segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Voltar à Feira de velharias na Calda da Felgueira em completa surpresa!

Programei acordar pelas 6 da matina, desta vez não levei farnel, muito menos petingas  escaladas sem cabeça, albardadas em cama d'ovo,  em anos anteriores arrancaram sucessos,desta vez não tive tempo.
Eis que depois de montar a banca fui ao bar tomar um reforço do pequeno almoço, na quina do balcão dei de caras com uma travessa com elas, as petingas fritas cobertas com rede, a lembrar os mosqueiros de antigamente...uma ideia que pegou, e disso gostei de ver, pela tardinha já tinham acabado!
De véspera convidei o meu amigo Arnaldo de Torre de Moncorvo que andava no quintal, na terra havia festa , debalde nunca mais se lembrou...

 Ainda as bancas não estavam engalanadas já na estrada parava desfile de carros antigos
O meu primeiro carro foi um igual ao Opel vermelho, custou 50 contos, trazia as embaladeiras esburacadas da poluição das fábricas do Barreiro-, em viagem inaugural na rota saloia à Ericeira, na volta ao Guincho na estrada que divide uma duna (?) um bailado de areias em voo qual nuvem do deserto a senti invadir o cubículo...
E o segundo carro foi um Volkswagen mas não era descapotável  
O certame da feira de velharias começou lentamente , apenas sete participantes.Faltou a Isabel Saraiva, o Sr Valença, o Sr Alfredo, a Dulce, a Isabel Sobral, o Arnaldo e,...
A minha banca ficou no lugar da Dulce e do Carlos, em agosto apostam não fazer feiras.Se bem que o Carlos depois do almoço apareceu no seu BMW, para uma visita e matar saudades. Homem de perfil atlético, vestido no peito em verde, por isso um forte abraço!
A minha primeira venda, o capacete ao Vasco, que vai ser pai pela segunda vez. 
Chega-se um casal de emigrantes na Holanda, ela de franginha reluzente dada pela cor dos  produtos dos "chineses" abençoada de olhar negro penetrante, mas temeroso, por certo de "pêlo na benta", usava e abusava falar de esguelha arrevesada ao sotaque holandês se mostrava indecisa em dois candeeiros miniatura, comprou um por 15€ e não deu 20 por um grande, dizendo entre dentes em holandês, que o marido me traduziu " comprava novo mais barato"...
Pois claro nos chineses, uma réplica!
Bem me podia ter mandado para um sítio esquisito que só lhe o percebia pelas bentas em viez...Coitado do marido que me pareceu ser boa pessoa!
Quase em final de feira apareceu outro casal, julgo emigrantes em França, em rota do Porto, a senhora ficou embeiçada com dois pratos ingleses século XIX, reprodução da Companhia das Índias, já o marido por um verdadeiro, não gostou nada foi do preço. Aqui ela era de melhor índole do que ele, cariz impulsivo deixou-me a falar sozinha, foi-se embora porque estavam com pressa, mas voltou, porque a esposa lhe fez ver que a conversa estava aberta, estando a ser indelicado, levaram ao desbarato os pratos ingleses, mas de língua afiada ela ainda me disse que eram caros...e ainda ofereci uma caixa francesa...
A travessa quinada branca Real Fábrica Sacavém , o pratinho Cantão Popular e a travessinha azul Bordalo Pinheiro foi para a coleção da Isabel Pires 
A chávena motivo Chinês foi para a Anabela.
A banca do colega sócia do Dr Pedro Passos Coelho
A banca do Rui, que infelizmente neste dia nada faturou. Esqueci-me de fotografar a banca do Vasco e do colega ao lado ...
Apareceu escasso público, falta maior divulgação e publicidade nos sítios certos, por exemplo no cruzamento de Canas de Senhorim, no corte para a Calda da Felgueira, nada dizia sobre a feira e devia!
No recinto da feira especulava-se sobre a tentativa de a câmara mudar o certame para Nelas e do fracasso que foi junto ao posto de turismo a feira de artesanato... Nisto demos conta de um homem ligado à câmara armado de máquina fotográfica posicionado na arriba da estrada , nem nos deu importância para nos posicionarmos...
Pela manhã mirones na ponte, entre eles o meu marido e a Lena, observavam no rio Mondego  a atividade de windsurf com remo ( supostamente terá nome sonante em inglês), outra boa iniciativa em usar e abusar do Mondego deixada em aberto em crónicas anteriores.

