quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Padres Manuel Ventura Pinho e José Eduardo Reis Coutinho, sem Medalha de Honra em Ansião!

Sinto evasão a nostalgia e aperto ditada pela saudade anunciada de que o Sr. Padre Manuel Ventura Pinho da paróquia de Ansião  está prestes a deixar o sacerdócio, enfim com toda a justiça mudar de estatuto na mais que merecida reforma. No dia 16 do corrente vão tomar posse os novos párocos com a presença do Sr. Bispo em Ansião. Não posso estar presente, mas estarei em espírito. Com todo o direito e justiça o Sr. Padre Manuel Ventura Pinho depois de 32 anos a paroquiar Ansião e há anos a Cumieira,  vai gozar o descanso dos deuses bem merecido, depois de árduo trabalho em que a falta de saúde nos últimos anos foi acentuada. Pese embora já me tivesse dito desta sua real intenção foi pelo Jornal Serras de Ansião que percebi estaria para breve, o que se veio a confirmar com o anúncio da data de apresentação dos novos párocos na sua Página do Facebook .
Tenho ouvido com agrado na voz do povo « Ansião nunca mais vai ter um padre como ele» Corroboro na integra esta afirmação. Ao alto dos meus 60 anos, já conheci alguns padres para dizer com franqueza apenas guardar estimável recordação do Sr. Padre Manuel Ventura Pinho e do Padre José Eduardo Reis Coutinho, de quem aliás sou amiga de ambos, no julgar que a simpatia seja mutua.
Aos novos párocos prevejo inicialmente vida pouco facilitada porque a bitola atingiu um máximo difícil de se igualar ou superar. Apesar de não haver pessoas insubstituíveis, todos somos diferentes, pelo que o esforço e a vontade em mostrar trabalho tem de ser elevado para manter o nível diversificado a que o povo e o Mundo está habituado. Dita o bom senso que o melhor é esperar  e dar tempo ao tempo para que se adaptem à vila e aos novos paroquianos, sendo justo por parte de todos a ajuda facilitada ao seu laboro paroquial. Com muito respeito formulo votos de boas vindas aos novos párocos para que a família paroquiana os acolha como bem merecem, e os ajude nas suas necessidades, ao jus dos costumes de povo hospitaleiro. Espero ainda que continuem dar voz  à Pagina do Facebook  da autoria do Sr. Padre Manuel Ventura Pinho em levar a mensagem de Ansião e da sua Igreja ao Mundo, papel que foi desempenhado com sapiência em agregar a juventude se mostrando aberto e sempre atento à inovação, abrindo a igreja a novas iniciativas musicais; corais  e concertos com a orquestra da Filarmónica Ansianense Santa Cecília, a que se juntaram tantas outras iniciativas católicas com as crianças, os pais, as catequistas e ainda  o seu estar participativo em confraternizar com o rebanho católico de todos os Lugares, e ainda com as três Irmandades atualmente em vigor- Ansião, Sarzedela e Constantina. Um Padre com vida exemplar, de cariz humano, mediador no diálogo pela diplomacia na defesa do que acredita, justo e leal, senti que evita assumir posturas extremistas, procurando sempre um meio-termo que lhe permita agradar a toda a gente, o que francamente me apraz dizer. Aparentemente de semblante calado, mostra-se bastante sociável e comunicativo, um bom conselheiro, e ainda não poupa palavras para elogiar ou valorizar os outros em que lhes sinta talento, ainda agora por altura das festas da Constantina incentivou Ilídio da Paz a escrever , enfim um homem de caracter extraordinário e fenomenal!
Apesar de viver afastada  200 km de Ansião há precisamente 40 anos celebrados este mês, em contraste com a vivência paroquial do Sr. Padre Manuel Ventura Pinho, de 32 anos nesta terra, jamais impeditivo de estabelecer contato ao longo dos anos através das novas tecnologias em que sempre se mostrou dinâmico, interessado e disponível em corresponder a todas as minhas solicitações de raiz histórica e religiosa; sobre a igreja, cemitério, Senhor do Bonfim, Capela de Santo António, Capelinha de Nossa Senhora do Penedo, Ermida de S. João nas Lagoas e até da Imagem do Senhor dos Passos de joelhos num altar em madeira que no meu tempo de criança fazia parte da procissão com gente mais velha se recorda no caminho da escola todos os dias ia espreitar o "Santinho  na Misericórdia". Pelos vistos desapareceu, e ninguém sabe dizer como, teria sido vendido? Seria interessante a atual Provedora da Misericórdia Dra. Teresa Fernandes se interessar por este espólio da Misericórdia que ainda existia no século XX, a ser verificado nos mandatos anteriores afim de deslindar a razão do que aconteceu a esta Imagem de grande dimensão que fazia parte do passado religioso de Ansião, possivelmente o seu desaparecimento tenha acontecido por altura que passou à valência de capela mortuária (?)!
O Sr Padre Manuel Ventura Pinho não celebrou o meu casamento, nem batizou a minha filha, nem os meus netos, apenas o mais velho, o Vicente com  2 meses teve o papel de fazer de Menino Jesus na Missa do dia de Natal, que tanto orgulho enalteceu a família .
