Esculturas tipicas da centuria de 600
Porta da sacristia
Resumo publicado no Jornal Serras de Ansião em março de 2024
Surge em discussão no livro de 1986, do Padre Coutinho; a herdade de Anxion ou Ansion, afeta ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, proveniente de um povoado anterior à nacionalidade, fundamentado no genitivo do nome pessoal hipocorístico germânico Ansilla, em cuja vila Ansillani ou Ansillanae? Se deve prender a origem histórica de Ansião.
Há muitos anos num programa televisivo de Língua Portuguesa, a Dra Edite Estrela sobre o topónimo Ansião, tinha origem germânica.
A Península Ibérica foi ocupada por muitos povos, lusitanos, iberos, celtas, escandinavos e com a queda do Império Romano do Ocidente, os Visigodos permaneceram 150 anos, seguidos dos mouros . Na reconquista cristã, cavaleiros vilães francos, sobretudo germânicos, vindos de países que hoje formam a Europa, ajudaram o rei D. Afonso Henriques, a combater os serracenos (mouros). A quem o rei doou mercês; títulos e terras para povoar. Dando origem a topónimos com raiz assente nos nomes de família desses primeiros donatários .
A região nas proximidades de Penela, Figueiró dos Vinhos, Ansião e Alvaiázere, teve famílias de Coimbra, residentes ou proprietárias. Porém, com uma outra família de cavaleiros provenientes do norte, da região de Guimarães, mais precisamente da freguesia de Santo Estêvão de Urgezes. Família que, por certo, na vassalidade dos de Riba de Vizela, já estaria pela corte. De acordo com a Dra. Leontina Ventura, ambas as linhagens, provenientes do mesmo julgado, Guimarães, e de freguesias próximas (Santo Estêvão de Urgezes e S. Miguel e S. Paio de Vizela), seguindo a corte, agora sediada em Coimbra, haviam-se estabelecido em áreas geográficas próximas: Riba de Vizela para Alvaiázere, Ansião e Figueiró dos Vinhos; Urgezes para Podentes (c. Penela).
A par perduraram nomes próprios de origem germânica que todos conhecemos:
Odete, Elvira, Guilhermina, Fernanda, Alice, Amália, Eduarda, Carolina, Albertina, Idalina, Clotilde, Ermelinda, Gertrudes, Otília, Zulmira, e masculinos: Alberto, Jorge, Afonso, Eduardo, Henrique, Bruno, Carlos, Adolfo, Aires, Américo, Adelino, Leopoldo, Norberto, Rodrigo, Guilherme, Armindo, Arlindo...entre demais.
A falta documental do passado de Ansião, anterior a 1175
Até hoje ainda não apareceu nenhuma fonte documental do passado de Ansião anterior a 1175, o que impossibilita associar o topónimo ao germânico Goesto Ansur, ou Guesto Ansures, falecido por volta de 871. Tomei conhecimento deste germânico numa nota em rodapé na pag. 138, do livro do Padre Coutinho. E fui ler on line, dificil pelo português arcaico o livro a Miscelânea do Sítio da Senhora da Luz de Pedrogão Grande, de Miguel Leitão Freyre d'Andrada. Fidalgo das Beiras acompanhou o rei D.Sebastião à batalha de Alcacer Quibir, onde foi cativo em Fez, onde faz promessa a NSGuia, se voltasse a Portugal. Óbvio quis saber o local onde iria cumprir a promessa, se no Avelar (Ansião), debalde, foi na Galiza...O orago Guia, indicia orientação dos navegantes no mar. A origem da família Freire d'Andrada ou Andrade, vindo para Portugal fixando-se em Pedrogão Grande, de certa forma escondidos, por terem morto um homem.