Havia participantes em ambas as margens

A fonte termal de água fria de crista acastelada, felizmente limpa nas imediações, depois do alerta aqui nesta página, gostei de constatar que vale a pena a crítica acutilante.
Deixei a ponte de regresso à banca
Os típicos bancos namoradeiros em pedra
A ortografia d'ontem, descubram...
Na manutenção do espaço foi pintada a placa com o nome do RIO MONDEGO, por lapso não foram pintadas as letras...apontava a Lena e muito bem!
A sul o dique, devia ser mais alto para o canal a norte ser mais comprido para a prática desportiva
A paisagem em redor de excelsa beleza a lembrar Sintra
Outra aposta de revitalização  ganha com as minhas críticas, foi a requalificação do chalet e anexos
Há que preservar património. O painel azulejar deve ser restaurado, é lindíssimo!
O nome da fábrica que o pintou ....dos Santos - Coimbra
Constatei no tardoz desta paisagem o plantio de eucalipto. Vai emsobrar o chalet e de que maneira, e a mina d'água e sua represa vão acabar por morrer secas...ficaria bem melhor o plantio de medronheiro!
Relax da nossa anfitriã depois da iniciação na prática  desportiva -, Isabel Pires, a quem alcunhei de princesa persa do Dão, pela sua excelsa beleza morena.
Outra boa amiga Lena, uma mulher linda, elegante, com arte para o artesanato de linhas, dizia ela o meu irmão é muita vez confundido com o cantor Miguel Ângelo.
Conheci a Anabela, mulher de cariz mui humilde e coração abarrotar de mágoas e tristeza-, a patroa, a quem se dedicou em Coimbra de coração e alma, a despediu sem dó nem piedade, porque não pode continuar a estar a tempo inteiro depois do acidente que sofreu, assim vive neste impasse, sem saber se lhe entrega carta para o Fundo de Desemprego. Suposta patroa de carteira endinheirada (?), incrível constatar que neste século XXI ainda haver gente que se serve das pessoas, abusa limites, fazendo delas "pau para todo o serviço" arrumadeira, cozinheira, motorista, amiga, sem lhes facultar os direitos que lhes são devidos na assistência médica, com o seguro doméstico, que não foi acionado  no acidente sofrido na casa do filho da patroa onde esta a levou no carro para trabalhar em Guimarães, hospitalizada, o tem de ser novamente, além do salário pago de baixos honorários num rol de vida de escrava, só vinha de 15 em 15 dias a casa, e para isso tinha de deixar comida feita -, mas há alguém que mereça ser destratada desta maneira!
Quem quer vingar na advocacia deveria apostar defender estas causas com brilhantismo, a custo zero ou através do pelouro da Junta de Freguesia-, defesa em barra de tribunal, acutilante e assim ganhar nome na praça.
Faltaram outras  amigas de nome ISABEL, apenas eu e a Isabel Pires-, dizia a Lena, a primeira na foto, a mim também já me chamam Isabel, e eu respondo!
Almoço na esplanada, um bom rancho à Moda de Viseu, muito bem cozidinho, roí e lambuzei-me com os ossinhos dos pezinhos.Não deixámos a mesa sem um brinde à saúde dos presentes e dos ausentes.
Uma nova feirante, lamento já não me lembrar do seu nome, senhora simpática, bem falante, de carater sensível, amante fervorosa da feitura de doces e do cultivo das plantas a quem comprei uma jarrinha e uma panela de ferro para fazer a sopa à lavrador, ou da pedra, na minha lareira em Ansião.
Em final de feira, a Lena de cesta na mão, ajudou a vender a um suposto amigo os "oito", fiquei com dois sacos a 1€ cada-,bolos confecionados com massa de arrufada-, ao jantar a minha mãe adorou, por serem brutalmente macios.
Já eu não me daria ao trabalho de os fazer para vir vender a preço dado!