Não posso deixar de voltar a agradecer a sua amabilidade e empenho  na facilidade em ultrapassar dogmas da igreja e ainda solicitar autorização ao Sr. Bispo de Coimbra para a realização excecional do batismo dos meus netos na Capela de Santo António ao Ribeiro da Vide, e ainda a colaboração em preparar os instrumentos para a celebração do mesmo porque a Capela não tem pia batismal. A celebração foi possível porque o Sr. Padre José Eduardo Reis Coutinho então a prestar serviço no Convento do Louriçal, mas em dia de celebração da sua padroeira, muito atarefado, ainda assim imediatamente acedeu  ao meu pedido e gentilmente se deslocar à matriz para recolher o material e na volta o foi entregar. Salientar ainda que a homilia neste dia 15 de agosto superou as minhas expectativas ao evocar a Batalha de Aljubarrota e da Ascensão de Nossa Senhora ao céu, na sua celebração neste preciso dia. A sua disponibilização e a invocação destes valores na homilia os  considerei de alto préstimo pelo gosto em retratar um episódio da história de Portugal,  em paralelo com outro não menos importante da Religião Cristã, que em resenha deu a conhecer aos presentes e avivar a outros cultura, ato que considero uma nobre atitude em partilhar conhecimento, que devia ser alvo de premissa a seguir nas boas práticas da Igreja. São condutas desta natureza de quem está no exercício do sacerdócio que de melhor pode oferecer aos seus paroquianos em ser prestável e passar  mensagens de cultura. A propósito disto lembro a Dra. Carmita Antunes que este ano me confidenciou " o quanto gostava das suas homilias na Igreja de Santa Cruz em Coimbra e que quando um dia falecer gostava que fosse ele a encomendar o seu corpo."  Bem sei que alguns paroquianos não sentem o mesmo entendimento sobre o Padre José Eduardo Reis Coutinho "dizendo que mistura religião com politica" e,.... Uma coisa é certa, o grau cultural no rebanho é díspar para uma maioria nada ou pouco entender do que cabalmente ele fala, quantos não sabem o que é politica, apesar de consumirem televisão há mais de 40 anos….
O Padre José Eduardo Reis Coutinho  
Foi e é um estudioso versado em várias áreas, por isso de alto valor creditício, sendo dono de uma inteligência rara, cujo temperamento frontal possa não agradar a todos, mas jamais se pode subestimar a sua sabedoria. Caricatamente tentei mudar a sua opinião para começar a usar as novas tecnologias, debalde não o consegui, para mais tarde me lembrar em 1980 tive um chefe no banco que entrava ao serviço mudo e saia calado, mas no entanto irradiava algo extraordinário no seu estar em que ainda adolescente tanto o espicacei e jamais lhe consegui arrancar palavras, de seu apelido "Dantas Guimarães" na possibilidade a sua descendência de Ansião onde existiu o segundo apelido até ao século XX que desconhecia, seguramente com genes judaicos, por isso de personalidade vincada, mas sentia era muito boa pessoa e disso o demonstrou.
Tenho elevada estima pelo Padre José Eduardo Reis Coutinho ao jus em o comparar com o que foi seu colega - Luís de Mello, irmão do Dr. Pascoal Mello dos Reis ter provocado um grande alarido no Cabido de Coimbra, como jamais outro assim houve, matéria que encontrei numa Monografia de um pároco de Ferreira do Zêzere,  em que encontro semelhanças no caracter, tenacidade e na sabedoria extraordinária  dando voz ao que entende deve ser feito em luta imparável , correndo o risco do prejuízo, mas por fim, venceu. Compreendo este estar desenfreado pelo costado familiar  e judaico que me é peculiar por o comungar, por isso na vida recebi de certa maneira o mesmo modo em granjear inimizades!
A estes dois Padres - Manuel Ventura Pinho e José Eduardo Reis Coutinho 
Embora de personalidade diferente, sinto por ambos extraordinária cumplicidade, encanta-me a aparente timidez no desafio da comunicação onde sempre irradiou luz e conhecimento na partilha de sabedoria por comungarmos o mesmo gosto pela história do passado de Ansião e das suas gentes, em que me aproximo da frontalidade com o Padre José Eduardo, em prol do carisma diferente do Padre Manuel Ventura , contudo igualmente direto -, na última Páscoa à porta da sacristia quando me despedia  diz para o meu marido - «admiro a sua paciência para acompanhar a sua esposa...» a propósito de cantos e recantos  onde me embrenho para mais descobrir sobre Ansião, a originar forte risada a fechar o adeus com dois recados, e sim interiorizei com muita gratidão, não fosse ele o meu principal mentor nesta odisseia a que me dediquei há anos a especular mais sobre o passado de Ansião e a descobrir locais e pessoas que nos anais da história estavam esquecidos ou superficialmente abordados. Publicamente no meio virtual  na minha ou na sua Página do Facebook,  por várias vezes me teceu elogios  ao cariz observador e ao jeito fácil em  agregar informação, como outro assim jamais alguma vez o tenha feito, embora há anos receba mensagens abonatórias para continuar a escrever e outros incentivos ouvidos pessoalmente, publicamente foi o único, e disso não posso deixar de salientar.
Em nota final ao caríssimo Sr. Padre Manuel Ventura  Pinho narro esta crónica no fio da navalha com as ideias em atropelos a que os dedos apesar de ágeis no teclado não acompanham… Peço desculpa se cometi algum erro, apenas me deixei fluir em recordar e valorizar a tamanha parceria diversificada que tivemos ao longo dos anos. Em todas as histórias é fundamental acrescentar estórias, e assim nasce este jeito de compilar memorias com 50 anos, onde destaco o seu papel fulcral  a que juntei a correlação de matéria exarada nas Memórias Paroquiais, do Livro de 1986 sobre Ansião do Padre José Eduardo Reis Coutinho  e de outra retirada das Atas da Câmara que sobreviveram ao incêndio de 1937 retratadas na vida de Ilustres Ansianenses dos dois Livros do Dr. Manuel Dias e mais dispersa literatura de Penela, e ainda dos muitos testemunhos orais, tem sido possível mais saber .

