Na última feira de Velharias em Montemor o Novo, ouvi da boca de um vendedor com 70 anos a lábia do falar calão usado no gerúndio, a um casal que apreciava a "pasteleira", a mesma que eu também mirava por estar em bom estado e ser verde, a lembrar o meu Sporting..."fiquem sabendo os senhores que a bicicleta é da terra do Pombal, de Ansião"...
Obviamente voltei atrás para tabelar conversa -, desculpe, mas afinal a bicicleta é de que terra? Entendi que de geografia de Portugal só denotou saber terras por onde andou na tropa e pouco mais seja o Alentejo onde nasceu, e vive. Fácil foi perceber porque falou de Pombal-, a terra que quem lhe a vendeu lhe transmitiu - o habitual erro crasso que muita gente infelizmente usa (por vergonha?) em detrimento da verdade, que seria gostar de falar da sua aldeia, concelho e distrito , mas abreviam o fácil ao falar da terra mais sonante em grandeza e neste caso seja Pombal , porque Sarzeda extrema pela frente com o concelho de Pombal a poente, mas também é habitual dizerem Coimbra...
Lugar de Sarzeda, freguesia de Pousaflores no concelho de Ansião onde nasceu Fernando Freire (?) ou Suímbo? como diz o meu bom amigo Matias de Albarrol que o conheceu bem -, supostamente olhando ao apelido e ao local será primo do António Freire (?) nascido nas Cavadas, casado com a prima do meu pai Albertina, ainda me lembro do pai deste, homem altíssimo abençoado com um par de olhos em azul que o neto, o Tonito, mais novo do que eu, com quem muito brinquei, veio a herdar, e na mesma o porte em altura e elegância. Os pais do Tonito depois de uma vida a trabalhar em Lisboa, na reforma voltaram para residir em Ansião, morando no gaveto defronte da casa da minha mãe.
Parece indicar - Outeiro ...Outeiro da Sarzeda, a terra do homem da bicicleta!Piada brincar com o letreiro,estrategicamente para apanhar o meu marido foi cortado...
Citando o comentário de um amigo António Matias de Albarrol " Vendo
estas fotos nem sequer sabia onde estava a bicicleta, olhando para ela logo a reconheci imediatamente, a dita bicicleta é do Fernando do
Suimbo, que fica ao fundo da Chã Galega, antes da Sarzeda, que a deixava
muita vez em minha casa, quando ia com
um "grão na asa".... posso precisar que o Fernando tem agora 73 ou 74
anos, devias conhecer muito bem a sua Mãe, tinha uma propriedade do lado
de cima da Srª. Alzira antes de chegar ao Pinheiral , ele não se deixou no Alentejo... viveu sempre com a mãe ( Ti Maria
do Siumbo) fez a tropa e foi ao Ultramar, depois veio, continuou ainda
alguns anos com a mãe, nunca teve namorada porque era muito tímido com
as raparigas, a certa altura foi ter com o pai (Ti António do Suimbo)
que fez toda a sua vida de paneiro nas terras do Alentejo e só vinha visitar a
família uma vez por ano numa carroça e uma mula que se deslocava para e do Alentejo, e o
Fernando uma altura quando foi ter com o pai segundo me contaram lá arranjou
coragem e encontrou a sua alma gémea alentejana. Tenho a precisar que
esta bicicleta foi comprada em 1969 e custou na altura 1.600$00 naquela
oficina que estava por baixo do posto da GNR em Ansião que era do Sr.
António Marques pai do Júlio Marques, mais tarde do David e do Artur..."
