mais pequena, pelo que alvitrei o Louriçal  no concelho de Pombal, ou a vila de Ansião no mesmo distrito. Por estas vilas terem sido Senhorios doados à família Menezes.
D. Pedro II  doou o Senhorio de Ansião a D. Luís de Menezes , que o Senado lhe erigiu um padrão com a seguinte inscrição:
"Em agradecimento a D. Luís de Menezes pelos serviços prestados nas batalhas de Ameixial em 1663 e de Montes Claros em 1665, como general de artilharia, foi-lhe doado o senhorio da vila de Ansião em 1673 .
"A inscrição em Latim, tem a seguinte tradução: «Para Perpétua Memória/A D. Luís de Meneses Conde da Ericeira d'El-/Rei Pedro II Conselheiro de Estado e do Fisco/Intendente Na Província do Alentejo/Supremo General de Artilharia/Governador da Província de Trás-os-Montes/em vez de João de Áustria/vencido na batalha do Canal/E após a recuperação da cidade de Évora/esta pela jurisdição/que lhe foi concedida o cumulou de tais/prémios e honras por durante 18 anos/se haver dedicado à guerra por ter travado/cinco batalhas e ter participado em tantos/cercos à cidade obtendo glória militar e/alcançada a paz exerceu os maiores/cargos com louvor Por isso o Senado/de Ansião tratou de lhe mandar erigir/este monumento/No ano do Senhor de 1686"
Ainda no concelho de Ansião e Alvaiázere
" D. Pedro de Meneses comprou Pousafoles (a atual Pousaflores) em 01-03-1407 a João Lourenço de Penela por 1400 dobras em ouro, tendo comprado, também, às freiras do mosteiro do Espírito Santo de Toro, da Diocese de Zamora, a terra de Rapoula, e outros bens não indicados no julgado do Avelar, em data anterior a 15-06-1426. Herdou de seu avô paterno D. João Afonso Telo de Meneses (1.Conde de Ourém, 4.Conde de Barcelos), os lugares de Chão de Couce, Avelar, Aguda e Maçãs de D. Maria, que já este havia recebido também de herança."
 Doação do Louriçal
O 5.º Conde da Ericeira D. Diogo de Menezes foi elevado a Marquês de Louriçal a 22 de Abril de 1740 por D. João V, ficando o título de Conde da Ericeira a partir de então reservado aos herdeiros dos Marqueses do Louriçal.
Os Condes de Ericeira e Marqueses de Louriçal sempre foram do apelido e varonia Meneses
Eram descendentes do primeiro Conde de Neiva, D. Gonçalo Teles de Meneses, irmão do sexto Conde de Barcelos, D. João Afonso Telo, e da rainha D. Leonor Teles no século XIV. Tinham assim a mesma ascendência que os Condes de Cantanhede e Marqueses de Marialva, e ainda os Condes de Tarouca e Marqueses de Penalva.

Francisco Xavier Rafael de Menezes, 6º Conde da Ericeira, 2º Marquês do Louriçal, Senhor da Ericeira; 4º Senhor de Ansião, 10º Senhor do Louriçal

Henrique de Menezes (1727-1787) 7º Conde da Ericeira e 3º Marquês de Louriçal, Senhor da Ericeira, 5º Senhor de Ansião, 11º Senhor do Louriçal

10.º Senhor do Louriçal, do morgado da Anunciada e dos da Casa de Sarzedas, Comendador de diversas comendas pertencentes à casa dos Condes da Ericeira, etc. Sem posteridade, a sua Casa e Título passaram a seu irmão D. Henrique de Menezes, conde da Ericeira.

Marquês Henrique de Menezes e família, falta saber se é a esposa ou a mãe dos filhos(?) 
D. Henrique de Menezes ( era bastardo de D. Fernando de Menezes) foi Conde da Ericeira, 3º Marquês de Louriçal (1727-1787). Filho do 5º Conde, D. Luís de Menezes. Nasceu em 5 de janeiro de 1727 e morreu em 29 de maio de 1787. O 7.º Conde da Ericeira e 3.º Marquês de Louriçal, foi Senhor da Ericeira, 5.º Senhor de Ansião, 11.º Senhor do Louriçal. Casado com sua sobrinha, filha de uma irmã, D. Maria da Glória da Cunha e Menezes. Teve dois filhos ilegítimos de D. Maria Antónia Pinto de Sousa de Albuquerque Nussane que mantiveram a descendência que atualmente representa a Casa de Louriçal.
 
8º Conde D. Luís Eusébio Maria de Menezes Silveira, 4º Marquês de Louriçal (1780-?), filho do anterior. Não deixou descendentes. O Título não foi renovado depois da morte do 8º Conde.
Genealogia MENEZES  na internet
https://www.geni.com/people/Henrique-de-Menezes/6000000016111782026

http://www.fcsh.unl.pt/cham/eve/content.php?printconceito=846

Ora está bem de pensar que Luíz Fernando Menezes deve começar a pensar em fazer a árvore genealógica do ramo familiar Menezes. Sendo muito provável a sua ascendência nobre, embora suposta por via ilegítima (?), ainda assim com o o uso do apelido (?), o enigma que se quiser terá de aflorar para conhecer as suas verdadeiras raízes e genes lusitanos.
Na verdade senti um estar nobre dado pela inclinação do olhar calmo, sereno e doce, sejam parecenças com os dos meninos na foto, que teria sido  o 8º Conde de apelido Luis Eusébio Maria de Menezes Silveira (?)...negligenciei a descendência de Luís de Menezes do Senhorio de Ansião , aqui mandou construir um solar adoçado à Misericórdia, onde hoje funcionam os Paços do Concelho, os historiadores alvitram aqui só dormiu uma noite (?)... suspeita-se que se tenha encantado com uma bela menina  que vivia defronte da praça, de origem judaica e que a deixou grávida...
Do seu casamento teve dois filhos, o D. Francisco Xavier de Menezes e a D. Maria Madalena de Menezes que não casou. Vivia de melancolia, alegadamente pela tristeza de não ver a sua amada de Ansião (?) suicidou-se precipitando-se de uma janela  do seu palácio em Lisboa. Os  seus restos mortais e dos ascendentes Menezes estão no Convento de Nossa Senhora da Graça em Lisboa, belo monumento e não menos belo o seu miradouro  Sophia de Mello Breyner sobre Lisboa.