Gusesto Ansur, herói retratado em 1629, cujo enredo dos versos dividiu autores
Reindivicam uns que o local do seu encontro para entrega do tributo de pazes foi em “Figueiredo das Donas “que refuta Miguel d'Andrade e outros, invocam foi no Figueiral, hoje Figueiró dos Vinhos
No figueiral figueiredo a no figueiral entrey, ſeis niñas encontrara ſeis niñas encontrey, para ellas andara para ellas andey, lhorando as achara lhorando as achey, logo lhes peſcudara logo lhes peſcudey, quem las mal tratara y a tão mala ley. No figueiral figueiredo a no figueiral entrei, | Vna repricara infançon nom sey, mal ouueſſe la terra que tene o mal Rey, ſeu las armas vſara y a mim fee nom ſey. Se hombre a mim leuara de tão mala ley, A Deos vos vayades Garçom ca nom ſey ſe onde me falades mais vos falarei. No figueiral figueiredo a no figueiral entrei. | Eu lhe repricara a mim fee nom irey, ca olhos deſſa cara caros los comprarei, a las longas terras entras vos me irey, las compridas vias eu las andarei, lingoa de arauias eu las falarei. Mouros ſe me viſſem eu los matarei. No figueiral figueiredo a no figueiral entrey. | Mouro que las goarda cerca lo achei, mal la ameaçara eu mal me anogei, troncom desgalhara troncom desgalhei, todolos machucara todolos machuquei, las niñas furtara las niñas furtei, las que a mim falara nalma la chantei. No figueiral figueiredo a no figueiral entrei |
(...) Veio o cavaleiro cristão germânico Ansur Goestis ou Guesto, da região de Lafões, ao limite de Pedrogos (Pedrõgão Grande), ao limite do Figueiral, hoje Figueiró dos Vinhos, ao encontro dos embaixadores do sultão de Córdova Mauregaho a Abderrhamen para a entrega do tributo de pazes de seis donzelas. Por gostar de uma, as livrou todas, arriscou a vida e as salvou, e quando lhe caiu a espada se defendeu com um ramo de figueira, o que lhe ditou a alcunha Figueiredo.
Sem a entrega do tributo deu-se o rompimento de pazes na batalha de Aledos em 791, que o avô de Miguel Andrada, de Pedrogão Grande, então alcaide-mor de Penamacor, contava histórias da participação de avoengos. A família Diogo de Andrada com 40 padres da Companhia de Jesus, chefiados pelo provincial padre Inácio de Azevedo, embarcaram na nau Santiago, um dos 3 navios da frota que levava o governador Luís Fernandes de Vasconcelos para o Brasil. Mestre de noviços nessa expedição de mais de 70 religiosos de várias Ordens, para cuidar das almas dos índios acabaram mortos pelos corsários, que a memória do povo os consagra - quarenta mártires do Brasil.
Se a batalha foi travada em 791, onde teria sido o seu palco para os avoengos terem participado?
Ansur Goestis casou com Dona Eleva, persistem as ruínas do seu paço em Vouzela. Fizeram doação em 871, de várias rendas ao mosteiro de Arouca.
Além deste herói, Goesto Ansur, preteri outras hipóteses:
Na antiga Gália, no norte dos Pirenéus, os berberes combateram os romanos drogados com liamba, dando origem à palavra assasin, significa assassino.
A palavra latina Ancill, significa criada, escrava.
O nome próprio árabe Amselam.
O conde D. Henrique de Borgonha, de origem francesa, pai de D. Afonso Henriques.
As palavras ; Ansion e Ansiaume.
Na Corografia Portuguesa do padre Cardoso, 1706/12
Menção ao apelido Anian ou Anião, fidalgo das Astúrias, que ajudou o conde D. Henrique, a povoar Góis, por volta de 1170...Graças ao excerto de Goismnemosine.weebly.com , percebemos que o padre se enganou , em 1170, o Conde D. Henrique já tinha faleido (…) D. Teresa de Portugal em 1114, regente do Condado Portucalense, e seu filho Afonso Henriques, de cinco anos de idade, fazem a doação das terras de Góis e de todos os seus termos a Anaia Vestrares ou Anian ou Anião de Estrada, fidalgo das Astúrias, e a sua mulher Ermesinda Martins, para a povoar e desenvolver”. A sua filha Maria Anião casou com Diogo Gonçalves e foi Senhor de Góis. Onde Vasco Pires Farinha fundou um morgadio vindo por casamento aos Silveiras, foram Condes de Sortelha, D. Luís de Alencastre, Conde Vila Nova de Portimão.
O tombo de Góis abre perspetiva aos apelidos aportados depois da centúria de 700 a Ansião; Lemos, Lima, Veiga, Carneiro, Monteiro, Paredes, Figueiredo, Silveira etc. E ainda ao padre João Crisógono Figueiredo Perdigão Villas-Boas Amaral, nascido em 1797, em Celavisa, Arganil, foi capelão da Capela da Misericórdia de Ansião, onde se encontra sepultado, cuja lápide brasonada tem as armas do seu pai.
