O convite foi-me gentilmente endereçado pelo entusiasta Pedro Ladeira, imediatamente aceite a gosto, porque a terra de Figueiró dos Vinhos, será sempre o marco nesta minha vida, nas lides de feirante, desde há seis anos.
A cifra de euros nas vendas rondou os três algarismos!Desde sempre uma boa feira para mim!
Os meterologistas ditavam chuva e com ela o certame se realizar no mercado...Rezei ao divino de vela acesa para o tempo se apresentar seco, com isso se desenrolar ao ar livre, no Ramal-, nome que não me encaixa, porque para mim ramal é um mais abaixo na distribuição das quatro estradas, sendo o espaço-, o jardim do adro da igreja ou do Município...
Acordei em Ansião com névoa densa, no dizer do meu marido "esta terra é um buraco" mal chegada ao Camporês, o planalto onde um dia aterrou um avião e muito antes foi palco para os lados de Aljazede e Chão de Ourique da célebre batalha travada com D. Afonso Henriques contra os sarracenos,- que alguns historiadores vaticinam apesar de outros teimarem em Ourique no Alentejo e na história previligear, resplandecia já de sol a raiar em abertas -,o que mais me fascina, por isso a teima de me engalanar de vestido!
O fresco da Sintra do norte não me libertou do casaco de antílope e da boina de veludo com a pena de pavão, augúrio de sorte pelo fulminante verde...
O tempo desenrolou-se sob algum ameaço de nuvens negras que para nosso bem se libertaram de águas noutras terras, parece em Alcobaça caiu forte, por aqui no compto geral portou-se bem sem chuva, apenas dois a três pingos...
A autarquia através do pelouro da cultura patrocinou almoço aos feirantes com dois convites por banca, o que não deixa de ser um triunfo, até porque almocei muito bem.
Travei conhecimento com novos colegas: Dulce, Fernando, Eva e o marido Sr. Abrantes.
O meu marido com o Humberto sentado na conversa |
A banca do Sr. Fernando |
Folar |
Reencontrei amigos feirantes e outros que jamais pensei ali aparecerem.Quem me surpreendeu como feirante foi a Cristina de Campelo...Nunca fico com trunfos nas mangas, mal recebi convite ela liga-me e contei-lhe, sem o esperar me telefona de véspera a dizer para lhe guardar lugar...
Ainda mais ao me confidenciar que tinha feito a feira da ladra no sábado, ora para tanta aventura é preciso muita lata!
O Carlos rapaz de semblante apagado e triste a montar o estaminé de chão partiu uma bacia de faiança que colou depois do almoço, só faturou 15€...O ano passado fartou-se de ler, nunca se esquece neste dia de presentear o público alvo mira e anda-, os miranda no dito "tenho isto igual, era da minha avó, e na casa do meu pai também havia uma taça assim e,..." com uma salva de amêndoas na sua banca onde haviam muitos talheres em alpaca e casquinha, confidenciou ter um cliente que montou um restaurante decorado a talheres, mas que não tem aparecido...Calhando já não precisa de mais!
A Dulce rapariga noviça, julgo só vendeu a bica de caldo em faiança de Coimbra de barro vermelho que namorei logo pela manhã, única peça que comprei na feira com laivos azuis que viria a ser modelo copiado por Sacavém. A seguir a banca da tia, as primeiras a empacotar as tralhas e a ir embora...Insatisfeitas!
O Sr. Fernando ajudou-me a catalogar umas notas de escudos, pra me arrepiar contou-me sobre algumas peripécias vividas com a sua ex mulher, sem pejo fez gosto em contar que no tempo de vivência contando com ele constatou ter ela quatro amantes-, deixou-me de boca aberta...Falou dela como mulher de gostos ninfomaníaca, e ladra...Sendo homem virgem de signo, pacífico no estar e apaixonado cego, no limite enfurecido com tamanha garra para a pôr de casa para fora...Nas feiras sente alegria bastante para esquecer o passado triste e desolador, mas feliz por se ter libertado,com provas que ela o quis matar por várias vezes com infusão de veneno, que viria a encontrar, de todas as cores ficou, mas salvo a tempo, enraivecido por se ter deixado ludribiar por tal peste do diabo!