Nunca é demais dizer 
Bem haja Sr. Padre Manuel Ventura Pinho
Bem haja Sr. Padre José Eduardo Reis Coutinho
Pela força e partilha de tanto conhecimento a me iluminar na coragem para avançar!

Há anos confidenciou-me que tinha solicitado um Livro temático sobre a Religiosidade de Ansião até ao século XV ao Padre José Eduardo Reis Coutinho. Esperei ansiosamente a cada dia por esse Livro, na mesma certeza o Sr. Padre Ventura para em comum o sentimento de nostalgia ao não o ver editado como seria de esperar durante a sua estada na paróquia de Ansião, uma vez que foi encomendado por si. Contudo esta longa espera, sem data anunciada, fez em mim e julgo nele desencadear naturalmente uma vontade em escrever nas redes sociais. Graças à sua partilha, de coisas de Figueiró dos Vinhos e de textos transcritos das Memórias Paroquiais relativos ás Vintenas do concelho e ao espólio que existiu em capelas e das matriz relatados nas Informações do Padre Serra, para mim o mais descritivo de todos entre outros excertos para concluir que sem nos darmos conta ambos bebemos de cada partilha que cada um publicava, sem jamais haver atropelos em prol do ganho de maior conhecimento. Ambos sentimos o mesmo apelo de transmitir o que sabemos e descobrimos no gosto de o partilhar gratuitamente e isso é uma grande bênção.
Lamento que o Sr. Padre José Eduardo Reis Coutinho por principio não seja adepto das novas tecnologias, apesar de credenciado, apenas o vejo no site Genealogias, por esta via ter a grande a facilidade a qualquer momento  se poder trocar rápida informação que no mais ínfimo de mim tinha um  objetivo final - compilação em livro sobre o passado de Ansião feito pelos três!
Valorizo incondicionalmente o esforço do Sr. Padre Manuel Ventura Pinho junto do Sr. Bispo para poder mostrar a maior riqueza sacra do património da matriz de Ansião. Bem recordo a resposta do Sr. Bispo - não existe altar para a suportar. Trata-se de uma Imagem da Senhora d'Ó .Resta a tristeza que não tenha sido pela sua mão que esta Imagem finalmente volte à ribalta na sua exibição em  público, que ainda não aconteceu, mas já foi vista por uma técnica em historia e arte que tem de voltar para captar melhores fotos para publicação . Por isso valeu o esforço a que dei continuidade! No entanto valorizou duas telas em mau estado guardadas sem cautelas que as mandou restaurar e hoje engrandecem a Capela mor da matriz.A Imagem da Senhora d'Ó merece ser vista e apreciada por todos os ansianenses. a justo dever de chamar o turismo nacional e estrangeiro ;  caminheiros para Fátima, Santiago de Compostela e outros. Não seja adequado que se continue a viver e a morrer nesta terra desprovido de a apreciar, vasta todos e foram muitos desde o século XVI , convenhamos é demasia de tempo!
Também não posso deixar de referir a rapidez e empenho que deu na tramitação em remover uma árvore do adro da Capela de Santo António cujas raízes estavam a entupir a canalização da casa da minha mãe. 
Sr. Padre Manuel Ventura Pinho foi para mim uma inspiração, o mentor principal pela picardia que em mim incitou por ser mais conservador, em prol da minha maneira de ser de sair da base de conforto para dizer o que penso, a falar demais ou correndo o risco de me enganar, o que já aconteceu várias vezes, talvez por ser mulher e ter vivido tantos anos de castração a confrontar  limites do certo e do errado,  para hoje mais madura fazer investigação histórica do concelho de Ansião de uma maneira descontraída, sem desprezar e almejar a raiz da verdade ao conseguir situar-me no tempo  dos fatos para melhor entender como aconteceram, sem medo de exprimir o que sinto ditado pelo instinto e pelo que os meus olhos me dizem e disso tenho publicado crónicas temáticas neste blog. Sendo que me confidenciou as dificuldades que sente na leitura diretamente no écran do computador para se dar ao trabalho de imprimir para assim ler melhor .
Já o Sr. Padre José Coutinho, um amigo do colégio, com costado, pese a falta de o alinhavar, pela dificuldade do  contato, o que  atrasa o maior progresso do que se se poderia ter alcançado de Ansião.

Sem ser poetisa tão pouco escritora em desfecho dizer 
O  quanto considero o Sr. Padre Manuel Ventura Pinho, como se fosse um membro da minha família, agradecendo toda a auto estima e partilha de saberes que sempre me distinguiu.
Espero ainda que a saúde lhe permita continuar a escrever, sobretudo sobre a vida do Conde de Mira cujo solar ainda existe e conheci há perto de 40 anos quando a minha mãe nos verões trabalhou nos correios na Praia de Mira, e recordo de me terem dito que ficou na pobreza, pois deu tudo aos pobres. Espero ainda que abra uma nova conta no Facebook para dar voz à continuada amizade.

Por último desconheço a visão cultural da Nova Missão Autárquica de Ansião
Honra destacada a Individualidades e Coletividades, que de algum modo divulgaram o concelho de Ansião
Falo, nomeadamente do Pelouro da Cultura
Em não esquecer o que foi o seu percurso. Na menção justa pelos 32 anos a paroquiar  Ansião cá, e pelo Mundo na sua Página Facebook, com milhares de visualizações. O agraciar na recente inovação em dia de Feriado Municipal, no Salão Nobre, com a Medalha Grau Ouro, o mesmo ao  Padre José Eduardo Reis Coutinho, pelo seu  maior Livro de 1986. Pela audácia, da  parca documentação, não existir , sabendo que mais nenhum Ilustre de Ansião catalogado, deixou alguma palavra escrita da terra que o viu nascer,  só por isso merece a distinção por ter sido obreiro.


Vaidosar na sua praia de Mira em agosto, longe da confusão mais para sul onde me lembrei de si!
Por não gostar de despedidas deixo um enorme e fraterno abraço com  um até já  para se deleitar na leitura de um soneto que escolhi por espelhar o mesmo jeito em si e em mim na facilidade em escrever.