Voltar aos cavaleiros germãnicos
Contribuintes de rica toponímica na Galiza, e no norte, a exemplo Sandiães e Guimarães, genitivos germânicos, do nome Sindila, e de Vimara Peres, evoluíram no plural, em ães. Segundo o padre João Pinto de Morais o topónimo Ansiães, em Amarante, deriva de Anciaens ou Anciam. Avesso a pobreza, antes cifra abonatória, corrobora a teoria creditícia do Padre Coutinho, pela comunhão do baixo latim da mesma raiz; villa de Ansilanis, quinta de Ansilano, ou Ansilanem, com a variante Eixião e na Galiza Anseán, e do germânico Ansehelm (Anse+ ansi), deuses da mitologia escandinava, e helm, “capacete, proteção”, "aquele que está sob a proteção dos Anses". Vivos, genes escandinavos na região, aportados na proto-história. Ansos, em 1625, chamou Severim Faria aos do burgo de Ansião…Presume um povoador aportado de Ansiães, Amarante, o fundador do esmoliadouro e da primeira estalagem, no vulgo mosteiro, requalificando ruínas romanas. Assenta o topónimo do burgo de Ansião na sua alcunha “ anciam ou anssion”. À laia da prática assistida no tempo a todo aquele chegado de fora, passava a ser conhecido pela alcunha da sua terra de origem. Constatei há anos a duplicação de topónimos do norte na região, ou com a mesma raiz, na marcação de itinerários de férias: Rabaçal, em Valpaços e em Penela. Almofala, em Castelo Rodrigo e Figueiró dos Vinhos. Mogadouro, em Trás-os-Montes e Santiago da Guarda. Cabaços, em Moimenta da Beira e Alvaiázere, Rapoula, no Sabugal e Avelar, Cotas, em Alijó e Soure. Com a mesma raiz: Constantim em Vila Real, e Constantina em Ansião, Pai Penela, na Meda e Penela, a culminar Ansiães e Ansião. A padroeira NSª de Moreira de Ansiães, patronímico português de Sta. Maria de Moreira, de Celorico de Basto, tinha por honra o fidalgo Pedro Pires Moreira. Apelido ramificado a Penela, Espinhal, Avelar e Ansião, nos meus netos, a quem instigo, jamais esquecer são Valente!
Em plenitude dissecar nos séculos várias menções evolutivas do topónimo Ansião:
[1220.JUNHO – 1223.MARÇO] – Inquirição sobre os direitos régios detidos em diversas freguesias da diocese de Coimbra, acrescidas de um rol dos bens detidos pelas instituições eclesiásticas e pelo rei em Coimbra e na sua região, a egreia d’ Amssyom dez librras, e no séc. XV, in Anssyom. casalia, et dant inde deciman.
Curiosa divergência da grafia do topónimo com M e N, à exaltação relevante, antecipa a fundação da primitiva igreja de Ansião, sita no atual cemitério, evocada por historiadores antes de 1259, sendo efetiva antes de 1220. E só por esta nota já é importante a crónica.
No censo de 1320, pagava a igreja de Santa Maria de Anxion, 25 % da colheita.
Excerto de AHMC/ Pergaminhos Avulsos, nº 10 de 1344, Abril, 17, Coimbra: Eygreia d’Ansyom dez soldos
Cortesia do Leonel Morgado :Censual da Diocese de Coimbra no elenco de igrejas, mosteiros e capelas no séc. XIV "It. Sancta Maria d’Ansiom de Sancta Cruz". Séc: XV in Ansiom. xxx. casalia, et dant inde deciman .
Ansiaon, num mapa de 1561 partilhado pelo Dr. Manuel Dias
Anciam, no 1º Livro de Registos Paroquiais de 1578
Anciano, num mapa de 1780, cortesia do Dr. Paulo Alcobia, de Ferreira do Zêzere
Quiçá, fonte ao Slogan Coração de Sicó
O "Mappa Topographico para a nova organização do concelho de Ancião desenhado, em 1862, por José Joaquim Serra, Professor de Instrução Primária, arquivado na Torre do Tombo”, que se ilustra.
O topónimo Ancião sofreu a última evolução, ao mudar o C por S, pelo acordo otográfico de 1948.
A contínua dificuldade burocrática, à digitalização do arquivo municipal, à que devia ser a sua principal dinâmica, de o pôr ao serviço da investigação – inércia descarada lança repto a outros à procura da ata e da publicação em Diário da República!