Apareceu um vendedor ocasional de Pedrogão que tem um pequeno espaço dedicado à República e à Maçonaria, procurou-me se sobre estes temas tinha alguma coisa...Colecionador que pretendia desfazer-se de algumas peças, desde Sacavém; pratos publicitários, Cavaco, Fervença(?) norte, por certo o prato com o peixe cortado às postas e muitas peças restauradas "ratinho"...Não sei se acaso se estreou, por as ter comprado num tempo muito caras e neste agora de recessão por elas ainda pedia muitíssimo...
O colega do lado tinha uma bela banca tal como o Félix do Alqueidão da Serra dos Candeeiros, e o mesmo a banca do Sr. Manel e da esposa Helena. Havia uma banca de jovens com três belos exemplares de tábuas de passar a ferro em madeira, a maior ainda assim pequena mostrava-se um belo exemplar em estado impecável, pediam 40 euros...A minha Dina na feira de Azeitão comprou uma maior por 20€...
Desta vez nem parei os olhos na banca da Luísa porque demora tempos infinitos a montar, a feirante mais carismática, sempre de estar em calmaria, mais tarde passou-me da ideia e fiquei com lamentos, porque no sábado pendurei uma bela taça que lhe comprei o mês passado na feira de Pombal...Olhei a banca do Carlos e da Lurdes com boas peças de pratos falantes em faiança de Coimbra e pratinhos de corações "AMOR" ainda denegriram esta terra pelas fracas vendas e não deviam...Ao lado a banca de gente de Elvas com peças valiosas que não são para esta terra (?) antes para clientes da Linha do Estoril...Mal enfeiraram, antes compraram. Fiquei de passar na banca da D Helena e do Sr. Tony para comprar uma caneca de faiança, com a conversa esqueci-me, revi a D Ilda e o marido Henrique com vidros da Marinha Grande. O Sr. Vidal com latões e panelões de três pernas e a boa banca do Sr. Jorge e da D Rosa com o ajudante, o carismático e dinâmico o Sr. Leonel de Vila Nova da Barquinha.
Deu nas vistas um casal achadiço de petulância -, ele loiro de mente burro, ela alta com ares de emproada e resposta lastrápia, estúpida e arrogante, os vi o mês passado na feira de Ansião na procura de peças d'oiro a um euro...
Se chegaram graciosas duas senhoras que pararam a contemplar dois painéis de azulejos em miniatura no estaminé de chão, réplicas do século XVII, pintados à mão, uma se encantou com a graça que emanavam e a pensar alto onde os poria em casa...A amiga amistosa em a presentear já a puxar da carteira para os comprar, eis que desiste...O mesmo de outro casal -, ele enfeitiçado com uma garrafa para uísque em cristal Atlantis, ela sobre o preço alvitrou baixa que não aceitei...Ainda bem que na ideia não me lembrava de ficar com ela em prol vender outra igualmente nova, mas menos graciosa, ou talvez não..Sim porque isto de gostos não se discute!
Outro de estar seleto me perguntou se o Santo, a imagem do Sagrado Coração de Jesus era em madeira...Convenhamos que 20€ não podia ser...Antes terracota da Estatuária de Coimbra.
Vendi pines variados para uma boina repleta deles de mulher da minha idade de cabelos alvos a raiar negros toda modernaça, e ainda outra de Lisboa com casa nos arredores me levou copos casca de cebola.
Reconheci o Sr. Lopes que conheci na feira de Pombal me comprou duas esferográficas, das boas.
Este ano só fotografei o sítio onde estive...Mudei de mala e a máquina fotográfica deixada no estaminé quando vadiei...
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