Até posso me lembrar dele "
...pois desconheço o rumo da vida do Fernando Freire, mas uma coisa é certa à minha porta passou na sua bicicleta, até então o único caminho para sua casa, alegadamente teria vindo em rancho contratado por capataz para a safra da ceifa ao Alentejo (?), ou quiçá descendente do negócio de paneiro de gente que houve no Outeiro da Sarzeda -,cujo donatário dessa rota contemplava Arraiolos e Montemor, e teria vindo por algum motivo onde teria aprendido essa arte desde pequeno, naquele tempo andantes estrada fora na carroça, e quando já espigadote nalgum monte nos arrabaldes de Viana do Alentejo ou,...algures onde apregoou chita da tabela de Santo Tirso, se rendeu ao encanto de uma moça alentejana e ela se deixou encadear na voz do pregão do bom pano, e por ser dono de olhar fulminante azul, cor do céu àquela hora do meio dia com o sol a pique, fácil a deixar confundir com a qualidade tesa do tecido riscado, e ele de beiço caído com o seu corpinho roliço vestido de chapéu de aba larga e avental de chita, sem mais ali se deixam enamorar e vieram a casar, fazendo pelo Alentejo a sua vida. O Fernando Freire ainda vivo com uns 74 anos, por a sua bicicleta já não lhe dar serventia, a vendeu ao vizinho que se dedica ao negócio de velharias, confidenciou nem pode ver o Bagão Félix na feira de Estremoz, quando foi ministro retirou um suplemento a quem esteve em terreno de guerra no Ultramar, que sendo mensal passou a anual...
Até posso me lembrar dele "
...pois desconheço o rumo da vida do Fernando Freire, mas uma coisa é certa à minha porta passou na sua bicicleta, até então o único caminho para sua casa, alegadamente teria vindo em rancho contratado por capataz para a safra da ceifa ao Alentejo (?), ou quiçá descendente do negócio de paneiro de gente que houve no Outeiro da Sarzeda -,cujo donatário dessa rota contemplava Arraiolos e Montemor, e teria vindo por algum motivo onde teria aprendido essa arte desde pequeno, naquele tempo andantes estrada fora na carroça, e quando já espigadote nalgum monte nos arrabaldes de Viana do Alentejo ou,...algures onde apregoou chita da tabela de Santo Tirso, se rendeu ao encanto de uma moça alentejana e ela se deixou encadear na voz do pregão do bom pano, e por ser dono de olhar fulminante azul, cor do céu àquela hora do meio dia com o sol a pique, fácil a deixar confundir com a qualidade tesa do tecido riscado, e ele de beiço caído com o seu corpinho roliço vestido de chapéu de aba larga e avental de chita, sem mais ali se deixam enamorar e vieram a casar, fazendo pelo Alentejo a sua vida. O Fernando Freire ainda vivo com uns 74 anos, por a sua bicicleta já não lhe dar serventia, a vendeu ao vizinho que se dedica ao negócio de velharias, confidenciou nem pode ver o Bagão Félix na feira de Estremoz, quando foi ministro retirou um suplemento a quem esteve em terreno de guerra no Ultramar, que sendo mensal passou a anual...
O meu marido também apreciou a bicicleta com mudanças, a lembrar a que tive em 2ª mão trazida pelo "Pregueira", homem de Ansião, que na década de 60 fugiu a salto para França para ganhar melhor vida, havia de aparecer de " vacanses" em agosto no ano seguinte a guiar um "Boca de sapo" castanho, que estacionou estrategicamente ao adro da capela de Santo António, vaidoso abriu a porta de trás para me mandar entrar e à minha irmã- "cachopas sentem-se", e tomando o lugar do chaffeur fez acionar um comando que fazia subir e baixar o carro, dando a sensação de se estar num carrossel, e os bancos em cabedal eram tão fofinhos, como jamais assim outro conhecíamos...o bom do "Pregueira" delirava fascinado com o sucesso causado em nós pelo tamanho e inusitado fascínio!
A minha bicicleta armada de guarda lamas martelados em cor de prata e outros brilhos, fazia lembrar uma sereia, e tinha luz e mudanças-, era linda e diferente, vaidosa resvalei em maus caminhos de pedras e buracos e na areia fui direita a um plátano ao Ribeiro da Vide, esmurrei a cara e os joelhos...até esse dia nunca tinha visto tanto sangue vivo a escorrer em bica, só mesmo na matança do porco, que abominava sobretudo pelo barulho e sofrimento!
Tenha sido esse momento de horror, que me afirmei Sporting!
Tenha sido esse momento de horror, que me afirmei Sporting!
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