Sem peneiras, mas com  zelo e eficácia, a câmara de Oliveira do Hospital deveria tomar providências e investir neste seu território até porque espevitado está a ser pelo vizinho, a câmara de Nelas!
Sendo a ponte e o rio a extrema de concelhos-, é preciso podar os plátanos " à grande e à francesa" com intervenção da GNR, para comandar o transito, porque durante décadas nada foi feito e deveria, no mesmo recado urge calcetar os passeios e planear estacionamento condigno neste espaço emblemático com potencial turístico, quer seja no rio, montanha  e regional, na ligação e circuitos das terras circundantes com mostra dos seus produtos e outras potencialidades.

Prefaciando o comentário da foto de António Adriano Pais da Rosa
"Como sinto saudades dessas terras que aprendi a amar...Como sinto saudades de ouvir o murmúrio das águas do Rio Mondego correndo mansamente nas margens suaves...Como tenho saudades de ouvir as vozes dessas gentes encantadores que guardo no coração para me satisfazer as exigências da alma, sempre ávida de amor e ternura, de beleza e encanto...Ai...deixa-me sonhar até ao dia em que irei despertar..."
Abracei na despedida sem delongas o nosso 1º Ministro, apenas na idade mais velho-, jamais tinha visto um sósia do Dr Passos Coelho, com tamanha semelhança.
No regresso já por terras do Rabaçal o céu escureceu e chuviscou-, o telefone tocou, era a minha mui amiga Isabel Saraiva, lavada em grande lamento por não poder ter estado connosco neste dia na feira, ausente por motivos familiares mais a norte.
Pois a surpresa da minha ida era em especial dedicada a ela!
A conversa durou até chegar a Ansião!
Mais um dia memorável com amigos, o meu bem haja a todos!

domingo, 23 de agosto de 2015

Nascentes de água termal em Pousaflores e Chão de Couce no concelho de Ansião

Falar da existência de fontes e minas de águas férreas, medicinais, no concelho de Ansião, nomeadamente existentes nas freguesias de Pousaflores e Chão de Couce
Porque segundo alguém disse "A História é longa. E ... deixa reflexões..."
"Nos montes em redor de Chão de Couce encontram-se várias nascentes: Furadouro (à entrada da povoação do lado sul); Salgueiral (a 500 m); Quinta de Cima (700 m a sudoeste); Nexebra a (1,5 km a nordeste) e Fonte do Cano (junto do centro pastoral de Chão de Couce) Barroca no sopé da Serra do Mouro, Silveira na Portela e,..."
Em  1726 no livro AQUILEGIO MEDICINAL do Doutor Francisco da Fonseca Henriques no capítulo relativo às fontes de água fria faz referência a fontes em Chão de Couce e em Pousaflores
Historial sobre estas águas férreas


POUSAFLORES... Sobre a nascente da Silveira na Portela "foi analisada e na altura tinha tantas ou mais qualidades orgânicas do que a água de Luso"

