sexta-feira, 27 de junho de 2014

Palácio dos Condes de Linhares e Coculim

Ouvi falar do Palácio dos Condes de Linhares datado do século XVI como pertença de D. Francisco de Mascarenhas no período de 1662 a 1685  pela televisão. Projeto aprovado na Câmara, depois de imensos atrasos, mas sem investidor no limite de caducar.
Neste agora em requalificação para uma unidade hoteleira -, HOTEL SANTARÉM, o que ouvi ao arrumador nosso conhecido-, sempre nos cumprimenta, ainda confidenciou que há coisa de uns 10 anos ali foram encontrados vários esqueletos, agora nas obras encontraram um braço... 
A a minha filha morou em Alfama, onde a acessibilidade por carro é quase escassa, tinha o hábito de estacionar logo a seguir ao término do Campo das Cebolas, quase defronte da ruína inteira em abandono do Palácio -, que pertenceu à antiga família nobre descendente de D. Fernando I.
Prédio que se distingue em forma arquitetonica em "L" atendendo aos infortúnios do passado com o terramoto de 1755 que lhe causou alguma ruína, e depois um vendaval que se abateu sobre Lisboa, fazendo subir as águas do Tejo em alvoroço, derrubaram a muralha do Cais de Santarém, tendo algumas pedras se projetado, assim como entulhos, contra o Palácio, que o haviam de prostrar ao abandono em 1858, sendo  ao tempo pertença de herdeiros do Conde de Coculim, título herdado de uma província da Índia.
O restaurante Casa de Linhares que se junta de paredes meias está instalado nas fundações da Casa dos Condes de Linhares, que não ruiu por completo no terramoto .
O que restou do Palácio foi reconstruído de cariz renascentista. 
A sala mantém toda a estrutura da época, com imponentes colunas de pedra e uma lareira de grandes dimensões, além das cúpulas em tijoleira do teto, que contrastando com as cadeiras de couro e os adornos tradicionais do Norte de Portugal, oferece  ao visitante um ambiente propício para apreciar o Fado e degustar boa comida portuguesa.
  • http://www.portugalrestaurants.com/restaurantes/Bacalhau-de-Molho-Alfama.html
  • O brasão de pedra no gaveto é soberbo de Armas dos Mascarenhas.
  • O portal com o óculo em pedra parece ser do mesmo material e da mesma altura. Não sei se antes de estar entaipado a tijolo se seria vitral(?).
O prédio tem estado a ser limpo no interior onde constam  arcos revestidos a tijolo burro, vigamento de ferro da estrutura, e o chão arqueológico de novo esventrado para estudo.
  • Julgo no novo projeto  (hotel) ficarão partes visíveis (?) para o público apreciar. 
Já no passado tinham emergido no solo vestígios arqueológicos quando procederam em tempos distintos de remodelações no final da década onde recuperaram elementos arquitectónicos manuelinos, atualmente no Museu do Carmo.
  • Abençoada da sorte em visualizar neste agora uma entrada amuralhada no endireito da fachada do prédio, quiçá da Cerca Velha(?) visível pelas pedras aprumadas, que foi usurpada na última reconstrução fazendo a frontaria  do prédio inteiriço!
O futuro depois do abandono do Palácio fazia adivinhar-se na função de uma nova vida muito pela localização estratégica na frente do rio e do cais, tendo sido transformado em armazém de ferro, material em voga para noras, pontes, vigas de casas, caminhos-de-ferro, etc. Seria nessa altura que na remodelação dos armazéns se introduziram os vigamentos de ferro, que suportavam o andar de cima, e ainda lá estão
Finais de janeiro de 2015