Ao Sr. Padre José Coutinho deixo um Soneto do Ilustre de Ansião  do século XX João Rodrigues Valente , seu parente por afinidade
Retirado do  seu Livro - Isto, Aquilo e o Resto editada pela CMA em 1987 , escrito em 23-3-1964.
Como se faz um soneto
Um velho amigo meu, muito estimado.
Disse-me há dias em tom complacente,
Que o versejar, assim, continuado.
«secava» a inspiração rapidamente.

Meu caro amigo, tu estás enganado,
Os versos saem tão naturalmente,
Que eu a falar contigo e descuidado
Já fiz as duas quadras facilmente.

E agora, como vês, p'ra terminar,
Atiro umas larachas, ao calhar,
E, quase sem querer, fecho um terceto;

O resto, amigo, já tu adivinhas,
Gastam-se, p'ra encher, mais duas linhas
E chegamos ao fim. Eis o soneto!

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Piquenique no Parque de lazer da Freixianda

Este agosto em Ansião a tomar conta dos netos sem qualquer tempo para quase mais nada. 
Um piquenique é sempre opção que agrada a todos. Convidados os quatro avós, a minha mãe e os cachopos. A escolha recaiu no parque verde da Freixianda, devia ser mote para Ansião se inspirar, pelo verde a cheirar a terra molhada em dia de tanto calor, e pela criatividade incrementada no espaço, especialmente dado pela beleza de quatro esculturas de pedra-, duas Mós a ladear a entrada e uma meia pedra de lagar recriada num pato e o mesmo numa pedra calcária cuja erosão nos parece um urso. 
 
Sombras frondosas ao longo de uma ribeira de parede com grandes lajes a sul, falta segurança a norte de água corrente que dá fresquidão ao local.Acrescentaria ao longo da ribeira mais hortenses.
Lamentavelmente em Ansião nesta altura do ano, o Nabão correi fundo e a relva no parque está seca... 
 
Belíssimo e moderno equipamento de casas de banho, impecáveis e parque de estacionamento.
Um lago artificial com nenúfares e patos.
 
A valência de um parque infantil.
Os carreiros em terra rossa.Sinceramente para mim o ex-libris, pela brutal diferença dos demais!
Em Ansião não basta escrever o seu nome em lona , é preciso mostrar como aqui em completa harmonia no contraste com o verde fresco da relva o que é caracteristico da região de Sicó em paralelo com as pedras...
 
Impecáveis o mobiliário urbano de mesas e bancos como as infraestruturas para se fazerem churrascos, dispões de um forno e lava loiças.
Um jardim japonês de lagos continuados com pérgulas a imitar os da Expo seguido de terreiro para jogar boccia e campo para voleil.
 
O Vicente satisfeito com a mini ceira de junco na mão como manda a tradição que a avó Bela teima manter!
O que falta? Sinalética nas principais estradas para quem passa na estrada  na ligação sobretudo ao Agroal e Fátima saiba da sua existência, até porque se encontra na  ligação da estrada mais antiga, sendo que nos últimos anos para o Agroal ou se segue a direito na Freixianda ou se vai pelo Fárrio e o mesmo para Fátima.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