CHÃO DE COUCE: “no termo desta vila […] cuja água não é muito delgada, e passa por minerais de enxofre e de ferro. Há experiência de que tem grande virtude para o calor, e chagas da boca, tomando se bochechas delas porque em poucas horas mitiga a dor, e tempera o incêndio; para que se à de tirar a água da fonte antes do nascer do sol , e não lhe há de dar antes que se use dela". 
A.Costa Simões (1860), na sua Topografia Médica mencionou outra nascente perto de Chão de Couce, na serra da Mata, onde " de uma rocha em grés brota um pequeno manancial de água, a Câmara Municipal comprou para fazer melhoramentos mas nada fez".
O livro,- Aquilégio,  de 1726, dá notícia de uma nascente “no termo desta vila […] cuja água não é muito delgada, e passa por minerais de enxofre e de ferro. Há experiência de que tem grande virtude para o calor, e chagas da boca, tomando se bochechas delas porque em poucas horas mitiga a dor, e tempera o incêndio; para que se à de tirar a água da fonte antes do nascer do sol , e não lhe há de dar antes que se use dela". 
As nascentes do Furadouro e do Salgueiral foram mencionadas por Lopes (1892, 249).
Este havia de escrever sobre o Furadouro: “Na base da serra da Mata, nasce de uma rocha de grés uma pequena nascente de água mineral. As águas são frias, cristalinas de sabor férreo, deixando por onde passam um sedimento cor de oca, e cobrindo-se, no remanso, de uma película azul avermelhada.”
Em Lisboinha, junto às Alminhas e da fonte, para nascente nasce a rua da Fonte da Quinta, supostamente será abastecida por uma das minas focadas  da serra da Mata, pertença do Furadouro, sendo que outra existe a escassos 100 metros na Rua dos Pinhais, que foi pertença do avô do meu marido.
Sobre a nascente do Salgueiral, não sei exatamanete o local.
Na que foi a quinta onde morou o Dr Quintela, sita à entrada de Chão de Couce do lado esquerdo no caminho da Pedra do Ouro, o portão tem um arco que o roseiral deixa pender belas rosas em tons pálidos, seria desta quinta o espaço do campo de futebol (?) e, ... o mesmo autor informa que "encontra-se ali numerosas nascentes de águas sulfúreas, não só poços da Vila, mas ainda nos subúrbios dela, na Quinta do Salgueiral. Não consta porém, que tenham sido medicamente aproveitadas” (1892: 197).
Quanto às águas sulfúreas, não existe memória de alguma vez terem existido (?). No entanto "Um dos informantes falou de uma mina água encerrada na Barroca ( Serra do Mouro) precisamente por ser uma água sulfúrea.Férreas são todas elas um pouco, a do Furadouro marcadamente ferrosa. 
"Época termal Indicações do Furadouro – Atonias gástricas, dismenorreias (Contreiras 1951) Tratamentos/ caraterização de utentes. Ingestão
Na Quinta de Cima aqui também há uma nascente muito interessante, onde a água é captada em duas minas na Serra da Mata, conduzida para uma bica, passa por dois pequenos depósitos térreos, e segue para um tanque de lavagem, e daqui para um grande depósito de rega (existe ainda a estrutura circular de um velho depósito desativado, impressionante pelas suas dimensões). No exterior do atual tanque nota-se a estrutura de um outro mais antigo, de dimensões maiores, que servia para banhos como denunciam as escadas lateraisMas seria só um tanque para banhos de lazer (?), e nunca foi referenciado nenhum processo curativo por imersão...
Conheço os referidos tanques, enormes, só tenho foto de um.
O lavadouro da Quinta de Cima em foto antiga
Setembro 2015 onde gostei de me fotografar junto da bica da nascente  e a fingir que lavava roupa...

"A Fonte do Cano, e a Fonte da Nexebra, foram recentemente renovadas. 
A primeira é um pequeno chafariz coberto de azulejos em verde claro, encontra-se no terreno a seguir ao edifício Pastoral, por ter uma porta no tardoz, evidencia ser sua propriedade(?).



Supostamente a antiga fonte seria esta em pedra do lado oposto à atual , a água nasce numa mina no costado poente da Serra da Nexebra na frente do Furadouro,  tardiamente fizeram  uma nova fonte, a que deram o nome Fonte do Cano, porque seria a bica, o cano de ligação que abastecia de água, que ao meio ainda se distingue  um cano, e no tardoz da fonte atual existem também canos.
 A vista para norte e poente que se vislumbra da Fonte do Cano
 "A Fonte da Nexebra tem um restauro de tipo tradicional, onde não faltam, o santo e os pequenos púcaros de água; num recanto da estrutura ficou a pedra do antigo chafariz com a data de 1712."