O revestimento da fachada a azulejo padrão, de predominância azul como o que se mostra e encontrei na feira da Ladra. 
Desenho semelhante com o medalhão azul, resto da decoração era menos exuberante
Imagine-se em Almada uma vivenda antiga com vasos grandes e pequenos forrados com azulejos que esses sim eram iguais ao do Palácio
No tempo o mesmo espaço foi palco de várias firmas com outras atividades.
  • Neste agora interessante realçar a usurpação de uma porta da  Cerca Velha(?) de acesso ao Cais de Santarém e a Alfama, na ligação à rua do tardoz (?) ainda visível, se apresenta ladeada por pedra aparelhada, também uma pequena escada do lado norte, possivelmente seria outra porta da muralha do castelo (?) que se alinha na Cerca medieval da cidade. Entrada privilegiada vindo do Tejo para Alfama , ficou anulada com a construção inicial do Palácio (?) sendo que o portal da entrada fica no seu endireito, não acredito que tenha sido  alguma vez deslocalizado.
  • Conotado de Palácio, suposto ter tido capela e dela ninguém fala (?).
Havia de ver a fachada sem nenhum azulejo, chapinhada a cimento, e portas e janelas fechadas, algumas a tijolo para contrariar invasões, tendo os azulejos sido retirados por perigo público, não sei o que deles fizeram (?) apanhei alguns cacos que não tenho comigo neste agora.
  • Espanto o início de requalificação do prédio, que me fascinou!
Pedi autorização para fotografar a publicidade na parede, ao que parece vai ficar e a meu ver muito bem!

Pois tinha muitas fotos, debalde uma avaria no computador, fiquei sem as mais antigas e disso tenho pena! 
Tardoz o Beco  dos Armazéns do Linho com o Restaurante Linhares no que resta do antigo palácio
Este prédio no tardoz onde funciona o restaurante em fase de requalificação junho/2015, ainda bem com a recolocação de azulejos que tinham sido vandalizados e supostamente alguns roubados.
Ao fundo do Beco era a estrada de acesso ao Cais de Santarém para o castelo, supostamente após o terramoto foi anulada com  a expansão de novo casario que se prolongou até onde a rua embocava defronte da igreja na rua de cima .
Contribui no serviço público, com a minha lembrança sobre os azulejos que ao perguntar se a fachada iria ficar revestida neles, e por falta de conhecimento, passei o testemunho, disso senti terem gostado de saber!
Agradeço alguma informação retirada de sites e blogs  assim como fotos dos quais deixo endereços.
  • http://ruinarte.blogspot.pt/2009/12/palacio-dos-condes-de-coculim-campo-das.html

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Noite de S. João em Almada

Está na hora de me aperaltar para ir comer sardinha no arraial de Almada velha.O meu par nem queria ir-, imagine-se,como se tivesse de amanhã trabalhar ou comprometido com alguma coisa...Porque dançar nem pensar!
A Santa já saída em procissão da igreja do castelo deve estar já na capela da Ramalha, para dormir com o Santo S. João...
  • Por aqui não usam o alho porro, dantes via homens fazerem das canas rachadas  música, nem balões.
Há falta do porro este ramalhete que colhi no jardim do castelo...


O ano passado vivi pela segunda vez este clima no Porto.
Foi das noites mais fantásticas da minha vida, com muita luz, e gentes cinco estrelas num ambiente de tirar a respiração, de fazer sonhar...
Sei que vou voltar a viver esse clima em grande, porque a esperança é a última a morrer.

  • Divirtam-se no S.João onde quer que se festeje...
Não sei onde guardei o martelinho azul...
Apanhei o lusco fusco do pôr do sol...ao miradouro do castelo. 

Sem peneiras e supostamente em maré de sorte em relação ao casal homo...

Armados de potente máquina a apontar para Santa Engrácia, sem sol , uma escuridão, já eu  aspirante, sem máquina sofisticada, apontei para Monsanto...
A marisqueira da Boca do Vento ,o restaurant do miradouro do Castelo e o Ponto Final no Tejo, fechados às moscas!
O Cristo Rei com pombais aos pés em casinhas das bonecas
A serenidade do pôr do sol em fragrâncias cerise, escarlate...Lindo!






















Ora o meu S. João em Almada foi em caminhada até ao arraial . 
  • Surpresa com o belo da ruína , o pombo a olhar através da sacada da janela entreaberta...