http://quintaisisa.blogspot.pt/2015/06/do-miradouro-sophia-mello-breyner.html
Foto de amizade com o casal brasileiro Luiz Fernando Menezes e a esposa Mónica.
Sobeja alegria e emoção que desencadeou um forte abraço! 
Porque de fato os brasileiros é um povo de afetos, nós por cá somos mais desligados e não devíamos, não há nada que se compare a um forte abraço!
Coincidências abonatórias ao mesmo apelido MENEZES ,- sendo este recente amigo brasileiro, filho de mãe brasileira, mas de origem portuguesa, por parte do pai, quis o destino que no tempo que esteve por Lisboa residisse num prédio na Calçada de Sant'Ana que foi propriedade de um Menezes, que disso fez questão de colocar lápide com essa menção, para em remate fantasiar que o Luiz Fernando Menezes brasileiro, pode ter origem nobre nos Senhores e Marqueses da Vila do Louriçal, terra que conheço bem por ser se encontrar a meio caminho de Ansião, a minha terra adotiva,  e a praia da Figueira da Foz , Buarcos e da Gala, onde passei férias na infância, mas também nesta terra aqui vim amiúde quando a minha mãe aqui se deslocava em serviço à estação de Correios e me trazia, recordo de ver os arrozais, os  primeiros que conheci assim a perdem-se de vista imensamente verdes e louros no verão, nesse tempo sem nada para fazer a minha mãe mandava-me ao Convento do Desagravo do Santíssimo Sacramento, onde numa porta lateral havia uma Irmã que vendia ao público bolos confecionados pelas freiras, que os via sair de um cilindro de madeira encastrado na parede....para anos mais tarde voltar a ver outro assim igual no Convento das Carmelitas em Alcabideche, onde também ia buscar ovos quando estive no Colégio Salesiano no Monte Estoril.
Por certo da próxima visita a Portugal a certeza de nos voltarmos a encontrar!
O casal vive na cidade de Santos, onde tantos outros compatriotas de Ansião e do concelho, se afirmaram em árduo trabalho, inicialmente como carregadores de sacos de café para os navios, sendo que mais tarde uns regressaram ficando os filhos que enveredaram para outros ramos, alguns tiveram sorte por terem angariado fortunas de milhões seja na construção civil , panificação e no reino do fabrico do chocolate.
Tenho familiares do meu lado paterno, tias do meu pai e primos estabelecidos em Santos. Um primo em tempos telefonou à minha irmã em agradecimento a uma tramitação burocrática afeta ao seu pai que lhe dizia "prima só o Atlântico nos separa estou esperando por você..."
Beco de S. Luís da Pena
Na frontaria de um edifício pós-terramoto o seu proprietário em 1867 colocou uma lápide identificativa, como sendo ali o local da morte do poeta Luís Vaz de Camões. Apesar do mito, os historiadores parecem estar de acordo de que não seria ali o lugar exato onde morreu o poeta, sendo mais provável, pelo recurso a relatos dos séculos XVII e XVIII, um pouco mais abaixo na Calçada, ou no cotovelo da Calçada Nova do Colégio, junto ao muro que delimitava os terrenos do antigo Colégio de Santo Antão-o-Novo (Hospital de São José). Certo é que foi enterrado nos jardins do Convento de Sant'Ana e quinze anos mais tarde transferido para debaixo do coro da igreja. Em 1880, por ocasião do terceiro centenário da sua morte, os restos mortais foram trasladados para o Mosteiro dos Jerónimos. Tal fato é assinalado por uma lápide na esquina do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana.
Por aqui passava a Cerca Fernandina, se continuarmos no cruzamento do Beco de São Luís da Pena,  cujo arco, o Arco de Santana, um dos Postigos da muralha foi demolido em 1676 para facilidade da circulação.
Do lado poente da Calçada, encostada à face Norte da muralha, existiu a Ermida do Senhor Jesus da Salvação e Paz, demolida em 1936. Encostada à face Sul, a chamada casa da Esparragosa, sucessora da construção anterior, antiga residência do comerciante quinhentista com o mesmo nome.
 
Nesta colina além de vasta riqueza descrita ainda a dos prédios Menezes, e mais acima na Rua Martim Vaz no prédio no cuvelo, foi o Pátio Santos, onde nasceu a grande Amália Rodrigues.
Em remate os amigos brasileiros estiveram hospedados numa zona nobre de Lisboa com muita história, no tardoz do prédio um nadinha acima no Beco dos Birbantes existe um Relógio de sol e  vestígios da TORRE DE SANTANA da Cerca Fernandina ao lado de uma chaminé que não sei se foi padaria ou de olaria!


FONTES

https://pt.wikipedia.org/wiki/
http://www.cm-lisboa.pt/
http://velhariasdoluis.blogspot.pt/2010/10/portal-do-convento-da-encarnacao-em.html
http://www.jagoz.com/historia/os-condes-da-ericeira.html
http://lisboahojeeontem.blogspot.pt/2012/11/calcada-de-santana.html
Ricardo Charters d’Azevedo os Menezes
 

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