Resumo publicado no Jornal Serras de Ansião em fevereiro de 2024
Guardo a memória da prima Júlia Silva e da Jerica com a carroça lotada de estrume, para a sementeira do milho, na courela das Cavadas, beijada pelo ribeiro Boucha. Topónimo de uma estação visigótica em Areias, Ferreira do Zêzere, alvitra a sua origem Bucha, na Ucrânia, trazido por povoadores. E, Bouxinhas na topónomia de Almoster.
A prima Júlia Silva, confidenciou que a fazenda dos pais nas Cavadas, fez parte da quinta, extremava com courelas de outros familiares. Herança do seu pai de parentes do Casal Soeiro, alcunha "os pardalocos" , com outra ao cimo da Escarramoa, e um pinhal na Chã Galega.
Transcrição da mensagem do Dr. Américo Oliveira
O « Lugar da Sarzeda pertencia então cumulativamente à freguesia de Pousaflores e à de Almoster, pelo que não aparece referenciada nas Memórias Paroquiais Setecentistas do concelho de Ansião, nomeadamente da instituição da sua capela em honra de Nossa Senhora da Esperança».
Plantada no corredor romano/medieval, a poente da Escarramoa, à sombra da Fonte das Cavadas, antes fora Fonte de Mergulho, guarda o testemunho da secular glicínia de cachos roxos ou cachos da Índia, no meu tempo de miúda só existiam assim com troncos grossos na que foi a estalagem da Ti Maria da Torre no Bairro de Santo António, sacrificada com o alargamento da estrada depois do 25 de abril, outra a ornar a escadaria do primeiro hospital da Misericórdia, na vila, destruída com a construção da CGD, e a que ainda existe como esta no jardim da casa de herdeiros do Dr. Adriano Rego ao Fundo da Rua.
Apresenta-se em maioria de courelas em pousio com canavial infestante... e, casario disperso a contornar a várzea da quinta das Sarzedas a jeito de ferradura com o Suímo a norte.
Uma pedra! O que pode revelar? Um marco territorial?!
Origem do topónimo Carapota
Ruina da primitiva casa da Quinta das Sarzedas na Carapota
A casa da quinta está de facto a um nivel mais alto a par a planura da sua várzea
Teria tido brasão...
A sul das Cavadas há uma casa que tem na frontaria uma pedra esculpida que dizem veio desta quinta, teria feito parte do brazão? Bom, não falei com os donos. Na minha opnião a casa foi feita após a abertura da estrada, no inicio do séc. XX. E quem a fez tenha ido ao Brasil e regressado com dinheiro para a fazer alta de sobrado e ornado com a pedra.
Casario em ruína da família com alcunha"Pirões"
“No dia 26 de fevereiro de 1595 na ermida de NSEsperança baptizei Manuel, filho de Jácome de Sequeira e de sua mulher Isabel de Mendanha na sua quinta abaixo de Ansião. Padrinhos Leão de Barros da quinta da Guarda e Maria de Abreu filha de Joana de Abreu de Ansião.”
Ainda existem em Ansião os apelidos "Godinho e Reis".
Cortesia da Dra. Ana FerreiraO apelido Ponce prevaleceu no Canto na vila de Ansião nos finais do séc. XIX, pobres, assistidos pela Mesericórdia de Ansião.
Porta aberta à investigação genealógica sobre o Senhorio da Vila de Sarzedas, em Castelo Branco que a meu ver tem um ramo na Quinta de Sarzedas
A chave da Casa de Sarzedas?
A família nobre espanhola Ponce Leão, aportou como foreira pela Casa de Sarzeda ou pelo Duque de Aveiro?
Após a queda dos Távora, os seus bens transitaram para a Coroa, e o Marquês de Pombal ficou com alguns. Caído em desgraça, no reinado de D. Maria I, vende à Casa de Pereira, gerida por dois manos, nascidos no Brasil, de pai português, enriquecido com engenhos de açúcar. A sua morada de família é o atual palácio Sottomayor, em Condeixa. Eram familiares dos Carneiro Figueiredo, com solar na Ladeia, no Alvorge. Os manos eram afetuosos, com troca diária de correspondência levada por mensageiros de Lisboa, para Coimbra, e vice-versa. Sobre o quotidiano e o bulício das quintas e dos seus negócios.
Coligi no arquivo da Univ. de Coimbra, várias cartas