A sardinha senti-a na boca maravilhosa, e o pão de centeio como gosto em plena rua interdita ao transito na esplanada. 


O meu marido foi para a entremeada que segundo ele estava maravilhosa

O ambiente mostrava-se composto e acolhedor , até que senti sentados casal de homos na mesa atrás de mim, com manias e finezas  "não queriam sardinha para não sujar as mãos" ficaram-se pelo chouriço e bifana, mas com etiquetas, ser fina, sem molho, e...Ora aquilo era tasca e não grumet...
Irritada com os modos, enfastiaram-me que me levantei apressada ...
Não restem dúvidas que sou democrata e os respeito, mas tenho alturas que não tolero estas aberrações-, sou abençoada por bons amigos que sendo homos, se retratam na sociedade sem estes predicados de terceira categoria, que só os desprestigia. Dou-me ao luxo de dizer- ,supostamente fui a primeira mulher na defesa dos interesses de homos há mais de 2o anos -, na aquisição de habitação própria , lutei com palavras e atos contra argumentos de diretores conservadores, e o consegui com mérito, que em nenhum outro banco, sentiram a mesma satisfação, de tal ordem agradecidos me obsequiaram com palavras e uma lembrança  em ouro que fizeram questão na compra para selar a minha atitude de alto valor credetício.
  • Mas o que se passa com os homens que a cada dia se assemelham mais a mulheres?
Vejo desfiles de peitorais com mamas maiores que as minhas, e rijas, de mamilos que nunca deram leite e por isso virgens e  tesos, se mostram atrevidos a espetar as camisolas justas...
Silhuetas elegantes, de ginásio e botox, andar deambulante e gestos de ancas, insinuante.
Sobrancelhas arqueadas e finas, unha pintada, dentes brancos pepsodente e cortes de cabelo próprio de mulher.
Uso de malas grandes e de modos efeminados, gesticulam, e falam com as mãos em voz aguda.
Como é possível durante séculos as mulheres tenham sido relegadas em segunda linha, nunca lhe deram direitos, ousaram amarrar com cintos de castidade de ferro, enquanto iam brincar às guerras, as achavam de mente idiota, só serviam para os servir, a tratar da casa, dos filhos, e deles quando tivessem vontade, porque elas -, as mulheres não tinham direito de questionar o que era prazer. Pariram sem sentir orgasmos...Acredito uma grande maioria. Jamais merecedoras de carinhos -, umas inúteis, sendo úteis, e agora neste século a reviravolta de uma maioria de homens no querer se mostrar em ser  e sentir ser Mulher...NÃO ENTENDO!

Mas também as há que gostam de ser homens, no pior de porte escangalhado, óculos de massa à inteletual, abominam o soutien, usam calças de braguilha grande, camisas com bolsos à chauffer, casacos de rachas, sapatos à homem, feias de trombas que nem lobisomens, um horror, e as vejo de todas as idades!

Sou mui Mulher e gosto, e gostarei sempre, de um Homem que goste de o ser!
Respeito os homos -, mas que me mete confusão na intimidade, sem dúvida!
Sei que todos temos "telhados de vidro"...Mas um homem pode gostar de se sentir mulher e vice versa, sem com isso ofender a moral e bons costumes, de mulheres e homens que gostem de o ser, se mostrando de conduta  correta, sem dar nas vistas com maneiras destrambelhadas, ou não? Porque quem quer ser respeitado tem de se dar ao respeito!
Desculpem se me revelei intempestiva!


Ainda puxei o meu par para um pé de dança, sendo pé de chumbo, logo desistiu envergonhado, com isso passei-me dos carretos, julgo ajudou o vinho, espumei raiva, vomitei 36 anos de insatisfação! 


Comi meia fartura, que me soube a pouco...

Na vinda roubei um cravo vermelho dum parapeito de janela igual ao que se engalana o andor do Santo!