Conheci uma bica dada pelo cano da telha  mourisca ( água vinha de uma mina do outeiro da  Mó, virado a norte, para dar a água ao muro de pedra junto do caminho, hoje estrada, onde as gentes iam buscar água, a avó do meu marido se servia  dela para encher a máquina e sulfatar as  três vinhas que aqui tinha na Mó.
A Fonte do Furadouro é também um chafariz simples atrás do qual se encontra um tanque de água onde crescem juncos, com uma inscrição na frontaria: “Oferta do Dr. Alberto C. Rego e sua Esposa – 1959”.A água vem de uma mina da encosta no seu tardoz eucliptizada.
Natureza destas FontesTodas elas têm ferro em pequenas quantidades.
Furadouro – Férreas – Atualmente sem uso, de pequeno caudal.
Nexebra – Água de nascente muito procurada por residentes. 
Quinta de Cima – Água de nascente também procurada por residentes. 
Fonte do Cano – Água de nascente .
Salgueiral – No Aquilégio (1726) são classificadas como sulfúreas. 
Mina da Barroca de águas sulfúreas  nunca explorada pelo seu sabor a enxofre (segundo um informante).A água nasce numa mina situada no monte junto da mesma, é muito fresca e ainda corre em abundância," (onde antigamente nos abastecíamos e se lavava a roupa), era férrea)."
O meu tio Alberto Lucas, no seu livro Crónica Histórica de Pousaflores, entende que o Monte referido pelo Dr. Francisco da Fonseca Henriques é o Cabeço das Pinheiras Mansas, junto ao atual Campo de Jogos de Pousaflores. Será, segundo ele, a Fontinha do Pobral...
Nas imediações do cemitério novo de Pousaflores, também existe outra mina importante, precisamente onde começa a rua do Padre Melo, aqui houve um forno de fazer cal, do mesmo dono da fábrica que ainda existe em Alvaiázere, julgo ainda haverá um tanque de pedra na arriba do eucaliptal onde as mulheres quando foi feito o cemitério aqui vinham buscar água da mina para as jarras de flores das campas.
Moita Redonda ?
Nesta minha pequena estada pela Moita Redonda ( assim sempre reconheci o nome ser escrito, dito, e assim consta no mapa das Finanças e no Brasil outro assim igual existe quem sabe levado por gentes desta aldeia que partiram na mira da fortuna, alguns voltaram como o " Ervilha" com os bolsos cheios de moedas, vestia meia de seda, na bagagem trouxe dois filhos mulatos) -, aldeia sita no limite da freguesia de Pousaflores, apesar de bastantes afazeres rurais, consegui tirar tempo à sesta do penúltimo dia para falar com pessoas com mais de 80 anos, e em rota de caminhada, julgo cheguei à fonte(?) descrita pelo Dr.Francisco da Fonseca Henriques. 
Desconhece-se a origem das minas escavadas na rocha, uma forte probabilidade é de algumas terem sido os romanos a procurar ouro (?) porque é sabido das vias de comunicação, pelo menos duas passavam nas imediações, e as serras tem ouro!
Teria sido habitada tardiamente a aldeia da Moita Redonda, quiçá inicialmente faria parte da herdade da Quinta de Cima(?) porque aqui tiveram outeiros que venderam, mantendo ainda outras propriedades ao picoto. Seria uma densa manta de castanheiros de grandes copas, delas ainda me recordo de algumas que foram dizimadas por uma fatal doença, também pinheiro e prados, de plantas rasteiras e flores-, as abróteas floridas de branco para enfeitar as casas na Páscoa, onde nos anos 30 se faziam piqueniques e comia leitão oferecido pelo meu avô José Lucas, aos senhores importantes de Chão de Couce. Possivelmente no sopé do outeiro do Cuco, por aos pés lhe correr o ribeiro da Nexebra, ao Vale, teria sido o primeiro a ser habitado(?), lembro-me em miúda quando aqui vinha passar uns dias de férias a casa da minha avó Maria da Luz, de ver umas ruínas ao cimo do talho da eira, entre uma courela da minha mãe e do tio António do Vale, que foram destruídas para alargamento da estrada da serra, junto dela ainda existe um poço em formato alongado escavado na rocha. 
Por os demais terrenos se mostrarem secos, o povo sob aproveitar as minas existentes (?) ou por eles escavadas na rocha dos costados, porque tinham nascente, desta forma a souberam usar levando por levadas na descida dos socalcos e leirões para  regar hortas e sobreviver, sendo repartida pelos vizinhos, ao dia ou somente horas, aberta ou fechada, a levada tinha regras, felizmente ainda me lembro de as ver com água a correr de mansinho.
No caso da Moita Redonda houve uma fonte tardiamente, já no meu tempo, que dela ainda existe o sítio, mas não corre água há anos, se desperdiça nos tanques do lavadouro, seguindo depois pelo ribeiro, investimento julgo feito no tempo do mandato pelo meu tio Alberto Lucas.
Por aqui as águas férreas eram procuradas para cozer os grelos e a hortaliça, a minha mãe a ia buscar à mina da Horta, na Moita Redonda, e ainda lá ia lavar roupa.