A prova da 3ª classe de 1963 na escola primária de Ansião

A escola primária em Ansião começou por ter inicio numa casa alugada que já a conheci como morada do Dr Alfredo Silveira e da sua esposa D. Fernanda Figueiredo, cujo recreio era na frente da casa, que no meu tempo se assemelhava a uma eira debruada a rebordo pequeno.A requalificação da Praça do Município ainda lhe deixou um pequeno espaço para quiçá ser aproveitado com uma estátua!
Diariamente no percurso a pé de casa no Bairro, para aqui regalar o olhar com o rebaixamento do muro do jardim do Dr Alfredo Silveira, nada mais do que um varandim bucólico com trepadeiras...
Não sei de quem foi esta casa antes. Seria interessante saber quem a mandou construir.
As escolas primárias do meu tempo em Ansião tinham sido construídas por ocasião do Estado Novo.
O carro preto dos anos 40 do Prof. Albino Simões no estacionamento privado debaixo da árvore em cima da calçada, certo e sabido de uma enorme alegria quando não se enxergava estacionado, os mais sortudos os rapazes, não tinham aulas...Debalde era raro faltar!
Entrei ao portão de ferro pela mão da minha mãe, não me lembro se ia alegre no meu primeiro dia de escola, talvez não me sentisse muito à vontade por ser tímida, para o envergonhadito. Senti a mesma aspereza do carreiro em terra batida e do recreio, a lembrar o patim da casa dos meus pais...
No meu tempo os recreios eram separados.No tardoz havia uma retrete nauseabunda e um pequeno telheiro com duas portas, entrei numa delas, ao rebate abria-se um átrio para a sala privada da Srª Contínua D.Fernanda, e ao fundo a sala de aulas com três grandes janelas viradas a nascente para a rua principal.
Portão de entrada para as meninas
Sinto uma nostalgia em reconhecer que nunca fui compreendida, acompanhada devidamente, nunca nenhuma professora soube despertar em mim a vontade e o gosto de aprender, esse dom maior que é o prazer de saber, percalço maior que resultou de forma negativa na minha caminhada académica.
Lamentavelmente frequentei as quatro salas durante 6 anos em registo de trato conservador, sem qualquer carinho, nem atenção das Professoras; D Laura Dias, D Armanda Oliveira e Maria do Nascimento por ao tempo revelarem temperamentos autoritários em discursos de distância, frias na sua relação com os alunos, aplicavam castigos e enxovalhos, então não me lembro da D Laura o que fez ao Nuno, o filho do Dr juiz, que se urinou calções abaixo quando foi ao quadro...Inevitavelmente comigo o seu estilo austero me deixava nervosa sem me deixar ir à retrete, apenas era permitido na hora do recreio, e quando já não aguentava a pressão da bexiga fazia aos bocadinhos e limpava com o trapo da ardósia...
Também em nada ajudou a rotina de fazer os trabalhos de casa, a minha mãe  os fazia por mim e tenha sido um grande erro, na vez de me ensinar a estudar e a perceber a lógica das coisas me desajudou na minha escolaridade e continuou no Externato sobretudo nas disciplinas de francês e inglês, por isso hoje nada sei. Ainda se diz que é uma mais-valia os pais ter estudos para ajudar os filhos, será que concordo? O meu pai desgostoso por eu não atinar com as contas de dividir deu-me uma vez uma brutal bofetada que fui parar debaixo da mesa de esmalte do fogão eléctrico...onde fiquei entalada!