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Sobras de tesouros em solar transmontano

A opulência da ruína ainda exala beleza... decadência ...
Inusitado o almoço só podia ser Bacalhau à Conde! 
Sobras de tesoiros de casa abastada  na voz de  um amigo. Perdido o fausto dos solares de outrora onde condes, duques, barões e viscondes foram gente fidalga, até ao dia o último tostão, se perdeu a continuidade em revalidar títulos…Ao percorrer o nosso país de norte a sul sempre me instigou o abandono de solares e casas apalaçadas por tudo o que é canto ao Deus dará semeado!
Resignados à penúria da ruína a pior sina para uma maioria deles. As causas foram diversas. Flagrante a falta da continuidade na fonte de rendimentos na agricultura, floresta, indústrias, sobretudo, por não terem ensinado aos descendentes a quem chamavam " meninos " que o dinheiro não cai do céu, deve ser gasto com peso e medida, sendo preciso sapiência no comando dos negócios de família, sobretudo jamais descuidar de supervisionar o património no dever da sua vigilância constante. Sabendo-se que uma maioria foi descuidada, o viria a perder para arrendatários, por via de pagamentos de rendas sempre adiantadas, além de outros confiscados por dívidas ao Estado, no gáudio egoísta, a esbanjar fortunas "sem rey nem roque até caírem pelintras "...
Problemático a partilha da herança. Muitas vezes a melhor das hipóteses, a única solução que se mostra facilitada é a venda, por falta de dinheiro dos herdeiros para comprar as sortes dos outros, por quezílias, e outros interesses. Melhor sorte, tem tido outros solares e palacetes com os mesmos problemas -, sem medo se tem aventurado em pedir subsídios ao Feder, e outros organismos estatais, para a sua preservação e manutenção. Na teimosia de os transformar em espaços lúdicos de turismo de habitação, classe histórico -, na preservação de não perderem o fausto, ao abrir portas à fonte de rendimento, também despertar a curiosidade ao visitante, que em delírio uma vez chegado, adora sentir pedras com passado, e recheios de esplendor nestes ambientes de elixir, sendo um mundo de descobertas, que os transporta em viagens com estórias, e contos de Reis, príncipes e fidalguia em pleno século XXI. A mais-valia ? Ganhos para os proprietários, que resolvem a continuidade do património na família, e na sua manutenção, que se revela de gastos muito dispendiosa .
Depreendo a angústia de gente de linhagem sobre o triste fim do solar que foi pertença dos seus antepassados por não ter havido ninguém com visão de os preservar, e neste agora se mostram na paisagem em ruína quase total, outros a caminho, um desalento!
Ricas bibliotecas desde sempre vendidas, o mesmo de mobiliário trazido nas naus das Índias, Europa e África com arcas carregadas de porcelanas, baixelas de prata, arte sacra, carpetes, quadros e roupas de linho bordadas a oiro, prata e cravo, em passamanaria...
Desde sempre neste País os antiquários sobreviveram ao bater de porta em porta-, claro está sempre em portas ricas, ou de pobres(?) pelo desvio de bens a ricos, no objetivo de encontrarem bons objetos, angariados com sabedoria, a baixo custo...Havia um nos arrabaldes de Lisboa que corria o norte de comboio, vinha carregado de relógios, pratas, arte sacra, faiança, assim nesta vida de olheiro farejador uma vida inteira!
Na decadência uma vez perdida a opulência apenas resta o anel, único símbolo da riqueza perdida e memórias, para quem as tem!
Trabalhei com colegas descendentes de viscondes que ostentavam o anel, já de outros se ouvia falar que gostavam de saber que deles se falava, terem "sangue azul...
Lembro o deslumbre na hora do almoço a mirar montras de ourivesarias há 30 anos nos artigos em 2ª mão - anéis em oiro brasonados e sinetes. Até me passou na ideia um dia comprar um em ouro reluzente, apreçado por 100 contos, na deixa de me querer perder com as Armas dos Valentes...