Na estrada de ligação entre o Furadouro e Pousaflores, ao Marco, a escassos 50 metros dum barracão, curiosamente mandado fazer pelo meu avô José Lucas, para garagem do carro ( o primeiro automóvel na Moita Redonda), guardar a mercadoria trazida de Coimbra (fazenda) depois da carroça sob chuva que resvalou para o ribeiro ao Vale, e se perdeu, e mais tarde também chegou a guardar a moedura de azeitona.
Uma mina férrea encontra-se localizada entre este barracão e uma lápide funerária em pedra, na beira da estrada, a caminho da Chã de Lisboinha, é muito comprida, não se distingue o terminus, sendo que o chão se encontra de terras ensopado com crosta na tonalidade em amarelo ocre do enxofre, encontrando-se a abertura para a valeta semi entupida de terras.
Impressionante a minha mãe dela não se lembra, já o tio do meu marido, Zé Veríssimo, mais novo do que ela um ano, se lembra muito bem...Tanta vez aqui passo e passei, só recentemente me dei conta dela neste agora mais limpa de vegetação, sendo mais fácil de observar,  há anos assim descobri outra depois de Almofala antes da aldeia de Ana de Avis, na beira da estrada.
Como seria no passado o  nome como era conhecida?
Na verdade é interessante constatar que estas minas e fontes, se localizam em orlas Meso-Cenozóicas, onde estrategicamente o calcário na serra do Anjo da Guarda acaba abruptamente para irromperem rochas sedimentares numa faixa longitudinal estreita (?) no sentido poente para nascente, onde aflora argila grosseira com matérias plásticas que em alguns sítios criaram laje, para depois irromper margas; xisto e ardósia em força.Nesse pressuposto, no passado, os romanos na procura do ouro ou o povo que primeiro a qui habitou, escavou a rocha, fazendo minas para delas tirar a água.
Ainda me recordo desses tempos na Moita Redonda do uso de algumas minas
Mina de S. João do Outeiro do Cuco da família do meu marido
Mina do Leirinho da família do António do Vale
Mina das Calhas da família dos Afonsos(família da minha mãe)
Mina da Cavada, abastecia a casa do meu avô Zé Lucas 
Mina da Amieira, com represa abastecia a casa do bisavô do meu marido
Mina da Quelha, abastecia a casa do brasileiro, tendo sido ligada à fonte da Moita Redonda
Mina dos Serrados ( abastecia a casa do Silvério )
Mina da Horta, pertença dos meus avós, férrea .

Supostamente foram os donos da Quinta de Cima que há roda de 70 anos no cimo da Nexebra onde tinham um manto de pinhal nórdico, que a minha mãe dele se lembra ainda, quando o venderam decidiram plantar eucalipto. Os vizinhos se seguiram na mesma opção, ao saber que crescia numa periodicidade de 7 anos e com isso o rendimento em relação ao pinheiro que não rebenta , e o eucalipto depois do primeiro corte dele rebentam muitos filhos.
Na verdade o souto de castanheiros foi praticamente dizimado por doença e os pinheirais foram dando lugar a eucaliptais. Curiosamente há nomes de courelas como "Pinhal do Leirinho" "Pinhal do Sérgio"e outros, sendo na verdade tudo hoje é eucaliptal.
Mina da Amieira a sul na Moita Redonda de Baixo, pertença do familiar, tio Acácio.
Não levava calçado apropriado e por isso não enfrentei os fetos!
O meu marido está sentado no que resta da levada que desce da mina e seguia  para a casa do seu bisavô António Veríssimo, na Moita Redonda de Baixo.
O eucalipto, espécie trazida da Austrália tem-se mostrado agressiva nos solos, e sobretudo na secura dos terrenos. Por isso as minas da Nexebra e circundantes se encontram praticamente em secura(?).
Pelos caminhos de terra batida que nos levam ao seu encalço, com a passagem de camions com madeira e outras máquinas para corte e seu transporte, esventram o piso sendo fácil encontrar os canos de plástico estreitos enterrados na década de 50/60, quando apareceu em força o plástico e eram usados para a canalização das casas.Então bem me lembro da água assim canalizada na casa da minha avó Maria da Luz, que vinha da mina da Cavada, com um a torneira na ponta e debaixo dela uma grande bacia em azul bebé...
Resumindo, até hoje não se consegue em veracidade atestar a fonte/mina férrea focada no livro do médico que percorreu ao tempo a estrada de ligação Chão de Couce/Pousaflores, e a descreveu como sendo no limite destas freguesias.
Mesmo no limite das freguesias é a mina que fui investigar.
Mas eis que se faz Luz! 