Bem sei que ambos queriam o melhor para mim, mas não souberam ajudar! Até o meu avô paterno o Zé do Bairro, quando nas manhãs a caminho da escola parava na padaria para o cumprimentar aproveitava o ensejo de me questionar no que tinha estudado nos livros do meu pai enquanto a massa levedava para cozer o pão...para sem pestanejar entre dentes o sentia resmoer - o teu pai era mais inteligente...mas como poderia responder a geografia e história se ainda não abonava as matérias?
Óbvio que nenhum o fez por mal, a minha mãe o foi na forma de colmatar os tempos mortos no turno da meia noite no Correio velho, em que eu a acompanhava e me fazia os trabalhos, o meu pai porque sonhava que as filhas haviam de ser doutoras, já que ele por ter engravidado a minha mãe de mim se deixou pela matricula de engenharia, e o meu pobre avô pelo orgulho que sentiu com o seu filho, o meu pai, nas suas notas em detrimento do filho mais novo que não passou do 2º ano...
O que os genes nos transmitiram? O prazer da escrita na mesma feição sentimental e descritiva e o carinho pela história do meu avô, já a minha irmã puxou genes poéticos ao meu pai, no seu tempo de menina e moça tinha um Diário ao jus de Secret Book em que usou um livro de razão então uso nas mercearias para apontar as dívidas da clientela onde escrevia os seus versos, sorte que lhe o guardei…
E ainda tinha uma caixa de madeira em rectângulo esculpida, julgo tinha sido da prima Júlia que a teria herdado do avô, nosso bisavô Francisco Rodrigues Valente, onde guardava segredos, durou anos até se estraga...Gosta de caixas, gosta!
O que aprendi na escola? Francamente lamento dizer que aprendi pouco e o mal foi para mim - com poucas bases, os estudos ficaram pela metade, poderia se quisesse, debalde o tenha sido preguiçosa, gosto mais de conversar…Sobretudo faltou-me aprender a ouvir mais , a equacionar os limites e sobretudo o aprendizado em deixar de ser ingénua, esse o pior que ainda me acompanha. Foram seis anos. Infelizmente para mim chumbei na 1ª e 4ª classe.
Conheci as quatro salas, todas diferentes, todas iguais!
 Prof.Albino Simões
Recordo a sua passada  pesada, homem de alta estatura e corpo entroncado. Na sua sala ia-se julgo à terça feira ouvir o Rádio Escolar, na oportunidade de olhar os rapazes, em particular recordo um de lindos olhos lânguidos, qual lago de nenúfares, tinha vindo com os pais dos lados de Tomar, era o Salvador!
Episódio passado na 4ª classe com a Professora vinda de fora  
A Prof Maria do Nascimento entendeu não me propor a exame da 4ª classe, disse-mo numa 6ª feira. Mal chegada a casa não me contive e contei ao meu pai que de cariz destroçado por já ter chumbado na 1ª classe me tentou abrandar na minha tristeza confortando-me " na segunda-feira vou falar com a Professora pedir-lhe para te propor a exame" . O prometido foi devido e nesse dia acompanhou-me à escola, porém nada havia a fazer, já tinha sido enviada a listagem com os nomes das alunas para Leiria, a desculpa esfarrapada da Professora  que ainda desafia no conselho o meu pai "o Sr Valente devia autorizar a sua filha a participar nas revisões com as colegas que me proponho fazer e assim fica melhor preparada para o ano". Que aprovou. As explicações decorreram a céu aberto no jardim do solar da D. Maria Amélia Rego junto ao lago, sentadas num banco em pedra circular junto da pérgula ladeada de trepadeiras. No último dia a perpetuar esse momento o registo da foto na Mata Municipal numa clareira de seculares carvalhos, ao meio da esquerda para a direita está a Augusta Murtinho do Bairro, eu a Alice Tomé do Casal de S Brás, a professora, a "Irene dos Burros" do Cimo da Rua, a Lucília e a Alice, ambas do Casal S. Brás.