Debalde julgo nem há!
Acredito ainda existam descendentes desligados das suas origens, de nada ou pouco quererem saber de pais ainda vivos que no tempo se foram comprometendo de esquecer a sua história, recheada de estórias de família na fatal perda da sua identidade, que deveria ser sagrada, sendo que perdidos supostamente sempre estiveram -, na decisão do afatamento, para viver nas grandes cidades onde formaram novas famílias, modernas,na continuidade o privilégio real do trato por você, jamais se questiona o passado, que geralmente é ignorado pelos elementos mais novos, vivência de aparências de vidas de fachada, com total pavor das raízes, sem denotar valor pelos familiares, nem pelo espólio de família herdado de herança em herança, guardado vidas, em sótãos e armazéns, pese o seu valor emocional e monetário. Para pensar!
Antiquários as gentes que desde sempre se tem governado com riquezas perdidas em lugares recônditos. Já os colecionadores conhecem os canais de escoamento e leilões.
A continuada lapidação de recheios valiosos de solares e afins, traduz-se no imediato, na falta de liquidez dos donos, geralmente em idade avançada, solitários resistentes sem o fausto de antanho, nem serviçais, sendo criados de si mesmos muitos deles. Alguns de aspeto se assemelham a mendigos, sendo gente ainda rica,mal vestida de cabelos e de roupa, desplanta afastamento dos filhos por vergonha desta família (?) desprezível muito conservadora. Mas a culpa não morre solteira -, progenitores votados ao abandono pelo mau feitio, arrogância e petulância, esquecem que o amor para se receber também tem de ser dar, outros ao tempo tendo sido castradores, recebem no resulto o contínuo abandono pelo Natal, Páscoa ou aniversário. Raras as vezes, ou até nunca, na caixa do correio onde só caiem despesas há chegada de notícias, ou telefonema que peca por tardio com desculpas -, invocando a falta de tempo, muito ocupados com afazeres, não podendo se deslocar para os visitar porque a casa não reúne condições, por serem imensamente grandes, se tornam frias, sem conforto, mausoléus de opulência ofuscada, uma mixórdia! 
Perdido o luxo no tempo de riqueza é frequente ver-se nestes solares pelo chão bacias "ratinho" a ser usadas para comedouro de couves com sêmea para galinhas, e outras para os cães, ou a servir de vaso da caleira a suster águas do beirado, o mesmo de pratas com utilidades estranhas e outros objetos.
Vida triste longe de tudo e de todos, ainda assim alguns amparados por alguém que vive a seu lado ou perto, que vai por companhia e sobrevive das suas migalhas . Neste estar, só lhes resta a espera da morte anunciada. Sendo legítimos donos, se desfazem do seu património, a seu belo prazer, para se suprir, e quiçá no desejo de pouco ou nada deixar a herdeiros -, na vingança de uma vida votados ao desleixo pela lacuna enorme da falta de carinho e de atenção. A maioria consegue, já outros, os filhos de olho gordo em tempo fazem chegar à justiça certidão dando o pais como imputável...
Neste fim de vida de rico maldita, se torna bendita para uns, e fel para outros !
O desleixo, o desamor, a ambição, desde sempre forte desejo de deserdar descendentes e destitui-los do poleiro de cabeça de casal.
A propósito há dias estive a almoçar num arraial junto a mim uma família de três gerações. A idosa mostrava-se visivelmente arreliada pela demora do almoço, mal chega o copo alto de vinho, o saboreia em delícia no vaivém da língua nos beiços. A filha de pêlo na venta, falava alto, mostrava-se zangada com a vida, me pareceu revoltada a precisar de tratamento, impulsiva e rebelde, já a neta coitada aguentava as pontas...