Se o meu tio Alberto Lucas atestou na sua crónica a Fontinha do Pobral, apesar de eu conhecer mal a zona onde está sita, lembrei-me que na Pedra da Adega, onde foi feito o cemitério novo, talvez tenha sido nessa altura que foi rasgada a variante da Rua Dr Padre Melo, porque dividiu uma propriedade de olival na frente do cemitério que foi dos meus avós, e isso é prova bastante que o caminho de ligação a Pousaflores se faria antes desta variante pela frente do cemitério, e passaria ao tempo pela Fontinha do Pobral, digam-me se estou certa?
Porque a ter sido assim o antigo trajeto da ligação Chão de Couce a Pousaflores passar junto da Fontinha do Pobral, então a probabilidade de ser esta  a fonte descrita pelo médico  é bastante plausível.
De fato a mina que fui conhecer, sita mesmo no extremo da freguesia, escavada num sopé de um pequeno costado que segue para os outeiros da Quinta de Cima, sendo que a focada pelo meu tio Alberto Lucas é a Fonte do Pobral. De qualquer das formas tanto a Fontinha do Pobral como esta mina ao Marco, ambas férreas e na beira do caminho de antigamente, estando a mina mesmo na extrema das freguesias.
Fica a dúvida da fonte ou mina de água férrea que o médico aflorou recolhida para análise(?).
Se bem que ao tempo o povo não lhe chamava fontes, nome dado por gente mais inteletual, por aqui são, e continuam a ser na maioria-, minas de água.Não se pode alhear  as substanciais diferenças do linguarejar inteletual e saloio das aldeias deste tempo de antanho que felizmente muito ainda se preserva e dele gosto de falar!
Por aqui se designam outeiros quando a forma da serra é  de certa forma arredondada e de pouca elevação.
Um outeiro despido de madeira na entrada da Moita Redonda, defronte a poente da elevação da mina férrea que visitei.
Pois quem mais souber que se exprima!
Lamentável é constatar " a Câmara Municipal comprou para fazer melhoramentos mas nada fez"
Será que se trata da nascente da Quinta de Cima?Por isso a existência da estrada que a divide, e que em tempos a quiseram usurpar do povo? 
Repto final , seria bom que estes Lugares e sítios de fontes e de minas fossem mais respeitados e protegidos pelas entidades competentes, para começar fazer um levantamento das mesmas e limpeza. Já que no passado outros no mesmo cargo se deram ao desleixo de nada ou muito pouco fazer, quando delas podiam ter tirado proveito termal em prol do desenvolvimento destas terras e das suas gentes, porque a água é um Bem precioso e raro!
Apesar dos caudais a cada dia mais escassos devido à eucliptização maciça , o que se lamenta constatar.Mas não se deviam perder, tentar salvar algumas, seja pela tradição e pelos benefícios.
A crónica só foi conseguida com a intervenção das Fontes, aflorada antes, e  num post temático publicado por mim. Emano o meu Bem haja a todos, pela resenha  mais completa.  
Fontes 
José Veríssimo
Ricardina Afonso
Ermelinda Coimbra
Comentários no facebook de:Raul Manuel Coelho; António Simões;Maria Assunção Quintas;
Henrique C.Medeiros; Abel Santos Silva
http://www.aguas.ics.ul.pt/leiria_salgueiral.html

Seguidores

Arquivo do blog