Jamais esqueci nesse dia na despedida as palavras da Professora! " Isabel sinto muita pena de não a ter proposto a exame, afinal a menina está bem mais preparada do que as suas colegas"
Sendo por natureza tímida e reservada, corava por tudo e por nada, não falava, ficava quietinha no meu canto, foi preciso crescer para sentir o peso da perda e da derrota na minha vida para desabrochar já passava dos 30 anos de tanta castração e humildade em julgar todos melhores do que eu, felizmente consegui sozinha dar volta ao enfrentar tanto inusitado que o desafiei sem medo sendo franca, aconteceu em vésperas de Natal em que no banco ao lanche se comia um bolo rei  na tradição a quem calhasse a fava de comprar o próximo, debalde todos se calaram...Perante os olhares de todos senti-me a corar, que me denunciaria, debalde não tinha sido a mim que me calhara a fava, e assim de rosto a arder enfrentei todos tenazmente  ao explicar que tinha este problema de corar por tudo e por nada estando na hora dele me libertar , as minhas palavras foram simples mas de grande sinceridade que houve um colega já de idade tinha sido cobrador da Siderurgia e mais tarde integrado no banco, de pouca ou nenhuma cultura ainda assim interiorizou a minha postura de integridade e abre a boca para dizer se calhar engoli a fava sem a sentir... Naquele momento aconteceu a minha revelação de me afirmar sem medo nem vergonha, uma sabedoria até ali jamais a tinha assim conseguido e jamais a deixei perder! 

Quem se lembra das folhas de 25 linhas onde se faziam as provas?Quem as guardou?
Prova da 3º classe 1963


quarta-feira, 18 de julho de 2018

Núcleo Arqueológico na Casa dos Bicos

Em frente da Fundação José Saramago a  oliveira trazida da Azinhaga a  sua terra onde no sopé junto à pegada do elefante foram depositas as suas cinzas.
 
O slongan - MAS NÃO SUBIU PARA AS ESTRELAS SE À TERRA PERTENCIA...
Casa dos Bicos alberga a Fundação José Saramago e no r/c um Núcleo Arqueológico
Há anos que não entrava na Casa dos Bicos onde descobri os vários vestígios das várias ocupações da cidade, inclusive troços da muralha tardo-romana e da muralha medieval. Além dos objetos de uso quotidiano do século XVI ao XVIII, as antigas cetárias, os tanques de uma unidade fabril de preparados de peixe. 
 



A exposição de alguns achados






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