Comeram, na hora de pagar a conta a idosa puxa pela carteira, aproveita para dar uma gorjeta à neta, que mal a recebeu se levanta e sai do recinto, situação que indispõe a progenitora aflorando no confronto em tom de raiva a mãe -, você devia era dar-me dinheiro a mim e não a ela, eu é que preciso, não tem nenhuma pena de mim...
Responde a idosa de silhueta pequenina, marreca de coluna, ainda assim de cara engraçada e firme de ideias " porque haveria eu de ter pena de ti se moras na minha casa ?"...
Até espuma lhe saia das bentas...
Sabes onde guardei o tesouro? Claro que sim, não podia ser de outra forma!
Só notícias boas que quis partilhar contigo minha amiga. 
Bem hajas tu meu bom amigo pela confiança, pelo prestígio, pela dedicação, pelo carinho que desde sempre me dedicaste, sobretudo, gostares de me ver feliz, a viajar nas coisas, que eu gosto!
Clímax no auge da manhã fresca, a falar de tesoiros de casa abastada em decadência!Lisonjeio por ter sido mais uma vez agraciada com o louvor da partilha deliciosa de um bom amigo de peito ...
Na segunda-feira fui ao encontro de um rico, pobre velho, que vive num solar apalaçado, numa aldeia perdida no costado de serranias, pedras e campos em planura, debruada a arbustos da paisagem "Bocage", a lembrar arrabaldes minhotos na raia espanhola da Galiza com lameiros serpenteados por riachos e gado bovino a pastar, de cajado na mão a linda pastora loira, de belos cabelos ao vento, olhos lânguidos verdes a lembrar lago de nenúfares -, a pensar na linda Inês de Castro, ou na bela Ribeirinha, a amante favorita de D.Sancho I...
Sozinho naquele lugar no meio de tudo e de nenhures, ainda assim perdido!
Levava na ideia perguntar se tinha para vender loiças antigas , rendas, linhos, livros, e ainda me lembrei de perguntar sobre chapas de vidro dos finais de 1800 na voga ao tempo no registo da fotografia.
Encontrei-o ao meio da manhã em casa acompanhado.
Informa-me que em tempos já vendeu loiças e os Santos, sobre as chapas de vidro, tem umas poucas, porque outras, as levou há uma "catrefada" de anos para o Porto, para uma casa forrada a belos azulejos em relevo da Fábrica de Santo António do Vale da Piedade, e de beirado em faiança azul e branco -, o fausto que todo o senhor rico gostava noutros tempos de ostentar na cidade do Douro a contemplar a Ribeira …
Ouvi-o atentamente a falar na porta entreaberta, perdi-me por segundos a sonhar em percorrer a casa, a subir e descer degraus, sei que apressado olhei tudo, nada retive, ou quase nada, ou antes vi demais, com isso nem durmo…
Ali senti que tinha que te falar ...Como terias adorado conhecer! 
Vou-te confidenciar é uma casa de rico. Descendência de gente letrada, instruída no seio da medicina, igreja, justiça, ensino, e outras artes!
Pobre homem de idade avançada, no caricato neste agora sem ofício de qualquer arte (?) vive dos rendimentos, sem descendência direta, aparentemente se revela pensativo ao que venho... Astuto mas sem delongas, filtra a minha postura de homem de bem, e mandou-me entrar. Fecha a porta, e dá-me ordem de o seguir no seu passo vagaroso na frente dos guias-, os cães. De passada curta e olhos pregados no chão a desviar de "cagalhões para não sujar sapatos"...Senhor, se revela sem jamais abordar a imundice!
Subimos escadas que outrora foram cobertas a carpetes persas, neste agora cobertas de porcaria de cão de todos os tamanhos, cores e maturação!
Passei por uma capela despida de imagens santas e lajes encardidas "conspurcadas de merda por todos os cantos" e paredes desmaiadas de laivos marmoreados, onde distingui o sítio da pia da água benta, de onde sem pejo foi arrancada, imagem de arrepiar pelo constrangimento… 
Abriu-se uma sacada grande cheia de sol que trazia no vento o cheiro nauseabundo das fezes ao léu -, poiso eleito para os cães de rico andarem à vontade no seu reino a "ajavardar" de rabo no ar sendo donos do espaço há anos a estercar boas madeiras!
O sótão que me pareceu ser falso, por ser aparte da casa. Mal abriu a porta fiquei arregalado de olhos espantado, aflito em conter a respiração, por segundos senti-me a viajar perdido nesta aventura real por entre lixos, caca e quilos de poeira, numa multiplicidade de teias de aranha pendidas como se fossem rendas copiosas suspensas das telhas na descida abrupta mostrando-se presas de pontas nas tachas das arcas, que logo as imaginei abarrotar de tesoiros, como se fosse um filme nos tempo dos piratas, embora naquele estar de mãos vazias sem mapa, senti estar no seio do esconderijo!
Tanto mobiliário solto de baús cobertos a couros, cadeiras altas, malas e centenas de livros antigos por todo o lado perdidas pelo chão em palco favorito de ratazanas, alguns mordidos, outros salvos pela bicheza que lhes comeu a traça nos anos aqui estacionados pelo ambiente arejado, e ainda loiças partidas com "gatos" no motivo casario e, …
No teu bom dizer senti um orgasmo intelectual!
A extinção das Ordens Religiosas em 1834 pelo António Augusto de Aguiar que ficou conhecido por "Mata frades" dizia o diploma "sendo declarados extintos todos os Conventos, Mosteiros, Colégios, Hospícios, e quaisquer outras casas das Ordens Religiosas regulares, sendo os seus bens secularizados e incorporados à Fazenda Nacional, à excepção dos vasos sagrados e paramentos que seriam entregues aos ordinários das dioceses ". 
Assim depreende-se que na linhagem haver antepassados nobres no ensino, medicina e sacerdócio -, a grande possibilidade da proveniência de mais de dois mil livros do século XVII/I e ainda outros mais antigos, foi a compra da biblioteca de um convento ou mosteiro que encerrou portas, já as alfaias eclesiásticas adquirida em herança por familiar sacerdote.
Fiquei perplexo a imaginar coisas, disse-lhe que lhe comprava o espólio...
Ofereci uma quantia. Descemos e foi falar com a familiar que viria a acrescentar mais dinheiro à minha proposta...
Aceitei apesar de ter ficado na penúria neste negócio legal de papel assinado, o certo!
O que transparece nesta descoberta digna de espólio de Museu -, que alguém com dois dedos de testa se saiba mexer para angariar fundos e a adquirir para que fique neste País. No pior é sentir que todos os dias estrangeiros se deslocam ao Algarve, holandeses e ingleses, para comprar antiguidades que levam para os seus países, e claro em Lisboa, e no Porto, e até nos sites da especialidade internacionais para quem domine o inglês.Sabes que mais ainda não estou em mim...Olha para mim igualzinha a ti...
Mereces esta sorte inusitada, por seres um homem especial, com uma Família de excelência, pela mulher extraordinária, e filhos maravilhosos, nesta vida de esforço e trabalho, tens vindo a mostrar-te um nato visionário, de obra grandiosa feita, que só engrandece as gentes que contigo convivem, acredito que tanta LUZ te seja endereçada e velada pelos teus queridos pais ... E que luz imensa te alumia, meu Deus!
Mas cuidado nem tudo o que luz é oiro. Acalma e reflete. Os livros mesmo antigos sobre religião ninguém os quer, o que quer dizer tem pouca valia, apesar da antiguidade.Os paramentos apesar dos oiros e pratas bordadas no mesmo, só mesmo Museus e pagam mal. As revistas e jornais esses vendem-se bem, porque tem qualidade. 
Supostamente os oiros, faianças, porcelanas, pratas, linhos, e pedras trabalhadas já partiram há muito...Ficou o resto que ninguém praticamente quer, ainda assim tem a valia que tem e deve continuar em Museus da especialidade.PARABÉNS A TODOS DE CORAÇÃO ! 
Aleatoriamente ao calhas, a opulência da ruína ainda exala beleza, apesar da decadência nestas fotos retiradas da net ... 
Casa do Professor ou Quinta do Parreira – Oliveira de Azeméis 
http://palavraeamusica.blogspot.pt/2014/03/dez-lugares-espectaculares-ao-abandono.html


 http://umbigopudico.pt/2013/10/17/palacios-ao-abandono/

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